sexta-feira, 18 de agosto de 2023

ARTIGO - Os Temores Neomalthusianos (RMR)

 TRÊS TEMAS E
MUITOS INTERESSES

Parte 02

OS TEMORES NEOMALTHUSIANOS
Rui Martinho Rodrigues*

  



Thomas Robert Malthus (1776 – 1834), um clérigo e matemático que, sendo inglês, impregnou-se do Iluminismo predominante na França em sua época. Publicou, em 1798, a obra Ensaio sobre o princípio da população. Vaticinou um desastre como consequência do crescimento da população em ritmo de progressão geométrica, enquanto a produção de alimentos cresceria em progressão aritmética. Contemporâneo da primeira fase da Revolução Industrial, assustou-se com a rápida urbanização; fez projeção das duas variáveis que comparou, esquecido de que o pressuposto de toda projeção é a continuidade das tendências dos diversos fatores projetados, conforme a expressão latina ceteris paribus ou coeteris paribus, ou seja, se tudo permanecer constante. 

As tendências, porém, não permanecem constantes. A produtividade da agricultura moderna cresceu mais do que a população. Novos contraceptivos, cada vez mais divulgados e usados, promovem o envelhecimento de populações e até o despovoamento de países. Grandes populações como as da China (taxa de fertilidade 1,64 em 2020), Europa (1,52, dados de 2009), Rússia (1,50 dados de 2023), Japão (1,32 dados de 2006). 

A taxa mencionada expressa o número de nascimentos por mulher em idade fértil (dados colhidos na internet). Quando ela fica abaixo de 2,0 indica tendência para uma variação negativa do crescimento vegetativo da população, com envelhecimento da população como resultado do número de nascidos vivos menos o número de mortos abaixo do necessário para repor as perdas causadas pela mortalidade. 

A imigração, em alguns casos, está compensando o declínio vegetativo, ensejando até algum crescimento distinto do vegetativo. A redução da taxa de fertilidade, até agora, tem mostrado ser uma tendência irreversível (ceteris paribus). Alguns países, como Japão, Rússia, Georgia, Bulgária, Cuba, Sérvia, Ucrânia, Belarus e outros estão sofrendo decréscimo populacional absoluto, que representa o resultado da variação vegetativa juntamente com a diferença entre imigrantes e emigrantes. 

A atual densidade demográfica da Coreia do Sul é de 527,7 hab./km2, e a de Taiwan é de 610 hab./km2. Registre-se que estes dois países são montanhosos e apenas uma pequena parcela do território deles é agricultável. A densidade do nosso planeta é de aproximadamente 50,66 hab./km2, aproximadamente 10 ou 12 vezes menor, respectivamente. 

Desertos estão se tornando produtivos, graças às técnicas de recuperação do solo e de superação da aridez. Isso está ocorrendo na Arábia Saudita, China e em outros países. A densidade demográfica da Terra poderia, considerando-se apenas o espaço físico, ser multiplicada por 10 ou 12. A recuperação dos desertos e o aumento da produtividade, a densidade possível certamente permite uma densidade demográfica cujos limites são incalculáveis. O temor neomalthusiano não se justifica. 

Mudança climática 

A possível natureza antropogênica da mudança climática se anuncia invocando a ciência. Os interesses da agricultura europeia e norte americana se fazem presentes neste debate. A produtividade agrícola dos europeus e americanos é inferior a das regiões tropicais, onde é possível colher até três safras por ano, onde havendo solo agricultável, água e sol pode haver uma produtividade inalcançável pelos concorrentes dos EUA e Europa. 

Há também o interesse na exploração de recursos minerais. A prática ilegal de mineração em terras que alegadamente precisariam ser preservadas é uma realidade. O argumento da preservação está despovoando áreas da Amazônia, com a ajuda ONGs, conforme alerta do ex-ministro Aldo Rebelo em vídeo que pode ser acessado pela internet. 

Terras sem população se tornam vulneráveis ao aventureirismo de toda espécie. A tese da mudança climática de origem antropogênico passa ao largo do fato de que muitas vezes o clima do nosso planeta mudou. Tivemos eras glaciais e períodos quentes. Tais mudanças ocorreram antes da Revolução industrial e até antes da existência do homem. 

O temor de uma catástrofe ambiental atraiu grande parte do eleitorado. A conquista de eleitores contribui para o discurso sobre combate aos fatores antropogênicos da mudança climática. É mais fácil fazer crer que os recursos finitos serão explorados até o esgotamento, embora os fatores permaneçam constantes. A variação de preços e elasticidade cruzada dos preços e demandas arrefece a procura e favorecesse os bens alternativos. Mas eleitores não perdem tempo com explicações longas e complexas. É mais fácil obter votos com o discurso do apocalipse ecológico. 

Diversos fatores só são lembrados por alguns climatologistas dissidentes. Mudanças cíclicas da órbita da Terra, que nos aproximam e distanciam do sol; a atividade do sol, que em períodos diferentes emite mais ou emite menos calor; erupções vulcânicas, que aumentam a concentração de partículas em suspensão na atmosfera, bloqueando parcialmente a luz e refletindo para o espaço o calor sol, nada disso é discutido. Vulcões submarinos nunca são mencionadas, como se fossem irrelevantes para as correntes marítimas e para a temperatura dos mares, que influenciam o clima. 

O crescimento das cidades, asfalto que acumula e emite o calor acumulado, prédios altos que modificam as correntes aéreas, estruturas metálicas de carros também emitem calor, assim como motores de veículos e das mais diversas máquinas, tudo isso é visto, à luz do senso comum e é dito por especialistas, como sendo evidência de que a mudança climática é antropogênica. É a falácia de inferência imediata. 

Tudo isso realmente emite calor e aquece o ambiente das cidades. Mas o ar mais quente é mais leve e sobe. A diferença de temperatura entre o ar aquecido das cidades e a temperatura fora delas provoca correntes aéreas que dispersam o calor, que é uma energia. Temperatura é a medida desta energia, não é a própria energia. Esta se dissipa e a temperatura cai. A dissipação se dá com o gasto de energia pela evaporação nos oceanos, chuva, ventos e sons que eles produzem. O calor não se conserva, embora se propague por condução, por irradiação e por convecção. 

Será o calor uma grandeza que distribuída eleva a média da temperatura da atmosfera como um todo? A energia do calor nos gases consiste na intensidade do movimento das suas moléculas, que provoca a expansão dos gases. Uma vez que haja a expansão ocorre a dissipação da energia e há esfriamento. O ar quente sobe, se expande e esfria. Aumentará a média da temperatura do planeta? Asfalto, carros, calor emanado por chaminés e descarga de veículo automotores criam ilhas de calor nas cidades. Não é conhecimento pacífico que provoquem mudança climática em escala planetária. Acrescente-se que a climatologia não é uma ciência unívoca. 

A acumulação de gases expelidos do intestino dos seres vivos tem sido apresentada como causa da mudança climática. Trata-se de uma emissão poluentes realmente existente. As populações de insetos, artrópodes, aves e mamíferos silvestres não deve ter crescido, pois a vida silvestre diminuiu. Rebanhos e populações humanas cresceram muito. 

A grandeza dos gases intestinais emitidos por estas populações é suficiente para causar mudança climática? A fotossíntese de algas dos oceanos e dos vegetais capturam o CO2 destas emissões. Não será suficiente? Não estamos superestimando a grandeza das nossas atividades fisiológicas? Uma só explosão, no início da erupção do vulcão Pinatubo, em 1991, emitiu mais poluentes do que o conjunto da indústria dos EUA durante um ano inteiro. 

O comércio de créditos de carbono gerou interesse pesado, associado à tese da mudança climática como antropogênica. Al Gore (1948 – vivo), ativista da causa ambiental, ganhou fortuna com o comércio de créditos de carbono. Adotou o discurso que anuncia um catastrófico aumento do nível dos oceanos, mas comprou uma casa, por um preço milionário, em uma praia da Califórnia. Não teme o aumento dos oceanos que ele mesmo anuncia como uma catástrofe iminente. 

A arma diplomática 

A mudança climática antropogênica é um trunfo na política internacional. Salvar o planeta permitiu aos países mais desenvolvidos, que no passado recente foram colonialistas e neocolonialistas, recuperar “legitimidade” para se colocar acima da soberania dos estados nacionais. Rudyard Kipling (1865 – 1936), autor da obra O fardo do homem branco, uma exaltação do imperialismo como um esforço, não pela conquista de recursos naturais, mas para levar a civilização aos povos atrasados, foi laureado com o prémio Nobel de literatura em 1907. A defesa do planeta, hoje, é exaltada como o foi o “fardo do homem branco”, pelo imperialismo no passado recente. 

A complexidade dos temas abordados exige estudos mais abalizados que as conjecturas e simples indagações do leigo que escreveu estas linhas, como provocação para que os doutos no assunto se pronunciem e outros leigos eu manifestem as suas perplexidades.

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