domingo, 30 de novembro de 2014

ARTIGO (RMR)

O PERFIL DO ELEITORADO
Rui Martinho Rodrigues*

Programas de governo ausentes ou tardiamente apresentado; alianças sem vinculação programática; defesa da manutenção e ampliação das políticas sociais; juras de defesa das empresas estatais foram comuns aos candidatos viáveis. Todos propunham uma campanha propositiva e respeitosa. Mas a semelhança levou à guerra.

O eleitorado apresentou-se diferenciado. Partidários da heterodoxia econômica colidem com a ortodoxia, definindo uma das linhas divisórias do eleitorado. Prevaleceu a heterodoxia: desenvolvimentismo e benefícios sociais “não precisam de sustentabilidade financeira”.

O populismo é simpático. Quem recebe um benefício não raciocina que aquilo tem um preço. O passe livre no transporte público é benefício imediato. Quem se transporta sem pagar diretamente, não percebe que paga sem saber o quanto, nem a quem. Mas fica satisfeito. Pensa que o ônus recairá sobre terceiros. É um espertalhão atrapalhado.

Crescer sem investimento, escolarizar sem aprendizado, consumir sem renda, contrair empréstimos e não pagar: eis a heterodoxia econômica. O pensamento mágico é o combustível do autoengano, explorado pelos publicitários e políticos. A sonegação de informações sobre o recrudescimento da pobreza (o IBGE foi proibido de divulgar o fato até que as eleições passassem), contabilidade criativa (eufemismo para fraude contábil) e a apresentação da preocupação com a sustentabilidade financeira como maldade imperaram nas campanhas e na percepção dos refratários à realidade. A obstinação equivocada é apresentada como inconformidade virtuosa e heroica.

Preservação ambiental e desenvolvimentismo definem outra linha de separação dos eleitores. Entre o desenvolvimentismo predatório e o preservacionismo paralisante pode-se identificar uma posição intermediária: os defensores do manejo racional e sustentável do ambiente.

O multiculturalismo diferencialista é o marco mais agressivo das fronteiras políticas. Negar o interativismo, prometer uma preservação de raízes culturais indiferente ao tempo e às interações entre culturas, satanizando as transformações culturais mútuas é o discurso raivoso neste campo. A exploração de ressentimentos e do “coitadismo” é grande apelo da exploração política.

A probidade administrativa também divide o eleitorado. Defender o erário contra o uso político do dinheiro público e o enriquecimento ilícito, para uns, é dever cívico e é honradez. Para outros é manifestação da moral burguesa.

A moral sexual e a defesa da vida do nascituro é o mais novo limite entre grupos políticos. Uns apresentam a moral tradicional como preconceito e como patologia psiquiátrica (fobia). Outros formulam juízo moral sobre condutas, expressando valores de tradições milenares, alegando que formulam conceito sobre algo conhecido, não cabendo a designação de pré-conceito.

O artifício de confundir juízo de valor com preconceito e com patologia psiquiátrica tem prevalecido.

Assim caminha o eleitorado.


*Rui Martinho Rodrigues
Professor – Advogado
Historiador - Cientista Político
Presidente da ACLJ
Titular de sua Cadeira de nº 10

CONTO (RV)

OS DOZE BOIS
Reginaldo Vasconcelos*



O velho fazendeiro ia morrer. Reprodutor “femeeiro” como seus melhores touros, tinha várias filhas, e um varão unicamente. Prostrado, chamou a mulher e a prole na camarinha do sobrado da família para recomendar que, uma vez morto, feita a partilha de seus bens, os doze bois erados da fazenda fossem reservados para que se lhe apurasse o valor, e com esse cabedal lhe fosse custeado o melhor túmulo, que se destacasse no cemitério da cidade.

Morreu, e o filho benjamim, único homem, levou no seu quinhão os doze bois, sob a promessa de que os venderia e com o resultado daria ao pai a campa digna. Nunca cumpriu, e o tempo passou. A mãe morreu também muito depois, e foi enterrada no jazigo modesto em que o marido já repousava eternamente, frustrado na sua manifestação de última vontade, por uma tumba mais pomposa. Suas irmãs casaram, e também floriram o mundo com uma maioria de rebentos femininos.

Por seu turno, herdando a tendência gâmica do pai, o filho  produziu um mar de anáguas, várias filhas zoadentas e valentes. E a seu tempo também ele envelheceu e fez a sua própria viagem para o Éden.

As filhas, de gênio ofídico, mandaram então dizer à tia, primogênita  do avô, a quem tocara a propriedade do dito túmulo da família, que pretendiam nele sepultar o seu pai junto ao pai dele, e que para tanto pretendiam enfim aplicar o valor daqueles doze bois na reforma e na melhoria do sepulcro. O valor de doze bois, em qualquer lugar do mundo e a qualquer tempo, seria suficiente para erguer um mausoléu maravilhoso, com efígies no melhor bronze, sobre mármore de Carrara.

Mas, para tanto, elas impunham a condição de que fossem exumados e removidos da modesta catacumba os restos mortais da negra velha que fora ama seca de sua tia e da segunda geração, de uma outra serviçal nascida ainda na Lei do Ventre Livre, e do factotum da casa, que também servira ao clã por toda à vida, e como as outras duas descera à mesma lousa fria dos patrões. 

Mas, àquela altura, a tia já tinha também as suas filhas, a mais nova delas advogada astuta e preparada, que evoluíra para elevado cargo público. Esta, indignada com a proposta, respondeu às primas que falava baixo e era delicada porque fora bem criada e tinha boa educação, mas que também sabia ser desbocada e violenta, pois lhe corria nas veias o mesmo sangue de cobra que pulsavam.

E que não precisava do dinheiro delas para dar ao avô um túmulo digno, pois às suas expensas o construiria, e nele continuaria inumada a criadagem mais querida. Enfim, que não lhes concederia a oportunidade de redimir o próprio pai. O pai delas iria permanecer com aquela mancha na memória da família, por ter enganado a mãe e as irmãs, e solapado os bíblicos doze bois do patriarca.  

*Reginaldo Vasconcelos
Advogado e Jornalista
Titular da Cadeira de nº 20 da ACLJ

sábado, 29 de novembro de 2014

TESE (VM)

TESE DO DR. JÂNIO PEREIRA DA CUNHA

INTERFERÊNCIAS JUDICIAIS NA ESFERA POLÍTICA, AO LUME DO SISTEMA DEMOCRÁTICO EM CURSO NO BRASIL 
Vianney Mesquita*

Todos amam o poder, mesmo não sabendo o que fazer com ele. (BENJAMIN DISRAELI. * Londres, 21.12.1804 – + 19.04.1881).


No dia 29 de agosto recém-transato (2014), sustentou relação de doutoramento na Universidade de Fortaleza – UNIFOR  e logrou aprovação laudatória  o Prof. Dr. Jânio Pereira da Cunha, mais um cratense a adentrar a aleia de mestres como Antônio Martins Filho, Huberto Cabral, Anchieta Esmeraldo Barreto e Humberto Barreto, entre tantos outros seus patrícios-preceptores, de nome e renome, transpostos aos lindes do Brasil, em inteligência e preparo.

Conceda-se, por merecido e também legítimo, o devido crédito ao seu orientador, o também jusconstitucionalista, Prof. Dr. Newton de Meneses Albuquerque, que o acolitou desde o projeto. Ele ajudou a alumiar os passos do mestre postulante ao título (agora doutor) até aportar a um volume de fausto inconteste na senda do Direito Constitucional, com extravasamento para outras searas do conhecimento – maiormente a Política – o qual alcançou 292 páginas de sabedoria e excepcionais preleções.

Jurisdição Constitucional e Supremo Tribunal Federal – a Judicialização da Política no Brasil à Luz da Teoria Moderna da Democracia – em título prolongado ao modo de algumas designações de peças universitárias – é um texto denso, profundo e bem acostado em literatura acreditada aqui e no Estrangeiro, receptáculo de ciência nova – conforme há de ser sempre uma tese de doutor.

Nessa investigação, o Prof. Dr. Jânio não permitiu, todavia, interferências de autores, por célebres e acreditados que o fossem, em seus conceitos e ideias desveladamente maquinadas no decurso de sua direção universitária, desde que admitido à Academia.

Preferiu, contudo, se remeter a especialistas cujas ideações coincidissem com as que sustenta, acatando, entretanto, conforme sobra reservado a um consulente de boa qualidade, versões temáticas semelhantes às interpretações por ele nutridas, bem como aquelas corretoras de rumos, porventura equivocados, da doutrina concebida, como a demonstrar uma espécie de amodernamento conceitual-semântico, ordinariamente solicitado à proporção do tempo demandado.

De tal maneira, pois, não se mostra subserviente ao estabelecido, tampouco mesureiro a padrões ratificados pelo liame da tradição e da prática, mesmo que estudiosos mais jovens (como se dá o caso), em constância, se aventurem heroicamente a defrontar ideias consagradas por enunciadores eméritos de todas as pátrias, também de há muito sancionados, mormente ao se considerar o fato de o escrito doutoral do Prof. Jânio Pereira Cunha ser vazado tendo por cobrimento assunto por demais interdisciplinar, consoante assinalado no segundo conjunto de ideias desta nossa jejuna opinião.

Distante de nos haver como entendido em assunto de tão recuada arguição, remetido à Antiguidade clássica – conforme o não somos em noventa e muitos por cento da sabedoria abrigada pela Humanidade – convém atinar para a batida, porém, verdadeira asserção de Sócrates – Só sei que nada sei; bem assim, impõe-se evocar a ligação conhecimento-insciência  divisado por Karl Raimund Popper, para quem somos [...] cegos convencidos de que saber e ignorância são vizinhos.

O trabalho do qual extraímos nota repousa no fato de o foro da Constituição atualmente representar ocorrência universal, máxime no circuito dos Estados do Ocidente, cujos entendimentos reverberam em alguns Entes estatais de outras geografias, como, exempli gratia, Japão, Austrália, Nova Zelândia, Angola e outros.

Convém exprimir, preambularmente, o fato de que o vocábulo Judicialização, de amplo emprego no jargão jusconstitucionalista da Academia, constitui neologismo não dicionarizado (ainda), e conota o tratamento, por parte do Poder Judiciário, de pontos relativos a vertentes não judiciais, isto é, um progresso, decerto indevido, de autoridade do Terceiro Poder em atuação na ambiência de vigor das outras duas entidades de poder montesquieuanas.

No terreno da Política, a ocorrente judicialização    diz o autor – significa a   exacerbação patente e larga do fenômeno de que cuida. Na intelecção lúcida do Prof. Dr. Cunha, a progressão do Terceiro Poder incidente sobre questões políticas, em prejuízo das alçadas peculiares às outras forças de comando estatal, solicita, porém, dificuldades de ordem teórica e – expressamos  também prática, haja vista a multiplicidade de pontos sem pacificação no vaivém de decisos  e recursos dos outros poderes  nas diversas cortes do País, procedentes de todas as hierarquias e chegando ao Guardião da Carta Maior.

Um poder que não recebeu, por meio de decisão censitária e popular  tampouco é responsável politicamente – pode se reservar à competência de controlar os atos, atividades e decisões do Executivo e do Legislativo, em particular do Parlamento?

A tese formula, pois, como escopo, a dúvida (e o Autor guarda a certeza de que não) sobre se a judicialização, isto é, a extrapolação dos inerentes cometimentos do Poder Judicial ao penetrar a seara da Autoridade Executiva e do Parlamento, tem ou não sereno lugar na teoria moderna de democracia, maiormente em se considerando a independência e harmonia entre os Poderes, como item petroso e inquebrantável da Constituição.

Para buscar sua verdade – a negativa da judicialização – o Prof. Dr. Jânio Pereira da Cunha percorreu detidamente, e ao curso de muito tempo, uma lista imensa de obras juscientíficas (doutrinárias, jurisprudenciais e jusconsuetudinárias), políticas e filosóficas, fichando-as em obediência à técnica de leitura recomendada para a elaboração de ensaios científicos, cotejando-as entre si e, paulatinamente, escrevendo as seções para, alfim, aportar aos resultados aí magnificamente enfeixados.

Seu proceder metodológico jungiu-se ao exame da literatura consumida e das achegas a esta procedidas, tanto sob o prisma dedutivo quanto sob o aspecto indutivo, porquanto, com suporte nas compreensões da ideia de democracia, extratou material prontificado a arrostar eventos judiciais atinentes à prática da judicialização. Desses casos, foram extraídas ideias acerca da atuação do foro constitucional, em particular, do Supremo Tribunal Federal.

Ao modo de fecho, exprime a pesquisa o fato de que a alçada extrapolativa do Terceiro Poder, com descanso na fluente Teoria Democrática, constitui instituto de teor contramajoritário e averso ao ideário imanente ao democratismo.

Ao complementar seus arrazoados coerentes, o Professor Cunha aponta, para arrostar esse problema, o controle parlamentar e popular das decisões políticas por parte do STF, porquanto, na ambiência democrática, a decisão terminante acerca do teor e das limitações da Insigne Carta é de senhorio do povo e de seus delegados, por sufrágio, na Casa dupla legislativa e no recesso do Poder Executivo.

A expectativa é de que a Tese Doutoral do Prof. Dr. Jânio Pereira da Cunha seja transmudada em livro, o qual será (não pode ocorrer diferente!) adotado pelos programas de pós-graduação em Direito Constitucional e ramos afins, no Brasil, em Portugal e demais nações lusofônicas – e até, quem sabe, indo além dessas estremas, pois conteúdo possui de sobejo e, além do mais, não é simpática à ideia de judicialização, corrente e aplicada inapropriadamente no Brasil.


*Vianney Mesquita 
 Docente da UFC 
Acadêmico Titular da Academia Cearense da Língua Portuguesa  
Acadêmico Emérito-titular da Academia Cearense de Literatura e Jornalismo 
Escritor e Jornalista

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

CRÔNICA (WI)

LÚCIO BRASILEIRO 
NO  ESPAÇO E NO TEMPO
Wilson Ibiapina*


As pessoas estão vivendo muito mais e melhor. Os idosos de hoje nem imitam os nossos avós, que aos 50 já se penduravam em bengalas. Os velhos de hoje trocaram os agasalhos por roupas esportivas, tênis e exercitam um cuidado especial com a saúde. É como diz Roberto Carlos na canção: “É preciso saber viver.”

O jornalista Francisco Newton Cavalcante, que desde 1955 assina colunas na imprensa cearense sob o pseudônimo de Lúcio Brasileiro, adotou agora, também, o apelido de Paco para bater pernas pela Europa. Há quem ache que ele sofre de nosomania. Paco, apenas se sente preocupado com a saúde. Em entrevista que deu a João Soares Neto, ele revela que cuida do ácido úrico, do coração e dos ossos, e afirma: “Se eu tiver qualquer doença, será injusto, pois me cuido até dormindo.” Leve, trêfego e saltitante, lá se vai ele Europa à fora, feito um jovem. Foi preciso um incidente, na França, para que caísse na real e, com amargura, se descobrisse um menino em folha por dentro, já que por fora..., bem ele mesmo conta:

Para evitar o taxi, que cobra 60 euros, tomei um trem em Nice, para baixar em Villefrance-Sur-Mer, que custa dois. Vagão superlotado, tive vontade de morrer, quando moça de uns 20 anos me concedeu o seu lugar e ficou de pé.

Quer dizer que exteriormente de nada adiantaram as caminhadas matinais, a bicicleta, a academia, a dieta do alho, carne vermelha só uma vez por semana e nenhum doce. Minha terceira idade era evidente. Em compensação, dias depois no hotel Don Toni de Ibiza, um cidadão inglês de nome Alex perguntou que idade eu tinha e respondi incontinente: 51. Parece bem menos, foi sua gaudiante afirmação.”

Hoje, ciente de que tem mais passado do que futuro, o setentão segue lépido, procurando viver cada momento, sem se importar com o que os outros achem dele.


*Wilson Ibiapina
Jornalista
Diretor da Sucursal do Sistema Verdes Mares de Comunicação
em Brasília - DF
Titular da Cadeira de nº 39 da ACLJ

terça-feira, 25 de novembro de 2014

RECENSÃO



PRESSÃO ARTERIAL EM MULHERES
Vianney Mesquita*

Sucede muitas vezes ser o coração de mulher santuário em que se cultua um ídolo de barro. (Severo Catalina del Amo. *Cuenca, 1832; + Madrid, 1871).


Alimento o costume de guardar manuscritos inéditos, mesmo que, quando idealizados, não tenham sido aprovados pela autojoeira exigente de então. Meses, anos, muitos exercícios temporais após, entretanto, deles procedo a releituras, reciclando-os e os atualizando, ao ponto de pensar em levá-los a lume, pois, agora, transitados e aceitos por um colegiado editorial particular, quiçá mais condescendente, diverso daquele crivo que os reprovou.

Ocorreu com as letras sequentes, produzidas em 2002, há mais de dois lustros, portanto, as quais pincei do meu etagère de guardados tipográficos e manuscritos, com o fito de socializá-las, levando-as a público por via dos mass media mais empregados na atualidade, como o livro de papel, por exemplo  que jamais desaparecerá, malgrado os fulgores cada vez mais luzidios da Informática e da rede mundial de computadores.

Reporto-me a notas compostas quando revisava, no ano há pouco mencionado, a rogo das autoras, a tese de doutoramento da Professora Doutora Zélia Maria de Sousa Araújo Santos, orientada pela minha estimada mestra, Professora Doutora Raimunda Magalhães da Silva, assinante natural da coautoria dessa investigação.

Cuido, pois, de Hipertensão arterial – Abordagem para Promoção do Cuidado Humano – peça transformada em livro, publicado pela Imprensa da Universidade de Fortaleza, em coedição com a Editora Brasil Tropical (2003), mercê dos elevados propósitos e da qualidade intrínseca do volume, transitado, preliminarmente, por eruditos vultos dessa Academia, que lhe consignaram a necessária caução a fim de a obra resultar editada – sem falar na aprovação, com a nota Suma, por parte da Banca Examinadora.

Expressava, então, a ideia de a ação professoral, nomeadamente na seara acadêmica, solicitar dos docentes, maiormente nas matérias de conteúdo pragmático, a feitura incessante de ensaios e investigações mais arraigadas sob o espectro científico, a fim de acompanhar o desenvolvimento do estado da arte dos ramos do saber por eles ocupados.

O investigador de boa crase, efetivamente, é o que intenta  revelar clareza do conhecimento sistematizado, experimentado no dia a dia rotineiro, no lugar de se isolar na repetição, simplesmente reprodutiva, dos conhecimentos da colheita de outros, até sendo discordantes, recorrentemente, no que concerne  aos casos mais aproximados da realidade onde milita o professor e operário da Ciência, pelo fato de haverem sido elaborados noutra contextura, não prontificados, ainda, ao emprego imediato.

Na ambiência da pós-láurea, dos elevados estudos de todo saber ordenado, esta indispensabilidade é mais solicitada, porquanto aos investigadores aí empossados é cometida a obrigação de se desonerarem dos pressupostos e exigências da Universidade, configurados no manutenimento e evolução universal de ciência, arte, tecnologia e demais ações humanas na seara antropológica, em matéria quanto em espírito.

Em certos esgalhos disciplinares – cujo encadeamento de conhecimentos revela-se mais intensivo, pelo fato de consubstanciarem hipóteses e ilações de certezas relativas oriundas de outros tratos da doutrina – o estímulo à oferta de respostas a indefinições e problemas de acontecimentos surgentes no cotidiano é bastante expedito, fato que deixa o pesquisador sempre acautelado ante a pletora de acontecimentos obsequiosos, ao talante de sua inteligência e discernimento.

Os ramos disciplinares que cobrem a Saúde e a Educação (esta jungida à primeira) conformam um grupo na classificação vigorante, na contextura do qual é totalmente indispensável essa vigia do vivaz operário da Ciência, a fim de explicar e vincular fatos fenomênicos de toda procedência, para, juntando uns aos demais, poder abduzir as variáveis indesejáveis e empregar seus consequentes à saúde e à boa qualidade de vida dos grupos humanos.

A Ciência e Arte da Enfermagem é um dos segmentos desse concurso de saberes parcialmente ordenados, e seu trabalhador  transitou por programa universitário de graduação, de modo que  dele se aguardam: a indispensável perseverança na formação em serviço de seu mister funcional; a subida por todas as escaleiras de caminho da Universidade, sempre na intenção de melhorar  e chegar à perfeição – a atenção àquele ser falto de boa saúde; pelejar  instando, também, para que outros assim procedam – pela conservação da saúde humana; transmitir teores científicos na Academia no mister de professor; atuar junto às comunidades feito orientador das iniciativas de cuidado com a saúde – curativa quanto preventiva; e muitas outras obrigações como cidadão e profissional nas mais diversas associações grupais, particularizando o grupo familiar.

A Educação em Saúde é o exato ajuntamento de dois conglomerados de conhecimentos, dotado de tenção de prontificar a pessoa humana para conservar a Saúde, tendo por veículo a Educação.

A consorciação dessas sistematizações e seu exercício surtiram efeitos não questionáveis na maximização da qualidade de vida humana, mormente porque os estudos dessa área são feitos no contorno acadêmico e nos programas de pós-graduação em senso estreito – cursos de mestrado e doutoramento – cujos resultados imediatamente são socializados, via extensão universitária e como partes de políticas públicas específicas.

A atividade artística e científica da Enfermagem, decerto, é a área mais atuante no campo da Educação em Saúde, porquanto o trabalhador enfermeiro, nas escolas ou na zona rural da pesquisa científica, bem assim pelo próprio trabalho de atenção à saúde desenvolvido, é o que executa a tarefa de maior monta da filosofia desse setor do cuidado, pois é da sua autoria a maioria dos ensaios compostos na Universidade, sempre sob a orientação dos melhores professores-investigadores.

Nessa ambiência, pois, é onde está situada esta obra elaborada a duas privilegiadas mentes e quatro mãos diligentes, por Zélia Santos e Raimundinha Magalhães, professoras dos programas de pós-graduação em Saúde Coletiva (antes, Educação em Saúde) da UNIFOR, assinantes de pesquisas diversas em livros e magazines científicos de fé brasileira e de acreditação internacional.

Essa união das pesquisadoras teve o escopo de acrescer a produção libraria especializada entre nós, concedendo por presente ao estudante e ao investigador o relatório de minuciosa busca procedida junto a mulheres com hiperpiese em ambiente de nosocômio da Capital do nosso Estado.

Levando na linha de conta a ideia de que a produção atinente aos níveis pressóricos maxialterados é ainda bem parca no Brasil – em relação a investigações para emprego na Educação em Saúde  o livro, assinado por duas grandes expressões da Enfermagem e da atividade magisterial neste País, supre uma lacuna até então provada no meio acadêmico de Fortaleza, considerando a multiplicidade de pontos por elas suscitados, expressos e resolvidos com o máximo rigor da metodologia, com detalhamento respeitante a aspectos  promotores da hipertensão arterial, a exemplo de sedentarismo, dislipidemia, estresse, sobrepeso, obesidade, ingestão de excessiva de café, drogadição ilícita e tabagismo.

Impende referir, ainda, que a rareza indicada há instantes é exarcebada quando se cuida de estudos de hiperpiese em clientela feminina, evento a reunir mais valor ao volume sob comento, do qual extraí a melhor impressão, em especial, neste momento (novembro de 2014), na qualidade de safenado desde 2005, máxime pelos pormenores de suas seções, detalhamento e conteúdo didático e científico do seu pujante teor, do qual pode se abeberar qualquer consulente de boa leitura, sem a necessidade de ser especialista.

Hipertensão Arterial – Abordagem para Promoção do Cuidado Humano veio para ser consultado, como espécie de vade-mecum acerca de graus pressóricos arteriais alterados, principalmente em mulheres.

Sem nenhuma dúvida, esse evento significa sucesso venturoso para a ação científica exercitada no Estado do Ceará, cujas escritoras são suas distintas delegadas naturais, desnecessária a nomeação, para gáudio da Universidade de Fortaleza, das academias locais, bem como de todo o Brasil.


*Vianney Mesquita 
 Docente da UFC 
Acadêmico Titular da Academia Cearense da Língua Portuguesa  
Acadêmico Emérito-titular da Academia Cearense de Literatura e Jornalismo 
Escritor e Jornalista

sábado, 22 de novembro de 2014

NOTA ACADÊMICA


SOLENIDADE DE POSSE NA ACLJ

No próximo dia 05 de dezembro o empresário Beto Studart tomará posse na dignidade de Membro Benemérito da ACLJ. A solenidade de posse será em auditório da Federação das Indústrias do Ceará - FIEC, da qual o homenageado é o atual Presidente, na Av. Barão de Studart, 1980, na Aldeota, às 19:30h.

Esse título, o mais elevado grau de distinção que concede o silogeu, é reservado aos contemporâneos das letras e das artes que tenham levado o nome do Ceará além-fronteiras, bem como aos que sejam instituidores ou mantenedores de entidades fundacionais, de vocação artístico-cultural ou educativa.

O novo acadêmico, o nosso décimo Benemérito,  empresário do ramo imobiliário, criou e mantém a Fundação Beto Studart de Incentivo ao Talento.

Na oportunidade, por proposição do acadêmico Fernando César Mesquita, a ACLJ outorgará a Medalha Governador Parsifal Barroso a Lúcio Brasileiro, profissional de imprensa que comemora neste ano o seu Jubileu Diamantino, pois está completando 60 anos de carreira. Lúcio Brasileiro é o jornalista mais antigo do mundo em atividade ininterrupta.

A medalha Governador Parsifal Barroso é uma comenda destinada aos grandes ícones da imprensa cearense, e o seu paraninfo, José Parsifal Barroso, foi jornalista, advogado, professor, deputado estadual, deputado federal, senador da República, ministro de Estado e governador do Ceará.

Durante a solenidade, logo após sua investidura pessoal na dignidade de Membro Benemérito, Beto Studart dará posse ao Membro Honorário Geraldo Gadelha .

Dr. Geraldo Gadelha de Lima Filho é administrador de Empresas e Advogado, Superintendente de Relações Institucionais do Grupo Pague Menos, Juiz Arbitral da Bolsa Brasileira de Mercadorias e Presidente da Associação Brasileira dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais – APIMEC – NORDESTE.



sexta-feira, 21 de novembro de 2014

MENSAGEM (ES)

AMOR ÉTNICO


Três povos foram convocados pela História para formar uma nova nação. Esta é a melhor leitura que se pode fazer da etnia brasileira”.       (Reginaldo Vasconcelos)


Minha irmã é negra. E eu amo isso
No dia da Consciência Negra do ano passado, Thiena Leandro pintou a metade do rosto de preto e fez um texto lindo para mim. Este ano, de manhã cedo, outra surpresa com uma mensagem que me fez lacrimejar.

E que venha o Dia da Consciência Negra de 2015... Ou sempre, pois, afinal, para nós sempre é dia de igualdade. 


Obrigada Senhor pela minha raça e pela minha cor. Eu amo nosso estilo black & white / café com leite.

Viva a cultura mais linda que existe!!.. E que no lugar de maus tratos, nas costas das pessoas só existam marcas de muito amor. 

Estefânia Studart*

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

NOTA ACADÊMICA (LM)

COLUNA DO VICENTE ALENCAR ED. Nº 737


  
ATENÇÃO! REUNIÃO, ESTA TARDE DA SCGH
Nesta segunda-feira, dia 17, novembro, reunião ordinária aberta aos professores, estudantes, geógrafos, historiadores, jornalistas, artistas, radialistas e o público em geral, da SOCIEDADE CEARENSE DE GEOGRAFIA E HISTÓRIA. Começará exatamente, às 16 horas.

CONFERENCISTA
O Conferencista de hoje à tarde, na SOCIEDADE CEARENSE DE GEOGRAFIA E HISTÓRIA, será o professor ANTÔNIO CARLOS FERNANDES. Ele falará sobre o Panorama Econômico do Ceará, nos últimos 30 anos, e sobre algumas dificuldades registradas. Um assunto de interesse de todos os cearenses.

SILVIO CARLOS APOIADO
É grande o apoio que vem sendo recebido pelo Jornalista Sílvio Carlos Vieira Lima, candidato a presidente do Fortaleza Esporte Clube, O Clube da Garotada. Criativo, engenhoso e conhecido por todos, além de temido pelos adversários. Ele conta com o apoio da Velha Guarda Tricolor, dos conservadores e dos amigos do clube. Sílvio tem tudo para receber a faixa de Presidente, em eleição, no próximo dia 01 de dezembro. É grandioso o seu prestígio junto aos sócios-torcedores do "Leão do Pici", e aos sócios proprietários.

BENEDITO FONTENELE
Esteve presente aos 15 anos da Terça-Feira em Prosa e Verso, em programação festiva, na Academia Cearense de Letras, no último dia 11 de novembro, o Procurador Federal Benedito Fontenele, que integra a colônia de Granja em Fortaleza, e é um dos grandes defensores da História daquele município e do nosso Estado.

COMBATE À AIDS
Será comemorado no próximo dia 01 de dezembro o Dia Mundial de Combate a AIDS, em todo o Brasil. Também naquela data, o Dia do Imigrante e o Dia do Casal, além do dia do Relojoeiro.

50 ANOS DO SERPRO
Não tomei conhecimento ainda  não sei se haverá programação alusiva à data de nenhuma informação a respeito, mas, no dia 01 de dezembro, o SERPRO - Serviço Federal de Processamento de Dados, que em Fortaleza funciona no cruzamento da Av. Pontes Vieira com Av. Rui Barbosa, completará 50 anos de atividades. Foi criado em 1964. 

NATAL DA PORTUGUESA
A Academia Cearense da Língua Portuguesa já definiu a data de sua festa de Natal. Acontecerá no dia 10 de dezembro. O presidente da entidade, nosso confrade Sebastião Valdemir Mourão, coordenará a reunião festiva, a partir das 19 horas naquele dia, tendo como local o Ideal Clube.

ALANE - CONFRATERNIZAÇÃO
A Festa Natalina da Academia de Letras e Artes do Nordeste - ALANE, com a presença do presidente sainte Carlos Augusto Viana e do presidente entrante Francisco Nóbrega, será realizada no Ideal Clube, no próximo  dia 16 de novembro, a partir das 19 horas. Será antecipada de dezembro, em três dias, para fugir à concorrência. José Telles, ao lado dos dois presidentes, trata dos detalhes do evento.

AUDIÊNCIA INTERNACIONAL
Dois comunicados internacionais conferindo audiência do PROGRAMA VICENTE ALENCAR - EDUCAÇÃO, CULTURA E ESPORTE, das 22 às 23 horas, pela Rádio Assunção Cearense AM - 620, nas noites em que não se transmite futebol. São ouvintes, entre outros, fora do Brasil, via internet: Sara Morais, em Lisboa, e Marcos Silva, em Dallas, EUA. A Rádio Assunção pode ser ouvida pela internet, neste endereço:

SERIDIÃO NA ALMECE
O escritor Seridião Montenegro, meu colega na Academia Fortalezense de Letras, será empossado dia 29 de novembro, em solenidade às 15 horas, na sede da Academia Cearense de Letras (Rua do Rosário, 1), como novo membro da ALMECE - Academia de Letras dos Municípios do Estado do Ceará. Ocupará a cadeira de número 81, representando o município do Crato.

VITÓRIA DE BATISTA DE LIMA
O professor e escritor Batista de Lima, um dos nomes de destaque da Academia Cearense da Língua Portuguesa, de que já foi  presidente, foi um dos três ganhadores do PREMIO OSMUNDO PONTES este ano. Ele foi reconhecido com o seu livro CONCERTOS PARA ESPANTOS, que será publicado em breve.

RECEBENDO ORIGINAIS
A Presidente de Honra da AJEB, escritora Giselda Merdeiros, que edita o livro (coletânea) POLICROMIAS, daquele organismo cultural, aguarda até o final deste mês de novembro os originais dos escritores e poetas cearenses que desejarem participar da edição de 2015. Os interessados entrem em contacto com ela, o mais breve possível.

SEGUNDA-FEIRA, 17 DE NOVEMBRO DE 2014
FORTALEZA - CEARÁ - BRASIL

* Vicente Alencar
Presidente da União Brasileira de Trovadores - UBT Fortaleza.
1º Vice-Presidente da ALMECE - Academia de Letras dos Municípios do Estado do Ceará.
Secretário Geral da Academia Fortalezense de Letras
 Titular da Cadeira nº 27 da Academia Cearense de Literatura e Jornalismo

ARTIGO(PMA)

FUTEBOL JÁ FOI ARTE E BELEZA 

Paulo Maria de Aragão*

Um espetáculo deprimente tem sido o desenrolar dos jogos do campeonato brasileiro nos campos, marcados pela violência e lances dolosos, corroborados por árbitros apáticos e omissos. Assim, impera o lema “do pescoço para baixo tudo é canela”, além de outros “besteiróis” estimuladores do uso dos maus costumes.

Dentro e fora das praças esportivas, a violência acentua-se com a ação bestial das torcidas organizadas. Não mais se pode manifestar a paixão clubística em face do fanatismo imbecil. Na realização de um clássico, já se teme a barbárie - truculentos não se sabe se humanos ou bichos - fazem uso de porretes, armas brancas e de fogo. São estúpidos. E o que esperar do portador de uma bomba explosiva num jogo em que se concentram milhares de pessoas, inclusive crianças?

Nesse medonho teatro, o futebol é transformado em espetáculo de violência e vandalismo, contribuindo a impunidade, o horário das partidas, a precária mobilidade urbana, campeonatos de baixo nível e a inadequada segurança pública. Líderes de torcidas chegam ao requinte de anunciar os locais prévios das rixas pelas redes sociais, geralmente nas rotas dos estádios. Não há paz dentro ou fora dos estádios; em razão disso, as famílias deles se afastam.

Esse comportamento tem desencantado o futebol, outrora arte, cadência, entusiasmo e beleza. Hoje, perde o enlevo pelos shows de cotoveladas, pontapés, socos, cusparadas e outras agressões. Converte-se a arena num palco para extravasamento de complexos e frustrações. A agressividade e o baixo nível educacional manifestam-se na linguagem chula e rasteira.

A violência vai, desse modo, se banalizando. Torcedores e jogadores, cada um no seu espaço, agem com ferocidade. Esses últimos, a princípio, mutilam-se ou ficam inválidos, vítimas dos próprios “colegas de profissão” que confundem, na santa ignorância, vigor físico com selvageria. 

No entanto, certas condutas delituosas se resumem em meras expulsões. Após um lance “normal”, o jogador agredido pode até sofrer uma lesão cervical, ser levado ao estado de coma ou ir a óbito. Em tais casos, a lei processual não é indiferente: “Qualquer do povo poderá e as autoridades policiais e seus agentes deverão prender quem quer que seja encontrado em flagrante delito”. Vale dizer que, em situações como essas, nada impede que se prenda o infrator, sendo certo que a medida provocaria no público a impressão mais eficiente de disciplina no futebol.

A finalidade primacial do jogo é o gol, jamais prostrar o adversário. O nosso esmaeceu ante a derrocada na Copa, politicagem na CBF e com os grandes clubes à beira da falência.No contexto, é incompreensível que se vendam jogadores para o exteriorpor milhões de dólares, paguem-se salários milionários a técnicos (professores), e, ao mesmo tempo, se devam milhões em tributos ao governo.


Em tempos passados, jogador suava a camisa, zagueiro estufava o peito e fazia o adversário tremer nas bases. Ir aos estádios não se limitava a assistir a clássicos regionais, mas também significava delirar com o festival de dribles desconcertantes, fintas, chapéus e toques rápidos e voleios, gols de bicicleta que deixavam estonteado o goleiro. Quanto ao atual futebol, algures se ouvia: mais frio que uma geladeira e mais implacável que uma máquina trituradora.


(*) Paulo Maria de Aragão 
Advogado e professor 
Membro do Conselho Estadual da OAB-CE
Titular da Cadeira nº 37 da ACLJ