quarta-feira, 11 de maio de 2016

ARTIGO - Manhas e Artimanhas (RV)



MANHAS E ARTIMANHAS
Reginaldo Vasconcelos*



A expressão do título é da demissionária Presidente Dilma Rousseff, e representa a mais perfeita carapuça para a cabeça dela mesma. “Quem disso usa, disso cuida”, diz o velho provérbio, perfeitamente aplicável neste caso.



Dilma atribui “manhas e artimanhas” aos seus inimigos, generalizados e difusos:

a imprensa livre;

ingrato Procurador Geral da República;

o Juiz Moro;

a “República de Curitiba”;

os ministros acovardados do Supremo Tribunal Federal;

os “anjos decaídos” que até recentemente foram aliados no Governo;

os empresários honestos que não fizeram doações oficiais ao PT, e não contrataram palestras do Lula a peso de ouro com dinheiro da Petrobrás;

os seis milhões de pessoas que saíram às ruas para bradar por “Fora Dilma”;

os próceres da oposição – enfim, todas as “forças do atraso” e as “elites conservadoras” que combatem o lulopetismo.

Acontece que a conduta manhosa e cavilosa tem sido peculiar aos petistas em geral, desde quando Lula editou a “Carta aos Brasileiros” e patrocinou o “Foro de São Paulo”.

Manha se verifica quando Lula se diz socialista e se mancomuna com o que há de pior na política de direita e no empresariado brasileiro.

Artimanha é Lula alegar, no primeiro momento, que o mensalão seria perdoável porque é prática comum na política nacional; em seguida, que o episódio aconteceu porque ele foi traído pela sua equipe de Governo; depois, que o mensalão não aconteceu, mas foi inventado pelas forças do atraso.

Mas a grande manha e artimanha a um só tempo é a versão de que Dilma, José Genuíno, Fernando Pimentel, José Dirceu, e outros quejandos, tenham lutado pela democracia, tendo sido presos e torturados porque pretendessem liberdades democráticas.

Esse pessoal pretendia de fato instalar no Brasil uma ditadura de esquerda, que ainda bem não prosperou. Para isso andaram praticando terrorismo – assaltando bancos, sequestrando autoridades, investindo contra tropas do Exército, na chamada “luta armada”, ou “guerrilha urbana”, que não recomenda a biografia de ninguém.

Então, é verdade que essas pessoas combateram a ditadura de direita, que foi resultado da ameaça comunista que elas mesmas provocaram – mas elas não objetivavam a democracia.

Quem lutou pela normalidade democrática – e alguns foram injustamente perseguidos pela repressão – foram advogados, jornalista e religiosos que apoiaram o golpe militar no primeiro momento, mas depois se insurgiram contra as atrocidades cometidas contra os militantes nos porões da ditadura, caso emblemático do velho Heráclito de Sobral Pinto.  

Por outro lado, além de integrantes da esquerda não se haverem sacrificado pelas amplas liberdades, e de não terem sido vítimas inocentes, ao contrário do que dizem hoje, a esquerda também se recusou a assinar a Constituição de 1988 – e agora, sofrendo o impeachment, o governo petista invoca os princípios democráticos, que nunca defenderam, brandindo a Carta Magna, que eles mesmos rejeitaram. Isso é que são manhas e artimanhas.

Manhas e artimanhas estão entrevistas nas frases de Lula – “eles não sabem do que somos capazes para reeleger a Dilma” – e da própria Dilma – “A gente faz o diabo para vencer eleições” – expressões que traem a filosofia cavilosa que norteia o seu partido.


Vade Retro! 

  

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