VISÃO PROSADA
DE UM CONJUNTO POÉTICO
DO AUTOR DE NUNTIA MORATA
Márcio Catunda
[Genebra, 14.09.2025]
Lido e cuidadosamente apreciado há pouco, como o faço com suas centenas de produções versíficas, vi, em mais um conjunto de pés decassilábicos lusitanos do escritor coestaduano Vianney Mesquita (Palmácia-CE, 17.08.1946), amplo curso de múltiplas destrezas: assertivas filosóficas, significados polissêmicos e magníficos resgates lexicais.
O produtor de Francisco Moradores do Céu (Palmácia-CE: Arcádia Nova Palmaciana, 2018), áugure dotado de vasta experiência na estese das catorze medidas em arte maior, com efeito, perfaz uma admirável densidade expressiva na consecução deste Travor e Melifluidade, reproduzido empós este rápido comentário, para nos explicitar a preponderância dos paradoxos na condição humana.
Assim, o autor deste mais do que precioso diamante polido com cinzel de fulgurante verve, dedicado ao eminente confrade Batista de Lima (Lavras da Mangabeira-CE) – antes se louvando na epígrafe do celebrado, per omnia secula... Dante Alighieri – está a nos revelar que a vida, esse fenômeno misterioso, é composta de contradições que dialogam incessantemente.
Sabores, cores, reflexos, ideias e atitudes do Homo sapiens estão permeadas de antíteses e antípodas, coexistindo em tudo a dialética dos dois lados, a energia binária, do fluxo e do refluxo, da dinâmica polaridade que engendra as mutações vorazes do tempo.
O soneto e a dedicatória mais conformam uma prova dessa dicotomia em que se conciliam, no verbo iluminado do vate ora sob escólio, três grandezas do templo imortal da Poesia. Analogamente, os números se multiplicam nos ritmos universais, desde a simbiose do primeiro com o segundo algarismo, surgindo o trinitário valor das manifestações da natureza.
In hoc sensu, o poeta é o filósofo, na conceição do Fiat lux do soneto.
|
Eis que, em verdade, se pronunciou outra vez a luz. Márcio Catunda é escritor, poeta. Bacharel em
Letras e Direito. Diplomata. Da Academia de Letras do Brasil e Academia
Cearense de Literatura e Jornalismo. Mais de 50 livros. *** TRAVOR E MELIFLUIDADE [Para o Acadêmico Batista de Lima, da ACLP] Vianney Mesquita [Arcádia Nova Palmaciana e Academia Cearense de Literatura e Jornalismo]
Às
vezes, nascem amargas sementes oriundas d’outras [DANTE ALHIGHIERI – político, escritor e
poeta. Florença,1265; Ravena, 1321]. Onde quer que haja algo doce, há
constantemente alguma coisa amara. [PETRÔNIO, literato romano; talvez Tito
Petrônio Árbitro. Marselha (França);
Cumas (Itália -sem mais informações)].
Conquanto estranho ao nosso talante, Ideado, no entanto, em cada tino, Azedo e sacaroso ao mesmo instante. A igual azo, japonês e chino Em arremedo, é gélido e escaldante, Exorbita sagrado e libertino. Melífluo e acerbo causariam pejos, Se acaso ordinária a insânia fosse. Ao sustentar fagueira em sua ilharga A circunstância agra e o estado doce! |
Faz-se a luz quando Márcio Catunda escreve. (Comentário de Ítalo Gurgel no meu WS)
ResponderExcluirProf. Ítalo Gurgel - enorme pessoa, distinto escritor/poeta, docente a mancheias!
Excluir