SUFOCO
Reginaldo Vasconcelos*
O País pensante suspendeu a respiração
nesta última semana. A expectativa com o processo de impeachment de Dilma Rousseff está sufocando de ansiedade as
multidões que querem o afastamento dela urgentemente, conforme manifestaram nas
ruas, enquanto o medo da derrota está deixando arroxeado o grupo ideológico que
a idolatra.

A comissão de senadores que trabalha para
produzir um relatório, admitir a denúncia e abrir a fase decisória do processo,
causando o imediato afastamento da Presidente lulupetista do Palácio do
Planalto, segue realizando audiências em ritmo frenético, para cumprir o
cronograma.
Nessas audiências, meia dúzia de
parlamentares da ala governista, como um Exército de Brancaleone, luta com
unhas e dentes para enfrentar a grande maioria de opositores, todos muito mais
preparados e fluentes, que já declararam seu voto favorável à condenação da
Presidente.
E será necessário que se estabeleça apenas
a maioria simples – metade mais um – para a vitória de uma das teses
confrontadas: Houve ou não crime de responsabilidade? Enfim, a Presidente responde
ou não pela nefasta “contabilidade criativa” que o seu governo praticou?

Para começar, esses senadores “do bem”
foram jungidos a considerar como “causa de pedir” deste processo única e
tão-somente dois itens, no meio de toda a continuidade delitiva e das conexões
criminosas que estão demonstrados na denúncia original.
Fazendo uma analogia, é como se depois de
uma enorme chacina, configuradas na denúncia materialidade e autoria, o juiz fosse obrigado por forças
estranhas a julgar unicamente se um dos tiros constatados no exame cadavérico,
em meio a tantos outros, teria saído mesmo da arma do Réu, e se não teria sido
acidental, e se aquele único ferimento teria tido mesmo letalidade, ou se a específica
lesão fora ou não fatal, para com base somente nisso condenar ou absolver.
Então, está visto que, não obstante a
superioridade numérica de três para um, e da maior musculatura argumentativa
dos antigovernistas que compõem a Comissão do Senado, estes têm que enfrentar a
peçonha do Charada, do Pinguim, da Mulher-Gato, do Curinga, do Duende Macabro –
gente que joga sujo, que dissimula, que tumultua, que faz reféns, que
chantageia.


Ora, Telmário
fez assim uma manobra odienta, à altura de sua aparência, cabível ao Curinga, nas suas
lutas inglórias contra o Batman.
Assim é que o grupo político no poder,
envolvido até o pescoço em escândalos financeiros, com diversos membros
investigados, denunciados, condenados, presos, objetos de irrefutáveis delações
de comparsas e de induvidosas interceptações telefônicas legais – e que afinal
levou o País à bancarrota – conseguiu restringir seu delito a ser escrutinado a duas simples manobras
contábeis ilegais.
Mas como isso é possível, se o povo está
contra o Governo em altíssima porcentagem, se a crise econômica e ética é aguda
e insofismável, e se a maioria do Parlamento quer o impeachment? Ora, isso é possível porque não há ruptura institucional, o processo segue os trâmites legais – e a chefia de cada um dos três poderes da República ainda está contaminada pelo
DNA lulopestista. Isso possibilita tecnicalidades golpistas contra o bom direito, exatamente contra a tese dos que são indevidamente acusados pelos petistas de "dar golpe” no Governo.

Por seu turno, o Presidente do Supremo
Tribunal Federal, de quem se devia esperar isenção absoluta, nos padrões da “mulher
de César”, foi nomeado por Lula da Silva, com quem sabidamente tinha e mantém
relações pessoais – teve encontro pretensamente secreto com a Presidente da
República em Portugal – e foi citado, entre outros Ministros do Tribunal, em
delações e gravações judiciais de ligações telefônicas trocadas entre bandidos
do Governo.
A Nação brasileira assiste assim a uma luta
renhida e sangrenta do bem contra o mal, da qual depende o seu futuro – que
mesmo na vitória da boa causa será duvidoso – mas que na hipótese inversa continuaria
induvidosamente muito mau.
O adversário é tinhoso, mente, sofisma, joga sujo – uma
hidra com cabeças ofídicas das quais algumas redivivas sobrevivem. Então, mesmo
contando no Senado com os super-homens do bom-senso, precisamos ainda de
proteção mística especial. Então vale orar muito e rogar, como diria Vianney Mesquita, que Deus
se apiade de nossas almas!
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