domingo, 29 de julho de 2012

FERNANDO CÉSAR ENTRE CONFRADES

Nesta última quinta-feira o jornalista Arnaldo Santos, Cadeira de nº 12 da ACLJ, reuniu um grupo de outros acadêmicos em torno do colega Fernando César Mesquita , ocupante da Cadeira de nº 2, e sua mulher Cláudia Carneiro, moradores em Brasília, durante a semana passada feriando em Fortaleza.

Da esquerda para a direita da foto o pesquisador Adriano Jorge, o professor Rui Martinho Rodrigues, a psicanalista Cláudia Carneiro e o homenageado Fernando César Mesquita, o anfitrião Arnaldo Santos, o poeta Paulo Ximenes e os cronistas Reginaldo Vasconcelos e Altino Farias.

LEI FEMINISTA POLITICAMENTE CORRETA

Está circulando na Internet uma mensagem  enunciando que doravante será um “fora-da-lei” quem se referir à Sra. Dilma Roussef com o designativo “presidente”.

O pretenso “crime” ocorreria porque ela acaba de sancionar uma nova norma jurídica obrigando a aplicar o feminino ao título profissional de cada mulher.

Primeiro, a expressão “fora-da-lei” se aplica em relação à legislação penal, que não é o caso, pois aqui se trata de uma norma civil, exclusivamente dirigida à diplomação de mulheres em entidades de ensino.

Portanto, o enunciado da mensagem que circula não corresponde à realidade porque ninguém estará “fora da lei” ao aplicar o comum-de-dois no que se referir às profissões.

A imprensa independente, por exemplo, continua e continuará chamando a Sra. Dilma de “presidente”, até porque isso não é profissão, mas cargo público eletivo.

A atual profissão de Dilma Roussef é “política”, substantivo que, no feminino, se confunde com o nome da ciência praticada – como no caso da profissão de “músico”, que é “música” no caso das mulheres.
   
Claro que o escopo dessa lei é feminista, e por trás dele há o evidente casuísmo com o tratamento de “presidenta” que Sua Excelência quis impor à Nação, mas que somente foi obedecido pelos seus correligionários e pelo jornalismo chapa-branca.

Mas é uma lei de “textura aberta”, que trata exclusivamente dos diplomas estudantis, e sequer especifica que palavras (ou desinências) deverão ser aplicadas para definir o sexo das alunas diplomadas na designação de suas profissões.

Como norma aberta, ela vai inspirar e fundamentar espécies normativas secundárias e terciárias, como resoluções, portarias e circulares, no âmbito das entidades estudantis, tanto públicas quanto privadas, pois o ensino é sempre uma atividade sob a tutela do Estado.

Falta o País entender que o sexismo, assim como o racismo, é uma faca de dois gumes. Políticas feministas simbólicas podem acirrar o machismo na prática, o qual de fato se revela na violência doméstica, por exemplo, e não na flexão verbal de gênero.

Nesse campo, o pensamento “politicamente correto” é desorientado e incoerente, ora querendo preservar o feminino, para bem distinguir as mulheres dos homens, ora querendo confundir os gêneros, para que não se os distingam bem.

Ora são as ditas “mulherzinhas” querendo ser desiguais aos homens, para obter adequado tratamento desigual, preferindo ser “presidentas”, “gerentas” e talvez “atacantas” quando jogam futebol. De outra feita são as tais “mulheristas”, querendo ser iguais a eles, para um tratamento igualitário, preferindo, por exemplo, ser “poetas”, em vez de “poetisas” como mandam os dicionários.

Nesse passo, quando para a chefia do Vaticano for eleita uma sacerdotisa, se for uma mulherista, talvez ela queira ser “a papa”, e não queira ser “papisa”. Na mesma linha, de repetente, as amazonas do turfe queiram passar a ser jóqueis mesmo, e não “joquetas”, como o machismo as denomina.

Por outro lado, quem sabe o feminino de peixe-boi, que é peixe-mulher, precise passar a ser “peixe-boia” nos dicionários corretistas. 


E talvez ainda notem que “o” pires sustente “a” xícara, e que portanto o sexo dessas palavras precise ser modificado. É besteira muita!


Por Reginaldo Vasconcelos    

quarta-feira, 25 de julho de 2012

DE FAMÍLIA - Novo Livro do Dorian

Está no prelo da RDS Editora mais um livro de Dorian Sampaio Filho, o primeiro trabalho literário a ser lançado sob os auspício institucionais da Academia Cearense de Literatura e Jornalismo, na qual o autor é Titular Fundador da Cadeira de nº 23, patroneada por seu pai, o saudoso jornalista homônimo.  

Dono da editora que está imprimindo o livro, o jornalista Dorian Filho confiou a esta ACLJ o lançamento da obra, evento capitaneado pelo acadêmico Reginaldo Vasconcelos, que atua como Diretor de Relações Públicas da Entidade.

O novo livro atenderá pelo título de “De Família”, porque trará uma antologia de crônicas do autor e de seu falecido pai, algumas inéditas, outras compiladas de sua obra jornalística.

Dorian Sampaio, que nasceu no Rio de Janeiro e se formou em odontologia, militou na imprensa cearense desde jovem, foi combatente deputado estadual, inclusive preso pelo Governo Militar, e na maturidade fundou o jornal JD, de gratíssima memória.

O JD era um vigoroso tabloide diário que abria espaço aos mais independentes articulistas do Estado, o qual brilhou pelo curto período que a conjuntura permitiu.

O último artigo escrito pelo grande Jader de Carvalho, produzido para o número zero do JD, é uma das pérolas desse livro. O advogado, jornalista, ativista político e poeta telúrico Jader de Carvalho jamais leu esse artigo publicado, já que faleceu subitamente, antes que a primeira edição do jornal fosse editada, trazendo a público seu belo texto inaugural.

O livro “De Família” será lançado em concorrida noite de autógrafos no Ideal Clube, no dia 13 de setembro próximo, às 19:30h, por convite do Departamento de Cultura do Clube, na pessoa de seu Diretor José Telles, da Academia Cearense de Letras.

A ACLJ e o Ideal expedirão em torno de mil convites, mas, independente disso, todos os homens de letras e da mídia do Estado, os sócios do Clube e os admiradores dos dois jornalistas considerem-se convidados para o coquetel de lançamento, que certamente se constituirá em memorável evento social.         

sábado, 21 de julho de 2012

DESCASCANDO A MAÇÃ

O Presidente Rui Martinho Rodrigues convoca os acadêmicos da ACLJ para comparecerem ao lançamento do Livro de estreia da jornalista Celma Prata, “Descascando a GRANDE Maçã”, transmitindo convite que foi enviado à Academia, por seu intermédio, pela Editora Sete.  

Trata-se de um manual de sobrevivência na cidade de Nova Iorque, a partir da história de uma família brasileira que enfrentou os desafios do cotidiano na cidade mais cosmopolita do mundo.

O livro se constitui de 24 capítulos, em 236 páginas, incluindo 14 ilustrações inéditas do artista cearense Totonho Laprovitera.

Traz informações, serviços e curiosidades, tudo temperado com finos toques de humor, a partir de uma visão muito particular da autora sobre a chamada “capital cultural do mundo”.

A noite de autógrafos será no Mercado dos Pinhões, em Fortaleza, às 19:00h, no próximo dia 26 de julho, quinta-feira.

O público será brindado com show de Bossa Nova e Jazz da dupla Anna Canário e Edson Távora, e com uma Degustação das cachaças artesanais de alambique Cedro do Líbano e Cachaça de Rolha.

O resultado da venda dos livros terá destinação beneficente. 

DIRETO DA REDAÇÃO

O médico Evangelista Torquato, 
especialista em reprodução humana, 
entrevistado no Direto da Redação,
com Alfredo Marques e Freitas Júnior

A programação da televisão brasileira precisa de novas fórmulas para transmitir informações e para produzir entretenimento.

Quarenta modelos de programa se repetem nas diversas emissoras, com pequenas variações de formato, em alguns casos replicando exatamente ideias vitoriosas em outros países.

Este é o caso, por exemplo, do “Programa do Jô”, da Rede Globo, que repete o “Late Show”, do americano David Letterman, até mesmo no tipo de cenário, na disposição da mobília, na forma bem humorada de entrevistar celebridades, com apoio de um conjunto musical.

As quarenta maneiras corriqueiras de fazer televisão são as seguintes, por ordem alfabética: (1)Adestramento de Animais, (2)Câmara escondida (pegadinhas e videocassetadas), (3)Coberturas cômicas, (4)Coberturas sociais, (5)Colunas opinativas, (6)Comentários desportivos, (7)Comicidade de bonecos,  (8)Cultos evangélicos, (9)Desenhos animados, (10)Diários de viagem, (11)Documentários, (12)Entrega de prêmios, (13)Jogos de perguntas, (14)Leilões, (15)Lições de culinária, (16)Mesas redondas, (17)Missas católicas, (18) Paradas musicais (19)Programas cômicos, (20) Programas de auditório, (21)Programas de Júri, (22)Programas de aventura, (23)Programas infantis, (24)Programas musicais, (25)Programas Rurais, (26)Reality Shows, (27)Revistas de variedades, (28)Sessões de tribunais, (29)Shows musicais, (30)Sitcons, (31)Standups policiais, (32)Sorteios de prêmios, (33)Talk shows (Entrevistas), (34)Teleaulas, (35)Telecines (36)Teledramaturgia (Novelas, Minisséries e Casos especiais), (37)Telejornal, (38)Thrillers policiais, (39)Transmissões desportivas, (40)Transmissões musicais, 

No Brasil, algumas ideias novas prosperaram no passado, e não foram eficientemente copiadas, como os programas “A Grande Chance” e “Um Instante Maestro”, do apresentador Flávio Cavalcante, “A Pele do Lobo”, do Goulart de Andrade, e “Quem tem Medo da Verdade”, de Carlos Manga.

Enquanto não surge um novo e revolucionário modo de fazer televisão, diante da absoluta exaustão das fórmulas recorrentes, resta aos apresentadores procurar conduzir seus programas com criatividade e distinção, dotando-os de personalidade especial.  

É o que fazem os advogados Alfredo Marques e Freitas Júnior, ambos titulares da ACLJ, que acabam de estrear o programa DIRETO DA REDAÇÃO, que vai ao ar de segunda a sexta, às 8:15h, pela TV Cidade, afiliada na Rede Record.

A dupla comenta as notícias mais momentosas da atualidade. Um deles mais crítico, o outro mais moderado, consultam-se entre si sobre os temas propostos que analisam, e ao final cada um define sua posição opinativa. Além disso, entrevistam a cada edição um especialista em alguma área do conhecimento, sobre questões de grande interesse social.

sexta-feira, 20 de julho de 2012

ARNALDO SANTOS LANÇA LIVRO

FOTO: KELLY FREITAS

O jornalista Arnaldo Santos, titular da Cadeira de nº 13 da ACLJ, neste 20 de julho, às 16:00h, no BNB Passaré, por ocasião do XVIII Fórum Banco do Nordeste de Desenvolvimento, lança  livro sobre aquela instituição financeira, denominado "60 Anos de História e Desenvolvimento".


A publicação, produzida em parceria com o economista Francisco Gois, ex-funcionário do BNB, marca o sexagésimo aniversário do Banco, e faz o registro memorial da atuação daquela empresa no fomento da economia da Região Nordeste.  



RICARDO GUILHERME NO JOSÉ DE ALENCAR

O jornalista e ator Ricardo Guilherme, membro efetivo titular da ACLJ, estará no palco do Teatro José de Alencar na próxima noite de sábado, 21 de julho, e na noite do domingo, 22, a partir das 19:30h, estrelando a peça A Lição, protagonizando a trama com a atriz Maria Vitória. São as duas últimas oportunidades de assistir a essa brilhante adaptação da obra de Ionesco, que está no fim da temporada em Fortaleza.
Foto : Jacques Antunes

Um professor ministra aula a uma aluna que está prestes a fazer doutorado em Ciências Exatas e Filosofia. Em uma didática a princípio demarcada pela cordialidade recíproca, surgem alguns percalços em função não apenas do comportamento da aluna que demonstra inaptidão para uma série de operações de raciocínio, mas também pela reação do professor que, tomado por exasperações desmedidas, assassina sua orientanda.

segunda-feira, 16 de julho de 2012

METÁFORA DAS CORES


Em uma floresta distante de nossa cidade, vivia uma pequena criança saudável, mas que às vezes estava triste. Essa floresta era enorme e localizada entre dois rios de águas límpidas e cristalinas, onde se podiam ver as pedras, plantas aquáticas e peixes que viviam em harmonia. A floresta também possuía uma nuance de aromas, diversos animais, plantas e cores que davam vida e alegria àquele lugar.


A pequena menina, embora vivesse em um belo mundo colorido, se via como um ser em preto e branco, sem cores, se achando diferente dos demais moradores da floresta. Isso lhe dava insegurança. Ao tocar uma rosa, uma flor, percebia que ela perdia odores e cores, ficando também em preto e branco.

Com isso a insegurança aumentava, pois dentro de si achava que as coisas saiam de seu controle. Com isto a pequena menina criou um medo dentro de si, achando que as coisas saiam de seu controle.

A pequena menina criou em sua mente um medo de que tudo que fizesse saísse errado. Nesse seu pensamento, até mesmo a floresta, que nunca deixou de ser colorida, começou a ser vista por ela em preto e branco.

Um dia, a menina estava sentada à beira de um caminho, encolhida, triste e pensativa. De repente no céu ela viu uma águia, que voava alto e de repente pousou no ombro de um senhor que passava pelo caminho.

Era um homem alto, experiente, de voz grave, e que sorria com os olhos de forma penetrante. Logo ele notou a presença daquela menina triste. Ele com a águia no ombro, parou e perguntou: “O que fazes triste e pensativa sentada à beira do caminho menina?” E ela logo respondeu com uma voz trêmula, olhar baixo: “Não estou feliz, pois as coisas ao meu redor fogem ao meu controle. Nem mesmo a floresta possui o colorido e os aromas do passado. Tudo que toco perde a cor”.

Em seguida a menina triste começou a chorar. O velho tentou consolá-la, mas a jovem fugiu com medo de que ele ficasse preto e branco, se o tocasse. Mesmo assim o bom homem lhe enxugou as lágrimas, e sem receio lhe abraçou de forma forte, intensa e fraternal. Mas ela ainda estava insegura, e fechou os olhos. Mas as lágrimas ainda caiam de seus olhos e molhavam a relva.

De repente o velho pediu que ela abrisse os olhos. Ao abrir seus olhos claros, foi tomada de uma grande surpresa. Cada lágrima que caiu na túnica do velho deu nuances de cores vivas e intensas. Ela se sentiu como se fosse beneficiada por um grande milagre em sua vida, e a emoção tomou conta de seu corpo, chorando mais ainda. Suas lágrimas, como mágica, ao caírem na grama deixaram tudo mais verde, e com nuances de tons especiais.

Logo ela perguntou ao velho homem o que teria acontecido. E ele disse: Tudo está sob teu controle, e nada vai sair errado se fizeres com amor, e acreditares em teu potencial e força interior. Suas lágrimas foram sinceras e com amor. E isto fez com que tu desses um novo significado ao teu mundo que, sempre foi, e sempre será alegre, vibrante e com muitos aromas. Mais calma ela veio a perguntar: “Quem é o senhor?” E após soltar sua águia, o velho partindo, e quase sumindo no meio da floresta, disse-lhe: “ Eu sou a tolerância, e sempre estarei dentro de ti.” O velho homem sumiu entre as brumas e árvores frondosas da floresta. Já alegre, a pequena menina de olhos claros começou a correr feliz pelos bosques da floresta, cercada de pássaros e borboletas. 

Por Fernando Dantas - 16.07.12

sexta-feira, 13 de julho de 2012

PROGRAMA DIRETO DA REDAÇÃO MEMBROS DA ACLJ NA TV CIDADE

A TV Cidade, sob a presidência de Miguel Dias de Sousa, Membro Benemérito da ACLJ, está lançando quatro novas atrações em sua grade de programação.

Dentre os novos programas está a edição local do programa Direto da Redação, da Rede Record, da qual a emissora local é afiliada.

A edição cearense do programa Direto da Redação, que irá ao ar diariamente, às 8:15h, pela TV Cidade, será apresentado por Acadêmicos Efetivos Titulares da ACLJ, os advogados e comunicadores Alfredo Marques e Freitas Júnior.

O lançamento da nova grade de atrações, que além de “Direto da Redação” inclui ainda os programas “Velocidade”, “Jurandir Mitoso” e “Estilo Hype”, aconteceu na manhã desta quinta-feira, dia 12 de julho, em um dos estúdios da TV Cidade.

Evento de extremo bom gosto, organizado pelos diretores da emissora Gaida Valim e Miguel Filho, para seletos convidados.

Arnaldo Santos e Gaida Valim

Reginaldo Vasconcelos e
Alfredo Marques

FONTES: Coluna Frisson, de Lia Pinheiro,
 e Blog Contra-Ponto
FOTOS: Geovanne Jinkings

domingo, 8 de julho de 2012

NOTA ADMINISTRATIVA 02/2012


COMUNICADO AOS ACADÊMICOS
ASSEMBLEIA GERAL EXTRAORDINÁRIA


Na Assembleia Ordinária deste último dia 06 de julho, havendo quorum para se reunir e deliberar, a ACLJ decidiu adiar mais uma vez a Assembleia Geral Extraordinária marcada para o dia 12 deste mês de julho.


Fica portanto protraída a referida AGE para 16 de agosto deste ano, no auditório da Associação Cearense de Imprensa, às 20:00h, ocasião em que se promoverá a Sessão da Saudade em memória do acadêmico emérito José Alves Fernandes.


A razão do adiamento se prende ao fato de que grande parte do corpo acadêmico estará em viagem de férias durante este mês de julho, de modo que em se mantendo a data muitos seriam privados de participar da homenagem póstuma ao confrade recentemente falecido.


A DIRETORIA

sábado, 7 de julho de 2012

A PEDAGOGIA DA PALAVRA

As palavras, e principalmente as expressões idiomáticas, nascem, vivem e envelhecem. Algumas vezes morrem, mas algumas delas duram muito, geralmente mudando de cara, de pronúncia, de sentido.

Ninguém sabe hoje, por exemplo, por que se diz “lavar a burra”, expressão de uso ancestral que ainda vigora e que corresponde a “se dar bem”, no moderno falar da juventude.

Pode ser referência ao baú em que os antigos guardavam o dinheiro, uma antiga versão do cofre, que se chamava “burra”; o verbo “lavar” pode estar aplicado no sentido de seu transbordamento.

Alguém defende ainda a tese mais fraca de que os novos ricos do passado, para ostentar a riqueza, lavavam suas alimárias com cerveja, ou seus cavalos de corrida com champanha. 

Assim, lavar a burra, inicialmente, referiria especificamente à fortuna financeira. Mas essa é ainda uma interpretação muito forçada.

Mais plausível pode ser uma alusão velada à zoofilia dos rapazes do passado, que, quando incumbidos de lavar as montarias fêmeas, tinham o “privilégio” de fazer uso erótico delas.

A zoofilia é algo muito tosco para os atuais civilizados, porém, mormente a equina, é prática corriqueira em milênios de evolução da humanidade – ainda em voga pelos cafundós deste Planeta.

Mas há exemplos recentes em que os termos perdem o sentido original quase que imediatamente, em virtude da vertiginosa evolução tecnológica. Há vinte anos se criou a expressão “queimar o filme”, com o sentido de estragar a imagem social de alguém. Fazia referencia ao “filme”, fotográfico ou cinegráfico, que o excesso de luz podia “queimar”.

As novas gerações não convivem mais com filmes para fotografar, nem para produzir vídeos, tudo hoje convergindo para os métodos eletrônicos. Aliás, os modernos aparatos digitais que fotografam e gravam vídeos, não são “câmaras”. Câmaras eram apenas as antigas máquinas, dotadas de uma caixa escura onde os filmes eram expostos às imagens selecionadas e admitidas pelo obturador da lente.

Os mais jovens também não sabem por que “cair a ficha” significa compreender uma mensagem ou um fato, completando, finalmente, as necessárias sinapses cerebrais.

Isso remonta ao tempo recente em que os telefones públicos funcionavam com fichas metálicas, que tilintavam dentro do aparelho quando as ligações se completavam.

Há uma famosa entrevista concedida pela cantora Elis Regina, gravada em vídeo, ainda em preto e branco, em que ela diz que ao chegar ao Rio de Janeiro “transava” com muitas pessoas do meio musical.

Quando essa gíria nasceu significava apenas relacionar-se socialmente, conviver, ter amizade. E foi nesse sentido que Elis Regina a empregou. Somente depois o termo “transar” substituiu a expressão eufêmica “fazer amor”, que apagaria a memória de seu primeiro uso. A expressão “fazer amor”, por seu turno, para designar o ato sexual, fora extraída do jargão hippie.

É inelutável que as línguas evoluam, ganhem acréscimos vocabulares, façam expurgos, alterem o sentido semântico das palavras. Mas é mister dos homens de letras fazer o link histórico entre o falar das gerações, para que as pessoas saibam exatamente o que dizem, e por que dizem, pois isso lhes enriquece a capacidade de dizer, e até de criar novos dizeres. Conhecer o passado é a melhor forma de contribuir para o futuro.

Seria ótimo que soubéssemos hoje com absoluta certeza a exata origem da expressão “lavar a burra”, acima especulada. Para isso seria necessário que alguém entre os antigos a tivesse notado e anotado, antes que sua geração passasse adiante o “bastão” vocabular, levando para o túmulo a sua peculiar explicação.

Por outro lado, se não se fizer o registro da evolução do termo transar, a memória de Elis Regina ficará distorcida para sempre naquele vídeo, pois sua gíria antiga pode fazer entender que ela praticava sexo com muita gente para galgar posição no mundo artístico.

Mas não só no que se refira a uso antigo, os usos atuais também devem ser analisados, para que a comunicação tenha um norte de clareza e coerência.

Por exemplo, quando se diz que uma coisa é “paia”, para lhe desqualificar, se está referindo à maconha de má qualidade, contendo “palha” na sua composição. Da mesma forma, quando alguém aplica o termo “viagem”, para falar de uma convicção equivocada, está referindo às alucinações produzidas pelo ácido lisérgico, droga conhecida como LSD.

Nos dois casos, sem o saber, o inocente falante estará recorrendo à gíria dos usuários de drogas ilícitas. Se for um abstêmio absoluto, um legalista ferrenho, um educador, enfim, um enérgico ativista contra as drogas, estará traindo seu caráter, ou a sua bandeira ideológica, ingressando por ignorância no universo verbal dos marginais.

Um último exemplo de mau emprego verbal: hoje em dia se tem visto, com grande frequência, notórios pacifistas referirem a alguém muito esforçado, que resistiu bem aos embates da vida, que superou dificuldades e progrediu, como um grande “guerreiro”.

Ora, nada mais impróprio do que evocar a guerra para significar o denodo e o progresso de um pacato cidadão. Guerra pressupõe ferocidade, agressão, morte, violência. E certamente não é essa imagem grotesca e sangrenta, inerente ao termo empregado, que se quer produzir... mas é exatamente ela que se termina produzindo.

Reginaldo  Vasconcelos