PROMOÇÃO DE SAÚDE NA ESCOLA
Vianney Mesquita*
Um pobre são, e alentado de forças, vale mais do que um
rico fraco, e atormentado de doenças. A saúde da alma em santidade de justiça é
melhor do que todo ouro e prata, e o corpo robusto vale mais do que imensos
bens. Não há riquezas maiores do que as da saúde do corpo, nem contentamento
que seja igual à alegria do coração. (ECLO., 30-14, 15-16).
Reiteram-se
nos derradeiros anos, sem explicação plausível para a ocorrência (porquanto,
nas mais das vezes, espécimes distantes das nossas linhas de exame), os
convites para que descerremos o conteúdo de obras com teor didático-científico
lavradas na ambiência acadêmica, procedentes de tarefas formais de programas de
mestrado e doutorado, resultados de experimentos laboratoriais, artigos,
relatórios de pesquisas e escritos assemelhados, produzidos na contingência
universitária do Ceará, todos eles, afortunadamente, de supina qualidade.
A
verdade referida por derradeiro – convém dizer, e com o máximo regozijo – é
denotativa do estudo adrede, sério e denodado desenvolvido pelo nosso alto clero acadêmico, ao entregar para a
comunidade científica mais alargada, configurada nos receptores afins às
matérias, de outros Estados-Membros do Brasil, bem como do Exterior, um
conjunto de saberes sistematizados, tomados pela observação, identificação,
busca e explicação de certas categorias de fenômenos e fatos, acolhidos com
supedâneo no método e na razão.
Muito
nos envaidece e honra, portanto, o fato de nos solicitarem juízos apreciativos
de suas produções. Não empregamos como prática denegar essas instâncias,
porquanto, nas mais das vezes, são escritos de boa qualidade, restando difícil,
impossível honestamente, a respeito deles proceder a comentários desairosos,
porquanto seus teores não permitem contra si o assaque de inverdades. Recusamos, entretanto – e para não
inventar fingidos aplausos tampouco repreender por defeitos – quando o material
é deseixado das prendas literocientíficas mínimas exigíveis de textos que tais,
mormente se provier de institutos de ensino, pesquisa e extensão.
No
concernente à forma da seleta de escritos, a qual configura o continente de organização
desta antologia na grande área da Educação e da Saúde, intitulada Promoção da Saúde nos Espaços Educacionais,
do qual fazemos notas com ingente prazer, já experimentamos a chance de nos
exprimir adepto e defensor da junção temática, no continente livro, de condensações, artigos, crônicas,
resenhas, ensaios, recensões, editoriais e outras taxinomias de textos
elaborados como tarefas oriundas do trato universitário.
Este
é um expediente a que recorrem os mais renomeados escritores, como, num exemplo
em mais de mil, Umberto Eco, para quem as coletâneas podem ser encaradas como uma galáxia de observações não totalmente
desconexas, entre as quais quem lê poderá estabelecer as ligações que lhe
parecerem oportunas. (SANTOS, Luís Sérgio. In: MESQUITA, Vianney. Impressões – Estudos de Literatura e
Comunicação. Fortaleza: Agora, 1989).
Promoção
da Saúde é matéria de relevo, cujo zênite do debate, em virtude da sua
relevância, sucedeu em 1986, na Conferência de Otawa, realizada pela OMS, de
onde procedeu a Carta do mesmo nome, documento-chave para várias promoções da
espécie, extensão de outros encontros afins, como, v.g., o evento cimeiro sobre Cuidados Primários, acontecido em
Alma-Atá, no Cazaquistão, em 1978. No entendimento do que foi expresso na
mencionada Capital do Canadá, a noção de promover saúde radica em habilitar as
pessoas e comunidades em geral – no caso do recheio do livro sob relação, com
programas junto às escolas - reunindo as grandes áreas de Educação e de Saúde –
para que mudem as condições determinativas de saúde, em proveito da qualidade
para a higidez global de cada pessoa, sem que isto queira dizer apenas ausência
de doença, para o que a Organização Mundial de Saúde – OMS pede que se atente.
A
coletânea sob comento engloba uma diversificada subtemática extraída das
taxinomias de Promoção da Saúde, conformada por nada menos do que 18 capítulos,
da colheita plural de 55 autores, a maioria do Brasil – e do Ceará, contando
com investigadores espanhóis e reunindo profissionais de setores diversificados
da Saúde, bem assim de Educação e áreas outras do conhecimento, como, e.g., Administração de Empresas, Matemática,
Filosofia e Biologia.
Os
textos das quase duas dezenas de ensaios que perfazem este Promoção da Saúde nos Espaços Educacionais procuram circundar, o
máximo possível, a pauta de assuntos vinculados à Promoção da Saúde em
aplicação na seara educacional, com vistas a concertar o desiderato da
prefalada Carta de Otawa, de capacitar a sociedade, via escola, a fim de transmudar
as circunstâncias determinantes de saúde em proveito da higidez completa de
cada qual, isto é, não apenas a inexistência de patologias, mas na intenção de
lograr a realidade de uma pessoa sem doença e, acrescidamente, feliz, conforme
intenta a OMS e consoante todos
aspiramos.
O
livro, organizado pelos professores-doutores Ana Maria Fontenele Catrib,
Valentin Gavídia Catalan e Lídia Andrade Lourinho, traz a chancela de
pesquisadores celebrados na Academia, no País e no Exterior, e cuida de temas
já estudados e referendados, a maioria, por bancas examinadoras de programas
universitários de pós-graduação em senso estreito.
Desta
sorte, sob o prisma da verdade científica e na óptica real e prática da
consorciação das atividades da Educação e da Saúde, esta seleção de escritos
científicos constitui repositório de relevo a fim de demandar soluções para os
singulares ou mais sérios problemas arrostados pela população nacional, no
concernente a promover a saúde tendo por leito de desfecho o chão da sala de
aula e seus dedobramentos pedagógicos.
*Vianney
Mesquita
Escritor e Jornalista.
Professor adjunto IV da Universidade Federal do Ceará.
Árcade titular e fundador da Arcádia Nova Palmaciana;
acadêmico
titular das Academias Cearense da Língua Portuguesa e
Cearense de Literatura e
Jornalismo.
Membro do Conselho Curador
da Fundação Cearense de Pesquisa e
Cultura, da U.F.C.
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