A
Mobilidade Urbana
na
Belíndia
Altino Farias*

O marginal subtraiu-lhe celular e carteira com documentos, incluindo
cartão da assistência médica, do qual ela precisaria hoje para um exame, bem
como quantia em dinheiro para custear parte dito exame, que seu plano, barato e
limitado, tem cobertura parcial. Este não foi o primeiro assalto que ela sofreu,
e lamento dizer que dificilmente será o último. Ela já foi assaltada,
inclusive, dentro do coletivo, mais de uma vez.
O direito de ir e vir – e em segurança – faz parte das liberdades
individuais do cidadão brasileiro. Meus filhos, quando adolescentes, passaram a
querer usufruir desse direito, queriam uma liberdade um pouco distante da vista
dos pais. Ambos sofreram assaltos e tiveram de recuar, agradecendo nossa boa
vontade (dos pais) em apanhá-los e deixá-los aonde quisessem. Dezoito anos
completados, não teve jeito, carro na mão para cada um, mesmo que as posses da
família não comportassem, com conforto, tais despesas.


Hoje, pretende-se e se promete uma série de providências importantes,
sem sequer explicar ao cidadão como o Estado fará bloquear ligações de
celulares a partir de presídios, evitando que chefões presos continuem mandando
no crime organizado de dentro das penitenciárias.
Então, antes de se falar em mobilidade urbana e coisas do gênero,
deve-se falar em segurança pública, e todos os fatores que exercem influência
sobre a disseminação do crime e da violência no seio de nossa sociedade. Caso
contrário, sugiro mudarmos definitivamente de Brasil para Belíndia, e fim. Tudo
resolvido!
COMENTÁRIO:
Lastimo, meu caro amigo, mas,
desgraçadamente, esta é a única verdade que nos é permitido reconhecer neste
atual e combalido País. Instituições engessadas, cegas, inertes, coniventes ou
oportunistas brilham nas propagandas, se escondem no escuro real da incompetência,
e largam o País à deriva.
Geraldo Jesuino
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