A ACLJ SEDESPEDE DOPOETAPAULO XIMENES
MISSA DE 7º DIA
DA MORTE DE PAULO XIMENES
CAPELA
DE SÃO PEDRO
PRAIA
DE IRACEMA
Antes de tudo, queremos agradecer ao Padre Virgínio pela generosa concessão de espaço na Santa Missa, nesta Capela de São Pedro, para prestarmos esta homenagem póstuma ao nosso confrade Paulo Ximenes, no sétimo dia da sua morte.
Grande satisfação que nós sentimos pelo fato de que o Paulo, assim como eu, foi “iracemita”, ou seja, morador de Iracema, e ambos fomos também “iracemistas”, frequentadores deste especialíssimo bairro da cidade, quando ele ainda era menos dos turistas e mais nosso. E fomos ambos crismados neste altar.
Inclusive, Padre, uma das últimas vontades expressadas pelo Paulo, por telefone, já muito combalido, foi de dar uma volta de carro comigo pela Praia de Iracema. Fui buscá-lo, mas então ele já se sentia indisposto, e desistiu desse passeio.
Eu e a Liana, primogênita de Paulo e Carmem Lúcia, jovem Procuradora Federal, um dos orgulhos da família, considerávamos hoje, por telefone, que passado o período do nojo, do luto, superado o choque da mudança dele para os campos etéreos, o que nos assoma ao espírito é a felicidade de ter podido conviver com ele tantos anos – ela, particularmente, toda a sua vida até aqui.
Assim, a partir de hoje, Paulo Ximenes continua sendo para todos nós sinônimo de alegria, embora o Pai Celeste haja resolvido libertá-lo da matéria já agora. Paulo fazia tanto análise de teses filosóficas sérias, como relatos de histórias engraçadas. Ele era música, era poesia, era festa, era carnaval – e não há razão para deixar de sê-lo, na nossa lembrança, no nosso afeto, nas nossas conversas.
Mas, vou replicar aqui o que disse na missa de corpo presente, ainda muito magoado com o infausto, porque o texto é peça literária, que, como as preces, os poemas e as canções, produtos do sentimento refinado, da emoção e não da razão, devem ser registradas e reiteradas sempre que houver motivo para dizê-las, e corações para escutá-las.
Disse eu então:
Nascemos
para nos afeiçoar a um grupo de pessoas, metade das quais vamos perdendo, e a
nós, nos perderá a outra metade.
O
Paulo não era o Paulo, tão-somente; o Paulo éramos nós, a nossa turma de
juventude; os membros da nossa Academia de Letras.
Portanto, a sua
morte nos mutila. Produz uma ablação no campo existencial da minha
pessoa.
Ele não morre
sozinho. Com ele, nós morremos um pouco. No meu caso, morro muito.
Ele testifica agora
o abismo que já devorou o Ricardo, irmão dele, e o Arcoverde, nosso amigo
fraterno.
Sim, o meu
patrimônio afetivo tem sido muito desfalcado ultimamente pela morte, produzindo
um resignado sofrimento.
Mas o Paulo
pertencia ao mesmo pelotão filosófico que componho, e, morrendo, ele leva a
metade do mapa vivencial que desenhávamos.
Que fazer agora das
lembranças comuns, da poesia, da boa música, da boa mesa, das namorices, dos
carnavais, da memória preciosa das aventuras que vivemos quando rapazes?
Apenas conforta
lembrar que para onde ele partiu de inopino, todos nós também iremos, mais cedo
ou mais tarde, e lá certamente retomaremos a nossa velha parceria, sempre
imbuídos dos mais nobres sentimentos e dos projetos mais edificantes. Que Deus
o tenha, na sua imortalidade literária. Que Deus o guarde.
Lavivá!
Reginaldo Vasconcelos
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