quarta-feira, 26 de janeiro de 2022

RESENHA - Reunião Virtual da ACLJ (24.01.2022)

  REUNIÃO VIRTUAL DA ACLJ
   (24.01.2022)





PARTICIPANTES

Estiveram reunidos na conferência virtual desta segunda-feira, que teve duração de uma hora e meia, 07 acadêmicos. O Jornalista e Advogado Reginaldo Vasconcelos, o Bacharel em Direito e Especialista em Comércio Exterior Stênio Pimentel (Maricá - RJ).

Compareceram ainda o Advogado e Sionista Adriano Vasconcelos, o Jornalista Wilson Ibiapina (Brasília-DF), o Marchand e Publicitário Sávio Queiroz Costa,  o Físico e Professor Wagner Coelho  e o Agrônomo e Poeta Paulo Ximenes. 

Simbolicamente presentes os confrades Arnaldo Santos e Pedro Araújo, que justificaram sua ausência, bem como Aluísio Gurgel do Amaral Júnior, que está em Doha, no Qatar, com grande dificuldade de participar da reunião em razão do fuso horário. 


  



TEMAS ABORDADOS

Na abertura da reunião desta segunda-feira, Wilson Ibiapina anunciou que o escritor, biógrafo e jornalista mineiro Rui Castro é candidato a uma vaga na Academia Brasileira de Letras. Comentou que a grande dificuldade do novo imortal será enfrentar as reuniões entre os velhinhos, em que só se bebe chá. Na verdade, Rui Castro é alcóolico assumido desde jovem, mas há 23 anos se mantém abstêmio.

A propósito de Academia Brasileira de Letras Ibiapina contou a história de um acadêmico que no dia da posse se atrasou para a solenidade, porque o filho ficara de levá-lo, e não veio. O velho, então, envergando o suntuoso fardão, pegou um taxi. O motorista não se conteve e indagou-lhe: "sois rei?".  Agoniado com o atraso, ele respondeu apenas que tinha muita pressa, e pediu que o taxista pisasse fundo. Gozador, o negrão carioca ao volante tranquilizou-o: "Não se preocupe. Pelo jeito que está vestido, eles só vão começar quando o senhor chegar".

Ibiapina, por fim,  recomentou o livro que está lendo no momento, intitulado Conspiração, do escritor alagoano Jorge Oliveira, recentemente lançado. O autor é professor de História da Universidade Federal de Alagoas, jornalista e cineasta. A obra conta como uma soldado alagoano tentou matar Prudente de Morais, o primeiro presidente civil da República, no final do Século XIX. O crime teria sido arquitetado pelo Exército. 

Reginaldo Vasconcelos, na sequência, trouxe o assunto para a ocupação das cadeiras vagas na quadraginta numerati da ACLJ, algumas das quais já têm pretendentes, que poderão ser eleitos neste ano, e tomar posse na próxima  Assembleia Geral Aniversária, em 04 de maio, ou na de fim de ano, prevista para o dia 1º de dezembro.

Tratando de personagens excêntricos da imprensa cearense, Paulo Ximenes comentou a trajetória e o estilo escandaloso do radialista e apresentador de TV João Inácio Júnior, e Stênio Pimentel lembrou o dia em que conheceu, por acaso, ainda muito jovens, o futuro grande colunista de jornal Lúcio Brasileiro. 

Wagner Coelho, que é professor universitário na área de ciências, fez uma explanação sobre os vírus que afligem a humanidade no momento, sua transmissibilidade, sua letalidade, seu comportamento biológico. 
  

PERFORMANCE LITERÁRIA

Acaba de ser descoberto o manuscrito com um poema inédito, assinado pelo poeta gaúcho Mário Quintana, falecido em 1994, aos 88 anos.



O poema, intitulado "Canção do Primeiro do Ano", foi escrito no dia 1º de janeiro de 1941, e comove pela delicadeza do tema, e pela originalidade das imagens semióticas contidas em seus versos. Abaixo, o texto. Embaixo, Reginaldo o declama. 

CANÇÃO DO PRIMEIRO DO ANO
 
Pelas estradas antigas
As horas vêm a cantar
As horas são raparigas,
Entram na praça a dançar
 
As horas são raparigas...
 
E a doce algazarra sua
De rua em rua se ouvia.
De casa em casa, na rua,
Uma janela se abria:
 
As horas são raparigas
Lindas de ouvir e de olhar.
 
As horas cantam cantigas
 
E eu vivo só de momentos,
Sou como as nuvens do céu...
Prendi a rosa dos ventos
Na fita do meu chapéu
Uma por uma as janelas
Se abriram de par em par
As horas são raparigas...
Passam na rua a dançar
 
Janela da minha vida
Aberta de par em par!
 
As horas cantam cantigas
 
E, de novo, sem lembrança
Das outras vezes perdidas,
Atiro a rosa do sonho
Nas tuas mãos distraídas...

Mário Quintana
Porto Alegre,
1/1/1941






DEDICATÓRIA
 

A reunião virtual da ACLJ nesta segunda-feira, dia 24 de janeiro, foi dedicada ao radialista cearense Narcélio Limaverde, que, aos 90 anos, acometido de câncer, encontra-se internado na Otoclínica, em Fortaleza, em estado terminal. 

 

Narcélio Limaverde é filho de José Limaverde Sobrinho, um dos pioneiros no radialismo cearense. Na juventude, foi datilógrafo da Secretaria de Segurança Pública.

Começou sua carreira como radialista no Ceará Rádio Clube PRE-9, em 1954, trabalhando posteriormente como Assistente da Direção Comercial. Ganhou a denominação de “O locutor dos brotinhos”, por seus jovens ouvintes e já admiradores.

Em 1960 esteve presente na fundação da primeira emissora de televisão do Ceará, a TV Ceará Canal 2, pertencente aos Diários Associados, tornando-se o primeiro apresentador de TV do estado. Dois anos depois ingressa na Rádio Dragão do Mar como radialista e assistente do departamento artístico da emissora.

Foi também jornalista na Rádio Jornal do Comércio de Recife (PE). Em 1970 foi contratado pelo Sistema Verdes Mares, como apresentador de notícias na rádio e TV, tornando-se pouco tempo depois um de seus dirigentes.

Trabalhou ainda na TV e Rádio Uirapuru, AM Cidade, Rádio Assunção Cearense e Rádio FM do Povo.

Atualmente apresenta de segunda a sexta o Programa Narcélio Limaverde, na Rádio FM Assembleia.

 

Convidado para o grupo inaugural da Academia Cearense de Literatura e Jornalimo, declinou do convite, por não se sentir à vontade em ambientes muito solenes e formais. Mas aceitou e detém do título de Membro Honorário da ACLJ. 

Reginaldo Vasconcelos publicou em sua coluna “Cá Entre Nós, no jornal Tribuna do Ceará, em 1981, e 1991, no livro Traços da Memória – Laços da Província,  a crônica intitulada “Chuva na Estrada”, em que faz referência carinhosa ao amigo Narcélio Limaverde. 

 Já longe da cidade, encontrei pelo vidro milimetrado do rádio a voz do Narcélio Limaverde. Sintonizei em seu programa porque ainda pelo rádio posso ouvir-lhe o coração, ponderado e amigo, saudosista e afetuoso.  

Fui acompanhando pelo éter as traquinagens da enxurrada cometidas na cidade, enquanto dela me afastava para deitar os sentidos na paisagem. 

 (......) A certo ponto cheguei a ter pena do Narcélio  exótico sentimento, pois quem dá importância humana às vozes do rádio? – por estar ele trabalhando naquela hora do sábado, na melhor hora da chuva. 

Depois imaginei a reconfortante companhia daquele microfone, que o fazia estar em muitos lugares a um só tempo, inclusive ali, no meio do sertão, na intimidade do meu carro”.




 

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