“PEGADA DE RESGATE”
O MELHOR CUMPRIMENTO
Reginaldo Vasconcelos*
Há registros artísticos e relatos históricos
sobre o aperto de mão desde a mais remota antiguidade, e em todas as culturas
mundo afora.
Na Ilíada de Homero, escrita no ano 800 a.C., estender a mão a outro significava a generosidade de doar.
No Império Assírio, também por volta do Século
IX a.C., davam-se as mãos para propor e aceitar acordo de trégua em um
conflito.
No Egito dos faraós, apertar as mãos era ato
místico, relativo à relação entre os deuses e os homens.
Na cultura greco-romana, o aperto de mão era
um ritual denominado em grego de “dexiosis”, palavra que
determina o aperto exclusivo das mãos direitas para se firmar um pacto.
Na Roma Antiga, durante muito tempo, no ato do
casamento, os nubentes davam-se as suas mãos direitas – cerimônia que recebia o
nome latino de “dextrarum iunctio”.
Na idade moderna, o aperto de mão, como ato de
mera cordialidade social, foi difundido pelos Quakers, um grupo de cristãos
protestantes que surgiu na Inglaterra no Século XVII.
Já na contemporaneidade, o compositor americano Louis Armstrong (1901-1971), na canção intitulada “What a Wonderful World” (Como o Mundo é Maravilhoso), pôs o verso: “I see friends shaking hands, saying how do you do?”. (Vejo amigos agitando as mãos, dizendo “como você está?”).
Até se consagrou o 21 de junho como o Dia
Internacional do Aperto de Mão, talvez porque seja o dia do solstício, quando
começa o verão no hemisfério norte (o dia mais longo do ano), e o inverno no
hemisfério sul (o dia mais curto).
Mas a pandemia da Covid-19 restringiu a
prática do aperto de mãos, e evidenciou que ela representa um constante risco
sanitário. Convencionou-se, em substituição, encostar os punhos fechados, um
ato frio e refratário.
De fato, por mais limpas as mãos da pessoa estejam quando ela sai de casa, elas vão manusear corrimãos, trincos de portas, superfícies sujas, objetos vários, e podem ter contato com humores corporais, de modo que o cumprimento pode ser um perigoso vetor de agentes patógenos, levados depois à boca, aos olhos, às janelas naturais do organismo.
O gesto, também muito usual na Roma Antiga como prova de parceria e confiança, é bem mais significativo e simbólico de afeto e amizade e não importa em contato direto entre as mãos, mas das mãos com os antebraços das pessoas – cautela suficiente em tempo de normalidade sanitária.
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