MAIS UM EXCEPCIONAL CRONISTA
ADMITIDO AO BLOG ACELEJANO
Vianney
Mesquita*
Alfaiates e escritores não podem esquecer a moda. (THOMAS FULLER. Y†Aldwincle, 1608-1661).
Na
reunião festiva derradeira da Academia Cearense de Literatura e Jornalismo (Non Male Sedet qui Bonis Adhaeret),
ocorrida em 23 de abril recém-passado, o Presidente Emérito, Professor Doutor Rui Martinho
Rodrigues, cotejou este medium
eletrônico, em matéria de relevância da nossa memória literária, com o
celebrado O Pão, órgão divulgador dos
trabalhos literários de padeiros
ligados à associação denominada Padaria
Espiritual (1892), amplamente
reconhecida como um dos motos literoculturais de grande prestígio em todo o
País.
Ele
remeteu-se à comparação, mutatis
mudandis, em razão da qualidade produtiva, tanto de padeiros como de escritores acelejanos, sendo que O Pão, em virtude, entre outras, das
dificuldades de tratamento tipográfico
– hajam vistas o estádio então experimentado pelas Artes Gráficas, há 123 anos
– somente publicou 36 exemplares, ao passo que o nosso faz cerca de três anos
ou mais que todos os dias traz a público matérias de destacado valor temático,
factuais e perenes, escritas – em tese – no melhor português e particular e
agradável elocução de cada colaborador.
Para
se ajuntar, então (e me refiro a somente três ícones da pena refulgente do
cearense), a Paulo Maria Aragão, Rui Martinho Rodrigues e Reginaldo
Vasconcelos, é agora magnificamente recebido o cronista ASSIS MARTINS, fecundo
historiador das potocas e causos dados e passados na apoucada e interessante
Fortaleza dos anos 1950, 1960 e aceiro dos 1970, que deles cuida artisticamente
na escrita, ao modo de suas apreciadas ilustrações. Com efeito, vem conferir,
redundantemente, talvez, mais vigor, graça e simpatia ao jornal, já tão
aprestado de colaboradores de ascensa plasticidade no jeito de externar
pensamentos inteligentes, a fim de aprestar leitores sedentos por mais saberes,
como sói acontecer com os bons aficcionados do texto bem elaborado.
Funcionário
de destaque na Universidade Federal do Ceará, Assis Martins granjeou
escolaridade formal esmerada, com dois diplomas de graduação e um de
especialista (pós-graduação lato sensu).
Porta os melhores pendores artísticos para a ilustração, com inatas propensões
para o drama, à reprodução e às cenas em geral. É, ainda, habílimo narrador de
estórias, criador e recriador de versos de pés-quebrado, cordéis, sonetos e
demais gêneros, com repertório invejável, registrado no
ativo dos seus depósitos intelectivos sorvidos com detenção e esmero no curso
de sua trajetória como partícipe da vida, cultural e galhofeira, dos tempos dos
Manezinhos-do-bispo, Zé-Levis, Vassouras, Bien-Bien
– Garapiére de Paris, Burra-Preta, Ze-Tatá, Garapa, e tantos outros que
enricam o folclore e a crônica desta Cidade, registada, in albo signanda lappilo, por narradores de sua grandeza.
Assis
Martins é personalidade leve, natural, é prestativo e educado, sem afetação, nem
exibicionismos, muito estimado pelos seus circunstantes, sempre disposto a
servir. A ele, porém, evite perguntar toleima, pois a resposta é diretamente
proporcional à demanda; e eis mais um proveito seu: foi amicíssimo, desde
menino, do Audífax Rios!
Seu
estoque é inesgotável, constantemente com uma petranha quase igual, ou
reinventada, na hora, com outra tinta e nova graça, e guarda a vantagem imensa
de saber transferi-la para o papel e meios de propagação coletiva, vindo até o
nosso jornal – que não chega a ser um O
Pão, como a gazeta da Padaria Espiritual, de Antônio Sales (Moacir Jurema),
mas é um carioquinha bem assado,
amanteigado e gostoso, trabalhado por panificadores da estatura intelectual do
fisicamente baixinho Assis Martins, agora parte da nossa tropa em admiráveis escritos.
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