domingo, 29 de julho de 2012

LEI FEMINISTA POLITICAMENTE CORRETA

Está circulando na Internet uma mensagem  enunciando que doravante será um “fora-da-lei” quem se referir à Sra. Dilma Roussef com o designativo “presidente”.

O pretenso “crime” ocorreria porque ela acaba de sancionar uma nova norma jurídica obrigando a aplicar o feminino ao título profissional de cada mulher.

Primeiro, a expressão “fora-da-lei” se aplica em relação à legislação penal, que não é o caso, pois aqui se trata de uma norma civil, exclusivamente dirigida à diplomação de mulheres em entidades de ensino.

Portanto, o enunciado da mensagem que circula não corresponde à realidade porque ninguém estará “fora da lei” ao aplicar o comum-de-dois no que se referir às profissões.

A imprensa independente, por exemplo, continua e continuará chamando a Sra. Dilma de “presidente”, até porque isso não é profissão, mas cargo público eletivo.

A atual profissão de Dilma Roussef é “política”, substantivo que, no feminino, se confunde com o nome da ciência praticada – como no caso da profissão de “músico”, que é “música” no caso das mulheres.
   
Claro que o escopo dessa lei é feminista, e por trás dele há o evidente casuísmo com o tratamento de “presidenta” que Sua Excelência quis impor à Nação, mas que somente foi obedecido pelos seus correligionários e pelo jornalismo chapa-branca.

Mas é uma lei de “textura aberta”, que trata exclusivamente dos diplomas estudantis, e sequer especifica que palavras (ou desinências) deverão ser aplicadas para definir o sexo das alunas diplomadas na designação de suas profissões.

Como norma aberta, ela vai inspirar e fundamentar espécies normativas secundárias e terciárias, como resoluções, portarias e circulares, no âmbito das entidades estudantis, tanto públicas quanto privadas, pois o ensino é sempre uma atividade sob a tutela do Estado.

Falta o País entender que o sexismo, assim como o racismo, é uma faca de dois gumes. Políticas feministas simbólicas podem acirrar o machismo na prática, o qual de fato se revela na violência doméstica, por exemplo, e não na flexão verbal de gênero.

Nesse campo, o pensamento “politicamente correto” é desorientado e incoerente, ora querendo preservar o feminino, para bem distinguir as mulheres dos homens, ora querendo confundir os gêneros, para que não se os distingam bem.

Ora são as ditas “mulherzinhas” querendo ser desiguais aos homens, para obter adequado tratamento desigual, preferindo ser “presidentas”, “gerentas” e talvez “atacantas” quando jogam futebol. De outra feita são as tais “mulheristas”, querendo ser iguais a eles, para um tratamento igualitário, preferindo, por exemplo, ser “poetas”, em vez de “poetisas” como mandam os dicionários.

Nesse passo, quando para a chefia do Vaticano for eleita uma sacerdotisa, se for uma mulherista, talvez ela queira ser “a papa”, e não queira ser “papisa”. Na mesma linha, de repetente, as amazonas do turfe queiram passar a ser jóqueis mesmo, e não “joquetas”, como o machismo as denomina.

Por outro lado, quem sabe o feminino de peixe-boi, que é peixe-mulher, precise passar a ser “peixe-boia” nos dicionários corretistas. 


E talvez ainda notem que “o” pires sustente “a” xícara, e que portanto o sexo dessas palavras precise ser modificado. É besteira muita!


Por Reginaldo Vasconcelos    

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