ACLJ
2025
ASSEMBLEIA GERAL
DE FIM DE ANO
Atingiu pleno êxito a 2ª Assembleia Geral Ordinária da Academia Cearense de Literatura e Jornalismo (ACLJ), encerrando o exercício anomalístico da entidade, cerimônia realizada na noite deste dia 1º de dezembro, no auditório principal do Palácio da Luz, silogeu que sedia as principais academias de letras da Capital Cearense, principalmente a Academia Cearense de Letras, a mais antiga do País.
A solenidade foi conduzida pelo Secretário-Geral e Mestre de Cerimônia da ACLJ, Vicente Alencar, e a Mesa Diretiva foi composta pelo Presidente Reginaldo Vasconcelos, o Presidente Emérito Rui Martinho Rodrigues, os Membros Beneméritos José Augusto Bezerra e Graça Dias Branco, e pelos Membros Titulares Cândido Albuquerque, Sávio Queiroz Costa e Aluísio Gurgel do Amaral Júnior.
Compareceram ao evento 20 Membros Titulares e dois Membros Beneméritos da ACLJ. Além dos já citados, Adriano Vasconcelos, Altino Farias, Carlos Rubens, César Barreto, Djalma Pinto, Edmar Ribeiro, Franzé Façanha, Humberto Ellery, Luciara Aragão, João Pedro Gurgel, Paulo César Norões, Pedro Bezerra de Araújo, Roberto Bomfim, Totonho Laprovitera e Ulysses Gaspar.
A PALAVRA DO ANO
Na pauta da solenidade, primeiramente a revelação da “Palavra do Ano”, aquela que a ACLJ elegeu como a que marcou os últimos doze meses, a mais articulada na imprensa, na Internet, nas falas públicas e nas rodas sociais do País no período, neste caso o neologismo brasileiro “TARIFAÇO”.
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O CEARENSE DO ANO
O segundo item da pauta, a outorga do título de “Cearense do Ano” àquele conterrâneo que a ACLJ reputou o mais destacado na atividade exercida – técnica, científica, empresarial, artísticas, desportiva, social.
A láurea coube neste 2025 ao Engenheiro Civil Henrique Vasconcelos, Presidente do Náutico Atlético Cearense, pelo trabalho exitoso que ele tem realizado na recuperação financeira, patrimonial, estética e social daquele clube, instituição que é uma joia do patrimônio histórico e arquitetônico do Estado. Ele foi saudado pelo acadêmico Sávio Queiroz Costa, cuja fala abaixo se transcreve.
HENRIQUE VASCONCELOS
O HOMEM DO ANO, SEGUNDO A ACLJ
Fui um menino de clubes – desses lugares que não eram apenas estruturas de concreto, mas territórios de afeto de uma cidade que pulsava diferente.
Praticamente nasci no Ideal Clube. Meu carrinho de bebê circulava pelos salões ao lado do carrinho de uma futura amiga: Marjorie Marshall, bisneta de dois homens que ajudaram a erguer o sonho: Mirtyl Meyer e Pedro Augusto Sampaio, o primeiro presidente do Ideal.
Talvez por isso o Ideal sempre me soasse familiar, como se eu reconhecesse seus sons e passos antes mesmo de aprender a falar. Hoje, tenho duas ações de sócio proprietário – e não são apenas títulos: são fragmentos vivos da minha própria história.
Houve um tempo em que os grandes clubes de Fortaleza pareciam perder o brilho. Era como ver antigos faróis se apagando silenciosamente. Mas a vida tem dessas ironias belas, e o tempo, um senhor caprichoso, resolveu surpreender.
Hoje temos o Iate Clube, brilhantemente conduzido pelo Comodoro Pompeu Vasconcelos, que saneou as finanças e devolveu ao clube o ar de casa aberta ao mar; temos o Ideal, renascido nas mãos de Amarílio Cavalcante Júnior, que trouxe mais do que gestão: trouxe alma, ousadia, cuidado, genialidade – tudo isso recolocou o clube no rumo de um futuro que muitos já não acreditavam possível.
Mas nem todos tiveram o mesmo destino. O Clube Líbano Brasileiro, tão querido, não resistiu. E essa perda ainda dói na memória da cidade.
Por fim, temos o caso do Náutico Atlético Cearense – um clube que respirou fundo e decidiu viver. O Náutico estava ali, gigante e silencioso, esmagado por dívidas e desafios. Acordá-lo exigia coragem rara. Exigia fé.
E, felizmente, foi parar nas mãos do amigo Henrique Vasconcelos – filho e herdeiro de uma presidência histórica, a de Meton Vasconcelos, nome que ecoa como tradição, dignidade e grandeza.
E eu entendo um pouco essa travessia, desde quando assumi a missão de revitalizar o Edifício Granville – um dos maiores ícones residenciais de Fortaleza – senti o peso simbólico nos ombros. Revitalizar um prédio é revitalizar histórias, pertencimentos, memórias. A jornada de Henrique no Náutico é exponencialmente maior, mais profunda, mais épica.
– Henrique, o futuro do Náutico brilha – e essa luz começou nas suas mãos!
– Doutor Meton, tenha plena certeza: o caminho que o senhor desenhou está sendo honrado com respeito e com um senso de legado que atravessa gerações!
Muito obrigado.
Sávio Queiroz Costa
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HOMENAGEM PÓSTUMA
Finalmente, a ACLJ prestou um tributo à memória da Juíza do Trabalho Milena Moreira de Sousa, que faleceu no dia 16 de novembro passado, homenagem póstuma proposta pelo acadêmico Aluísio Gurgel do Amaral Júnior.
Seu amigo e colega no magistério superior e na magistratura cearense, Aluísio proferiu o discurso de saudação (abaixo transcrito), dirigido especialmente à mãe da homenageada, Dona Milena Brasil, de 91 anos, que estava presente no auditório, e a outros colegas seus do Judiciário, que também compareceram.
À MEMÓRIA DE MILENA
A minha amiga e irmã de vida Milena foi criança no bairro de Jacarecanga e desempenhou o papel de traquina no meio da meninada. Por esta época, a cidade de Fortaleza era ainda uma poesia. Educou-se e adolesceu no Colégio Santos Anjos, no Rio de Janeiro.
De volta à Fortaleza, sua beleza desabrochou em mocidade na bucólica praia do Ideal da década de sessenta. Enamorou-se e seguiu o seu amor no rumo do Velho Mundo, foi viver em plagas madrilenhas. Lá, seu coração viu o amor findar e experimentou a dor da separação.
O tempo passou, a vida prosseguiu em Madrid e um novo amor surgiu. Declino-lhe o nome: era o dramaturgo e ator Emílio Lindner, que ainda hoje frequenta a cena cult daquela linda capital europeia; ele é o pai da sua primeira filha, Melisa.
O amor tem seus caprichos e seus vezos, às vezes tem eternidade limitada. Foi assim que, certo dia, Milena deixou Emilio na Espanha após dez anos de Continente europeu e resolveu voltar com sua filha para a terra natal. Aqui se fez funcionária pública. Conheceu o poeta e arquiteto Silvio Barreira, de quem se enamorou e com quem teve as f ilhas Lenina e Yana.
Ingressou na Faculdade de Direito da Universidade Federal do Ceará. Formou-se com o gáudio de ser oradora da nossa turma. Foi advogada militante. Participou das lutas pela renovação da Ordem dos Advogados do Brasil no Ceará ao lado de Ernando Uchoa Lima, Feliciano de Carvalho e tantos outros.
Foi diretora do Sindicato dos Advogados do Ceará ao lado de Júlio Ponte. Tinha seu maior mentor na figura do mestre Evaldo Ponte, com quem dialogava frequentemente. Pós-graduada em Direito, voltou à Universidade Federal do Ceará para cursar o Mestrado. Foi professora do Curso de Direito da Universidade de Fortaleza, onde lecionou Direito do Trabalho, Direito Processual do Trabalho, Direito de Família, Direito Penal…
Sua versatilidade no magistério superior não conhecia limites, mas posso assegurar que a disciplina que mais lhe animava o espírito era o Direito Processual Civil.Sei disto porque além de amigos e irmãos por escolha de vida, éramos também colegas de magistério na UNIFOR.
Enquanto lecionava Direito Penal, ela ficou impressionada com o desenvolvimento e a evolução de uma turma de alunos e comentou comigo. Daí me pediu que, na condição de Juiz de Direito, providenciasse a sua participação como advogada de defesa em um Tribunal do Júri para adquirir experiência e passá-la aos alunos.
Eu era titular da segunda vara em Maranguape e o júri era da competência da primeira vara, cuja titularidade estava a cargo da Juíza Márcia Menescal, que prontamente a nomeou para advogar em defesa de cinco acusados, em processos distintos.
Resumindo, foram cinco absolvições, cada qual mais brilhante. Minha irmã simplesmente levou a metodologia da sala de aula para o Tribunal do Júri e resplandeceu. A fama correu depressa na região e o Juiz Geraldo Bizerra, titular da primeira vara de Maracanaú, intimou-a para fazer a defesa de mais cinco acusados por lá.
Estive presente ao julgamento do primeiro deles e lhes digo aqui que Milena parecia flutuar, rodeada de alunos, cada qual com um livro aberto, como se fossem estantes vivas, e ela a consultar jurisprudências, normas, conceitos jurídicos e citações doutrinárias com toda elegância enquanto desenvolvia o seu discurso de defesa.
Em determinado momento, olhei para o Conselho de Sentença e estavam todos absolutamente mesmerizados por ela. Um espetáculo de defesa que depois comentei com mestre Evaldo Ponte, seu orgulhoso mentor. O carretel do tempo se desenlinhou e Milena se faz Juíza Federal do Trabalho.
A magistratura é uma tarefa árdua. Requer muita abnegação e renúncia. Imaginem cobrar isto de uma mulher que criava suas três filhas e cuidava de seu companheiro. Quando pensava em descansar, tinha que corrigir as provas dos alunos! Mas dava conta de tudo. Era intensa.
Se estava triste reclamava: “Alú, por que será que as coisas são sempre tão difíceis para mim?” E na alegria, dizia: “Alú, se as coisas não forem difíceis para mim, não serve. Só serve se for com desafio!”.
Assim, minha amiga e irmã trilhou seus caminhos e dirigiu a Escola da Magistratura do Trabalho e foi diretora do Fórum Autran Nunes, e formou as três filhas e se separou do Silvio e disse que não cabia mais ninguém no seu coração e um dia se aposentou e criou seu neto Iuri e curtiu os seus netos Luka e Lina e pronto. Partiu serena e em paz.
A respiração foi diminuindo, diminuindo e parou naturalmente. Foi muito calmo. Que eu tenha este mesmo privilégio quando chegar a minha hora. Está tudo bem no melhor dos mundos. Maria, Mãe de Deus, olhai por nós agora e na hora da nossa morte!
Aluísio Gurgel do Amaral Júnior
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O BRINDE E A FOTO
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A Decúria Diretiva da ACLJ, por ocasião do seu terceiro Census ad Lustrum, nos seus 15 anos de existência, decidiu fazer ano sabático em 2026.
Entrará em letargo administrativo e social, para reavaliações – mantendo apenas em atividade o coetus decem, estamento interno denominado Arcádia Alencarina.
A Arcádia Alencarina realiza reuniões físicas bimestrais, a partir de agora na sua sede própria (Sala Irmãos Ximenes).
São concílios privativos dos dez “fardonados” da sua Diretoria, com mais quatro convidados – fornecendo apenas imagens para as redes sociais.
Ao final do recesso se deliberará sobre manter ou extinguir a entidade nos moldes tradicionais da quadraginta numerati.

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