O PARA-BRISA
Pierre Nadie *
Hoje, o dia pregou-me uma lição. Saí pela manhã, no meu carro, com o para-brisa bastante transparente, permitindo-me lucidez para conduzir com segurança. E fui dirigindo normalmente. A certa altura, sem nenhum aviso prévio, o sol resolveu me dar as caras.
A sua possante luz abateu-se sobre o carro e, ao iluminar o para-brisa, a sua transparência, que me permitia trafegar em segurança, de repente, tornou-se opaca, com uma sujeira até então não percebida, que agora o sol denunciava. Tive, então, de acionar o ejetor de água para limpar o vidro e só então continuar seguindo no meu périplo diário.
Essa ocorrência transportou-me para dentro da minha vida, e a de todos nós. Quantas vezes, pensamos que tudo vai bem conosco, e de repente nos sentimos inseguros em nossa caminhada? Por nossas atitudes e nossos gestos, nossos sonhos se distanciam e nossos relacionamentos murcham, enquanto achamos que o nosso para-brisa está normal. Então encontramos justificativas para as dificuldades, para os desencontros, para os nossos bloqueios.
Somente quando o sol de nossas vontade e determinação nos ilumina o interior, conseguimos enxergar claramente as sujeiras nossas, que nos estão atrapalhando a consecução de objetivos e impossibilitando relacionamentos mais saudáveis. E simulamos que o problema não está em nosso para-brisa, mas alhures.
É, então, momento de coragem para acionar o ejetor da consciência e fazer o sol do autoconhecimento rebrilhar.
E a viagem prosseguir...

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