terça-feira, 4 de dezembro de 2012

RESENHA - DIRETO DA REDAÇÃO





No Direto da Redação, programa que vai ao ar de segunda a sexta pela TV Cidade, às 8:15 da manhã, apresentado pelos analistas sociais Alfredo Marques e Freitas Júnior, membros da ACLJ, na edição desta terça-feira, dia 04 de dezembro de 2012, foi entrevistado o Deputado Federal do PT José Nobre Guimarães, que será o Líder do Governo na Câmara dos Deputados, a partir do próximo ano. 


Discorrendo com muita fluência e com muita simpatia, o Deputado Guimarães lembrou suas lutas políticas no Ceará desde a década de 70 do século passado, referindo inclusive o tempo em que auxiliava a campanha da candidata vitoriosa à prefeitura de Fortaleza pelo PT, Maria Luíza Fontenele, acima e abaixo transportando a sua pasta, nos idos de 1985. Evocou os encontros com o então militante Alfredo Marques, dentre tantos outros, todos engajados na causa democrática.

A memória dos tempos de enfrentamento aos governos militares é doce, a atuação da militância na luta desigual foi heroica, evocando a fábula bíblica de Davi e Golias. A bandeira que as esquerdas agitavam, clamando contra a ditadura, era grandiloquente, e a camaradagem entre os que participaram daquele movimento se convola hoje em amizade fraterna, com românticas lembranças.

Mas, a bem da verdade, é preciso pontuar que a meta inicial das esquerdas brasileiras, que tanto se empenharam contra a ditadura de direita, era instalar uma ditadura de esquerda, a exemplo de Cuba, que vivia a experiência comunista geograficamente mais próxima de nós. O grande modelo era a União Soviética, refletindo-se em outros países da Ásia e da Europa.

O socialismo revolucionário se afigurava então como a redenção das massas oprimidas, contra o capitalismo selvagem, de modo que a intenção era das mais justas e nobres, e os que lutaram por ele não deviam agora escamotear seu antigo ideário. Depois se revelou que na prática o comunismo não consegue superar um nivelamento por baixo no padrão de vida das pessoas.

Não obstante um empenho disciplinado no desenvolvimento da ciência, o regime marxista produz desestímulo econômico, seguido de um empobrecimento massivo, inclusive no campo da expressão artística e cultural. Mas naquele tempo ainda não se sabia disso. Não é portanto honesto dizer que as lutas de esquerda visavam a democracia, embora de fato combatessem uma odienta ditadura militar.

Freitas Júnior feriu o tema da criação do Conselho Nacional de Imprensa, que o Deputado Guimarães tem defendido, visando o controle da mídia brasileira. Guimarães argumentou que ele próprio é beneficiário da liberdade de expressão, pois a sua própria ascensão política, bem como a de seu partido, somente foi possível em virtude da liberdade de imprensa que a abertura política restaurou. Portanto, segundo ele, “longe de mim querer censurar a mídia”.

Disse José Guimarães que a ideia do tal Conselho seria produzir equidade entre os ataques da imprensa e o direito de defesa, que somente se consegue por meio judicial, com grande demora, e com menor repercussão. Exemplificou com a última capa da revista Veja, que traz a imagem do ex-presidente Lula e de sua secretária em São Paulo, envolvida em escândalo, imagem que qualificou como absurda.

Freitas então contra-argumentou, com alguma ironia, que em se criando esse órgão regulatório, mesmo diante de um escândalo rumoroso como esse, a capa das revistas sairiam como uma página em branco – e que existem as leis civis para coibir todos os excessos.

De fato, em sendo Governo, o PT deveria se empenhar em modernizar o Judiciário, dotando-o de condições estruturais suficientes e de gestores capazes, de modo a que os processos judiciais fossem julgados com rapidez e eficácia. Qualquer mecanismo que vise controlar a imprensa, obviamente, vai terminar por proteger os governos e desproteger os cidadãos.

Na verdade, Guimarães e demais governistas defensores da criação do tal Conselho se ressentem das seguidas devassas que a mídia tem feito nas condutas do Governo, indevidamente aparelhado pelo seu partido e pela coligação partidária que lhe dá sustentação.

E, a cada escândalo, o Governo aparece para dizer que foram seus mecanismos de controle que funcionaram a contento, para lhe fazer cortar na própria carne. Mas, em todos os casos, as pústulas têm sido denunciadas por descontentes e as gambiarras de mídia livre é que têm pautado apurações.

Em seguida, José Guimarães desenhou os planos partidários do PT para o Ceará e para o Brasil, afirmando que Luizianne Lins, presidente estadual do partido, não é “carta fora do baralho”, pois seu mandato somente termina em outubro de 2013. Que Elmano de Freitas foi um poste com luz, diante da grande votação que obteve, até porque foi para o segundo turno e somente perdeu a eleição no último momento da campanha – segundo entende.

A entrevista ficou a dever um comentário sobre o mal-estar que envolve o entrevistado em relação ao episódio que ficou conhecido como “dólares na cueca”. O dinheiro foi encontrado com um assessor dele, o qual não tinha perfil econômico para ser o dono, e até hoje não se sabe a origem da verba, nem o destino que teria.

Se é de oportunidades de resposta para acusações injustas da imprensa que o Governo se ressente, faltou Guimarães dizer, pelos menos, que desconhecia o fato e que, como tantas vezes acontece com Lula, também foi apunhalado pelas costas.

Por Reginaldo Vasconcelos   
    

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