segunda-feira, 9 de maio de 2011

Biografia da Patronesse da 34ª Cadeira da ACLJ - Francisca Clotilde


Francisca Clotilde
Francisca Clotilde Barbosa Lima nasceu em São João dos Inhamuns, hoje Tauá, Ceará, aos 19 de outubro de 1862. Filha de João Correia Lima e Ana Maria Castelo Branco. Do sertão dos Inhamuns a família se mudou para a Serra do Baturité e de lá, a menina passou a estudar em Fortaleza, capital da Província, no Colégio Imaculada Conceição. , de onde saiu apta para o magistério.
Engajou-se ao Movimento Abolicionista, fez parte do pró Rabelo, contra a oligarquia Accioly. 
Em 1884, por concurso público foi nomeada com o título de professora para a Escola Normal de Fortaleza. Concomitantemente ao trabalho de educadora, colaborou na imprensa em verso e em prosa: Cearense, Gazeta do Norte, Pedro II, O Libertador, A Quinzena, A República, Almanaque do Ceará, no Ceará; também na imprensa de outros estados brasileiros, como por exemplo: Almanaque das Senhoras Alagoanas; O Lyrio, de Recife; A Família, de São Paulo e Rio de Janeiro etc. Ao ser demitida da Escola Normal (sua pena incomodava os poderosos) fundou externato próprio que funcionou em Fortaleza, depois em Baturité, de onde continuou colaborando na Imprensa, e por último em Aracati. Além de poetisa, foi também contista, cronista, jornalista, dramaturga e romancista. Com a filha funda a revista A Estrella:
 Em 1902, Francisca Clotilde publicou o romance A Divorciada. Livro que chocou a sociedade por se tratar de um tema tão antifamiliar. Pioneira no tema “divórcio” na Literatura Brasileira.
A escritora, em 1908 transferiu-se com a família, o externato e a revista A Estrella para a cidade de Aracati, onde passou 27 anos de sua vida dedicados à educação da Zona Jaguaribana. Fundou nesta cidade o Externato Santa Clotilde, cujo educandário (para meninas e meninos) foi considerado um dos melhores colégios da região jaguaribana por se destacar pela pedagogia aplicada, da utilização das artes, sobretudo o teatro nas atividades escolares, além do ensino da língua francesa.
Um dos prováveis motivos pelo qual o público leitor não teve uma boa receptividade da obra pode ter sido por causa do tema que é tratado no romance: o divórcio. A história fora escrita cerca de cinco anos após a mudança de Francisca Clotilde de Fortaleza para Baturité. Podemos dizer que diversas reminiscências evidentes da vida da escritora podem ser encontradas na narrativa, que, muitos consideram quase um livro de memórias, por ter algumas características autobiográficas. Detalhes dispersos e implícitos em algumas passagens do livro são de chamar a atenção do leitor, por causa das coincidências: o casamento, pois Francisca Clotilde se casou muito jovem, como também a personagem Nazaré; os vícios do marido (tanto o da escritora era viciado em jogatina e alcoólatra, como também o marido da personagem); a mudança da cidade grande para o interior; a distância da agitada capital, não querer morar na cidade; o estigma da mulher separada, em uma sociedade machista da época, na qual uma mulher separada do marido era considerada uma mulher sem respeito, quase uma prostituta; e a infelicidade de se perceber solitária e com filhos para criar, sem ajuda de alguém.
O interessante da vida de Francisca Clotilde: ela não sofreu o preconceito de ser uma mulher divorciada em Baturité e Aracati (em ambas localidades ela foi respeitada como mulher e professora). Enquanto que em Fortaleza ela perdeu o cargo de professora e seu educandário fechou após três anos de funcionamento por causa de suas idéias abolicionistas e de igualdade de direitos entre o homem e a mulher. No interior do Ceará, Clotilde implantou sua escola e esta funcionou até a sua morte. Ela era uma professora querida e respeitada pelos moradores. A alta sociedade local consentia que suas crianças deveriam estudar no educandário da professora Francisca Clotilde.
Francisca Clotilde tinha um embasamento teórico educacional em Pestalozzi, este como defensor da importância do amor materno na educação da criança. Ela se preocupava com o respeito à criança, que deveria ser tratada com amor, talvez por isso as crianças gostassem muito dela, apesar de ser muito séria e de pouco sorriso.
A professora Francisca Clotilde dedicou mais de cinqüenta anos à Educação do Ceará: na Escola Normal, na formação de professoras para lecionarem no curso primário; em suas próprias instituições de ensino, nos educandários de Fortaleza, Baturité e Aracati.
Referências Bibliográficas
ALMEIDA, Luciana Andrade de. A estrella – Francisca Clotilde e literatura feminina em revista no Ceará (1906-1921). Fortaleza: Museu do Ceará / Secretaria da Cultura do Estado do Ceará, 2006.
CLOTILDE, Francisca. A divorciada. 2ª ed. Ceará: Terra Bárbara, 1996.
CUNHA, Cecília Maria. Além do amor e das flores: primeiras escritoras cearenses. Fortaleza: Expressão Gráfica e Editora, 2008.
MOTA, Anamélia Custódio. Francisca Clotilde: uma pioneira da educação e da literatura no Ceará.Gráfica e Editora Canindé, 2007.
OLIVEIRA, Caterina Maria de Saboya. Fortaleza: seis romances, seis visões. Fortaleza: Edições UFC, 2000.
Fonte:  Gildênia Moura - 16.04.2009

Link: Sonetos de Francisca Clotilde
http://www.sonetos.com.br/biografia.php?a=74

Link para o blog da academica da 34ª Cadeira: Mari Josefina da Silva
http://www.terceiraidadesaude.blogspot.com/



 POSTADO POR: MARIA JOSEFINA DA SILVA

2 comentários:

  1. Estimada Confreira Maria Josefina Silva,
    O "Confreira" tem dono, peguei-o emprestado do colega Reginaldo Vasconcelos.
    Queria parabenizá-la pela iniciativa e pioneirismo do post, que na verdade trata-se da primeira postagem independente realizada, visto que os demais são de autoria do próprio Blog da Academia.
    Forte abraço,
    Alfredo Marques

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  2. Tenho a imensa satisfação em informar que o romance A DIVORCIADA (1902), de Francisca Clotilde foi recentemente editado pela JANELA AMARELA EDITORA (RJ) e que já está disponível à venda no formato Impresso e Ebook. www.janelaamarelaeditora.com.br/livros/a-divorciada

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