segunda-feira, 23 de novembro de 2020

ARTIGO - O Voto (RMR)

 O VOTO
Rui Martinho Rodrigues*

  

O eleitorado é heterogêneo. Há eleitores fiéis a correntes políticas, líderes, agenda de interesses, valores e paixões. Uma parcela do eleitorado a cada eleição reavalia tendências e formas de defesa das pautas da sua agenda política. 

Contemplar o panorama político é como olhar as nuvens, que podem apresentar contornos variáveis, conforme Tancredo de Almeida Neves (1910 – 1985). 


Partidos, redes sociais, imprensa, igrejas, escolas e universidades, sindicatos e prestígio pessoal de líderes são variáveis relacionadas com o fenômeno eleitoral. Renda, idade, sexo escolaridade, grupos identitários e distribuição geográfica são enfatizadas pelos institutos de pesquisa. 

Os partidos são o fator mais fácil de observar, considerando os resultados do pleito. Segundo informação do G1 e do UOL tivemos o seguinte quadro: o PT passou de 254 para 179 prefeituras, perdendo 75 municípios; ficou fora do segundo turno no município de São Paulo; não elegeu nenhum prefeito de capital no primeiro turno; não elegeu nenhum prefeito das cem maiores cidades do país no primeiro turno, embora esteja concorrendo no segundo turno em quinze destas cidades. 

No total de municípios teve as perdas verificadas nas eleições 2016 agravadas em 2020, perdendo agora 75 prefeituras. Foi um duro revés. A continuidade das perdas e o confinamento do partido nas cidades pequenas estão caracterizados. 

O PCdoB teria caído de 80 para 46 prefeitos perdendo 34 delas. Tornou-se um partido nanico, confinado aos pequenos municípios. O PDT, que 331 prefeituras, caiu para 311. 

O PSOL está no segundo turno em São Paulo, município cuja importância vale mais do que um grande número de municípios pelo valor do orçamento, dimensão de sua população, importância econômica e cultural. O número de municípios conquistados por esta legenda, porém, é insignificante: elegeu quatro prefeitos. 

O PSDB caiu de 785 municípios, para 512, perda expressa. Continua, todavia, uma grande agremiação. O MDB, que tinha 1.035 prefeitos, elegeu apenas 774, perdendo 216, sem deixar de ser um grande partido. 

O DEM tinha 266 prefeituras e elegeu 459 prefeitos, acrescentando 193 municípios ao seu capital político. Esta agremiação elegeu no primeiro turno três prefeitos de capitais. O PP começou a campanha deste ano com 495 prefeitos e conquistou 682 municípios. O PSB tinha 403 prefeitos, mas só elegeu 250, perdendo 153 municípios. 

Nas capitais venceram as eleições, em primeiro turno, os seguintes partidos: em Belo Horizonte e Campo Grande o PSD, ambos reeleitos; em Curitiba (reeleito), Florianópolis (reeleito) e Salvador o DEM; Natal e Palmas, ambos reeleitos pelo PSDB. Não elegeram nenhum prefeito de capital no primeiro turno, entre os grandes partidos mais antigos, as seguintes agremiações: PT, PDT, MDB e PSB. 

Entre as cem maiores cidades o PSDB elegeu nove prefeitos; MDB oito; o PSD seis; o DEM 5; o PP quatro; o CIDADANIA 3; o SD 2. Outros partidos elegeram um prefeito. 

Nesta eleição, considerando os resultados para os cargos executivos, os partidos de tendência socialista, comunista, da social democracia ou assemelhados, como PT, PCdoB, PSB, PDT, PSDB, perderam muitas posições, embora alguns deles continuem grandes. 

O MDB, sem perfil definido, também perdeu muitas prefeituras, embora continue tendo um grande número de prefeitos. O desgaste de lideranças nacionais, como o ex-presidente Lula, pode ter influenciado os resultados. O caráter local das eleições deste ano, todavia, relativizam o significado do pleito de agora para as eleições de 2022.

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