SARAU VIRTUAL DA ACLJ
Vez por outra, do nada, me falta o ar da atmosfera, me foge o fôlego, como se o atmã sagrado da vida me sumisse.
As delícia da mesa e do copo deixam de saber ao paladar como deviam, e não mais recendem bem, como se espera, o jardim mais oloroso, as fragrâncias do tempo, os perfumes do Universo.
As belezas ambulantes, que normalmente enriquecem a paisagem, alumbram o olhar e revolvem os bons humores, não mais extasiam e não evocam encantamento.
De repente são cinéreas todas as faixas do arco-íris, a paleta de cores da natureza fica plúmbea, a passagem das horas é monótona, os caminhos circulares, que não conduzem à esperança de bonanças.
Não é mister adoecer fisicamente para sofrer o isolamento, e não há protocolos capazes de promover a aprendizagem da dor e da resiliência para esperar o velho normal revigorado.
Infindável quarentena que nos faz responsáveis pela vida e pela felicidade coletivas, nos cobrando empatia plena em relação à humanidade, quando a saudade nos oprime e nos esmaga, no deserto dos abraços fraternos, todos prisioneiros do oásis doméstico, limitados à rotina familiar.
Enfim, descubro que é por todos os afetos reunidos que nasce o sol no alvorecer, e por eles que se põe o astro-rei, e em seguida vem a noite. Foi por vós todos, os entes queridos, que nasci e que tenho vivido sobre a terra, e que, sob ela, um dia, repousarei eternamente.
RV
Na sequência, eleito o tema da doença e da saúde, abordou-se a importância da água no organismo das pessoas, que lhe ocupa 70 por cento, a influência da sua qualidade no envelhecimento corporal, no funcionamento dos órgãos, na aparência da pele, e o efeito deletério da água de má qualidade sobre as populações da antiguidade e do medievo, bem como dos que vivem nos focos de pobreza ainda hoje.
A propósito disso, Karla Karenina apresentou um belo filtro de porcelana, fabricado em 1968, que ganhou de sua avó, e que ainda está em uso, do qual ela mesma bebia boa água na infância.
Sobre o principal humor líquido do organismo, o sangue, Aluízio Gurgel disse um poema, de sua própria lavra, tratando desse fluxo vital que move a vida; Ellery e José Augusto Bezerra levantaram a polêmica sobre a causa mortis de Alexandre, O Grande, por uma teoria envenenado com água palustre não potável, segundo uma outra tese contaminado por um mosquito maleitoso, provindo do charco infecto.
Almir Gadelha pontuou citando o Cirurgião Plástico Eduardo Furlani sobre as rugas da pele, indicativas da longevidade, e Altino Farias lembrou que a cerveja era aconselhada no passado como substituta da água, porque as águas medievais eram impuras e o processo de fabricação da bebida a torna hígida.
José Augusto Bezerra ainda discorreu sobre a importância e origem do papel – o papiro vegetal dos egípcios e o suporte de tegumento ovino "pergaminho", desenvolvido na cidade grega de Pérgamo, cujo uso deu forma ao livro moderno.
E nesse diapasão o acadêmico Júlio Soares declamou um poema de Drummond, de um livro que acaba de ganhar da sua Alana, cujo tema lírico, coincidentemente, são a importância e a nobreza do papel.
Por fim, Karla Karenina fez a moção verbal de que as principais academias literárias da Cidade encaminhem um manifesto conjunto ao Governo do Estado interpelando-o sobre onde está e como é conservado o acervo da Biblioteca Pública Menezes Pimentel, bem como reclamando a sua mais urgente reabertura.
A proposta foi acatada pelo Presidente da Associação Brasileira de Bibliófilos e Presidente Emérito da ACL, José Augusto Bezerra, e pelo Presidente da ACLJ, Reginaldo Vasconcelos, e apoiada pelos demais – e será implementada.
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