Conatus
Até Onde a Vida Pede
luta
Notações Preambulares
Vianney Mesquita*
Gli
stolti hanno il cuore sulla língua. È nel cuore, invece, che i saggi guidan la
língua. “Os
tolos têm o coração na língua. É no coração, entretanto, que os sábios guiam a
língua” (Anônimo)
Contenta-me,
sobremodo, proceder a rápidas e despresumidas considerações de mais uma obra de
rematada qualidade científica e literária da agricultura do facultativo
alagoano, há mais de 20 anos mourejando como cardiologista em Fortaleza,
nomeadamente na seara da Cirurgia Infantil, amplamente conhecido no Brasil,
Prof. Dr. VALDESTER CAVALCANTE PINTO JÚNIOR, agora Cidadão Cearense por graça
justa e oportuna dos deputados Guilherme Sampaio e Leonardo Pinheiro, da
Assembleia Legislativa do nosso Estado, circunstância a nos inteirar de júbilo,
haja vista a exação do ato e em decorrência do portfólio acadêmico e funcional
de seu detentor.

Pelo
fato de não ser fração dos meus parcos haveres profissionais a manobra dos
motes jungidos à Ciência Médica e aos seus bens adstritos, conforme o são, num
exemplo semi singular, a Psicologia, a Farmacologia, a Dentística e a
Enfermagem, dentre tantos sub-ramos cobertos pelo saber parcialmente
unificado e ordenado (segundo intenta e leciona o biólogo, filósofo e
antropólogo grãobritano Herbert Spencer [Derby, 27.04.1820; Brighton,
08.12.1903]) a mim não é dado, também, adentrar, por descabido e até
inaceitável, os temas procedentes da Medicina e de ramalhos que assistem,
ordenadamente, mencionada iluminação.
Cumpre-me,
por conseguinte, assente em tais razões, obedecer à estrema no concerto dos
frugais entendimentos detidos ao extenso da vida e no decurso das conjunturas
escolares oficiais e em particulares circunstâncias de auto ilustração, para, a
convite do médico da Universidade Federal do Ceará – minha Alma Mater – e doutras instituições cearenses, mestre e doutor Valdester Cavalcante Pinto
Júnior, partícipe da joia autoral da ambiência cearense e brasileira, insertado
no mais elevado na Literatura, cogitar nas ideações de tão enobrecida figura.
Por
primeiro, atentemos para a epígrafe (de domínio público) do módulo sob relato e
articulemos estas cotas preambulares, no tentâmen de revelar acerca do que
planeou exprimir o autor – anônimo, mas que parece sugerir haver sido o Dr.
Valdester a escrevê-lo, em consequência das suas reflexões racionais, que
vestem como luvas a ideação translúcida desta inscrição: Os loucos trazem o
coração na língua, ao passo que é no coração que os sábios a conduzem.
Mesmo
que eu haja escolhido deixar o coração avesso à sua função, primordial do
cirurgião cardiovascular agora apreçado, no senso da transcrição, porém, vai o
preclaro leitor divisar a ideia de que a frase merece uma ponderação acerca de
como as pessoas arrebatadas, meio-apressadas, impõem vazão às próprias emoções,
esquecendo-se de segregar seus humores – como por meio de um filtro.
A
segunda parte do brocardo italiano incógnito conduz-nos à noção de que os
saggi detêm um comando bem mais intensivo sobre suas emoções do que os stolti
as transportam com a devida introspecção e a necessária sabedoria.
Certificar-se-á,
decerto, o distinto consulente desta produção literocientífica, ao ler e
interpretar as lúcidas exposições e ilações ora manifestas, de que as
inferências do Alagoense e Neocidadão Cearense estão preservadas de
qualquer balda de irracionalidade, configurando-se como naturais e
absolutamente coerentes, em particular, porque hauridas de seus conhecimentos,
práticas, instruções e habilidades, ao largo do exercício de seu labor nos vãos
e desvãos dos misteres profissionais, em um País ainda bem apartado do ideal –
e quase quimérico – mormente no que é relativo à atenção e ao cuidado em saúde
humana.
É
fácil, genuinamente inteligível, a noção, expressa na sequência, ao se
conjecturar pela atenção desmedida às idealizações literárias expendidas neste
volume, maiormente por parte da vertente que aporta seus consultantes de mesma
linha profissional e afins – facultativos e profissionais da saúde. Eis que o
Autor, na largueza e no circuito das solicitações do seu mister vitorioso de
cirurgião cardiovascular infantil e em permanente convivência com partícipes
familiares, granjeou a obtenção de compreensões mais lúcidas e contíguas a
outros ramos disciplinares do saber relativo, motivo por que os entendimentos
expostos na produção sob comento denotam, meridianamente, a medrança de seus
alcances intelectivos, consoante é verdadeiro nas moções, conducentes ao choro,
ao lacrimejo, em particular de consulentes mais frouxos, do quilate deste
rabiscador, impressas, verbi gratia,
nos segmentos A Humanidade em Suspenso e em A Fé, a Dor e a Ordem da
Natureza.
Evidentemente,
o crescimento espiritual ao abrigo da alusão imediatamente anterior, isto é, a
dilatação do intelecto, não se ateve, tão-só, às observações do Escritor
arrimadas na formação científica circunspecta nas universidades, sítios de caça
investigativa e campos de prova, tampouco, singularmente, às realizações
fáticas vinculadas às doenças, a situações estressantes sob sucessos
inesperados, desordenamentos mentais dos grupos familiais, casos de má
administração hospitalar, querelas invisíveis – conquanto tangíveis demanda
pelos “holofotes” por parte de oficiantes enfatuados, chefes presunçosos (...)
e tantos estados de coisas domiciliados nos lugares das ocorrências. Destes,
não é ocioso expressar, somente possuem a dimensão aqueles que se encontram na
batalha, tanto sadia como (em certos casos) malsã, sendo que a peleja insana,
muita vez, destroça a refrega salutar, se não houver a indispensável cautela,
cumprida pelo Assinante de Entre Fios e Nós (Fortaleza, 2025) à proporção
da sua caminhada vital-laborativa.
Então,
com o escopo de amanhar mais conhecimento, corrigir e aperfeiçoar suas ações,
tão bem configuradas por Valdester Cavalcante Pinto Júnior no compêndio sob
relação, ele, seus confrades e acólitos se mandam à cata de bens
multidisciplinares dotados das respectivas certificações, a maioria dos quais
tem suporte na prática, segundo sucede com o produtor das inspirações agora em
cotejo, juntura saudável do tirocínio profissional com os teores da ciência, cujos
resultados, com justeza, serão os melhores, mercê de sua elevada e induvidosa
valoração.
Recorro,
entrementes, neste momento, ao expediente do parêntese, incluindo a expectativa
de que os eminentes leitores deste fruto literário e dotado de cientificismo
não aguardem que, transpondo essas manchetes, notas principais respeitantes ao CONATUS – até onde a vida pede luta, eu informe o teor inteiro da obra. Este é
propósito que a mim não me impende, porque não aspiro a surripiar do bem
recepcionado leitor a satisfação de ver o conteúdo da escrita primeiro do que
todo mundo, sem que subtraia nestas aligeiradas notações essa possibilidade de
ele se enlear com a narração e as lições mostradas no volume, pois entendo ser
preciso consagrar respeito ao futuro consultante de um escrito, ao não
fornecer, sequer, manchetes de seu enredo, narrar passagens ou extrair ilações
(as quais são passíveis de não corresponder à vontade expressiva do escritor e
até induzir ao logro aquele que o descodifica), porquanto, compreendo que a
pessoa, ao lê-lo, tenciona mesmo é conhecer in
situ, sob o patrocínio direto do autor, suas compreensões a respeito dos
eventos contados, sem a interferência de um terceiro, o qual é passível de larapiar-lhe a vontade de leitura.
De
tal jeito, prezadíssimo viajor dessa jornada literária: deixo ao seu querer o
ensejo de ler, em primeira mão, sem minhas informações – as quais deneguei –
esta conjunção ideativa de intenso vigor narrativo, produzido num horizontal
modo de escrever, sem subir aos exageros linguísticos nem descer ao vulgo, em
nenhuma ocasião, como sucede com escritores ainda aprendentes do ofício
escritural. Expressas qualidades estampam o alteado proveito editorial
cultivado pelo Prof. Dr. Valdester C. Pinto Junior – de quem me comprazo ser
amigo e paciente revascularizado cardíaco há 20 anos – senhor do seu mister
profissional e reprodutor das ideias excepcionais aqui socializadas, que não se
esqueceu de contabilizar todos esses créditos ganhados à medida do tempo.
Uma
vez trancada a intervenção parentética há pouco exposta, cumpre remeter-me a um
aspecto, extraordinário – específico – seminal, do interesse sob relação,
certamente, na conceição pessoal, o ponto de saliência das posições por mim
exprimidas nesta oportunidade, representado na maneira honesta e saudável de o
Autor manifestar-se no que se conecta às compreensões imparciais de religiosidade
e fé, no concerto da sua atividade facultativa feito cirurgião
cardiovascular.
Há-de
se verificar, sem interferência de localização espaçotemporal, em todo o Orbe,
peculiarmente nos meios de propagação coletiva, os media - neste passo
insertada a obra literária - e a peça científica, nalgumas oportunidades, mesmo
com a interdição do estrato do saber parcialmente ordenado (Filosofia da
Ciência), o capricho e a birra de se amplificar sem medida certas ideações, sob
o prisma, quer positivo, quer negativo, exagerando-se – sem necessidade, seja
expresso – a axiologia e as cristalinas verdades localizadas nos centros dos
pontos de vista cristalizados pela autenticidade e a razão. Daí, então, provêm
as discussões, pendengas, arengas desazadas, intrigas pessoais e familiares,
divisões grupais e sociais..., indo, muita vez, ter seu termo nos cemitérios.
Insertos
nestas condições, encontram-se, exempli gratia e entre muitos outros, os
motes-partes de Política e Religião, os quais, haja vista seus desacertos e
sem-razões, não ensejam a pacificação da Humanidade. Remansam, por conseguinte,
os extremismos prejudiciais e desprovidos de razão, achegando-se às estremas
(no âmbito da Política) esquerda/direita e Deus/Satanás.
Exatamente
neste lapso, encontrei o ponto de saliência, o qual adita valia qualitativa ao
exemplar comentado, em decorrência do emprego da lógica, aplicação da
inteligência e ajuntamento da prontidão intelectiva quando da eloquente e
expedita menção aos vínculos vida/moléstia/religiosidade. No dito ensejo, o
Autor, ao patentear os préstimos advindos desta excepcional coalizão, acolhe,
defende e concede publicidade à ideia, com suporte no prisma científico e
literário, fato garante de seu agasalho da banda dos seus mui especiais
leitores, habitantes da senda onde estão os saberes da saúde humana.
Encantou-me,
demasiado, a ausência de alusões adocicadas, muito comuns na carolice dos “santinhos”
e “santinhas” de mãos postas, execrada por este escrevinhador cristão-católico
romano praticante, por ser atitude plenamente despropositada, aliás, avessa aos
ensinamentos bíblicos. De semelhante modo, prezei de sobra o jeito humano
natural de expor as concepções assuntivas sob pauta, desprendendo-se da
rusticidade própria dos pseudossábios auto deificados, quando rebatem
grosseiramente a assunção dos fiéis aos entendimentos do Santo Livro, e se
louvam no chega-pra-lá a quem resolve habitar o ideário dogmático da Trindade.
Impõe-se,
a modo de remate destas ligeiras considerações, chamar sua atenção, leitor
destacado, para o fato de que este escrito é de nobílima significação, tanto na
condição de manifesto científico, adornado pela luminosa experiência do seu
autor na senda da Cirurgia Cardíaca e suas ações afins, quanto no concernente ao seu teor literário
de basta categoria, principalmente no emprego utilitário, correto e vasto do
código linguístico português, escrito com simpleza, porém sem descender à vala
comum, tampouco intentar subir aos páramos da manifestação linguageira para se
mostrar erudito. O ensaio é de uma largueza intelectual e prática
impressionante, sem repetição de palavras e expressões, de sorte que aplica a
Língua de Camões somente com o fito de ensejar leitura e descodificação
inteiriça aos seus consulentes, sem abandonar, para servir aos ledores menos
aprestados, os expedientes de um português castiço, o qual, isto sim, solicita
de quem o intenta compreender o necessário aprofundamento, porquanto os
escritos no valado comum não conduzem nada de pedagógico, insistindo, porém,
naquilo que já se sabe.
De
tal maneira, esta neo produção do Prof. Dr. Valdester Cavalcante Pinto Junior constitui
uma gema diamantina de peso para fazer parte do mealheiro da nossa cultura e
servir como um depósito riquíssimo da herdade intelectual do povo cearense e
brasileiro, configurando, com efeito, artefato singular a fim de adestrar os
leitores no que tange às matérias de sua reprodução, pois volume a engrandecer
a axiologia temática da Cirurgia Cardiovascular, da Medicina em geral e dos
sub- ramos com os quais encerra contiguidade.
Viajemos,
pois, por esse périplo enriquecedor.
Feliz
viagem. Vale a pena!