CUMPLEÃNOS:
Oito Ponto Nove, Reduzido e
Blindado
Vianney Mesquita*
Há muitos velhos brancos nos cabelos e verdes no juízo. (Juan de Torres Osório. YCuéllar, 16.01.1562 – †Valadolid, 23.09.1633).
Desdobrava-se
1926, ano-raia da Primeira República Brasileira, em termos nacionais, com a
eleição de Washington Luís Pereira de Souza para presidente, em 15 de novembro (deposto
em 24.10.1930), época em que vigorava a política do café com leite, reunindo o poderio das elites agropastoris de São
Paulo e Minas Gerais.
Também,
ainda tinham curso, feridas em 1924 e terminadas em 1927, as escaramuças da famosa
Coluna Prestes, movimento castrense de oposição às oligarquias do campo,
mandatários da República Velha, liderada pelo então Capitão do Exército, o porto-alegrense
Luís Carlos Prestes.
No
panorama local, da provincianíssima Capital do Estado, teve registo o quinto
título do Fortaleza Esporte Clube,
quase a metade dos galardões nas doze edições, até então, do Campeonato
Cearense de Futebol.
Naquele
status quo, em que se localizam os
três exemplos históricos, um dos veículos, exemplar da Criação humana, a que o
título do texto se reporta metaforicamente, neste lance afortunado em que
perfaz 89 anos, aportou em 21 de maio, nascido do consórcio José Martins de
Castro e Mathilde Martins de Castro.
Liberal de Castro e Altino Farias |
A
remissão é feita ao Professor Doutor José Liberal de Castro, intelectual celebrado
local e nacionalmente, autor de textos científicos com projeção, também, em
terras lusitanas, mercê de suas amizades ligadas à puerícia da Arquitetura
brasileira, onde ali radica, exportada para o Brasil no transcurso da
colonização, tema do qual ele é senhor absoluto, pelo fato de suas vinculações
com a Pátria-Mãe terem sido constantemente efetivas, sem qualquer intermitência,
fato garante de sua atualidade no estado d’arte dos ramos científicos por ele
cultivados, multicitado que é em trabalhos acadêmicos e de outras espécies.
Arquiteto-modelo,
professor habílimo e historiador exemplar, exatamente em razão de seus
apreciáveis haveres de conhecimentos na seara das Ciências, Artes e Literatura
– mormente na senda historiográfica e arquitetônica – o Nataliciante é
referência obrigatória em assuntos da Ciência Histórica e da História da
Arquitetura do nosso Estado. Isto porque, se considerando a horizontalidade do
saber (Non datur scientia de individuo –
não há ciência do particular), a necessidade das ligações permanentes dos
feitos científicos solicita do operário da pesquisa o domínio total dos inumeráveis
esgalhos da informação ordenada, patim a que, feito investigador pertinaz,
Liberal de Castro havia sido assunto desde os primeiros momentos em que
cursava, no Rio de Janeiro, a Faculdade Nacional de Arquitetura, da
Universidade do Brasil (hoje UFRJ), no tempo do Magnífico Reitor Raul Leitão da
Cunha (1934-45), onde se graduou em 1942.
Toda
essa prontidão intelectiva – é de justiça dizer – teve início, evidentemente,
no Colégio Cearense do Sagrado Coração, sob a direção dos Irmãos Maristas,
instituição de Marcelino José Bento Champagnat, bem nos moldes do que se
desenvolvia em França, à época e até bem depois, paradigma de
educação-instrução, sem as munificências e aberturas hoje experimentadas sob os
ditames da modernidade líquida, a que
se refere o estudioso polaco Zigmunt Bauman, cujos dividendos a conquistar têm,
infelizmente, futuro irresoluto.
Na
peleja itinerária do Professor Doutor José Liberal de Castro, tem ressalto seu
concurso, na qualidade de arquiteto e docente, na Universidade Federal do
Ceará, juntamente com Neudson Braga e tantos outros paredros desse celebrado
instituto, máxime na sua nascente e adolescência – e, por que não – na
adultidade, onde foi partícipe, em tempo total, do seu enredo.
Esteve ele lado
a lado com Antônio Martins Filho – de quem era emérito consultor - no objetivo
de conquistar os desígnios maiores da UFC, configurados na ministração de
ensino e extensão comunitária, num consolidado de escolas, faculdades e
unidades assemelhadas, com vistas à promoção do preparo profissional e
científico de pessoal superior, bem assim da efetivação de investigações
teóricas e práticas nos mais relevantes setores do conhecimento ordenado –
humanístico, tecnológico e artístico – e a consequente propagação dos seus
resultados a um público científico mais alargado.
Liberal
de Castro, consoante ocorre de ser com alguns outros baluartes da nossa UFC –
como Faustino de Albuquerque Sobrinho e Paulo Roberto Coelho Pinto, exempli gratia, somente para fazer remissão
aos que inda estão entre nós – é figura preponderante na realidade
universitária cearense. É ele referenciamento terciário, derradeiro,
aquietante, em matéria de dúvidas a dirimir, no que concerne às anotações
procedidas no nosso enredo como sociedade humana e componente da história.
Falar
dos predicados do nosso aniversariante – em seus cumpleãnos, como a ele próprio é afeito dizer – é trabalho
deleitoso, haja vista ser pessoa com quem o circunstante está constantemente a
aprender, prevalecendo-se do seu incomparável estado de higidez física,
certamente efeito da incessante atividade mental, na lucidez absolutamente
cristalina do seu raciocínio rápido, racional e luminoso, donde se extraem as
mais límpidas e verazes ilações.
Segundo
a denominação imagética destas notas tencionou expressar, a máquina de Liberal
de Castro, tanto em seu perfil anímico como de teor físico, está reduzida,
“trucada”, no sentido de engrenar marchas de maior poder de tração para
conferir mais trabalhabilidade veicular ao conjunto corpo-mente, além de restar
blindada contra as propensões às inocências
e bobagens ainda à solta na nossa circunstância de lugar onde a alvenaria
das paredes é ainda muito incipiente.
Professor
Liberal de Castro, aceite nosso abraço sincero de benquerença e admiração – de
toda a Academia Cearense de Literatura e Jornalismo.
Ad multos anos!
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