domingo, 24 de setembro de 2023

NOTA SOCIAL - Sereia de Ouro - 52º Edição

 SEREIA DE OURO
1971-2023
52º EDIÇÃO

 

É sempre uma experiência mágica assistir à solenidade de outorga do troféu Sereia de Ouro, pelo Sistema Verdes Mares de Comunicação, no Teatro José de Alencar,  este ano ocorrida na noite do dia 22 de setembro, com a ambientação musical a cargo da Camerata da Unifor, cerimonia muito concorrida, seguida de um lauto coquetel.

Casal Igor e Aline

A premiação anual foi instituída pelo empresário Edson Queiroz, fundador do Grupo Empresarial que leva o seu nome, em feliz parceria conjugal com Dona Yolanda, que o sucedeu por muitos anos no comando das empresas, após o seu precoce passamento, em 1982 – hoje estando à frente do conglomerado Igor Queiroz Barroso, neto do casal.

Foram distinguidos este ano Dona Regina Barbosa, uma senhora filantrópica, viúva do saudoso executivo do Sistema Verdes Mares, Mansueto Barbosa, ela fundadora e mantenedora de uma entidade de assistência a crianças carentes. Além dela Camilo Santana, Ministro de Educação, o empresário José Roberto Nogueira e o artista sônico Ednardo, que é comendatário da ACLJ, agraciado com a Medalha Evaldo Gouveia, em 2022.

 

Adriano e Reginaldo

Totonho, Elusa e Fernando Victor


Ulysses e  Daniele, ladeando o Ednardo


Paulo César e Simone

Marcos e Karla

A ACLJ esteve representada no evento por seu Presidente, Reginaldo Vasconcelos, e por seu Diretor Adriano Jorge, bem como pelos Membros Titulares Totonho Laprovitera, Ulysses Gastar, Paulo César Norões e Marcos André Borges. 

Sávio e Tamires

Manoela, Ricardo, Maria e Sara

Presentes ainda dois membros da família Queiroz que pertencem à ACLJ, Sávio Queiroz Costa e Manoela Queiroz Bacelar, sobrinho e neta de Edson e Yolanda, respectivamente ele com a sua Tamires, ela com seu Ricardo Bacelar e suas duas belas filhas, Maria e Sara.

 José Augusto e Bernadete

Beto Studart

 Graça e Jório

Ricardo e Rosângela

Dentre os integrantes honoríficos da ACLJ que prestigiaram a efeméride relacionamos os empresários José Augusto Bezerra, Beto Studart, Graça Dias Branco da Escóssia, Jório da Escóssia, Ricardo Cavalcante e Edson Queiroz Neto – além do já referido Igor Queiroz Barroso que comandou a solenidade, todos Membros Beneméritos  e a Desembargadora Federal Germana Moraes, que detém a dignidade de Membro Honorário da ACLJ desde o ano de 2012. 


Pompeu Vasconcelos

A cobertura jornalística do evento esteve a cargo da Coluna Sisi, do Diário do Nordeste, pela competente Jeritza Gurgel, e da Coluna digital Balada In, do brilhante comunicador social Pompeu Vasconcelos. 


Jeritza, Adriano e Reginaldo

Os repórteres fotográficos que assinam as imagens aqui reproduzidas são Douglas Filho, de Balada In, e Luiz Carlos Moreira, da Coluna Sisi, este Membro Honorário da ACLJ.   

sexta-feira, 22 de setembro de 2023

ARTIGO - O Estado Democrático de Direito - Parte 2 (RMR)

 O ESTADO DEMOCRÁTICO
DE DIREITO
Parte 2

Rui Martinho Rodrigues*

 

O Estado democrático de direito é o produto de transformações históricas do Estado moderno, originalmente Estado liberal, depois Estado social e por fim Estado Democrático de Direito. Garantias às liberdades negativas, que negavam ao Estado o direito de impedir a livre circulação de pessoas, a liberdade de expressão com responsabilidade, liberdade de opinião e de consciência, entre outras. 

Os governados emitiam comandos aos governantes com proibições, tais como: não condene sem o devido processo legal ou não cobre impostos sem lei anterior que o autorize. A isso Norberto Bobbio (1909 – 2004), na obra A Era dos Direitos, classificou como segunda geração de direitos (ou dimensões do Direito), porque ao contrário da primeira geração, em que o governante proibiam os súditos de condutas como matar, roubar, testemunhar em falso, os cidadãos estabeleciam limites à conduta dos governantes.

A segunda geração de direitos e a democracia 

A segunda geração de direitos estabelecia obrigações de não fazer, típicas das liberdades negativas. Não ensejam a desculpa de não ter meios para obedecê-las ou reivindicar poderes excepcionais para cumprir uma obrigação de não fazer. A segunda geração de direitos é democrática quando se entenda democracia como um conjunto de garantias destinadas a proteger os cidadãos contra o absolutismo, diversamente do contratualismo de Thomas Hobbes (1588 – 1679), na obra Leviatã, que legitima o autoritarismo em nome da segurança. Acrescente-se que a democracia do Estado liberal pressupõe que os governados ditam normas para os governantes, nos termos da segunda geração do Direito. 

Contrariamente a Antropologia Filosófica que diz ser o homem o lobo do homem, que inspirou a obra retrocitada, o Estado liberal admite que o homem circunstancialmente pode ser o lobo do homem ou o seu anjo da guarda, segundo se infere do pensamento de John Locke (1632 – 1704), nos Dois Tratados Sobre o Governo Civil, que coloca o contrato social limitado pelo Direito Natural. Não se trata de reabrir a polêmica entre juspositivistas e jusnaturalistas. O juspositivista Norberto Bobbio reconheceu, na obra Teoria geral do Direito, que a legitimidade jurídica não é autônoma em relação aos fundamentos políticos do Direito. 

A Teoria Pura do Direito, de Hans Kelsen (1881 – 1973), culmina com a norma hipotética fundamental, que pode ser entendida como princípio segundo o qual as constituições, os precedentes judiciais ou o costume devem ser obedecidos, o que não fica tão distante do jusnaturalismo. Kelsen, quando assim entendido, reconhece um princípio anterior ao Direito chancelado pelo Estado (a norma hipotética fundamental) freio ao absolutismo das constituições, do assembleísmo, dos precedentes jurídicos e do costume. Teríamos assim a diferença entre a vontade geral e a vontade de todos, não explicada claramente na obra de Jean-Jacques Rousseau (1712 – 1778). Parafraseando a interpretação conforme, da Nova Hermenêutica constitucional, e recorrendo à interpretação lógica, a vontade geral pode ser entendida como a norma hipotética fundamental. A vontade de todos pode ser o costume, as constituições, os precedentes judiciais ou as assembleias. 

O apelo às virtudes cívicas 

O Estado liberal é democrático. Governados dirigem comandos aos governantes e estabelecem proteção contra o absolutismo. A defesa contra o arbítrio das autoridades fora conquistada e estabelecida a democracia representativa. Agora os governantes precisavam ser escolhidos pelo povo. Era preciso conquistar votos. Isso exigia ir além das liberdades negativas, que estabelecem os direitos que J. Guilherme Merquior (1941 – 1991), na obra O Argumento Liberal, nomeou como liberdade de agir e fazer. Ganhou força a tese do Estado provedor. Aristóteles (384 – 328), na obra A Política, descreveu os regimes políticos e o espírito de cada um deles, como as respectivas formas decadentes. O espírito da democracia é a virtude, mas a sua forma degenerada é a demagogia. 

Virtudes foram invocadas para o aperfeiçoamento do Estado liberal. Nicolau Maquiavel (1469 – 1527), na obra O Príncipe, disse: é mais importante aparentar virtude do que ser virtuoso. Atender às necessidades dos grupos vulneráveis, ou aparentar defendê-las, conquista votos, vende livros, semeia admiradores e afaga o ego. Fazer “justiça” (?) e conquistar o poder une o útil ao agradável. Em 1802 surgiu, na Inglaterra, a Lei de Saúde Moral dos Aprendizes, que limitou a jornada do trabalho infantil em doze horas. Protegia pouco, mas era um “avanço” na direção do bem comum. 

O Estado social 

Antônio Ferreira Paim (1927 – 2021), brasileiro formado na Universidade Estatal de Moscou, disse, em seus escritos, que após o fim do voto censitário, que estabelecia critérios econômicos para a conquista da capacidade eleitoral ativa, os aspirantes aos cargos eletivos progressivamente se converteram ao distributivismo fiscal. É sedutora a ideia de distribuir a riqueza dos outros. Não seria preciso a intervenção do Estado para um cidadão virtuoso distribuir a sua própria riqueza. A ideia era a proteção dos grupos vulneráveis. Quem pode ser contra? O Estado liberal, disseram, estava esgotado. A ideia do Estado social cresceu como Estado do bem-estar Estado provedor. Era preciso superar o abstencionismo estatal, o individualismo e deslocar a prioridade para o campo dos direitos sociais, tudo isso é relatado por Elías Diaz, na obra Estado de Direito e Sociedade Democrática: o que é Estado de Direito. 

A dialética, nomeado por Lucio Colletti (1924 – 2001) como senhora de costumes cognoscitivos fáceis, permitiu que o Materialismo histórico invocasse valores morais da sociedade burguesa e do cristianismo, como solidariedade, para propor orientação política, desprezando o materialismo de Friedrich Nietzsche (1844 – 1900), que peço permissão para qualificar como ontológico. Agrada aos egos defender o altruísmo cobrando generosidade dos outros, exibir solidariedade terceirizando o ônus para o Leviatã, que não produz nem tem riqueza e terá de tirá-la de quem tem renda maior do que o arauto do distributivismo. O cristianismo foi invocado, não para dizer ao rico: doe ao pobre, como seria próprio dos cristãos, mas para dizer ao pobre que tome do rico, seja pela expropriação revolucionária ou sob o eufemismo do distributivismo fiscal, como dizia Roberto de Oliveira Campos (1917 – 2001). 

Ganhou força a ideia de alargar a competência jurídica e política do Estado (social). A legitimidade do Leviatã, diversamente da ideia hobbesiana, não era apenas promover a segurança e a paz, mas a provisão das necessidades e a justiça social. A polissemia destes vocábulos não constrange os teóricos do Estado social. A obrigação de fazer requer meios materiais e poder jurídico-político. Só é possível promover a reengenharia social, atender às necessidades e fazer justiça com poderes extraordinários. 

A individualidade foi confundida com individualismo. Era preciso mitigar a vagueza do termo “necessidade”. Então surgiu a Teoria das Necessidades Humanas Básicas, de Abraham H. Maslow (1908 – 1970). O autor achou a legitimação do argumento das necessidades e adjetivou-as com humanas e como básicas. Deixou de lado as subjetividades e as aspirações individuais. Fixou-se na objetividade imposta por uma suposta condição humana, adotou uma lista fechada das necessidades e estabeleceu uma hierarquia entre elas. 

Os que recusam a ideia da existência de uma natureza humana e enveredam pelo reducionismo historicista ou culturalista, aderiram com sofreguidão ao objetivismo universalista de Maslow, que reforçava a ideia de reengenharia social dos herdeiros dos reis filósofos de Platão (428/427 – 348/347 a.C.), na obra A República, ou pretensos demiurgos que pretendem nos conduzir à terra prometida e nela criar um novo homem. 

As necessidades não são tão objetivas. As aspirações humanas não cabem numa lista fechada e hierarquizada, salvo se a liberdade de agir e fazer for abandonada e a individualidade demonizada como individualismo. Então as liberdades negativas deixam de existir e a democracia será o absolutismo dos “esclarecidos”. Nem a reserva do possível constrange os demiurgos. Eles não falam em produtividade. Basta defender o bem. Ou aparentar virtude? 

Isso tudo ainda seria pouco. O Estado social seria entendido como expressão dos direitos sociais clássicos, dirigido aos necessitados segundo a lista posteriormente feita por Maslow. Era preciso fazer mais: defender direitos universais, sem distinção de pobres ou ricos. “Minorias”, ressignificadas para incluir grandes grupos, deveriam ser protegidas pelo Leviatã revisto e ampliado. Era preciso defender a dignidade da pessoa humana, embora este fosse um conceito caracterizado por uma grande polissemia. Conceitos obscuros, indeterminados ou vagos são os preferidos pelos que buscam agradar a todos para angariar votos, vender livros ou ser admirados, porque o povo não percebe que os significados obscuros destroem a segurança jurídica. 

J. M. Machado de Assis (1839 – 1908), no conto Teoria do Medalhão, narra a orientação que um pai dá a um filho, para que faça uma carreira exitosa, recomendando que use conceitos abertos ao gosto dos ouvintes e fale apenas genericamente. Ganha força a ideia do Estado Democrático de Direito, que até entre os intelectuais poucos sabem o que não é a democracia das liberdades negativas nem o Direito do jusnaturalismo nem do juspositivismo. Talvez muitos dos constituintes de 1988 não soubessem o que era isso, quando definiram o Estado brasileiro como pertencente a esta categoria. Mas isso merece outra reflexão.

sábado, 16 de setembro de 2023

CRÔNICA - Waldonys Faz 51 (RV)

 WALDONYS
FAZ 51
Reginaldo Vasconcelos*

 

O artista sônico cearense Waldonys, compositor, sanfoneiro e cantor da música sertaneja nordestina, e que nesse gênero se coloca na linha de sucessão de Luiz Gonzaga e Dominguinhos, completou 51 anos de idade neste 14 de setembro e comemorou a data no auditório do Shopping  RioMar Fortaleza, em show especial para convidados escolhidos.

Waldonys, que além de músico profissional de sucesso é piloto e paraquedista diletante, posa na foto com o seu colega nas artes aéreas, o repórter fotográfico Luis Carlos Moreira, membro da ACLJ, que durante o show aniversário entregou uma antiga fotografia que captou do jovem Waldonys, com Zezé di Camargo e Dominguinhos, no aterro da Paria de Iracema. 

 

O homenageado também posa, ao lado da esposa Luciana, dentre outros convidados, como Beto Studart e Dona Ana Maria – ele nosso Membro Benemérito e ela comendatária da Medalha Rachel de Queiroz – Honra ao Mérito Feminino, concedida pela ACLJ. A colunista social Jeritza Gurgel registrou sua presença, prestigiando o artista e posando ao seu lado. 

Com ele também no show o poeta e repentista Bráulio Bessa, que figurou entre os Destaques Cearenses de 2018 por suas participações na Rede Globo, e recebeu o título correspondente da ACLJ, oportunidade em que descobriu ser o segundo mais importante filho da cidade cearense de Alto Santo, quando esperava ser o único.

Fotos: LC Moreira - Coluna CAPTEI - Jeritza Gurgel

Apresentado ao seu conterrâneo José Augusto Bezerra, empresário, bibliófilo, Presidente Honorário do Instituto do Ceará e Presidente Emérito da Academia Cearense de Letras, além de Membro Benemérito da ACLJ, Bráulio, de forma simpática, reagiu assim: “E eu aqui querendo ‘ser as pregas’, pensando ser a única pessoa importante da minha cidade”. 

O Blog também saúda Waldonys pela sua idade nova, e se soma à homenagem com outra antiga imagem sua, ao lado deste editor, Reginaldo Vasconcelos, e do acadêmico Adriano Jorge, em operação militar de sobrevivência na selva de que participaram juntamente, no já longínquo ano 2000, estágio importante para quem milita em aviação e paraquedismo.


sexta-feira, 15 de setembro de 2023

NOTA CULTURAL - Essência Feminina Nordestina

 ESSÊNCIA FEMININA


Na noite desta quarta-feira, 14 de setembro, no Espaço Cultural Unifor, da Universidade de Fortaleza, foi lançado o livro intitulado “Essência Feminina Nordestina”, de autoria de três jovens intelectuais cearenses, a pedagoga Mônica Tassigny, Doutora em Educação, a Promotora de Justiça Grecianny Carvalho Cordeiro e a Advogada Constitucionalista Carolina Torquato Maia.

Inspirada cada uma na sua própria experiência e descortino sobre a condição da mulher natural deste quadrante setentrional do País, com a sua história, cultura e tradições peculiares, repercutindo na mentalidade do povo e nas relações sociais e familiares. As autoras destacam ainda os grandes vultos femininos que o Nordeste tem produzido – nas artes, nas letras, nas ciências, na política. 

A obra foi prefaciada pela Professora Natércia Sampaio Siqueira, e na noite de autógrafos foi apresentada pela Professora Manoela Queiroz Bacelar – Literata, Empresária e Advogada, Membro Titular da Academia Cearense de Literatura e Jornalismo. A capa foi confiada ao talento gráfico e à sensibilidade estética da artista plástica Côca Torquato. 

Foto: Ares Soares

Abaixo, o discurso da Prof. Manoela.

Essência Feminina Nordestina
Em nove mais três
Manoela Queiroz Bacelar

 

Essência Feminina Nordestina é um enigmático ponto de encontro. O lugar primordial fixado em folhas de papel onde doze mulheres se reúnem. Nove delas chegam nesse ponto de encontro pelo vento. Elas não estão aqui para nos contar suas jornadas com suas vozes próprias. Valem-se das outras três mulheres, suas irmãs, nossas irmãs, que querem nos falar, que querem abrir as “venezianas cuidadosamente cerradas”, como disse Natércia, para dar voz ao feminino que foi silenciado por ser feminino.

Ouvi dizer que quatro noites por ano, as doze mulheres dançam juntas, iluminadas pela fogueira do onírico. 

Jovita, Quitéria, Carlota, Ana, Henriqueta e Rachel. Duas Marias Tomásias e uma Bárbara. Alías, todas bárbaras. Eis as nove mulheres que nos apresentam suas eras, suas contradições, seus desejos por meio da grafia das outras três, como a ponta de um fio cujo novelo se enterrou no passado. 

Apesar da distância temporal que nos aparta, nossas eras, nossas contradições e nossos desejos parecem compartilhar a mesma matriz fundamental da liberdade. A liberdade do outro; a nossa liberdade. Essa utopia concreta que se coloca, ao um só tempo, ao alcance das mãos e a um passo do abismo. 

Essas nove mulheres, cujas existências compreendem o grande arco do século XVI ao século XX, viveram nas terras áridas de uma geografia agreste que hoje chamamos Ceará, Piauí, Pernambuco, Paraíba, Maranhão e Bahia. Um locus encantado e também invadido, engolido, ruminado e cuspido. 

Viveram as vicissitudes dos seus respectivos tempos: seguiam maridos, perdiam filhos, apaixonavam-se; fundavam movimentos abolicionistas, formavam frentes separatistas; rezavam, alargavam fronteiras do território nordestino; viviam as secas, vestiam-se de homem para guerrear; eram presas, socorriam vítimas em hospitais, estudavam; imaginavam e escreviam. Corriam riscos na colônia, no império e na república. Mulheres à flor da pele.   

Viveram uma Pindorama, um pré-Brasil, ou um Brasil que se fazia, que se moldava sob a violência cotidiana do conflito por território, do conflito pela sobrevivência, num mundo onde a produção era assentada sobre o regime de escravização e do comércio de seres humanos. Mesmo Rachel, a única filha do período pós-abolição, vivenciou essa alvorada sombria, que ainda se estende sobre estas nossas cabeças do Século XXI. 

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Ao ler Essência Feminina Nordestina pude saborear uma espécie de prazer de fundo de alma que se reconforta e se agita à vontade, nesse ponto de encontro de expansão do feminino.

Grecianny, Mônica e Carolina. As três mulheres contemporâneas, professoras desta universidade, pesquisadoras, artesãs da palavra escrita que não temem usar deliberadamente o viés feminino na procura e na construção dessa essência nordestina. Elas sabem que não há outro meio mais genuíno de fazê-lo. O traço feminino que se expressa nas linguagens escolhidas pelas autoras demarca o livro como lugar de reverberação, memória e descoberta. 

Grecianny semeia pacientemente o papel por meio de diários e narrativas íntimas em primeira pessoa que, aliadas a um trabalho investigativo, dão corpo analítico aos recortes temporais vividos pelas personagens de Maria Tomásia CardigoMaria Tomásia Figueira Lima e Carolina Carlota Cordeiro. Ela semeia como Deméter e nós colhemos.  

Mônica, assim como Diana, carrega com elegância sua aljava e lança ágil suas flechas em forma de palavras exatas e apaixonadas, para falar como Bárbara de AlencarJovita Feitosa e Maria Quitéria de Jesus. Ali temos a certeza de que o tempo de caçar é uma janela que se abre e que se fecha como um relâmpago. 

Carolina borda seu texto poético, celebrando sua linhagem artística. Uma Calíope que nos coloca sobre um cavalo alado ao lado de Ana NériHenriqueta Galeno e Rachel de Queiroz. Na última frase do livro, Carolina arremata em fecho telúrico as tantas Racheis que nos habitam, um sussurro tão lírico quanto sintético, que só às mulheres é dado conhecer por inteiro: 

– “balbucio ao mundo: não me deixes”   

O prefácio de Natércia Sampaio e a capa de Côca Torquato reafirmam a beleza do livro e a sutileza de uma estética feminina que nos encanta e nos fortalece o corpo, a mente e o espírito. 

Essência Feminina Nordestina é o ponto de encontro onde doze mulheres se permitem existir sem medo, onde doze mulheres se permitem falar sem pudor; onde doze mulheres se permitem banhar nas águas do Rio Oxum. 

Essência Feminina Nordestina é o ponto de encontro onde doze mulheres nos ensinam a buscar nossos nortes nos nossos nordestes, quantas vezes forem necessárias; quantas vezes quisermos... porque somos livres. 

Muito obrigada.

Boa noite.  

 

POESIA - Ginetes! - (ER)

 GINETES!
Edmar Ribeiro*

 


O açoite risca, faísca,
ronca, chia, aboia, estronda! 
No céu, ao léu
vaquejada:
nuvens poeiradas,
ares desembestados,
sonhos ao laço,
paragens ao traço,
amares ofegam,
miragens rodopiam,
visagens arrepiam… 
A cavalgada
freme,
freia,
apeia o dia raiado
vaporoso, langoroso,
extasiado, saciado!
trovão!
Clarão,




quinta-feira, 14 de setembro de 2023

terça-feira, 12 de setembro de 2023

NOTA ACADÊMICA - Segunda Reunião da Arcádia Alencarina

  ARCÁDIA ALENCARINA
PRIMEIRO CONCÍLIO 

04.07.2023

ACIONE O LINK

_2fCYVSylrg9mvdf5AagSqEqhKIg/view?usp=sharing


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ARCÁDIA ALENCARINA
SEGUNDO CONCÍLIO

05.09.2023 

ACIONE O LINK

https://drive.google.com/file/d/12mhFEqQI3j_U2h8qRrzKThav65N_SUEK/view?usp=sharing


A segunda reunião oficial da Árcadia Alencarina, na noite deste dia 05 de setembro, repetiu a experiência mágica e feérica do encontro anterior, tanto para os árcades quanto para os seus convidados.

Desta vez o concílio teve lugar em flat da Praia do Futuro, denominado Happy Living, o que propiciou o congraçamento do grupo antes e após os trabalhos, no deck da piscina.




A solenidade teve início com a execução do Hino Nacional, como de costume, que desta vez, tendo em vista o clima patriótico da data, todos acompanharam os belos versos barrocos de Osório Duque-Estrada.

Seguiu-se a execução da Ode Alencarina –  Hino da ACLJ, executado e cantado pela Banda de Música da 10 Região Militar.   


Mais uma data memorável que ficará marcada de forma indelével  nos anais da Academia Cearense de Literatura e Jornalismo, pela efeméride da instalação da sua Arcádia Alencarina, órgão interno composto pelos mais abnegados e obstinados de seus membros. 

O Membro Benemérito José Augusto Bezerra presidiu a Mesa de Honra, composta pelo Membro Titular César Barreto, pelo cronista e músico George Tabatinga e pelo poeta e jornalista Barros Alves  estes dois últimos eleitos para a quadraginta numerati da ACLJ, com posse prevista para dezembro.

 

Em transcorrendo a Semana da Pátria, a reunião foi dedicada à independência brasileira, proclamada pelo Imperador Pedro I, simbolicamente às margens do Riacho do Ipiranga, no Estado de São Paulo, em 07 de setembro de 1822.



A alta qualidade humana dos convivas repetiu-se, assim como a beleza dos rituais entrevistos na pauta, e o elevadíssimo nível do tema central escrutinado e debatido – a atual conjuntura social e política nacional. 

Por tudo isso viveram-se novamente momentos de emoção, de reflexão, de aprendizado.

Dos trinta seletos convidados a participar do petit comité, apenas dois não honraram o convite. Disseram presente ainda, acompanhando a árcade Luciara Aragão e Frota, sua filha Desirée e os amigos Leonardo Henriques e Perpétua Aguiar.

 

Dos 11 árcades convocados um comprovou impedimento de saúde, Vianney Mesquita, enquanto Stênio Pimentel, residente no Rio de Janeiro, esteve presente virtualmente pelo telão, e enviou sua mensagem. Também enviaram mensagens os confrades Wagner Coelho, do Rio de Janeiro, e Maurílio Vasconcelos, de Rondônia. 






 

Compuseram a mesa "T" os fardonados Rui Martinho Rodrigues, Reginaldo Vasconcelos, Paulo Ximenes, Vicente Alencar, Sávio Queiroz Costa, Arnaldo Santos, Adriano Jorge, Pedro Bezerra de Araújo e Luciara Aragão e Frota.

O mérito da promoção e da produção do convescote é dividido entre  o casal Estefânia e Rogério Studart,  em cujo salão de festas ocorreu a tertúlia literária, e o árcade Adriano Jorge, na montagem do salão.

Também contribuíram o confrade César Barreto, que colocou voz na Valsa Boa Lembrança, de George Tabatinga, sobre o poema Quereres, de Reginaldo Vasconcelos, e produziu a bela gravação – tema musical do evento  e às colaboradoras  da família do Presidente da ACLJ.

Valorosa participação da Paula Queiroz, que operou na sonoplastia, e das culinaristas Graça, Vólia e Jô, responsáveis pela experiência gastronômica do jantar que se seguiu.

Os registros fotográficos e cinegráficos foram  realizados pela CL Produções, da Cira e do Célio, para este Blog e para as redes sociais da ACLJ.