terça-feira, 18 de janeiro de 2022

RESENHA - Reunião Virtual da ACLJ (17.01.2022)

 REUNIÃO VIRTUAL DA ACLJ
   (17.01.2022)





PARTICIPANTES

Estiveram reunidos na conferência virtual desta segunda-feira, que teve duração de uma hora e meia, 10 acadêmicos e um convidado especial, o advogado Betoven Rodrigues de Oliveira.   

Presentes aindaJornalista e Advogado Reginaldo Vasconcelos, o Bacharel em Direito e Especialista em Comércio Exterior Stênio Pimentel (Maricá - RJ), o Advogado e Sionista Adriano Vasconcelos, o Médico, Filósofo e Latinista Pedro Bezerra de Araújo, o Jornalista Wilson Ibiapina (Brasília-DF), o Marchand e Publicitário Sávio Queiroz Costa, o Agente Comercial Dennis Clark, o Físico e Professor Wagner Coelho,  e o Agrônomo e Poeta Paulo Ximenes. 

Presente também o ex-Juiz de Direito, Professor e Advogado Aluísio Gurgel do Amaral Júnior, por quem a reunião foi antecipada em uma hora, para que ele pudesse participar pelo menos à meia noite, já que se encontra em Doha, no Qatar, seis horas à frente em relação ao horário de Brasília.

Aluísio preferiu participar no escuro, alegando fazê-lo para não incomodar a família da filha, na casa de quem está hospedado com a mulher, porém as más línguas chegaram a comentar que, na verdade ele não quis exibir o pijama de bolinhas que vergava.

Por ser oportuno e adequado à resenha de uma reunião parnasiana de intelectuais, Aluísio foi simbolicamente retratado no mosaico iconográfico abaixo, na madrugada das Arábias, dentro do famoso "Quadro Negro".

Obra de protesto do pintor  russo Kasimir Malevich (1878-1935), pintada em 1915, o Quadro Negro foi escondido por décadas da perseguição ideológica contra ele e suas obras, dentro de um saco de batatas. 

A obra foi autenticada por impressões digitais ocultas deixadas pelo autor na sua moldura, e foi recentemente arrematada por uma fortuna – não pelo que ela retrata (nada), mas pelo que ela simboliza, pela sua história e pela assinatura do pintor.

  


TEMAS DE ABERTURA

Na abertura da reunião desta segunda-feira, Wilson Ibiapina registrou que o 17 de janeiro que fluía era o marco zero temporal do Ceará, dia simbólico de sua fundação, portanto data oficialmente consagrada a esta terra alencarina.

Ibiapina, que nos representa em Brasília, informou que o Chefe do Serviço Médico da Casa do Ceará no Distrito Federal, Dr. Machado, militar cearense que presta atendimento de saúde ao Alto Comando do Exército, lhe garantiu que conversou com o General Paulo Sérgio, Comandante Geral, sobre o título de Cearense do Ano que a ACLJ lhe concedeu, e que este confirmou que virá a Fortaleza receber solenemente a honraria.  


PERFORMANCES LITERÁRIAS

Pedro Bezerra de Araújo fez a leitura de texto em espanhol que faz uma interessante analogia entre a idade das mulheres e cidades do mundo todo, de autor anônimo mas trazendo o título de "Erato X Cupido". 


ERATO X CUPIDO

Una mujer de 14 a 18 años es como la ciudad de Jerusalén, todos la quieren. 


De los 18 a los 22 años es como la ciudad de los Ángeles, emocionante, brutal y misteriosa.


 De los 22 a los 25 años es como la ciudad de
Londres es hermosa y todos sueñan con vivir en ella.


 De los 25 a los 30 años es como la ciudad de
Damasco. Romántica, ama la poesía y las palabras hermosas.


De los 30 a los 35 años como la ciudad de
París, una flor de orquídea con perfume.


 De los 35 a los 38 años como la ciudad de Roma,
todos los caminos de amor conducen a ella.


 De los 38 a los 42 años como la ciudad de Beirut, un vínculo entre el pasado y el presente entre belleza y madurez.


 De los 42 a 48 años como la ciudad de El Cairo es
sofisticada, impresionante y maravillosa.


De 42 a 53 años como la ciudad japonesa de
Kyoto, con clase.


De 53 a 60 años como Jartum, su pasado es antiguo, su presente elegante y su futuro misteriosos.


Na sequência, Aluísio Gurgel surpreendeu a todos com um pungente poema de sua autoria, produzido naquela noite, intitulado "Outra Alma", que trata de sua mágoa ante a notícia recebida do Brasil à tarde, de que seu segundo neto, que era gestado por sua nora, mulher de Aluísio Neto, tão amorosamente festejado e esperado, desafortunadamente não vingara. A comovida leitura do poema de Aluísio consternou a todos, que reverenciaram o amigo e sua família, solidários à sua dor.

 

OUTRA ALMA 

No meu coração deserto –
Orvalha breve a esperança
Um rebento quase certo
Que jamais será criança
Hoje deu adeus ao mundo
Para ser da eternidade
E uma incômoda saudade
Se abancou no mais profundo
Do meu ser e a alegria
Que preencheu todo dia
Esvaziou-se em um átimo
Convertendo-me no último
Dos avós da existência
Sem fé, nem resiliência.


 
Aluísio Gurgel do Amaral Júnior



Por fim, Reginaldo Vasconcelos leu o seu poema "Quereres", abaixo reproduzido em áudio, sobre o qual o autor "ellerizou" liricamente. 

Referiu que, ressentido com a perda em sequência de dois queridos confrades veteranos,  fundadores da ACLJ – Roberto Martins Rodrigues (junho de 2019) e  Evaldo Gouveia (maio de 2020), Reginaldo vagava de automóvel pela cidade quando teve um surto repentino de saudade de tantos amigos que se foram, e lhe assomou ao espírito uma vontade poética de morrer. 

Mas, incontinenti, Reginaldo lembrou-se das tantas mulheres que enfeitam o mundo e a sua vida, pelas quais valeria a pena viver mais, o que lhe inspirou a poesia. 

O poema tem citações à letra da canção "Estrada de Santana", do saudoso compositor Petrúcio Maia, gravada pelo cantor Raimundo Fagner nos anos 70, usada aqui como fundo musical.



DEDICATÓRIA

A reunião virtual da ACLJ nesta segunda-feira, dia 17 de janeiro, foi dedicada ao Estado do Ceará, na pessoa de seu fundador oficial, o militar católico português Martin Soares Moreno.


Soares Moreno foi Capitão-mor do Ceará, e é considerado o fundador do Estado, que foi emancipado da Capitania de Pernambuco em 1799. 

Em 2018 seu nome foi inscrito no Livro de Aço dos heróis nacionais do Brasil, depositado no Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves. 

Martim Soares Moreno escreveu uma carta de grande valor para os cearenses. A carta se chama "Relato do Ceará".

 

sábado, 15 de janeiro de 2022

ARTIGO - As Orignes do Totalitarismo (RMR)

 AS ORIGENS DO
TOTALITARISMO
Rui Martinho Rodrigues*

 

Hannah Arendt (1906 – 1975), em sua obra clássica “As origens do totalitarismo”, destaca o antissemitismo e o imperialismo como fenômenos associados ao totalitarismo. Analisa o nazismo, daí a inclusão do antissemitismo entre os fatores que propiciam o totalitarismo. Arendt analisou também a banalidade do mal, associando-o à recusa de assumir a responsabilidade pela iniciativa dos próprios atos e a atitude de quem não reflete sobre as próprias escolhas.


Theodore Dalrymple (Anthony Daniels, 1949 – vivo), na obra “A faca entrou”, discorre sobre a fuga da responsabilidade, descrevendo a fala de criminosos que ao invés de afirmar que esfaquearam alguém, dizem que a faca entrou. A banalidade do mal é semelhante na política e na criminalidade comum. 

A vitimização de criminosos comuns se faz presente na vertente sociológica que dilui a individualidade nas estruturas sociais, políticas, econômicas e culturais, excluindo a responsabilidade pessoal. A reflexão crítica e autocrítica também é afastada pela atitude maniqueísta, que favorece o argumento falacioso do tipo ad hominem (argumento contra a pessoa ou grupo de pessoas, ao invés de criticar o mérito das proposições debatidas), partindo de rótulos pouco esclarecedores como direita e esquerda, sempre com sentido pejorativo. 

Karl R. Popper (1902 – 1994), na obra “A sociedade aberta e os seus inimigos”, destaca Platão (428 a.C.– 348 a. C.) entre os antagonistas da liberdade. O governo de sábios, sem o consentimento dos governados, a desigualdade entre filósofos (esclarecidos) e pessoas comuns (alienados) estão na base da utopia platônica. 

Ao alegar que não se entrega o comando de um navio senão a um piloto competente, em analogia com o governo da polis, o grande pensador confunde juízo de realidade (técnica) com juízo de valor (escolha valorativa), adotando o saber como fonte de legitimidade política. A alegoria da caverna, de Platão, desqualifica o entendimento do povo (que só conhece as sombras no interior da caverna) e supervaloriza uma racionalidade supostamente indubitável dos filósofos identificados com o homem que saiu da caverna. 

Outro gigante da Filosofia, Georg W. F. Hegel (1770 – 1831), classificado por Popper como contrário ao pensamento democrático, propunha que o real é racional e o racional é real, indiferenciando as cogitações idealistas e a realidade, transformando-as em dogma. O romantismo, com o titanismo, acentuou o desprezo pela realidade, presente em diversas correntes políticas, conforme descrição e análise de Isaiah Berlin (1909 – 1997), na obra “Ideias políticas na era romântica”. Os fracassos das engenharias sociais ou revoluções não sensibilizam porque o racional é havido como real. 

O cientificismo de Auguste Comte (1798 – 1857) é apontado como o grande exemplo de iluminismo tardio que usou o argumento de cientificidade para legitimar ideologia. A crítica procede, mas ele não é o único nem o mais influente, embora tenha sido, no Brasil, uma referência importantíssima. Dogmatismo, proselitismo e uma postura messiânica facilitaram a penetração do positivismo de Comte pela semelhança com os mesmos atributos das raízes jesuíticas da formação histórica da educação em nosso País. 

Depois o materialismo histórico, igualmente esgrimindo uma suposta cientificidade, armado da missão salvadora dos oprimidos, tornou-se hegemônico. Três correntes adversárias, mas semelhantes, contribuem para o dogmatismo, o salvacionismo e para a falácia ad hominem que estão nas origens do mal.

Soneto Decassilábico Português (VM)

 PARA O ÁRCADE
NOVO ARTHUR ZÉFIRO
[Nome Decassilábico Perfeito]
 
Vianney Mesquita*
[Jovem Khrónos]

 

O traço individual que se acrescenta às nossas feições a aos nossos gestos fere os indiferentes e cativa os que nos amam. FRIEDRICH HEBBEL, poeta alemão. [Welsselburen, 18.3.1813; Viena, 13.12.1863]. 

 

Meu conterrâneo de insigne raiz

Das melhores ações é um paladino,

Da cultura, fiel beneditino,

Para atos corretos, diretriz.

 

Dotado de prudência e descortino,

Não se alterca a verdade do que diz,

Um cristão de caminho são-paulino,

Difícil é um cidadão com tal verniz.

 

Zéfiro [Arthur] da nossa Arcádia Nova,

À ordem de Fortuna, é posto à prova,

Ao conduzir a folha da palmeira.

 

Seu nome – um decassílabo – comprova

Por que a Palmácia, ardentemente, aprova

Paulo Tadeu Sampaio de Oliveira.


quinta-feira, 13 de janeiro de 2022

NOTA CULTURAL - Palestra Rui Martinho Rodrigues

PALESTRA

Rui Martinho Rodrigues*



Na sexta-feira 14 de janeiro às 15:00h (14/01/2022), teremos Live no canal no Youtube (
http://bit.ly/2XI46B9). Lembrando que valerá horas complementares, e o formulário será enviado no chat da Live.

O palestrante será o professor Rui Martinho com o tema: “Origens do Totalitarismo”. 

Sinopse: “Examinemos alguns casos, em seguida busquemos a compreensão dos aspectos gerais. O método é o reflexivo, com a demarcação das categorias teóricas, análise multifatorial, conjecturas e refutações. 

O caso da Alemanha, com o antissemitismo, banqueiros e capitalistas no papel de bode expiatório; a derrota na guerra vista como traição dos políticos; a visão de uma grandeza perdida; dificuldades econômicas, obrigações impostas pelo Tratado Versalhes; o mito da superioridade racial germânica; voluntarismo; conflito como motor da história; hegemonia ideológica [e liderança carismática?]. 

Aspectos gerais: a ideia de grandeza perdida, exploração estrangeira, traição dos políticos; torpeza dos “tubarões”; voluntarismo político e promessa, dificuldades econômicas; hegemonia ideológica; fatores de longa duração e os (de)deformadores de opinião são fatores presentes na origem do totalitarismo”. 

Link do canal no Youtube: http://bit.ly/2XI46B9

CRÔNICA - Jogando Conversa Fora (TL)


terça-feira, 11 de janeiro de 2022

RESENHA - Reunião Virtual da ACLJ (10.01.2022)

 REUNIÃO VIRTUAL DA ACLJ
   (10.01.2022)





PARTICIPANTES

Estiveram reunidos na conferência virtual desta segunda-feira, que teve duração de uma hora, 07 acadêmicos e um convidado especial, o Engenheiro e Empresário  Maurílio Vasconcelos (Porto Velho - RO).   

Presentes ainda o Jornalista e Advogado Reginaldo Vasconcelos, o Bacharel em Direito e Especialista em Comércio Exterior Stênio Pimentel (Maricá - RJ), o Advogado e Sionista Adriano Vasconcelos, o Médico, Filósofo e Latinista Pedro Bezerra de Araújo, o Jornalista Wilson Ibiapina (Brasília-DF), o Marchand e Publicitário Sávio Queiroz Costa e o Agrônomo e Poeta Paulo Ximenes.

Justificaram suas ausências, abaixo representados no mosaico iconográfico, o ex-Juiz de Direito, Professor e Advogado Aluísio Gurgel do Amaral Júnior, o Procurador Federal Edmar Ribeiro, o Jornalista e Sociólogo Arnaldo Santos e o Advogado Betoven Oliveira. Estes dois últimos por motivo de trabalho, Edmar por conveniência de saúde e Aluísio em razão do fuso horário, pois estando em Doha, no Qatar, teria que entrar na conexão em alta madrugada. 
  


TEMAS ABORDADOS

Na abertura da reunião desta segunda-feira, o Presidente tratou de apresentar o convidado Maurílio Vasconcelos, estreando na conexão, cearense radicado em Rondônia há muitos anos, que recebeu as boas vindas dos demais. Na imagem ele exibe atrás de si a floresta amazônica que circunda a casa do sítio em que reside.

Maurílio é muito conhecido pelas gerações dos anos 70 e 80 do século passado em Fortaleza, como professor de matemática, que muito jovem fundou o Curso Cipan, inicialmente preparatório paro o Exame Vestibular, evoluindo depois para escola de 2º Grau, ministrando os três anos curriculares do então chamado "curso científico".

Saindo da atividade de ensino, Maurílio demandou à Rondônia, Estado em cuja Capital instalou uma bem sucedida construtora, exercendo com grande êxito a sua formação na área de engenharia.

O assunto suscitou comentários saudosistas, e o  grupo divagou longamente sobre fatos e personagens daquele período em Fortaleza, ligações de família e de amizade, um agradável exercício memorialístico da cidade.


Por fim, o Presidente exibiu a medalha e o diploma destinados ao General de Exército Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, recipiendário do título de "Cearense do Ano em 2021", que lhe foi outorgado pela ACLJ, por ter sido ele nomeado Comandante Geral do Exército Brasileiro. 


O referido militar iguatuense recebeu em mãos correspondência oficial da nossa entidade, sobre a outorga da honraria, conduzida pelo Empresário Ricardo Cavalcante, Presidente da Federação das Indústrias do Estado do Ceará,  comprometendo-se o General Paulo Sérgio a vir recebe-la solenemente neste mês de janeiro, em data a ser fixada entre a sua assessoria e o nosso Membro Titular Fundador, o Jornalista Wilson Ibiapina, que nos representa em Brasília.

Finalizando a reunião virtual, Ibiapina encerrou-a com uma frase lapidar do polímata iluminista estadunidense (1706-1790) Benjamim Franklin: "A tragédia da vida é que ficamos velhos cedo demais, e tarde demais ficamos sábios". 


DEDICATÓRIA 


A reunião virtual da ACLJ nesta segunda-feira, dia 10 de janeiro, foi dedicada ao nosso Presidente da Honra, o Senador Cid Saboia de Carvalho, advogado, jornalista e professor, ocupante da Cadeira nº 1 da nossa quadraginta numerati, patroneada pelo seu pai, o jornalista e advogado Jader de Carvalho, assim como ele imortal da Academia Cearense de Letras, o terceiro Príncipe dos Poetas Cearenses. 


Dr. Cid, aos 86 anos, acometido de uma síndrome gripal relacionada à epidemia de Influenza, aos cuidados de sua mulher Luce, de sua nora Ester e de seu filho e nosso confrade Antonino, convalesce em sua casa, de onde voltou a apresentar a sua crônica radiofônica "Doa a Quem Doer", e o programa de variedades "Antenas e Rotativas", pela Rádio Cidade, emissora que mandou instalar um estúdio residencial, de onde ele continua apresentando o seu trabalho.  

A ele o nosso abraço e a nossa efusiva saudação, com votos do mais urgente e pleno restabelecimento da saúde. 
 

  

quarta-feira, 5 de janeiro de 2022

Soneto Decassilábico Português - Gilardo - Árcade Novo (VM)

GILARDO – ÁRCADE NOVO
*Vianney Mesquita
(Árcade Novo Jovem Khrónos)

 

Há pessoas que renunciam ao que as distingue dos animais: a inteligência [CHOU KING]

 

Na escola convencional, apenas

Colheu o início da capacidade,

Logo, entretanto, se tornou mecenas

N’autodidaxia da vontade.

 

Pela prudente via da idade,

Nobres estrofes produz às centenas,

Ao versejar com zelo e acuidade,

Avizinhando-se de Roma e Atenas.

 

Membro da Arcádia Nova Palmaciana,

Sua verve poética soberana

Canta as vitórias de um perfeito bardo.

 

Vate artefato dos desvãos da vida,

No ressonante ardor de sua lida

Eis o perfil do árcade Gilardo. 


ARTIGO - O Totalitarismo em Gestação (RMR)

 O TOTALITARISMO
EM GESTAÇÃO
Rui Martinho Rodrigues*
 


As novas tecnologias potencializam o controle dos cidadãos pelo poder estatal e agentes não estatais, como as big techs. Câmeras omnipresentes, invasão de computadores, intimidades devassadas por meios mais poderosos do que a “teletela” da ficção “1984”, de Georg Orwell (Eric Arthur Blair, 1903 – 1950), com reconhecimento facial, ao lado dos meios eletrônicos de pagamento e de outras transações são convite totalitário. 

A complexidade do mundo afasta a compreensão dos problemas pelo homem comum e até por especialistas. Em torno destes problemas se fazem políticas públicas. Quantos compreendem uma reforma tributária, a matriz energética, a preservação ambiental ou políticas sanitárias? Profissionais altamente qualificados divergem entre si. Então a prestidigitação explora uma adolescente de família economicamente bem situada, de país que já conquistou uma condição das mais favoráveis para discorrer sobre o que ela não entende, adotando atitudes que não podem ser massificadas. Viajar da Europa aos EUA em barco a vela, como fez a adolescente sueca Greta Thunberg, não é exemplo do que pode substituir o avião. O mundo não pode seguir tal figurino. A complexidade e a manipulação emocional, porém, abrem a porta da manipulação. 

Graves ameaças reais são argumentos que podem ser usados pelos que pedem mais poder, mais controles invasivos, mais restrição das liberdades individuais. Terrorismo, evasão de divisas, corrupção, enriquecimento ilícito, tráfico de drogas, pessoas e armas são ameaças tão reais e perigosas quanto pandemias devastadoras. O poder crescente da criminalidade vulgar, controlando territórios, impondo “leis”, quebrando o monopólio da violência e do controle territorial pelo Estado são aflições dramaticamente sentidas pelo homem comum. Tudo favorece a vontade de potência referida por Friedrich Nietzsche (1844 – 1900).

As novas tecnologias são tão poderosas que permitiram, aliadas a outros fatores, a imposição de censura ao presidente dos EUA por uma big tech. Texto do primeiro ministro da Hungria, Viktor Mihaly Orbán (1963 – vivo), descrevendo os efeitos da imigração em massa em seu país, também foi censurado. Redes sociais, tribuna oferecida democraticamente a todos, são atacadas. O pretexto são as mentiras que nelas são divulgadas, como se as mentiras e a técnica de manipulação por meio do destaque, da repetição, do ângulo apresentado e da omissão não fossem praticadas pelas mídias tradicionais. O argumento de autoridade, com seus especialistas, títulos e entidades renomadas, invocando em vão o “santo nome da ciência”, como se tal espécie de conhecimento fosse unívoco, doutores sempre fossem doutos e consensuais em suas opiniões, não passa de falácia. 

As mídias tradicionais são mais perigosas do que as redes socais. Dominam melhor as técnicas de manipulação. Os grandes perigos são reais, mas o uso deles pelo messianismo “do bem”, restringindo a liberdade de expressão e de crítica, ferindo a liberdade de consciência, lembra a aparência do “anjo de luz”, que se apresenta como a encarnação das virtudes, querendo poder para fazer o bem, semelhantes aos “falsos profetas que enganarão a muitos” (Mt 24;11). 

Um poder absoluto, sem a representatividade do voto popular, como é o STF, aplicando pena sem prévia cominação legal (proibindo alguém falar), invocando tipo penal inexistente (fake news), mudando de entendimento conforme a ocasião por meio de contorcionismo hermenêutico é engano. O poder corrompe e o poder absoluto corrompe absolutamente (John Dalberg-Acton, 1834 – 1902).