EXEMPLO DE VIDA
Reginaldo Vasconcelos*
Ninguém é menos José que esse devoto
Brasileiro, que fez construir uma capela no refúgio domingueiro da família,
nem mais brasileiro, ele que identifica com orgulho o autóctone baiano na sua
ascendência muito próxima, já ali nos bisavós – não obstante a sua aparência
lusitana.
Escreveu suas memórias com esmero e com riqueza de detalhes, desde a sua infância famélica no Brasil profundo, de onde saiu para a metrópole com a família, ainda menino, tangido pela estiagem severa dos anos 50, para brilhar na profissão e nas empresas que fundou e administra com a família.
Agora Brasileiro celebra a adolescência da
velhice, com alma de menino, sempre apaixonado pela consorte amadíssima e
amantíssima, pela bela família, e principalmente pela vida, cujos percalços ele
venceu com galhardia, e com muito trabalho conquistou absoluta independência econômico-financeira e boa projeção social por onde morou Brasil afora.
No seu Lions Clube, no time de futebol que ele fundou, nos profícuos negócios, faz da vida um colorido festival, sempre cultuando a música raiz no seu lazer – hábil no pandeiro, na sinuca, na elaboração de caipiroscas, desde que se tornou mixologista diletante entre os amigos.
E eu que estou chegando à infância da velhice, que já superei fronteiras, que já escrutinei intelectualmente o Universo e a Humanidade, colecionando experiências e deparando pessoas diferentes, ainda me surpreendo com o caráter luminoso desse Brasileiro genuíno – logo depois de biografar o célebre jornalista veterano pseudonominado Lúcio Brasileiro, coincidentemente.
E então me ocorre citar passagem poética da
lavra de Caetano: “Eu nunca pensei que
houvesse tanto / coração brilhando / no peito do mundo”.
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