1 SACRIFÍCIO E GLÓRIA
* Vianney Mesquita
Aquele que é incapaz de operar o sacrifício é incompetente para a
glória.
(ERNESTO BERTARELLI – Empresário e filantropo italiano, naturalizado suíço. Roma, 22.09.1965).
Nos rastos de ostentosa trajetória,
Despegados de angústia e sofrimento,
Inversos a qualquer padecimento
Conforma-se impossível alçar vitória.
Nessa mira erradia e ilusória,
Ao tencionar-se repelir o tormento,
Tal não transpassa falaz lenimento,
À fantasia procrastinatória.
Dessa maneira, de oblações isento,
Forro de todo o comprometimento
Ocorre a circunstância dissuasória.
Então, tomado de constrangimento,
O ser remansa, em dúplice momento,
Inepto ao sacrifício e inábil à glória.
2 SAÚDE E DECESSO
Os médicos trabalham sem cessar para nos conservar a saúde. E os cozinheiros para destruí-la. Estes, contudo, têm
mais certeza de êxito. (DENIS DIDEROT, filósofo e escritor francês.
Langres, 05.10.1713; Paris, 31.07.1784).
Na
intenção de premunir saúde,
Quantos
se louvam nos facultativos!
Sob
os galenos se conservam ativos,
Muito
embora infalível a finitude.
Entrementes, no entanto, e amiúde,
Maus
procederes deliberativos
Costumam
conduzi-los, taxativos,
À
trilha moribunda do ataúde.
A
porfia cozinha e Medicina
É
lapso (desrazão) que patrocina
Contenda
estéril, despropositada:
Projetam
os cozinheiros cada sina,
E,
ao passo que a desgraça a essência mina,
Nossa
existência sobeja expirada.
3 ODE À DISCRIÇÃO
O segredo mais confiado é aquele
que a ninguém se confia.
(Provérbio xino).
Recato,
quietismo e confidência,
Ideias
de iguais acepções,
Consolidam
as mesmas ilações
Expressas
no idioma em evidência.
Defesas
suas manifestações,
Reservas
bem-dotadas de abrangência,
Porque
demostram autossuficiência
De
quem for proponente das moções.
Franquear
os segredos, com efeito,
É
arrebatar seguidamente, a eito,
Nesse
lance a retida confiança.
Em
remate, porém, no autorrespeito,
Sob
uma idônea retidão afeito,
Habita-se
o portal da temperança.
4
A soma das dores possíveis para cada alma é proporcional ao seu grau de perfeição. (HENRI- FRÉDERIC AMIEL, Escritor e filósofo suíço. Genebra, 27.09.1821; 15.11.1881.
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