REUNIÃO VIRTUAL DA ACLJ
(24.01.2022)
CANÇÃO
DO PRIMEIRO DO ANO
Pelas estradas antigas
As horas vêm a cantar
As horas são raparigas,
Entram na praça a dançar
As horas são raparigas...
E a doce algazarra sua
De rua em rua se ouvia.
De casa em casa, na rua,
Uma janela se abria:
As horas são raparigas
Lindas de ouvir e de olhar.
As horas cantam cantigas
E eu vivo só de momentos,
Sou como as nuvens do céu...
Prendi a rosa dos ventos
Na fita do meu chapéu
Uma por uma as janelas
Se abriram de par em par
As horas são raparigas...
Passam na rua a dançar
Janela da minha vida
Aberta de par em par!
As horas cantam cantigas
E, de novo, sem lembrança
Das outras vezes perdidas,
Atiro a rosa do sonho
Nas tuas mãos distraídas...
Mário
Quintana
Porto
Alegre,
1/1/1941
A reunião virtual da ACLJ nesta segunda-feira, dia 24 de janeiro, foi dedicada ao radialista cearense Narcélio Limaverde, que, aos 90 anos, acometido de câncer, encontra-se internado na Otoclínica, em Fortaleza, em estado terminal.
Narcélio Limaverde é filho de José Limaverde Sobrinho, um dos pioneiros no radialismo cearense. Na juventude, foi datilógrafo da Secretaria de Segurança Pública.
Começou
sua carreira como radialista no Ceará Rádio Clube PRE-9, em 1954, trabalhando
posteriormente como Assistente da Direção Comercial. Ganhou a denominação de “O
locutor dos brotinhos”, por seus jovens ouvintes e já admiradores.
Em
1960 esteve presente na fundação da primeira emissora de televisão do Ceará, a
TV Ceará Canal 2, pertencente aos Diários Associados, tornando-se o primeiro
apresentador de TV do estado. Dois anos depois ingressa na Rádio Dragão do Mar
como radialista e assistente do departamento artístico da emissora.
Foi
também jornalista na Rádio Jornal do Comércio de Recife (PE). Em 1970 foi
contratado pelo Sistema Verdes Mares, como apresentador de notícias na rádio e
TV, tornando-se pouco tempo depois um de seus dirigentes.
Trabalhou
ainda na TV e Rádio Uirapuru, AM Cidade, Rádio Assunção Cearense e Rádio FM do
Povo.
Atualmente
apresenta de segunda a sexta o Programa Narcélio Limaverde, na Rádio FM
Assembleia.
Convidado para o grupo inaugural da Academia Cearense de Literatura e Jornalimo, declinou do convite, por não se sentir à vontade em ambientes muito solenes e formais. Mas aceitou e detém do título de Membro Honorário da ACLJ.
Reginaldo Vasconcelos publicou em sua coluna “Cá Entre Nós, no jornal Tribuna do Ceará, em 1981, e 1991, no livro Traços da Memória – Laços da Província, a crônica intitulada “Chuva na Estrada”, em que faz referência carinhosa ao amigo Narcélio Limaverde.
Fui acompanhando pelo éter as traquinagens da enxurrada cometidas na cidade, enquanto dela me afastava para deitar os sentidos na paisagem.
(......) A certo ponto cheguei a ter pena do Narcélio – exótico sentimento, pois quem dá importância humana às vozes do rádio? – por estar ele trabalhando naquela hora do sábado, na melhor hora da chuva.
Depois imaginei a reconfortante companhia daquele microfone, que o fazia estar em muitos lugares a um só tempo, inclusive ali, no meio do sertão, na intimidade do meu carro”.
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