Um pedaço do CearáWilson
Ibiapina*
Quem acha que São Paulo está abarrotado de cearenses não conhece o Acre. O deslocamento para o cantinho do Brasil, que faz divisa com o Amazonas, Rondônia, Bolívia e Peru começou bem antes, no século dezoito.
O historiador Arruda Furtado diz que foram três as causas determinantes das migrações encaminhadas para o Acre. A primeira, provocada pela seca. A segunda, a atração do eldorado amazônico e, a terceira, o espírito aventureiro do cearense.
O escritor Artur Reis registrou que “em março de 1879 já tinham entrado em Manaus mais de seis mil retirantes cearenses”. José Carvalho de Souza, que nasceu na serra da Meruoca, e que viveu mais de 130 anos, foi o cearense mais velho a habitar o Acre.
O território boliviano virou brasileiro depois que foi invadido por seringueiros em busca de mais espaço para extrair látex. A mão de obra necessária para a expansão da fronteira e o consequente aumento das produção foi fornecida pelos cearenses que fugiam da seca e se alistavam como soldados da borracha.
Depois de duas revoltas apareceu o gaúcho Plácido de Castro. Na época com apenas 27 anos de idade, liderou uma forte revolução, vencendo as tropas bolivianas, e proclamando, pela terceira e última vez, o território independente do Acre.
O território do Acre, que depois virou Estado da Federação, continua habitado por cearenses e seus descendentes. Desse novo pedaço do Brasil saíram pessoas importantes, que se destacaram nacionalmente. Entre eles o jornalista Armando Nogueira, o poeta Thiago de Melo, o médico Adib Jatene, o Coronel Jarbas Passarinho e o ambientalista Chico Mendes.
Há pouco tempo, o cineasta Pedro Jorge de
Castro foi a Xapuri fazer uma palestra. Num restaurante, o garçom puxou
conversa:
– O Sr. é de onde mesmo?
– Sou do Ceará, respondeu o cineasta. E o garçom encerrou a conversa:
– Ah!,
pensei que fosse de fora.
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