ACLJ
PRIMEIRA ASSEMBLEIA GERAL
DE 2021
Transcorreu com grande êxito a primeira Assembleia Geral da ACLJ deste ano, no último dia 03 de dezembro, sexta-feira, com a ressalva de que a Assembleia de fim de ano correspondente a 2020 foi realizada em janeiro último, mas com a presença de apenas 30 pessoas, em auditório especial do BS Designe dotado de equipamento adequado de exaustão, disponibilizado pelo Membro Benemérito Beto Studart, tudo em razão da pandemia.
Porém, a rigor, a reunião deste mês, realizada no Palácio da Luz, foi aquela que devolveu a esperança de normalidade social aos acadêmicos, restando apenas, dentre os protocolos, a cautela do uso obrigatório da máscara sanitária, que todos cumpriram com altivez e galhardia, grande parte dos acadêmicos ostentando o adereço com identificação institucional que a organização disponibilizou, trazendo o dourado monograma da ACLJ bordado nele.
A cerimônia foi conduzida pelo radialista Vicente Alencar, acadêmico titular, e compuseram a mesa o Presidente Reginaldo Vasconcelos, o Presidente Emérito Rui Martinho Rodrigues, os Membros Beneméritos Lúcio Alcântara (Presidente da Academia Cearense de Letras), José Augusto Bezerra (Presidente da Associação Brasileira de Bibliófilos) e Beto Studart (ambos empresários), o jurista e advogado Djalma Pinto e o Professor Vianney Mesquita, acadêmicos titulares e fundadores da confraria.
No início da longa pauta da solenidade deu-se posse a três novos
acadêmicos – o Procurador Federal Edmar Ribeiro, o jurista cearense Stênio
Pimentel, radicado no Rio de Janeiro, especializado em câmbio e comércio
exterior, ex-executivo de várias instituições bancárias no País, e o médico,
filósofo, teólogo e latinista Pedro Bezerra de Araújo, que, em seu nome e em
nome dos demais fez uma fala inaugural.
Mayra Pinheiro teve seu nome proposto pelo acadêmico Djalma Pinto, que é seu advogado, e que lhe fez uma bela saudação, antes de passar às suas mãos o troféu e o diploma.
Finalmente, foi concedida a distinção Talentos da Mídia a sete pessoas que atuaram na imprensa e nas redes sociais ao longo do regime de isolamento social da pandemia, informando, distraindo ou alegrando a população, enfim, produzindo conteúdos jornalísticos, artísticos e culturais e pondo-os a serviço da coletividade.
São eles os repórteres especiais Almir Gadelha e Amenhotep Rodrigues, da TV Verdes Mares, os médicos Elias Leite e João Flávio Nogueira, que atuam na Internet, o arquiteto e artista plástico Totonho Laprovitera, do sistema de comunicação Otimista, o cineasta e documentarista Roberto Bomfim, e a cantora Roberta Fiúza. Foi o acadêmico Totonho Laprovitera quem agradeceu a homenagem, em nome próprio e em nome dos demais.
O Dr. Elias Leite não pôde comparecer por
motivo de viagem, então gravou um vídeo agradecendo a homenagem, que foi
exibido no telão.
Após a solenidade
foi servido um lauto coquetel, com drinques de frutas a cargo do barman Thiago dos Santos, e salgados quentes da Melissa Eventos.
O link abaixo contem uma reportagem do médico João Flávio Nogueira para o seu canal da Internet - "Histórias e Estórias de Fortaleza do Ceará", em que ele cobre exatamente a história do Palácio da Luz e a Assembleia Geral da ACLJ do dia 03. Vale a pena existir à reportagem.
Mais embaixo, a íntegra do discurso do Presidente Reginaldo Vasconcelos.
https://drive.google.com/file/d/1JbONAtec_MDOKCSy3NfzSQbVj3f-K1uT/view?usp=drivesdk
DISCURSO
REGINALDO
VASCONCELOS
03.12.2021
Srs. componentes da Mesa Diretiva, Senador Lúcio Alcântara, Professores Rui Martinho Rodrigues e Vianney Mesquita, Empresários José Augusto Bezerra e Beto Studart, Jurista e Advogado Djalma Pinto, insignes homens de letras, integrantes, dentre outras arcádias, da nossa Academia.
Prezados confrades,
Recipiendários desta noite,
Ilustres convidados.
Minhas Senhoras e Meus Senhores,
Em discurso que proferi há alguns anos neste auditório, exortando os confrades da ACLJ a manterem entre nós a política de cordialidade que até então era reinante, lancei mão do título de uma peça de cinema que fez grande sucesso nos anos 60 – “Mundo Cão” – um documentário que tratava da luta sangrenta pela sobrevivência entre os animais comuns, e das correspondentes atrocidades cometidas pelo homem.
O meu alvitre, então, era de que não permitíssemos que o “mundo cão” entrasse aqui; que no seio da confraria imperasse sempre o “mundo são”, o mundo das pessoas tolerantes e cordatas, das pessoas compreensivas e serenas, das pessoas que cultuam a paz de espírito e as sadias relações dos indivíduos – enfim, em linguagem bíblica, o mundo dos justos, não dos ímpios.
Agora volto a apelar para essa mesma alegoria a fim de lembrar a todos a premissa de que somos pessoas de bem, homens e mulheres de boa fé, pacifistas, humanitários, cidadãos interessados no bem comum e nos preceitos da virtude.
E que, pacificado esse postulado, todos respeitemos as convicções de cada um, sua visão de mundo, sua concepção particular do que seja melhor para si e para os outros.
Cada
pessoa tem o seu patrimônio estético, composto por tudo aquilo que aprecia, que
aprova, que admira, que deseja, acervo esse que certamente se contrapõe ao que
ela deplora e repudia. Esse cabedal psicológico de atrações e de repulsas
deflui das vivências que cada qual experimenta, em grande parte desde a
infância, mas também em face das benesses da sorte e das frustações que a vida
adulta lhe impõe.
Baseado nisso o pensador francês Jean Paul Sartre dizia que as escolhas que cada um faz na sua vida – as lícitas e as espúrias, as corretas e as equívocas, as desastrosas e as felizes – são, na verdade, cada uma, a única opção de que a pessoa dispõe no momento decisório, tendo em vista o seu universo interior – o seu descortino filosófico e o estoque de experiências boas e más acumuladas – como também as perspectivas, mesmo enganadoras, que ele vislumbre pela frente. Para Sartre não haveria alternativa, pois o arbítrio nunca é livre, já que é induzido pelas circunstâncias fáticas e psicológicas da pessoa.
Para me explicar melhor eu lhes proponho uma questão comparativa, a partir da constatação obvia de que alguém que tenha sobrevivido a um acidente aéreo, na primeira vez em que voou, vai sempre achar que a aviação é um perigo, quando sabemos que há milhares de aeroviários aposentados pelo mundo, que voaram por décadas sem grandes sustos, e que por isso têm certeza absoluta da segurança do avião.
Ambos
têm razão parcial, e a razão de cada um, para ele, é imperativa. O avião
representa um grande avanço tecnológico para a evolução da humanidade, do ponto
de vista utilitário, e, estatisticamente, é seguro. Mas também é verdade que
ainda se trata de uma ousadia mecânica no que tange à segurança, haja vista os
milhares de pessoas que ele já devorou desde o seu advento – e não garante que
está farto.
Mas tanto os que têm medo pânico de voar, como tinham os artistas Belchior e Dominguinhos, como os que não têm medo nenhum, ambos estão baseados muito mais no seu emocional vivenciado que na razão mais pragmática – de modo que só novas e agudas experiências, amaviosas ou traumáticas, os poderão demover de suas posições – jamais os argumentos cartesianos de terceiros.
Saindo da analogia vaga para a tese objetiva, é também assim com os que torcem no futebol por Fortaleza ou Ceará, e com os que professam essa ou aquela religião, também com os que adotam essa ou aquela orientação erótico-afetiva, assim como com os que acreditam nesta ou naquela solução ideológica para o País e para o mundo.
Em relação a esta última – a vertente sociopolítica e macroeconômica ideal para a perfeita e mais justa administração da sociedade – deixemos a nossa opinião sobre isso para a livre individualidade do sufrágio, o voto secreto, enquanto vigorar a democracia no País.
Os intelectuais que somos, resguardemos esse tema para as teorias livrescas que podemos sorver e elaborar. No campo prático, a questão vai para a discursão nos parlamentos e para as políticas de Governo, que, votados pela maioria, bons ou maus, os eleitos são o retrato do País, na sensatez, ingenuidade ou ignorância de seu povo.
Em última instância, quando não mais vigora a democracia interna ou a soberania nacional, então, infelizmente, é inelutável que as nações assumam o “mundo cão” – entrevisto nas revoluções civis e nos conflitos militares, que não são do interesse de ninguém – mas provocados por intransigência e cupidez.
Aos de nós que militamos na imprensa – pois essa também é uma casa que comporta jornalistas – nesse atual cenário de embates políticos e de confronto ideológico, procuremos expor nossas ideias na mídia de maneira elegante, isenta, verdadeira, sem farisaísmos, até para representar bem esta nossa prestigiosa confraria.
Evitemos conduta panfletária de ativista ou militante partidário, que a nossa função é informar e divertir. Foi-se o tempo em que a imprensa se constituía em “formadora de opinião” por excelência. Hoje as opiniões se formam, de maneira absoluta e interativa, nas redes sociais da Internet. A grande mídia só as alimenta e as repercute.
Então, volto a recomendar que não deixemos que a cerebração de cada um, sobre o que quer que seja, interfira nas relações fraternas entre nós. Que não discutamos nem tentemos impor nossas convicções e nosso ideário aos circunstantes, que todos já têm desenhado o próprio sintagma filosófico, desde a educação que recebeu na infância, as influências juvenis, as experiências que a vida lhes propôs. Não será possível ilidir suas paixões mais arraigadas, e desse debate inócuo só resultarão ressentimentos.
Enfim, devemos presar a cultura de paz e cultuar o bom convívio, naquilo que realmente nos interessa nos umbrais de nossa Arcádia – o beletrismo, as belas artes, a cultura cearense, a exaltação dos grandes conterrâneos do presente e o passado, e a revelação dos novos talentos.
Resgatar e registrar a memória do Estado e a sua documentação histórica; viver a poesia, a prosa poética, a boa música, enfim, a lírica em geral, que essa é a vocação deste parnaso alencarino.
Os políticos, meus confrades, são vezeiros em colocar o povo na rinha da ilusão, na arena da discórdia, no ringue da paixão, quando tudo que querem e buscam de forma obstinada é poder e fortuna pessoal. Raríssimas exceções confirmam a regra – e nós temos uma em nossa mesa.
Grato pela sua atenção.
Eu
tenho dito.
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