terça-feira, 1 de novembro de 2011

EVALDO GOUVEIA DÁ ENTREVISTA À ACADEMIA


O compositor Evaldo Gouveia, Membro Emérito da ACLJ, ocupante da Cadeira de nº 9, cujo Patrono Perpétuo é o jornalista Armando Vasconcelos, recebeu em sua casa, na tarde de ontem, 31 de outubro, uma comissão da Academia, para uma longa entrevista sobre a sua saga artística, desde os cabarés de Fortaleza, em que cantava e tocava violão ainda menino, para sustentar a si próprio, o irmão mais novo e a própria mãe, egressos recentemente do Iguatu, lá pelos anos 40 do século passado.

Depois, em 1950, a formação do Trio Nagô, com o alfaiate e vocalista Mário Alves e o cantor Epaminondas de Souza, e a primeira viagem do grupo para representar o Ceará em programas de rádio no Rio de Janeiro, com pouco dinheiro, os três sendo aqui e ali discriminados pela condição de nordestinos. O sucesso imediato, em virtude da boa qualidade vocal do trio, segurou o conjunto longamente no eixo Rio - São Paulo, Evaldo radicando-se no Sudeste para sempre – sem jamais romper os laços com o seu amado Ceará.


Já consagrado no Brasil, o trio passou longa temporada na Europa, em Portugal e principalmente na França. Morando em Paris, Evaldo ia toda semana filar a lauta feijoada que o então embaixador Vinícius de Moraes oferecia em sua casa aos artistas brasileiros, todos os ingredientes culinários levados do Brasil para o corpo diplomático no estrangeiro, regularmente, pela Panair, companhia de aviação brasileira extinta em 1965 (“A primeira Coca-cola foi, me lembro bem agora, nas asas da Panair” – trecho da música Conversando no Bar, de Fernando Brant, sucesso na voz de Milton Nascimento e Elis Regina, na década de 70).


E Evaldo, que tem nada menos de 1.018 composições musicais, lamenta não ter jamais feito uma música para o repertório de Roberto Carlos, embora este tantas vezes lhe tenha pedido, quando se encontravam nos bastidores do show bis – “bicho, me dá uma música inédita para eu gravar!”. Evaldo, entretanto, verificava nos borderôs de pagamento dos artistas que os discos do Roberto, na época, não vendiam nem um décimo dos que eram gravados por Altemar Dutra, e então reservava sua produção musical a este último, que o próprio Evaldo lançara na vida artística e no mercado fonográfico.


A propósito disso, suspendendo a entrevista, Evaldo pegou o violão e mostrou uma belíssima canção nova aos confrades da Academia, uma das 18 que compôs recentemente, considerando que talvez ela fosse adequada para o estilo e a voz do Rei Roberto. Os acadêmicos o estimularam a oferecê-la agora, para que enfim o grande cantor da Jovem Guarda possa gravar uma música sua. Quem sabe!?

Mas Roberto Carlos não foi o único caso, pois ele também jamais deu uma música para “aquela menina”, no dizer dele mesmo, a qual foi sua inquilina por seis anos, morando em apartamento seu no Rio de Janeiro, desde que veio do Rio Grande do Sul perseguir a vida artística. Falava de Elis Regina, “que aprendeu com Lennie Dale a cantar agitando os braços”, lembra Evaldo, referindo ao famoso coreógrafo americano radicado no Brasil naquela época. Romeu, o pai de Elis, fazia grande ginástica para pagar o aluguel, enquanto a carreira da filha não deslanchava.


Evaldo Gouveia, comemorando os seus 60 anos de carreira, acaba de fazer show em sua cidade natal, o Iguatu, onde foi homenageado pela Prefeitura e ovacionado pelo povo em praça pública. Gravou na semana passado o primeiro DVD, em Fortaleza, no Teatro José de Alencar, disco que em breve lançará.  


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