LAPROVITERA
LANÇA LIVRO
O fabuloso Totonho Laprovitera – arquiteto, escritor, poeta, compositor e artista
plástico consagrado, que tomará posse na dignidade de Membro Honorário da ACLJ
na nossa próxima Assembleia Geral Ordinária do próximo dia 26, atacará brilhantemente no gênero
da literatura humorística ainda este ano, lançando, em 16 de dezembro, no Ideal Clube, o livro
“Causos”, com o belo prefácio que abaixo transcrevemos.
O Riso é, ainda, a melhor saída
Aíla Sampaio*
Totonho é, sem
dúvida, um herdeiro de Sherazade. Se dependesse dele, a vida se desdobraria em
mil e uma noites, fazendo histórias pelos bares, pelas estradas, calçadas, ruas
e até escritórios. Sim, fazendo histórias, porque, antes de escrevê-las, ele as
vive. A partir de situações triviais, que enxerga por sua caleidoscópica lente
do humor, ele cria quadros, lançando tintas multicores aos cenários e aos
personagens.
Essa postura
brejeira do nosso arquiteto-pintor-compositor já tem marca registrada entre os
amigos, sua maior fonte de inspiração. Valtinho, por exemplo, já foi eternizado
nas páginas de Valder Césio, histórias de um boêmio, publicado em 1995. Volta,
agora, em novas peripécias, ao lado do Chiquinho, do Gera, do Gaubi, do Wiron,
do Ricardo, entre tantos outros nomes que fazem (ou fizeram) parte da boemia
cearense.
O riso é o
leitmotiv do livro. Não o riso sarcástico, que debocha e reduz ao ridículo, mas
o riso sadio, benfazejo, por vezes irônico, por vezes zombeteiro, mas são.
Seguindo o princípio aristotélico de que “o homem é o único animal que ri”, ele
elege seus pares e com eles monta todos os enredos, a partir da mais divina
comédia humana: a vida real.
E, como dizem
que quem conta um conto aumenta um ponto, Totonho viaja na sua capacidade de
(re)inventar a realidade, mexer com as palavras, fazer trocadilhos jocosos, num
exercício de percepção fantástico. Conta o que vê, o que escuta, o que observa,
o que vive, sem cerimônia, sem sóbrios pudores com as palavras. Aliás, esse é
um dos pontos altos do livro: o discurso flui espontâneo, em linguagem
coloquial e popular, com registros de variantes regionalistas, o que torna
verossímil seus enredos e mais engraçadas as piadas, as tiradas cômicas
extraídas de acontecimentos comuns.
Além das
histórias de humor, há recortes de momentos de realização pessoal e referências
a pessoas que marcaram a vida do autor, em textos memorialistas que encantam
pela emoção. Divide-se, assim, a estrutura da obra em dois blocos: o verde, com
narrativas engraçadas de conversas de bar, de rua, viagens e papos entre
amigos; são contos, minicontos e piadas sem a acidez do escárnio. Na segunda
parte, representada pela cor azul, que simboliza a sensibilidade, constam os
registros de momentos mais ‘sóbrios’, declarações de afeto e alguns versos
pertinentes aos relatos.
Mas é o bom
humor a tônica geral, bem como a descontração, a espontaneidade e a consciência
de que o riso é coisa séria, muito séria para quem vive de bem com a vida.
Bergson disse que “não há comicidade fora daquilo que é propriamente humano”.
De fato, a matéria primordial dos relatos são as pessoas; são elas que fazem
surgir em Totonho a verve de comediante tão prodigiosa em nosso estado, haja
vista os tantos nomes surgidos desde Quintino Cunha. Blindados pela alegria,
seus personagens saem dos mais diferentes lugares para desbravar o mundo da
imaginação. Há sempre um motivo para comemorar a vida, por isso, a cerveja, o
rum, a cachaça e/ou o uísque são imprescindíveis. Regam a criação. O prazer de
conviver é o que conta, e tudo se transforma em motivo para um brinde.
Sem
ilustrações, as histórias projetam imagens por meio das palavras, dando ao
leitor a oportunidade de também viver as cenas, simular os movimentos, sentir
os cheiros. A fidelidade do autor ao seu próprio repertório é de tal forma
evidente que, ao lermos, temos a sensação de reconhecer a própria voz dele
falando, o que torna muito familiares todos os acontecimentos contados,
portanto, a partir de então, ficcionais. Qualquer semelhança com fatos ou
pessoas não será mera coincidência, mas o pincel, ops, o teclado do criador,
deu-lhes novos contornos. Todos aqui são reais fora dessas páginas; aqui
dentro, porém, são apenas seres de papel.
Além do riso e
do registro de emoções, o livro sedimenta, no imaginário do leitor, cenários
atuais, e resgata a memória da cidade ao evocar cenas passadas no Restaurante
Gabriella, no Colégio São João, na Cobal ou mesmo num Ford Galaxie Landau. De
João Pessoa ao Rio de Janeiro, passando por Viçosa, Sobral, Várzea Alegre e
Camocim; do Mondubim ao Alto do Bode, o espaço se alarga para dar passagem à
caravana da alegria. Nada oficial. Nada oficioso. É a vida se desenhando em verde
e azul, em todas as matizes e nuanças que a alegria possa traçar no coração de
quem sabe que rir é, ainda, a melhor saída em todas as situações.
*Aíla Sampaio
Poetisa – Literata
Professora do Curso de Letras da Unifor
CAUSOS - APRESENTAÇÃO
Contando
passagens verdadeiras ou não, Causos são histórias narradas com leveza e bom
humor.
A decisão de
publicar um livro mostrando minhas histórias ocorreu pela sugestão e incentivo
de muitos e generosos amigos. Ora, já não era sem tempo, pois o livro é uma
coletânea de textos escritos durante anos.
Pegada a devida
corda, neste alfarrábio procurei contar episódios que vivenciei – alguns com um
certo exagero – e outros que inventei – com grande moderação. Mas, juro, o meu
jeito de contar as coisas não tem a preocupação de apartar a verdade da
mentira, não. Pois, como falava Pablo Picasso, “A arte é a mentira que nos
permite conhecer a verdade”.
Bem, sendo
breve, mais do que ficar na peleja da apresentação do Causos, arrisco-me na
ousadia do livro mostrar-se por si mesmo.
Boa leitura,
então.
Totonho Laprovitera
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