O Livro não morreu...
Carlos Rubens Alencar*
O verão toma conta do hemisfério norte e, dias atrás, enquanto caminhava pelo Central Park, em Nova York, testemunhava a festa da estação.
A presença de maravilhosos músicos de rua me lembrou o episódio do violinista Joshua Bell tocando no metrô de Washigton D.C., onde foi simplesmente ignorado, por estar disfarçado de “músico de rua”, ainda que manejasse um Stradivarius de 3 milhões de dólares.
Então, de repente, “eu vi John Coltrane”. Ele estava lá, e “blue train” ecoou naquele ambiente de paz.
Monumento a Alice no País das Maravilhas, zoológico, romaria rumo ao mosaico “Strawberry Fields”, lado oeste do parque e na direção do edifício Dakota, onde morou e foi assassinado na calçada John Lennon.
Lembrando o Beatle, me recordei de passeios pelo Hyde Park, em Londres, e, também pelo Jardim Botânico, Rio de Janeiro, onde encontrei, nos idos de 1986, o educador Lauro de Oliveira Lima. Tivemos oportunidade de conversar longamente sobre a capacidade de aceitar quem não é igual ao que você acha certo ser.
Cheguei a pensar: Será que um parque ecológico de aproximadamente 30 ha poderia salvar a região central de Fortaleza? Certamente que nos dias atuais o nosso centro parece condenado à degradação e depreciação contínua.
É tempo de pensar. Os avanços em Tecnologia da Informação, Internet das coisas e a Inteligência Artificial viraram o mundo em 20 anos de cabeça para baixo. Minha geração está perplexa, sobre o que fazer, quando e como fazer.
A chamada geração Z assume o protagonismo, na esteira da modernidade líquida e da pós-verdade, as quais compõem um “arranjo” que coloca em xeque, ao mesmo tempo em que acena para a importância dos livros como elemento de resistência, levando-nos para um novo universo de reflexão, que certamente não será influenciado por nós, velhos “baby boomers”.
A resultante da nossa geração é uma sociedade extremamente injusta, onde a remuneração do capital supera o crescimento da produção e da renda, gerando distorções que acentuam as desigualdades. Essas, por sua vez, destroem os princípios que fundamentam as democracias e a natureza humana.
Acredito que é na dívida pública que se localiza o grande pacto político e social a ser construído no País. Fora disso, continuaremos a ter a sociedade que temos hoje, cuja resultante mais visível é o aumento da violência, expressão cristalina do fracasso humano.
Na Internet, onde todos somos um produto, as nossas “verdades ou mentiras” são postas e muitas fogueiras são acesas. Tudo de acordo com as necessidades dos novos tempos, que começaram na sociedade de consumo, onde se participa ou se é engolido por ela. Cresci lendo Álvaro de Campos. Lembro-me do dono da tabacaria.
“Em quantas mansardas e não-mansardas do mundo não estão nesta hora gênios-para-si-mesmos sonhando?”.
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