quinta-feira, 27 de junho de 2013

NOTA ACADÊMICA

1º FÓRUM CEARENSE
SOBRE A CONVULSÃO SOCIAL DE 2013


  
Marcada para segunda-feira, dia 1º de julho, às 20:00h, no auditório da FIEC, um grande fórum sobre as causas e os efeitos dos protestos populares que se alastraram por todo o País, nos últimos dias. O endereço da FIEC é Av. Barão de Studart, nº 1980, entre a Av. Heráclito Graça e a Rua Padre Valdevino, defronte à tradicional Sorveteria Juarez.  O estacionamento da FIEC tem entrada pela Rua José Lourenço.

O evento é uma iniciativa da ACLJ, e visa reunir uma plêiade de notáveis cearenses que darão a sua visão analítica sobre esse fenômeno popular e político que vivemos no momento, para a produção de um documento conclusivo, a ser elaborado pela mesa diretiva, e divulgado pela imprensa.

Sociólogos, jornalistas, analistas políticos, juristas, pensadores, historicistas e especialistas em comportamento psicossocial serão convidados a dar sua contribuição, porém qualquer interessado no tema pode comparecer, na condição de observador, bem como fazer inscrição para se pronunciar.

As inscrições serão limitadas a vinte, e cada inscrito falará por cinco minutos.  Convidados a se pronunciar os jornalistas Adísia Sá e Nilton Almeida, o Prof. Cid Carvalho, o psiquiatra Antônio Mourão, o jurista Djalma Pinto, o Procurador Federal Alexander Sales, o Vereador Acrísio Sena, o Deputado Heitor Ferrer, dentre outros.


Estão convidados a participar todos aqueles que queiram entender melhor o fenômeno, ou que tenham algo a dizer a respeito dele.   

ENSAIO

AS 10 PERGUNTAS QUE NÃO QUEREM CALAR


1. Por que o ex-presidente Lula, ao concluir o segundo mandato, legalmente impedido de se recandidatar, resolveu indicar Dilma Rousseff para a sua sucessão, quando ele dispunha de tantos outros nomes do PT histórico, nacionalmente conhecidos, mais habilidosos politicamente, como, por exemplo, Aluísio Mercadante e Marta Suplicy?

2. Quem foi que disse que os dois pós-adolescentes do Movimento Passe Livre foram responsáveis pela grande mobilização de milhares de pessoas Brasil a fora, com uma pauta tão difusa? Será que dois jovens teriam de como mobilizar sozinhos tanta gente nas redes sociais da Internet? Quem os elegeu porta-vozes do movimento?

3. Por que essa mobilização gigantesca eclodiu exatamente agora, no início de uma campanha eleitoral para a Presidência da República, quando a Presidente Dilma gozava de boa popularidade, e a inflação está voltando a ameaçar?

4. Por que o ex-presidente Lula, que se  considera o grande líder popular do Brasil, não apareceu para falar às massas, em defesa do Governo do PT?

5. Por que logo no início apareceram nomes de quatro jovens petistas servidores da Presidência da República entre os  mentores da mobilização? E por que não se falou mais neles?

6. Por que a Presidente Dilma Rousseff entendeu que propor uma Assembleia Constituinte seria a solução ideal para todas as demandas das manifestações de protesto, cujas bandeiras são mobilidade urbana, fim da corrupção, melhoras na saúde e na educação públicas, gastos com a Copa pelo erário, rejeição da PEC 37, etc.?

7. Como imaginar que um plebiscito, que demora e custa caro, poderia consultar o povo sobre todos os detalhes que envolveriam uma reforma política, algo tão complicado e tão cheio de detalhes jurídicos, quando a grande maioria do povo, inclusive os eleitores simples que não estão nas passeatas, sequer sabe o que é isso?

8. Por que razão os dois pós-adolescentes que a mídia elegeu como porta-vozes de todas as mobilizações nacionais resolveram abandonar o movimento, por terem conseguido baixar centavos nas passagens de ônibus? Será que eles consideram que todo o problema nacional era só esse?

9.  Por que os vândalos que se infiltram nas passeatas resolveram atacar o patrimônio privado das empresas, apenas para depredá-las, diferentemente dos grupelhos de bandidos, que agem interessados em praticar saques?

10. Por que os pretensos líderes do Movimento Passe Livre disseram que vão passar a se mobilizar contra “o latifúndio urbano”? O que tem a ver passe de ônibus com o patrimônio imobiliário das pessoas?

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Por trás de cada uma dessas indagações há muitas ilações subliminares.

Por exemplo, segundo a jornalista Cristiana Lôbo, da Globo News, o ex-presidente Lula teria dito a interlocutores, entre irônico e queixoso, sobre a intenção da Presidente Dilma de se recandidatar: “A bichinha tomou gosto!”.

Isso faz supor que Lula elegeu a Dilma sob regime de “obsolescência programada”, ou seja, considerando que ela só teria fôlego político para cumprir um mandato tampão, devolvendo-lhe o poder em quatro anos. Malgrado, ela conquistara altíssima popularidade.

Uma segunda ilação possível é sobre a súbita difusão viral da convocação para as manifestações de protesto, em todo o Brasil, com tamanha eficiência.

É pacífico que o campo era fértil, pois que as demandas sociais existiam no espírito das pessoas da classe média-média urbana. Contudo, um único grito não tem alcance para deflagrar o estouro de uma boiada nervosa; é necessário um grande trovão.

Tudo indica, pois, que um corpo de especialistas em Internet arquitetou essa multiplicação geométrica de mensagens pelas redes sociais, o que nos leva aos nomes de profissionais ligados ao serviço de comunicação eletrônica da Presidência da República – que entraram em cena e sumiram de repente.

Parece que recorrer ao método plebiscitário para interferir na Constituição, na melhor linha bolivariana, era o segundo ato já esperado de uma grande ópera bufa. Certamente foi essa a solução saída do bolso do colete de Lula, quando a Dilma foi se aconselhar com ele no início dos protestos.

Vale lembrar que a verdadeira democracia somente funciona de forma institucional e republicana, por meio de representantes eleitos pelo povo para as funções legislativa e executiva, ficando a última palavra com o Poder Judiciário, que é contramajoritário. O vício de fazer consultas públicas diretas sobre tudo leva ao “democratismo”, irmão do populismo, que degenera para o caudilhismo.

Conclusão: Pode  haver algo de podre nesse reino político, muito mais do que sonha a nossa vã e cidadã filosofia. 

Por Reginaldo Vasconcelos 

quarta-feira, 26 de junho de 2013

RESENHA






O Direto da Redação, programa que vai ao ar de segunda a sexta pela TV Cidade, às 8:10h da manhã, apresentado pelos jornalistas e analistas sociais Alfredo Marques e Freitas Júnior, membros da ACLJ, na edição desta quarta-feira, dia 26 de junho, tratou, como  sempre, dos temas mais atuais e momentosos.

Alfredo Marques reclamou do uso de munição letal pela Polícia Militar cearense na repressão às manifestações populares, e apresentou um projétil não deflagrado, que teria sido encontrado em um dos  locais de  conflito. Trata-se de um indício frágil, pois o que as armas automáticas expelem, ao serem acionadas, são cartuchos vazios e “cascas” de balas.

Mas Alfredo também exibiu uma bomba de gás lacrimogêneo deflagrada, que lhe foi fornecida por um popular, esta com o prazo recomendado para o uso vencido, segundo inscrição de fábrica em seu cartucho plástico. O comentarista considerou o risco de que o artefato com data vencida pudesse apresentar algum efeito deletério à saúde dos manifestantes.

A preocupação do comentarista é legítima, todavia avaliamos que os  chamados efeitos indesejáveis decorrentes do envelhecimento dos componentes somente se verificam nos medicamentos, pela  degradação de seus componentes químicos. O uso de bombas de gás, bem como de qualquer munição, fora do prazo recomendado, pode ocasionar apenas um “incidente de tiro” – ou seja, a sua falha, a sua não deflagração.

Alguns explosivos vencidos ou “resfriados” podem ainda se tornar perigosos “tijolos quentes”, no jargão militar, que representam enorme risco. É o caso de bombas que não explodem no momento em que são lançadas, mas podem fazê-lo depois, quando alguém lhes passa perto, ou quando um incauto as manipula. Mas mesmo esse efeito, em relação às bombas de gás, não periclitaria os organismos. 

Freitas Júnior pontuou ainda que a PM teria também atirado bombas com o uso do helicóptero – e de fato bombardeio aéreo é absoluta novidade nas técnicas de controle de tumulto urbano. Tropas de choque costumeiramente adotam cães policiais, pelo seu poder intimidatório, bem como cavalaria, entre outros recursos não letais, de efeito meramente moral. Helicóptero costuma ser usado tão-somente para a monitoração das passeatas.

Na sequencia os comentaristas abordaram a intenção inicial da Presidente Dilma de convocar uma Assembleia Constituinte, para alterar a Carta Magna de forma pontual, em específicas matérias. Essa medida foi contestada pelo mundo jurídico nacional, inclusive pela Ordem dos Advogados do Brasil, bem como repelida por políticos da oposição.

A propósito disso, o Programa exibiu gravações com os deputados estaduais cearenses Heitor Ferrer e Fernando Hugo, que abordaram os riscos de se conspurcar a Constituição da República, mormente agora, quando temos um Parlamento de baixíssima qualidade, tanto intelectual quanto moral, repleto de analfabetos funcionais, políticos fisiológicos, e até de réus em processos criminais.

Calcula-se que trinta por cento dos nossos parlamentares de hoje respondem a processos na Justiça. Todos eles são considerados, tecnicamente, “fichas-limpas”, porque ainda não têm condenação em juízo colegiado. Fora os que têm crimes prescritos pelo tempo.

De fato, conforme tem defendido o Senador Cristovam Buarque, para fazer uma Constituinte com vistas à reforma política haver-se-ia de convocar uma plêiade de juristas de notório saber jurídico e de idoneidade inquestionável, dotados de espírito humanista, isentos de interesses políticos e partidários, para presidir os trabalhos,  pois do contrario o resultado seria desastroso, com a supressão de conquistas sociais já consagradas no País, pois os atuais congressistas certamente sairiam em defesa dos seus privilégios, e dos interesses escusos da politicagem, que o status quo possibilita.

Por fim, o programa entrevistou a respeito do tema o grande jurista cearense Djalma Pinto, que pontificou com proficiência e segurança sobre o despropósito da pretensa Assembleia Constituinte, bem como sobre a consulta popular que se pretende fazer, seja plebiscito ou referendum.

Djalma Pinto é um doutrinador jurídico de renome nacional, com uma vasta obra técnica, foi Procurador do Estado e é advogado e jurisconsulto especialista em Direito Eleitoral. É ainda titular da Cadeira de nº 11 da Academia Cearense de Literatura e Jornalismo.      

terça-feira, 25 de junho de 2013

NOTA


 UMA BOA SOBRE A OAB

O pensamento do Presidente da OAB Nacional, Marcos Vinícius Furtado, coincide com as opiniões que prevalecem neste Blog, conforme manifestou em reunião que manteve hoje com a Presidente Dilma Rousseff.

Ele declara a ter demonstrado e convencido o Governo de que não convém fazer plebiscito a esta altura, e ele está ainda entre os que defendem que convocar Constituinte também seria uma rematada sandice.

O advogado Marcos Vinícius avalia que a reforma política pode e dever ser feita de forma cirúrgica e pontual, pelo processo legislativo regular, com iniciativas do Executivo submetidas ao Parlamento, ouvindo a voz das ruas, imprimindo-se a isso caráter de urgência urgentíssima. 



CRÔNICA

HOMENS E LIVROS

A solução sugerida pela Presidente Dilma para a insurreição popular brasileira, que é contra todos os políticos atuais e contra as suas práticas e políticas, é fazer um plebiscito, sobre a realização de uma Assembleia Constituinte, para a realização da reforma política e eleitoral. Além disso,  firmou  um pacto pelas mudanças entre os que detêm mandato eletivo, nas três esferas de governo.

Parece que para a Presidente ainda não “caiu a ficha”. Realizar uma consulta popular dessas leva tempo demais, e custa uma fortuna, de modo que o povo não vai engolir essa, nem vai ter paciência com isso. O que o Governo pretende é colher o voto dos  currais eleitorais, que estão nas favelas e no Brasil profundo, e que votam sob a sua orientação, em troca do seu assistencialismo.

A plebe esclarecida está nas ruas, já disse o que quer, e não vai mais cair nesse velho embuste de pacto entre raposas e gatos, muito menos se conformar com o resultado de eleições viciadas pelos votos de cabresto.


Abaixo, um painel ilustrativo de estadistas brasileiros, alguns cearenses, de ontem e de hoje, absolutamente fichas-limpas e sensatamente cabeças-frias. Inspirados nos que já foram, os que são nosso contemporâneos precisavam nos socorrer neste momento. 

CLIQUE EM CIMA PARA AMPLIAR
(O principal critério utilizado nessa seleção iconográfica é a distinção daqueles que não pretenderam enriquecer economicamente na política, mas apenas histórica  e moralmente - alguns até empobreceram seu patrimônio material. Acertando ou errando, todos sempre focaram o bem comum, demonstrando espírito público. 

Reclamaram da presença de Castelo Branco, que na verdade foi um homem sério e bem intencionado, que garantiu a posse do civil Juscelino Kubitschek, e que fez a revolução quando havia clamor popular nesse sentido. A ditadura militar só recrudesceu quando lhe sucederam no poder, ele que pretendia cumprir o desiderato de convocar eleições.

Outros reclamaram a presença de Tancredo Neves, que, embora um homem sério, não brilhou no Ceará, mas em Minas Gerais, e não chegou a brilhar no Brasil, porque faleceu antes de assumir a Presidência. Até então fora apenas um coadjuvante histórico no Executivo e no Legislativo federais).  

   Por Reginaldo Vasconcelos

CRÔNICA

A Dilma não é o Papai Noel

Recentemente, vi um pronunciamento de um dos grupos que estão organizando boa parte das manifestações, cujo símbolo é um dos personagens de quadrinhos da DC Comics, o V de Vingança. O pronunciamento requeria uma série de pedidos que me incomodavam pela tamanha falta de noção de direcionamento, constituindo um texto de profundidade panfletária.

Nesse turbilhão de protestos, a presidente Dilma finalmente tomou iniciativa de se manifestar. Como sempre, até hoje acredito que Dilma preserva a mania de se pronunciar com algum tipo de emissor de som escondido, repetindo um discurso decorado.

Ao ouvir a Presidente falando, senti náuseas por constatar duas realidades lastimáveis: um grupo que não sabe o que pede e o outro que não sabe o que faz. Boa parte dos cidadãos não percebe, mas os protestantes criticam o Governo e acabam fortalecendo-o. Se estamos falando em pré-sal, estamos falando que o Congresso apressará a votação de outros assuntos importantes, para atender a "demanda popular".

Fora isso, se vamos ampliar o investimento em saúde, educação etc., devemos lembrar que mais investimentos precisam de mais impostos. Ok, 100% de verba para a educação. Mas qual é o critério de investimento desse dinheiro? Os livros adotados pelo MEC (de história à física), por exemplo, têm que impor valores "éticos". Não importa se o livro de física é bom. Se ele tocar em ética (não me pergunte como), é passível de ser adotado.

Chegamos até o problema da saúde em que, numa atitude messiânica pífia, vamos contratar médicos do exterior! Ok... Para quê? Para pagar uma dívida petista com os companheiros cubanos, renegando os profissionais brasileiros que até sentem vontade de trabalhar no serviço público, mas sofrem com salários que nenhum estrangeiro aceitaria.

Acho que já chega! Estamos cometendo o mesmo equívoco de Hércules ao tentar matar a Hidra de Lerna. Na estória, o herói mitológico, a cada vez que corta uma cabeça do monstro, mais duas nascem. Acho que não tem sido diferente em cada manifesto que é feito no Brasil. Quando achávamos que o pronunciamento da Presidente seria vitorioso, a "Hidra" parecia mais forte do que nunca.

Sabem como Hércules a matou? Fazendo o que venho falando há tempos. Foi engolido, entrando no estômago do monstro, cortando-o no centro. Sempre que estudamos, progredimos intelectual e profissionalmente, evoluímos no ambiente à nossa volta, chegamos mais perto do "estômago" do "monstro" brasileiro.

Entender das leis, conversar com membros do Poder Público e até se tornar membro dele, é, de certa forma, ser "engolido" pelo sistema. Mas talvez seja a única forma de vencê-lo realmente.

Por João Pedro Gurgel


segunda-feira, 24 de junho de 2013

CRÔNICA

TRANSPORTE PARA A CONSCIÊNCIA

Sinceramente, alguns criticam as recentes mobilizações populares em nosso país. Mas temos que fazer uma análise mais crítica, que vá além das manifestações, e das posições contrárias às competições da FIFA em 2013 e 2014.

O Brasil, é inegável, conseguiu avançar um pouco em relação ao seu desenvolvimento social, democrático e econômico nos últimos anos. E isto não se deve apenas ao PT, como alguns tentam alardear. Mas deve-se também a algumas ações de FHC e também do PMDB, na época do movimento Diretas Já. Não existe o “Pai da Criança”.

Agora o “PHODA”, com PH mesmo, é ver o PT, antigo e distante Partido dos Trabalhadores, querer fazer o povo brasileiro de palhaço em relação às recentes manifestações. Continua a pregar a velha prática de falar uma mentira repetidas vezes, até que a mesma seja aceita como verdade. O que estou relatando não é uma crítica simplista, preconceituosa ou sectária, mas apenas uma observação real, dos fatos reais.

Mesmo diante do caos existente no modal de transporte utilizado no país, que levou a diversas manifestações Brasil afora, a direção nacional do Partido, que se dizia dos trabalhadores, tenta insistir subliminarmente, em nota publicada em seu site, que muito se avançou nos últimos dez anos.

Chegam a dizer que as manifestações são legítimas, e que comprovam os avanços democráticos nesta nação, querendo insinuar que isto é fruto das práticas espúrias antes por ele condenadas, e que na prática faz cair de medo o tucano mais emplumado que conheço.

É mais Cara de Pau ainda querer passar uma imagem de que o sistema de transporte no país melhorou graças às práticas “administrativas” petistas. Ao ler o trecho seguinte, percebe-se a CARA DE PAU em insistirem em nos fazer de palhaços: “Na área de mobilidade urbana, que agora catalisa manifestações em centenas de cidades, várias conquistas ocorreram em governos do PT, como o Bilhete Único, pelo Governo Marta em São Paulo, que resultou na redução de 30% no custo do sistema.”

Ver um partido, que se aproveita da falta de consciência política de um povo humilde, devido à falta de direito à educação de qualidade desde a colonização, e que por desconhecimento dos fatos, idolatra um nordestino em que se espelham pela origem, é dose! Lula é nordestino de nascimento, mas hoje é mais adepto ao capitalismo sulista que muitos de São Paulo que possuem origem judaica. Além de usarem a imagem do verdadeiro nordestino, que sabe o que é a seca, desemprego, falta de serviços básicos, e ter viver de favores públicos através de políticas paternalistas e populistas.


Ao fazerem essa nota os “companheiros” petistas ficam citando o exemplo de São Paulo, como boa prática de gestão e desenvolvimento do transporte público neste país. Uma grande falácia, que vai contra os discurso político eleitoreiro petista. Primeiro porque a Paulicéia desvairada, onde morei por dois anos, não é o centro do universo no país. E segundo porque foi na São Paulo hoje administrada por outro Fernando, o Hadad, o foco inicial, ao lado de Porto Alegre, nas recentes manifestações.

O Certo é que, ao longo destes dez anos, o PT contribuiu um pouco para que a nossa juventude, com o olhar dos veteranos com alma jovem, despertasse e percebesse que não existe verdade absoluta, e bandeiras vermelhas com estrelas também podem ser queimadas, já que em uma década não foi feito nada em termos de modernidade no transporte público deste país. Seja em São Paulo, ou em Garanhuns. Então as manifestações são na verdade o transporte para a consciência dos que letargicamente ainda dormiam em berço esplêndido.



Por Fernando Dantas
Jornalista e Advogado


domingo, 23 de junho de 2013

CRÔNICA

EU, NÓS, ELES


Do ponto de vista da legitimidade dos atos que estão ocorrendo no meio das ruas no Brasil atual, não há mais muita coisa a se discutir.
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Em meio à hipocrisia da imprensa, ao extremismo da classe A, defensora do fim do “vandalismo” dos manifestantes, e do silêncio quase absoluto das autoridades, algumas coisas me chamaram mais atenção do que as notícias para analfabetos que se veiculam nos meios de comunicação. O que me chama a atenção é a utilização dos pronomes pessoais.  O brasileiro adora o “eles” ao invés do “nós”.

Onde estão os corruptos do Brasil, aqueles (os eles) que fazem mal ao país? Quem são? Políticos? Juízes? Quem são os algozes do povo, que nada merece de ruim e é sofrido e feliz?

Gostei de ouvir na rádio Assembléia os discursos apoiando as manifestações do “povo”, que está cansado dessas pessoas (eles) que não utilizam bem o dinheiro público e estão com os dias contados, em face do cansaço do povo. Um político criticando os outros, o eterno “eles”, sem usar o “nós”.
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Lembro-me do que ocorreu após o lançamento do filme “Tropa de Elite”, que institucionalizou o inimigo nacional: o sistema. Essa pessoa, que não tem rosto e que é culpada dos erros do Brasil, é formada por quem? Antropomorfizar um ente que não podemos enfrentar ao vivo, pois ele é sórdido e inteligente (o sistema), é uma forma curiosa de ver as coisas.

De minha parte, não acredito no sistema, nem n’eles. Acredito em nós, para começo de conversa. O brasileiro inventará outro demônio para assolar sua vida, tal como as Igrejas Cristãs criaram, em tempos de medievo e Idade Moderna? Sim: o sistema, eles, os culpados sem rosto. Nós! Que pronome bonito! Nós somos parte de tudo que há de ruim.

A mea culpa do brasileiro seria um ato muito bonito de se ver, pois a polícia não recebe dez reais de propina para deixar passar uma multa, senão do homem direito e reto, o brasileiro honesto, que sempre é achacado por eles. “Eles” existem inicialmente por causa de um conjunto de “nós” que existimos por aqui. Nós fazemos parte disso tudo.

Pobre povo, tão consciente de tudo e não percebe que a troca de um pronome vai deixar a coisa mais correta. Quem quer melhorar os problemas do mundo, pode iniciar limpando sua calçada e não corrompendo agentes públicos.
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Sem o “nós” fica complicado para mim. Finalizo esse raciocínio para falar da evolução pronominal que devemos fazer. Sair do “eles” e entrar no “nós” é algo fundamental para as coisas terem um pouco mais de sentido. Só assim a evolução iria para o “eu”, palavra que não se usa quando é detectado um erro grande. A culpa do mundo, do país, do estado, do município ou do trânsito caótico, é minha também. Eu sou brasileiro e tenho culpa! É isso. Vou mudar minhas atitudes. 

Por Danilo Celedonio


Rui Martinho Rodrigues
Presidente da ACLJ
Síntese do texto de um aluno do Prof. Rui Martinho na UFC. Vale como depoimento de um dos jovens partícipes das manifestações de protesto que ocorrem no país. 

         

sábado, 22 de junho de 2013

OPINIÃO

OS DOIS PRINCIPAIS TEMAS SOBRE AS MANIFESTAÇÕES DE PROTESTO

Dois temas importantes surgem nesse momento das manifestações públicas de protesto no Brasil.

Primeiro, a clara divisão dos participantes das passeatas em três grupos distintos:

a) o dos manifestantes legítimos, que são a imensa maioria, integrada por estudantes de cara pintada, portando cartazes espirituosos, casais de namorados, comerciários, profissionais liberais, pessoas mais maduras, nostálgicas dos movimentos populares de sua juventude;

b) o dos vândalos e baderneiros, composto por uma “esmagadora minoria”, marcada por jovens maus resolvidos na vida, consumidores de drogas leves, geralmente pitboys musculosos;

c) o dos bandidos, composta por ladrões e traficantes,  que antagonizam a polícia na sua vida pessoal e aproveitam a oportunidade para confrontá-la, e para praticar roubos logo após as passeatas. Caracterizam-se pelo torso nu, e pelo uso de bonés, fazendo de máscaras as próprias camisas.

Segundo, a organização da pauta de reivindicações, que ainda está múltipla e difusa. Está circulando nas redes sociais a seguinte tabela, que indica prazos para cada providência.



Sobre o primeiro tema, quanto aos bandidos, dizemos que a polícia deveria doravante inverter o jogo, aproveitando a oportunidade das passeatas para encurralá-los e prendê-los em cardumes, usando de especial estratégia de "arrastão policial", atentando para as suas características e atitudes suspeitas, no momento da dispersão das marchas.

Quanto aos vândalos, reconhecendo que praticam crimes contra a paz social e o patrimônio, e lamentando os prejuízos que causam, admitir que eles têm uma função útil no contraponto ao autoritarismo estatal, quando reagem à imposição de roteiros e à proibição de acesso aos melhores logradouros para o protesto pacífico. Uma grande manada de ovelhinhas, balindo docemente e soando os chocalhinhos, enleva e comove, mas precisa de cães pastores para se impor à manha lupina  da nossa classe política.

Quanto ao tema das pautas, cremos que, objetivamente, bastaria cobrar a convocação imediata de uma constituinte, a ser presidida por uma comissão de notáveis brasileiros, absolutamente cabeça fria e ficha limpa, a fim de que se realize a necessária reforma política, revisando por inteiro a legislação eleitoral. Quem sabe, até passando ao sistema parlamentarista de governo, em que o povo tem muito mais controle sobre os governantes.         

Por Reginaldo Vasconcelos        

sexta-feira, 21 de junho de 2013

CRÔNICA

A MOSCA AZUL


Jovens protagonistas, radicais, desafiavam a tudo e a todos. Mostravam-se ferrenhos opositores do ancien régime, mas a névoa do tempo esgarçou seus ideais e, como num passe de mágica, eles aprenderam a ladinice de como usurpar os benefícios oriundos da sofrida República. Conciliados os interesses pessoais, embotou-se o passado que se dizia “de lutas”.

Sob as benesses palacianas, no entra e sai de governos, converteram-se em fiéis cortesãos dos poderosos. Não largaram o osso, as convicções sim! De bolchevistas passaram a bem-sucedidos homens de negócios. Com poucas exceções, muitos continuaram a honrar os seus princípios e ideais, e a lutar por eles.

As manifestações de agora expressam a indignação cidadã, um basta à violência, à corrupção e à impunidade. Ora, se os partidos políticos silenciam sobre tais pechas sociopolíticas, essas manifestações constituem um eloquente sinal democrático, fiador da força soberana e da liberdade moral da nação.


É importante que a defesa dessas posições afaste os infiltradores; ingenuidade seria não admitir os quintas-colunas que as toldam mediante vandalismo, danificando os patrimônios público e privado. Com efeito, é legítimo o protesto social, e à polícia cabe acompanhá-lo, a fim de conter os excessos.


Que a militância não vislumbre o propósito de tirar proveito da situação, levando-se por ambições pessoais desmedidas. Carlos Heitor Cony, em entrevista à Folha de São Paulo (16.09.12), mesmo sem foto para provar, relatou, com todas as letras, que “o próprio Lula desfilou numa daquelas marchas da família, em São Paulo”, “no pré-1964”, clamando pela intervenção militar no governo.


Ao contrário do que se diz, o poder não modifica, põe à mostra o recôndito do caráter de certas pessoas. Machado de Assis, no poema “A Mosca Azul”, bem o explica, pois narra a história de um carpinteiro que foi fascinado pelo inseto ao encontrá-lo por acaso. Tomado de soberba, perdeu a humildade e a simpatia e passou a julgar-se todo-poderoso. Possuído pela curiosidade, quis desvelar o enigma da “mosca azul”; após tê-la dissecado, viu tratar-se de inseto nojento e fétido.


Aliás, nem sempre as coisas são o que parecem; daí o contraponto com a essência da verdade. Por isso, aqueles tocados por sua beleza contagiam-se pelo vírus da fraqueza humana e perdem o senso crítico.

A inexistência da bela mosca também demonstra que o poder não é eterno. E mercê da internet, as fronteiras da democracia abrem-se à cidadania, a fim de que se coíba o mau uso do dinheiro público. Por isso, vem tirando o sono de muita gente no país tropical.
 
Por Paulo Maria de Aragão
Advogado e professor
Titular da Cadeirda
de nº 39 da ACLJ

CRÔNICA

AMANHÃ EU TAMBÉM VOU

Precisamos compreender que há um mundo que se desfaz em suas arrogâncias e certezas, há uma crise civilizatória de um modelo economicista e predatório que se esgota. Estas manifestações estão acontecendo no mundo todo, não é apenas no Brasil.

É como se maio de 68 fosse apenas um ensaio para o que vivemos hoje, sendo o que vivemos hoje no mundo mais significante e intenso, pois se trata da agonia de uma civilização, de um modelo violento e injusto.

Este é o momento de um PARTO. Não sabemos ainda quem é a criança e com quem se parece. O movimento dos indignados é contra tudo que "aí está" e acontece em todos os lugares: em nova Iorque, em Madrid, em Berlim, no Rio, em Atenas, no Cairo, em Fortaleza, em Ancara, em Teresina... Neste momento, não existem pautas e nem podem existir pautas. Existem esperanças que revigoram
o mundo e a humanidade.

As multidões podem produzir transformações para o bem e para o mal. Em todas estas transformações profundas, teremos o caos. Sempre foi assim em toda a história da humanidade. "Do caos à luz", já dizia Nietzsche. Poderíamos dizer que desta civilização apodrecida pode nascer uma flor de lótus (um novo processo).

Dizem que Buda Shakyamuni, certa vez, em silêncio, girou nos dedos uma flor de lótus, como "sermão", e apenas um dos seus discípulos, Mahakassyapa, percebeu o ensinamento. Sorriu e se iluminou. Ele compreendeu que aquela flor branca e puríssima vinha dos pântanos e do caos. Da mesma forma, no caos aparente é preciso compreender o novo, a luz que da nova ordem civilizatória se anuncia.

Talvez, estejamos vivendo um momento assim, e ainda não tenhamos a capacidade do discípulo de Buda para compreender e nos iluminar. O mundo como está é insustentável e insuportável.

Mesmo que estas manifestações, no Brasil, cessem amanhã, nada será como antes, e o processo continuará, pois o mal-estar é mais profundo e vai além dos discursos políticos tradicionais, de esquerda ou direita, que se uniram achando que "esquerda e direita unidas jamais serão vencidas". Serão sim!

Embora seja um texto antigo, recomendo a leitura do "Mal-estar da Civilização" de Freud. Faz tempo que este modelo de civilização vem apodrecendo... O que foi a primeira guerra mundial com os seus 50 milhões de mortos? Foi um sangradouro armado pelo capitalismo em defesa de seus privilégios.

A esperança é que pipoquem em todo o mundo mil e uma revoltas de indignados, se possível com canções, flores e poesia. Afinal de contas "Há algo de podre no reino da Dinamarca". (Hamlet, pela escrita de 
William Shakespeare). Achei bonito ver meus filhos e meus netos nas ruas. Amanhã eu também vou.

Como cada um pode se expressar livremente, vou levar um cartaz dizendo: PAREM DE MATAR ÍNDIOS - ESTE GENOCÍDIO JÁ DURA 500 ANOS.

 Por Rosemberg Cariry
             Cineasta e Jornalista  
       Cadeira de nº 27 da ACLJ