SAUDADES DORIDAS DO AUDÍFAX
Assis Martins*
A Morte, despindo-se dos nossos bens materiais, veste-nos das ossas
obras. Jean-Antoine Petit-Senn. 1792-1870).
Tarefa
penosa é escrever sobre meu amigo Audífax Rios, haja vista sua partida
subitânea para a dimensão do Éter.
Mantivemos
relação fraternal desde que ingressou na TV Ceará – Canal 2, em 1965, há exatos
cinquent’anos. Desnecessário é dizer mais sobre sua trajetória, porquanto muito
já está escrito acerca do homem de múltiplas facetas: o cenógrafo dos Diários Associados, com belíssimos
trabalhos, o diretor de Arte de grandes agências publicitárias de Fortaleza, o
artista plástico de alteada produção – premiado no I Salão dos Novos-1968, na UNIFOR Plástica-1986 e no Salão
de Abril-1989, afora incontáveis exposições – e desenhista de traço
inconfundível em dezenas de capas de livros.
Na
Literatura, também, pontificou como autor prolífero – folhetos de cordel,
livros infantis, romance e partícipe de várias antologias.
Vou,
decerto, demorar a me afazer com este vazio deixado pelo irmão-parceiro, pois
se passaram cinco décadas de convívio laboral, nas agências de publicidade, e
trato amistoso nas visitas espirituosas constantes ao Bar Peixe Frito, Frixtil e Bar
do Zeti, na praça dos Voluntários, sem esquecer, também, os arredores da TV
do indiozinho, como o Jerbô, por exemplo.
Nossos
encontros não eram fortuitos, pois, com muita frequência, eu estava na sua
casa, onde realizamos muitos e bons trabalhos.
De
inopino, pelos desígnios do Alto, restou deletada a parceria, sem, no entanto,
se impor termo à amizade, pois, com a mais absoluta certeza, Audífax Rios não
se foi, mas se transmutou na paisagem que tanto homenageou nas suas pinturas e
rebentos literários.
Ovídio
nos diz que [...] não morrerei completamente,
i.é, se vão as pessoas, porém ficam suas obras.
Nenhum comentário:
Postar um comentário