quarta-feira, 11 de novembro de 2020

ARTIGO - As Eleições Americanas (RMR)

 AS ELEIÇÕES
AMERICANAS
Rui Martinho Rodrigues*

 

As eleições americanas merecem atenção. Inicialmente observamos a discrepância entre pesquisas eleitorais e resultados nos últimos vinte anos. O sistema de vitória obtida pelo peso dos estados, podendo haver discrepância entre os votos populares e o resultado da ponderação federativa não é desculpa. Nas cinco últimas eleições isso só aconteceu uma vez. 

Tal divergência de resultados só ocorre se a diferença entre os votos populares for mínima. Dentro de espaços onde só se contam os votos populares as pesquisas reiteradamente têm errado por larga margem. 

Anunciaram vitória democrata, desta vez, desde 12% até 17% em circunscrições diferentes. Não é erro. Não é incompetência. É manipulação. É dolo. A diferença é muito grande e se repete, invariavelmente beneficiando o mesmo lado. A votação teve diferenças de menos de 2% onde previam 12 ou até 17%.


A imprensa foi derrotada. Apesar do resultado desfavorável para Donald Trump, cerca de 40% dos votos de negros, latinos, mulheres e LGBT sufragaram o republicano. É a maior votação de um republicano entre estes grupos identitários desde 1960, depois de quatro anos de campanha constante do ativismo da imprensa acusando o presidente de racista, homofóbico e sexista.

O partido Democrata tornou-se uma agremiação vinculada aos grupos de contracultura, defendendo a revolução dos costumes, uma mudança cultural forçada. Vinculou-se aos grupos ideológicos que pretendem uma reengenharia social, sempre inclinados ao uso de violência em manifestações e ao assassinato de reputações. A agressividade destes grupos despertou o sono letárgico dos conservadores. 

O processo eleitoral dos EUA segue o forte federalismo americano, o que o faz complexo. A vitória distribuída pelos estados, ponderando o peso relativo das unidades federadas é saudável para a Federação. 

A legislação por estado, todavia, complica o processo. Votação pelo correio é extremamente vulnerável à fraude. Funcionava bem no contexto cultural com algum resquício do puritanismo do início da colonização que não existe mais (ver Vianna Moog 1906 – 1988, na obra “Bandeirantes e Pioneiros”). 

Al Gore pediu, em 2000, recontagem diversa da obrigatória em alguns estados, quando a diferença é muito pequena. Não foi considerado escândalo. Era um ambientalista, adepto da mudança cultural forçada pelos “esclarecidos”, com o desprezo pelos “ignorantes” que isso supõe, invocando em vão o “santo nome da ciência”, como se ela fosse unívoca no campo dos valores e fenômenos históricos.

Agora os republicanos estão querendo algo mais: a verificação de fraudes como votos de cadáveres. É recurso previsto em lei, exercício regular de um direito. Mas a incomunicabilidade dos paradigmas (Thomas Kuhn, 1922 – 1996) leva pessoas inteligentes e cultas a perceber uma tentativa de golpe. 

A divisão da sociedade é evidente. Há um certo equilíbrio da votação de ambos os lados. A mudança da agenda política adicionou costumes; o patrulheirismo exercido sobre o vocabulário; a intimidação com agressões que classificam a moral conservadora como fascismo, sexismo e ignorância, impondo o multiculturalismo do tipo diferencialista (racismo reverso), negando aos cidadãos sem antecedentes criminais o direito a um meio de defesa (invertendo a presunção de inocência) incendiaram a sociedade. Uma parcela dos conservadores acordou do sono letárgico. O catecismo progressista na imprensa e nas escolas, das Universidades ao ensino fundamental, têm agora a resistência das redes sociais. A moderação manipuladora enfrenta dificuldades.


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