segunda-feira, 23 de novembro de 2020

ARTIGO - O Voto (RMR)

 O VOTO
Rui Martinho Rodrigues*

  

O eleitorado é heterogêneo. Há eleitores fiéis a correntes políticas, líderes, agenda de interesses, valores e paixões. Uma parcela do eleitorado a cada eleição reavalia tendências e formas de defesa das pautas da sua agenda política. 

Contemplar o panorama político é como olhar as nuvens, que podem apresentar contornos variáveis, conforme Tancredo de Almeida Neves (1910 – 1985). 


Partidos, redes sociais, imprensa, igrejas, escolas e universidades, sindicatos e prestígio pessoal de líderes são variáveis relacionadas com o fenômeno eleitoral. Renda, idade, sexo escolaridade, grupos identitários e distribuição geográfica são enfatizadas pelos institutos de pesquisa. 

Os partidos são o fator mais fácil de observar, considerando os resultados do pleito. Segundo informação do G1 e do UOL tivemos o seguinte quadro: o PT passou de 254 para 179 prefeituras, perdendo 75 municípios; ficou fora do segundo turno no município de São Paulo; não elegeu nenhum prefeito de capital no primeiro turno; não elegeu nenhum prefeito das cem maiores cidades do país no primeiro turno, embora esteja concorrendo no segundo turno em quinze destas cidades. 

No total de municípios teve as perdas verificadas nas eleições 2016 agravadas em 2020, perdendo agora 75 prefeituras. Foi um duro revés. A continuidade das perdas e o confinamento do partido nas cidades pequenas estão caracterizados. 

O PCdoB teria caído de 80 para 46 prefeitos perdendo 34 delas. Tornou-se um partido nanico, confinado aos pequenos municípios. O PDT, que 331 prefeituras, caiu para 311. 

O PSOL está no segundo turno em São Paulo, município cuja importância vale mais do que um grande número de municípios pelo valor do orçamento, dimensão de sua população, importância econômica e cultural. O número de municípios conquistados por esta legenda, porém, é insignificante: elegeu quatro prefeitos. 

O PSDB caiu de 785 municípios, para 512, perda expressa. Continua, todavia, uma grande agremiação. O MDB, que tinha 1.035 prefeitos, elegeu apenas 774, perdendo 216, sem deixar de ser um grande partido. 

O DEM tinha 266 prefeituras e elegeu 459 prefeitos, acrescentando 193 municípios ao seu capital político. Esta agremiação elegeu no primeiro turno três prefeitos de capitais. O PP começou a campanha deste ano com 495 prefeitos e conquistou 682 municípios. O PSB tinha 403 prefeitos, mas só elegeu 250, perdendo 153 municípios. 

Nas capitais venceram as eleições, em primeiro turno, os seguintes partidos: em Belo Horizonte e Campo Grande o PSD, ambos reeleitos; em Curitiba (reeleito), Florianópolis (reeleito) e Salvador o DEM; Natal e Palmas, ambos reeleitos pelo PSDB. Não elegeram nenhum prefeito de capital no primeiro turno, entre os grandes partidos mais antigos, as seguintes agremiações: PT, PDT, MDB e PSB. 

Entre as cem maiores cidades o PSDB elegeu nove prefeitos; MDB oito; o PSD seis; o DEM 5; o PP quatro; o CIDADANIA 3; o SD 2. Outros partidos elegeram um prefeito. 

Nesta eleição, considerando os resultados para os cargos executivos, os partidos de tendência socialista, comunista, da social democracia ou assemelhados, como PT, PCdoB, PSB, PDT, PSDB, perderam muitas posições, embora alguns deles continuem grandes. 

O MDB, sem perfil definido, também perdeu muitas prefeituras, embora continue tendo um grande número de prefeitos. O desgaste de lideranças nacionais, como o ex-presidente Lula, pode ter influenciado os resultados. O caráter local das eleições deste ano, todavia, relativizam o significado do pleito de agora para as eleições de 2022.

NOTA CULTURAL - Professores da UFC (CA

 PROFESSORES DA
UFC
Cândido Albuquerque*




POEMA - Pacto (LM)

PACTO
Luciano Maia*




quinta-feira, 19 de novembro de 2020

CRÔNICA - Empresa Soares Marinho (AASF)

EMPRESA SOARES MARINHO
 Antonio de Albuquerque Sousa Filho*


Para quem trabalhou muitos anos, a aposentadoria pode ocorrer em decorrência da idade, do tempo de trabalho ou de problemas de saúde. O fato é que todos nós chegaremos a essa realidade. Estamos ou estaremos preparados para tal momento?

 

Tenho amigos que não se prepararam para a aposentadoria. Alguns ficaram inativos e  tiveram problemas sérios de saúde. Outros enveredaram por novas atividades profissionais, sem a experiência exigida e fracassaram.  Vários conseguiram sucesso em novas empreitadas.  Um grupo menor direcionou suas vidas para atividades que lhes dessem prazer como ler,  escrever, viajar, sair para conversar com amigos, praticar jardinagem, observar a  religião com mais intensidade, participar de entidades culturais  ou de serviços voluntários em ações sociais privadas ou públicas.

 

 O hábito de trabalhar diariamente cria uma disciplina na vida das pessoas. Acordar na mesma hora, tomar o café matinal, sair para o trabalho sempre no mesmo horário, cumprir as tarefas profissionais e voltar para casa.  Os horários domésticos  obedecem às prioridades do trabalho fora de casa e tudo se encaixa devidamente. Durante anos, a pessoa obedece a normas padronizadas. Deixar de trabalhar não é fácil e exige novos hábitos para adaptar-se a uma realidade diferente.

   

Conheço um professor universitário, cumpridor rígido de suas tarefas profissionais, conhecido como “Caxias”. Era o primeiro a chegar ao trabalho e o último a sair. Levava, muitas vezes, trabalhos para concluir em sua casa. Se preciso, trabalhava aos sábados e domingos. Todas as obrigações familiares, como realizar a feira semanal, educação dos filhos, reformas da casa, cuidar da saúde da família e participar de reuniões escolares, familiares e sociais eram competência de sua mulher. Quando chegou o momento de sua aposentadoria por idade, sentiu-se despreparado. Não fizera amizades fora do seu círculo profissional e tudo lhe era estranho fora do seu âmbito de trabalho. O que fazer?

 

Telefonou para outro professor, seu amigo, indagando o que ele estava fazendo após sua aposentadoria. Foi informado que o amigo prestava serviços a uma empresa  diferente.   Muito democrática, lá não existia separação por sexo, raça, nível de renda, exigência de conhecimentos formais. Horário flexível, alguns começavam a partir das 5.00 horas da manhã e outros iniciavam à noite, sem observância de horário rígido. Respirava-se ar puro, sem preocupação de diferenças salarias, ausência de exigências de investimentos.

 

Segurança razoável, cardápios variados, indo da água de coco  a sucos diversos, a diferentes  tipos de sanduíches e  frutas à vontade. Lá não era exigido o uso de vestimentas e calçados sociais. A maior parte das pessoas preferia vestimentas leves, esportivas, o uso do tênis. Nada de joias.  Existe muita camaradagem e os temas das conversas são os mais variados possíveis, de preferência os mais alegres. Como os envolvidos na empresa têm experiências profissionais diferenciadas, é mais fácil fazer novas amizades.  E concluiu com a pergunta: “você gostaria de conhecer a empresa onde trabalho?”. Ele respondeu que sim.

 

No dia seguinte, às 7.00 horas em ponto, o prestativo amigo chegou à casa do candidato ao trabalho.  Este se vestia de forma tradicional: calça comprida, camisa social, sapatos clássicos. O outro usava bermudas, camiseta, tênis e um boné.


 

 

O pretendente ao novo emprego entrou em casa e mudou sua vestimenta, adequando-se aos modos do colega. O carro partiu em direção à Avenida Beira Mar, em Fortaleza, parando na pracinha, em frente a uma barraca que vendia água de coco.

 

Era ali a sede da Empresa Soares Marinho - SÓ ARES MARINHO (S).


quarta-feira, 18 de novembro de 2020

ARTIGO - A Interpretação das Urnas (RMR)

 A INTERPRETAÇÃO
DAS URNAS
Rui Martinho Rodrigues*

 

 

Parafraseando Marc Leopold Benjamin Bloch (1886 – 1944), podemos dizer que a História estuda a ação humana no tempo. A busca do significado e do alcance da relação entre os atos, destes com os fatos e os respectivos desdobramentos é a síntese do esforço hermenêutico de compreensão da dimensão sociocultural da realidade.


As circunstâncias em que são praticadas as condutas e ocorrem os fatos, no caso das eleições deste ano, têm na pandemia um fato a relevante. Campanhas eleitorais custam dinheiro. O estado de calamidade pública e as verbas vultosas repassadas aos municípios e estados, sem dúvida, foram um fator importante, cujo desdobramento foi a reeleição de prefeitos e a eleição de apadrinhados por pelos governos municipais e estaduais em grande número. Contrasta com 2.018, quando não houve tanta verba usada descontroladamente no estado de calamidade pública. O governo federal, quase totalmente excluído das ações diretamente ligadas à Covid-19, pouco influenciou as eleições municipais. As urnas disseram que o dinheiro, mais uma vez, foi importante. 

O tempo durante o qual se deu a campanha foi curto. Isso prejudicou os novos atores e favoreceu os veteranos, principalmente aqueles que estavam na chefia do Poder Executivo dos municípios e estados, que ganharam grande visibilidade. Governador e prefeito da capital paulista foram presença constante nos meios de comunicação e obtiveram resultado favorável. Celebridades não tiveram sucesso comparável ao de outras eleições. Atletas e outras figuras públicas não foram eleitas. No tempo de campanha, o foco do noticiário voltado para questões nacionais e internacionais eclipsaram as eleições municipais. O público nem soube de algumas candidaturas para as câmaras municipais, fator de grande influência, dizem as urnas. 

O distanciamento social, outro aspecto ligado à pandemia, dificultou a campanha, prejudicando os novos postulantes e favorecendo os veteranos, principalmente aqueles que apareciam nos noticiários e eram discutidos nas redes sociais em razão dos cargos que ocupavam, como dito. Além disso, as máquinas governamentais dos municípios e estados mostraram força. As urnas confirmaram a importância da visibilidade dos candidatos e das máquinas governamentais. 

As agremiações partidárias, durante as campanhas, ajudam a instalar comitês eleitorais, recrutar ativistas pelos mais diversos meios, têm contatos com as lideranças locais cuja importância é maior em eleições municipais. Muitos partidos são relativamente novos, não são sequer conhecidos do público e não têm presença junto ao eleitorado. As associações políticas, cuja existência em grande parte consiste em ser um projeto de poder, estão desgastadas pelos sucessivos escândalos. Algumas delas perderam muitas prefeituras. O PT, exemplo de partido bem estruturado, não elegeu nenhum prefeito de capital ou das cem maiores cidades do Brasil. 

A importância de tais organizações, todavia, se fez notar. O presidente da República, cuja popularidade não é tão pequena, a despeito das polêmicas e do conflito com a grande imprensa, não exerceu influência proporcional ao vigor da militância que o apoia. Além de não ter partido e dos conflitos e polêmicas, o chefe do Executivo federal hesitou. Entrou tarde na pugna. Colheu parcos resultados. Registre-se, por fim, que eleições municipais têm peculiaridades distintas das eleições estaduais e federais. São separadas dos demais certames e envolvem demandas distintas, ligadas ao âmbito local.

terça-feira, 17 de novembro de 2020

CRÔNICA - Ao Passo do Caracol (ES)

AO PASSO DO CARACOL

 Edmar Santos*

 

Cansei. Não quero mais ser o coelho do relógio da história. 

Pretendo me retirar da rotina desse bioma de deprimidos acelerados que se chama grande cidade; quero ser como o caracol. Vou andar, comer, ler, namorar... tudo ao passo do caracol. 

Sim, quero me arrastar, escorregar... não mais correr, andar apresado para os lugares que me levarão a lugar nenhum. Chega! Vou carregar minha casa, meu corpo, habitat de minha existência, para onde forem meus melhores e próprios pensamentos. Esse será o melhor sentido da vida que darei à existência de meus corpo e alma. Caracol carrega a casa dele nas costas, e o faz muito bem. Sossegado. 

Vou ler um livro moderno de duzentas páginas como se fosse um de quatrocentas, que quase não se editam mais. Ler pensando sobre... não ler para decorar uma frase e o nome do autor, e depois posar de intelectual no barzinho durante o happy hour. Esquecendo na ressaca tudo que se disse ali.  

Lento, quero ser lento, o que nada tem a ver com lerdeza ou preguiça, mas com posicionamento contemplativo diante do que está aí. Devagar, “devagarinho”. 

Não comerei mais em self-service porque logo buscam o prato, quase antes de eu haver terminado de comer. Quero ficar olhando para o prato vazio e lembrando dos sabores que eu apreciei. Fazer isso por alguns minutos, ainda que poucos. Nada mais deprimente, que sair palitando os dentes em direção à fila do caixa. 

Não beijarei mais minha mulher com “selinhos” rápidos ao chegar ou sair de casa; quero beijos de namoro: demorados, lentos, pegajosos, de língua toda. Beijo caracolado. 

Farei tudo o que tenho costume de fazer, e outras coisas que a lentidão me proporcionará; tudo não mais com a arrogância doentia da celeridade idiotizante e alienadora, mas com a experiência da contemplação. 

Se me tacharem pejorativamente de lesado e de lesma, achando que vou sofrer por conta de tal comparação com gastrópodes, estarão se enganando. Tal ato provavelmente partirá de um dos deprimidos apressados, sempre envoltos em retóricas idiotizadas e idiotizantes, que não se dão conta do mal que os assola. Esses geralmente entendem que falar na roda de colegas de profissão, que tomar ansiolítico com cerveja é ser moderno e empoderado. Eu hein!

 

“Yes, we can” ser como o caracol.


LIVRO - O STF e a Constituição (CA)

 Livro em Homenagem
ao MinISTRO
Celso de Mello
Cândido Albuquerque* 


Muito honrado com o convite, e em coautoria com o amigo e colega, advogado e professor Sérgio Rebouças, participamos dessa obra com o capítulo 10: NOVOS ASPECTOS DO CRIME DE EVASÃO DE DIVISAS. 

Tema atual, ainda em construção e fixação de uma doutrina, procuramos dar a nossa contribuição abordando os mais novos normativos e as mais novas reflexões.



quarta-feira, 11 de novembro de 2020

ARTIGO - As Eleições Americanas (RMR)

 AS ELEIÇÕES
AMERICANAS
Rui Martinho Rodrigues*

 

As eleições americanas merecem atenção. Inicialmente observamos a discrepância entre pesquisas eleitorais e resultados nos últimos vinte anos. O sistema de vitória obtida pelo peso dos estados, podendo haver discrepância entre os votos populares e o resultado da ponderação federativa não é desculpa. Nas cinco últimas eleições isso só aconteceu uma vez. 

Tal divergência de resultados só ocorre se a diferença entre os votos populares for mínima. Dentro de espaços onde só se contam os votos populares as pesquisas reiteradamente têm errado por larga margem. 

Anunciaram vitória democrata, desta vez, desde 12% até 17% em circunscrições diferentes. Não é erro. Não é incompetência. É manipulação. É dolo. A diferença é muito grande e se repete, invariavelmente beneficiando o mesmo lado. A votação teve diferenças de menos de 2% onde previam 12 ou até 17%.


A imprensa foi derrotada. Apesar do resultado desfavorável para Donald Trump, cerca de 40% dos votos de negros, latinos, mulheres e LGBT sufragaram o republicano. É a maior votação de um republicano entre estes grupos identitários desde 1960, depois de quatro anos de campanha constante do ativismo da imprensa acusando o presidente de racista, homofóbico e sexista.

O partido Democrata tornou-se uma agremiação vinculada aos grupos de contracultura, defendendo a revolução dos costumes, uma mudança cultural forçada. Vinculou-se aos grupos ideológicos que pretendem uma reengenharia social, sempre inclinados ao uso de violência em manifestações e ao assassinato de reputações. A agressividade destes grupos despertou o sono letárgico dos conservadores. 

O processo eleitoral dos EUA segue o forte federalismo americano, o que o faz complexo. A vitória distribuída pelos estados, ponderando o peso relativo das unidades federadas é saudável para a Federação. 

A legislação por estado, todavia, complica o processo. Votação pelo correio é extremamente vulnerável à fraude. Funcionava bem no contexto cultural com algum resquício do puritanismo do início da colonização que não existe mais (ver Vianna Moog 1906 – 1988, na obra “Bandeirantes e Pioneiros”). 

Al Gore pediu, em 2000, recontagem diversa da obrigatória em alguns estados, quando a diferença é muito pequena. Não foi considerado escândalo. Era um ambientalista, adepto da mudança cultural forçada pelos “esclarecidos”, com o desprezo pelos “ignorantes” que isso supõe, invocando em vão o “santo nome da ciência”, como se ela fosse unívoca no campo dos valores e fenômenos históricos.

Agora os republicanos estão querendo algo mais: a verificação de fraudes como votos de cadáveres. É recurso previsto em lei, exercício regular de um direito. Mas a incomunicabilidade dos paradigmas (Thomas Kuhn, 1922 – 1996) leva pessoas inteligentes e cultas a perceber uma tentativa de golpe. 

A divisão da sociedade é evidente. Há um certo equilíbrio da votação de ambos os lados. A mudança da agenda política adicionou costumes; o patrulheirismo exercido sobre o vocabulário; a intimidação com agressões que classificam a moral conservadora como fascismo, sexismo e ignorância, impondo o multiculturalismo do tipo diferencialista (racismo reverso), negando aos cidadãos sem antecedentes criminais o direito a um meio de defesa (invertendo a presunção de inocência) incendiaram a sociedade. Uma parcela dos conservadores acordou do sono letárgico. O catecismo progressista na imprensa e nas escolas, das Universidades ao ensino fundamental, têm agora a resistência das redes sociais. A moderação manipuladora enfrenta dificuldades.


CRÔNICA - Almas na Janela (ES)

 ALMAS NA JANELA
Edmar Santos*

 

 

Quando as janelas que estão no rosto se abrem ao amanhecer, é o momento em que a alma se achega à luz para ver o mundo externo. 

Por vezes, olhando de dentro para fora, uma confusão de ideias lhe absorve. Tanto antagonismo nas outras janelas! Umas entreabertas, outras escancaradas, algumas ostentam persianas, tantas em alternância de abre e fecha. 

O que querem dizer? 

A alma que de suas janelas observa as demais, é ingênua e esperançosa, poética, talvez. Se encanta, se admira, se alegra, depois se decepciona, entristece, oscila entre lágrimas e sorrisos breves. Cansa, suspira.


Ao Crepúsculo torna a esperançar, insistente, persistente em acreditar que há de haver nas demais janelas que observa ao longe, outra alma igual a si; no mínimo que haja uma em semelhança, e que essa lhe possa ser parceira em ver o mundo externo como ela própria o percebe: um milagre. 

A noite vem escura e mansa, as janelas se fecham, a alma se recolhe ao mundo de dentro, este, nem sempre sereno. Adormece e sonha.

LIVE TRENDS - Os Desafios do Crescimento Econômico do Brasil e Ceará (MAB)




terça-feira, 10 de novembro de 2020

NOTA ACADÊMICA - Sarau Virtual da ACLJ (08.11.2020)

 SARAU VIRTUAL DA ACLJ
(08.11.2020)

   

A Academia Cearense de Literatura e Jornalismo (ACLJ) promovia, nas noites de terça-feira, na casa de bebidas finas Embaixada da Cachaça, um poetry slam, consistente em um pequeno sarau de poesias, prosa poética e performances musicais acústicas ao vivo, segundo uma prática que começou nos EUA e se difundiu pelo Planeta.


   
Mas essa rotina cultural saudável foi interrompida pela pandemia de Covid-19, e então o grupo de habitués passou a se reunir virtualmente nas tardes de domingo, em que acadêmicos, artistas, intelectuais e poetas em geral, frequentadores daquele reduto boêmio e cultural, matam a saudade e mitigam a carência de convívio, mantendo em atividade a ACLJ, apesar do isolamento social obrigatório.




PARTICIPANTES

Estiveram reunidos na conferência virtual deste domingo, que teve duração de duas horas, 13 participantes. Compareceram o Jornalista e Advogado Reginaldo Vasconcelos, o Bibliófilo José Augusto Bezerra,  o Advogado e Sionista Adriano Vasconcelos,  o Engenheiro e ex-oficial de Marinha Humberto Ellery, o Agrônomo e Poeta Paulo Ximenes.

Também estiveram no grupo virtual o Agente de Exportação Dennis Vasconcelos, o Teólogo e Psicoterapeuta Júlio Soares, o Jurista, Professor e Procurador Federal Edmar Ribeiro, o Marchand Sávio Queiroz Costa, o Jornalista e Sociólogo Arnaldo Santos, o Prof. Doutor Rui Martinho Rodrigues, o Juiz de Direito Aluísio Gurgel do Amaral Júnior e o Pedagogo, Psicólogo e Penalista Edmar Santos   todos da ACLJ. 




TEMA DE ABERTURA

O Presidente Reginaldo Vasconcelos abriu os trabalhos manifestando o júbilo da ACLJ pela plena convalescença  do poeta Luciano Maia, jurista, professor, jornalista, imortal da Academia Cearense de Letras, Cônsul da Romênia no Ceará, nosso Membro Titular, o qual recuperou a sua saúde renal após a tão ansiada cirurgia salvadora. 

Em sua homenagem, Reginaldo disse o poema "Irmandade da Fala", que Luciano Maia lhe dedicou, e que trata do seu amor ao idioma nacional, à riqueza vocabular da nossa língua, à sua origem ibérica e aos seus aspectos etimológicos, lembrando os antepassados que ao longo das gerações a vieram construindo – pequena joia lírica que está postada neste Blog. 


ASSUNTOS ABORDADOS


Os temas centrais desta semana foram a refundação da ACLJ, com alteração do seu Estatuto e do seu Regimento, a ampliação da sua abrangência para o âmbito nacional, os critérios para a recomposição de sua quadratura de acadêmicos – e, como não poderia deixar de ser, as eleições à Presidência dos EUA.  

Tendo em vista o caráter eminentemente administrativo do primeiro tema referido, a reunião deste domingo foi composta por integrantes da sua Diretoria e da sua Decúria Diretiva,  sem a participação de convidados especiais. 

Quanto ao segundo tema, os nossos especialistas em política, Rui Martinho Rodrigues e Arnaldo Santos,  discorreram longamente sobre a sucessão presidencial estadunidense, o primeiro mais detido na evolução histórica da política americana, até o momento atual, o segundo tratando mais do momento atual, e das suas consequências geopolíticas e econômicas.  
 
PERFORMANCES LITERÁRIAS

José Augusto Bezerra, Membro Benemérito da ACLJ, Presidente da Associação Brasileira de Bibliófilos, trouxe, como de hábito, preciosíssimos documentos de sua vasta e valiosa coleção, que foram a publicação dos autos do processo conhecido com "A Bonifácia", considerado a primeira ação promovida no Judiciário brasileiro depois da Independência do País.


Foi uma devassa movida pelo Ministro José Bonifácio de Andrada e Silva contra o jornalista e político carioca Joaquim Gonçalves Ledo e seu grupo - tido Gonçalves Ledo como um dos articuladores da Independência do Brasil, do chamado "Dia do Fico", responsável pela convocação da Assembleia Constituinte de 1822. O processo trata dos acontecimentos do dia 30 de outubro de 1822 e a publicação é de 1824.

A segunda obra que José Augusto Bezerra apresentou é o livro "Serenata", editado por ele mesmo recentemente, com prefácio da escritora cearense Ana Miranda. A obra, que reúne poemas inéditos da grande Rachel de Queiroz (cujos originais foram descobertos pelo próprio José Augusto, que lhe fez o posfácio), teve edição de tiragem limitada.


O bibliófilo Augusto Bezerra é o legatário do acervo documental deixado por Rachel de Queiroz, do qual é o seu guardião oficial, assim distinguido pela família da grande literata cearense.  Ele destinará um exemplar desse raro centifólio à ACLJ e aos componentes da reunião deste domingo.   

Na sequência, apresentaram performances literárias e poéticas Edmar Ribeiro, Edmar Santos, Reginaldo Vasconcelos, Júlio Soares e Dennis Vasconcelos.

DEDICATÓRIA


A sessão virtual da ACLJ realizada neste domingo, dia 08 de novembro, foi dedicada ao Confrade Luciano Nunes Maia, o poeta maior no Ceará contemporâneo, que na semana passada recebeu um transplante e venceu a enfermidade renal que a ele e a nós todos angustiava havia um ano.  



sexta-feira, 6 de novembro de 2020

POESIA - Irmandade da Fala (LM)

IRMANDADE DA FALA
Luciano Maia*


Ao filolinguista 
Reginaldo Vasconcelos

 

Nós imos pola vida recordando
Os futuros poemas e os passados
Idos e vindos por enclausurados
Pátios daquele tempo memorando
Vejo o mar de Galícia  desde quando
Inda era o mesmo mar de antepassados
Versos d'alba, matizes conformados
Aos desígnios do Nume venerando
Qual Bilac também amo o idioma
Em que a saudade mora e não se doma
Da dor dos nossos sonhos inquilina
Do Douro ao Jaguaribe inda outra vez
Repercute o galaico-português
Nas veredas da fala nordestina.


quinta-feira, 5 de novembro de 2020

EVENTO BENEFICENTE - Alive Stone (KK)

  ALIVE STONE
Karla Karenina*


Vem aí ALIVE STONE, arte em prol da vida.

Artistas unidos num projeto que arrecadará fundos para o tratamento de nosso irmão Eugênio Stone, assim como para sua esposa e filhos, já muito desgastados nessa longa luta pela vida.

 

Stone, um radialista e publicitário muito bem sucedido en Fortaleza desde a década de 80, hoje aos 62 anos, convive com problemas de Alzheimer, acometido da doença muito precocemente. Tem em torno de si o afeto e os cuidados de sua esposa Silvana, e a solidariedade dos amigos, que rogamos ao Deus misericordioso que o proteja sempre, nessa provação que ele enfrenta. 


A mostra irá acontecer nos dias 09, 10 e 11 de novembro, 
entre as 17h e as 21h. 

Minha participação será dia 10.11, próxima terça  às 20h, aqui no Instagram com as participações especias da poetisa, compositora e psicanalista Alana Alencar @julioealanasoares
e do poeta, filósofo e celebrante Júlio Soares @casamentopoetico

Aqui estão os dados bancários para quem já puder e quiser doar.
 

Victoria Gonçalves Moreira Normando Stone
Banco do Brasil
Agência 3474-6
Conta 60606-5
CPF: 670.959.503-00

Contamos com vocês na divulgação!!!