quinta-feira, 6 de abril de 2023

CRÔNICA - A Liça (AGAJ)

A LIÇA
Aluísio Gurgel do Amaral Jr. 

 

Era maio de 1993. Eu retornava de Brejo Santo para Jati. Pelas dezoito e trinta fui interceptado por uma Ford F1000 Luxo, após a Piçarra. Desceram dois homens armados querendo saber quem  era eu. 

Identifiquei-me como Juiz de Direito. Observei que estavam em minha jurisdição, armados, descaracterizados e que deveriam ser do serviço reservado e que, portanto, se identificassem.

 

O único falante declarou que quem dava as ordens era ele, e perguntou se eu estava armado. Enfiei a mão no paletó e o outro interrompeu, apontando-me a arma. Recomendei-lhe calma, e com suavidade retirei e destampei minha caneta esferográfica, a exibi ao falante, e disse: 

“O que eu não puder fazer com a ponta desta caneta, não é com arma que eu vou conseguir!” O falante recuou à camionete, conversou com alguém por meio minuto e me liberou. 

Reiterei estar em minha jurisdição e que eles se retirassem. Obedeceram. Tornei ao interior do meu Ford Verona sob a noite estrelada, relaxei e me urinei todo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário