terça-feira, 12 de abril de 2016

NOTA JORNALÍSTICA - Karla na Globo (RV)

KARLA NA GLOBO
Reginaldo Vasconcelos*


A confreira Karla Karenina, dona das sete artes – bailarina, cantora, poetisa, comediante, atriz – estreou ontem (12.04.16) papel coadjuvante na segunda fase da novela O Velho Chico, que está no ar pela Rede Globo de Televisão, às nove da noite. 

Karla é filha de um dos maiores intelectuais cearenses contemporâneos, recentemente falecido, o professor, latinista, escritor, dicionarista, membro da Academia Cearense de Letras e da ACLJ, José Alves Fernandes. 

As artes cênicas são especialmente difíceis para os atores brasileiros porque estes dependem muito da exposição de sua imagem na TV, em especial na Rede Globo, que nem sempre consegue aproveitar todos os talentos que surgem de todos os rincões do território nacional. A partir dessa vitrine nacional aparecem convites para peças de teatro, papeis de cinema, anúncios comerciais, licenciamento de produtos... e então, o céu é o limite. A se dizer que, no Brasil, “o que não está na Globo não está no mundo”.

Nesse processo, algumas estrelas brilham mais, às vezes até menos dotadas de aptidão artística, a depender de suas relações de família e amizade no meio cultural do Sul Maravilha, em detrimento de outros de maior vocação e mais talento. De toda sorte, para se manter em bom patamar é imperioso que o artista se mude para o eixo Rio-São Paulo, e ali circule e se faça notar no meio artístico, entre autores da grande dramaturgia e produtores de televisão, teatro e cinema.

Karla chegou ao olimpo televisivo pelas mãos do Chico Anysio, no início dos anos 90, interpretando a personagem Meirinha, na Escolinha do Professor Raimundo. Morou no Rio por algum tempo mas hoje já pode ficar em evidência pela longa ponte aérea entre o polo cultural do Sudeste e o Ceará, onde voltou a residir.  

Meirinha, tipo cômico criado por ela, representa uma empregada doméstica nordestina, das tantas que militam nas “casas de família” de todo o Brasil, exercitando a ingenuidade “masarópica” das pessoas sertanejas, inclusive a impostação vocal característica, as expressões regionais pitorescas, os raciocínios limitados e jocosos – desafiando hoje o tal do “politicamente correto”, que em tudo vê discriminação odiosa a minorias sociais, e com isso tanto estorva o humorismo.

Baseada na mesma inspiração da Karla, sua prima Valéria Vitoriano criou a Rossicleia, um tipo mais caricato e irreverente, de composição facilitada pelo adequado physique du role da atriz – seu corpo rechonchudo, sua risada escrachadíssima  destituída da sensualidade natural que Karla empresta à sua Meirinha. 

Valéria se fixou no personagem Rossicleia, profissionalizou-se em torno dele, popularizando-o por todos os espaços, das redes de televisão às barracas de praia cearenses. 

A Karla, por seu turno, conserva a Meirinha no seu repertório, e a monta eventualmente, mas tem atuação artística diversa, encarnando personagens  na teledramaturgia e no teatro, bem com no cinema nacional. 

Na novela atual ela aparece como uma das damas sertanejas que compõem a trama, mulher de um dos coronéis do sertão da Bahia nos anos dourados, como o protagonista vivido nesta segunda fase pelo ator Antônio Fagundes.  

         

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