quinta-feira, 22 de setembro de 2022

ARTIGO - O Legado Político da princesa Diana (LA)

 O LEGADO POLÍTICO
DA PRINCESA DIANA
Luciara de Aragão*

  

Neste momento de partida da rainha Elizabeth II, sucedida pelo filho, ecologista daqueles que desejam a Amazônia internacionalizada, o polêmico e ainda impopular Charles III, apesar dos investimentos de sua assessoria de Relações Públicas, cabe uma reflexão sobre Diana, a inesquecível Princesa de Gales. 

A partir mesmo da observação de que a riqueza, o glamour, as possibilidades de consumo da Princesa de Gales contrastavam com o seu desejo íntimo de atuação política e pessoal. Suas potencialidades não foram notadas como significativas pelo governo centralizante da Grã-Bretanha, na década de 1980 e início dos anos 90. No final do Século XX a crise política, expressa na globalização da economia, evoluiu do declínio dos partidos com base em classe, ou ideologias com base na transformação “de homens e mulheres em cidadãos politicamente ativos” (Hobsbawn). A identificação coletiva desses cidadãos com os seus países passou a ser feita mais facilmente por meio de equipes esportivas, figuras e símbolos não políticos, do que pelas instituições estatais. Ainda, as tendências governamentais de evasão dos processos eleitorais aumentaram a função política e o poder da mídia. Dentro deste fenômeno recente, insere-se a figura da Princesa de Gales. 

O problema da marginalização proletária urbana desempregada foi um dos pontos da ação denunciatória da Princesa. Visitando os slum, manifestando a sua condenação às condições de vida dos excluídos, contribuiu para a intensificação de projetos governamentais e propostas de combate e redução da pobreza, influenciando o Primeiro Ministro britânico John Major, político conservador e sucessor de Margareth Thatcher (1990-1997) (Programa Para o Fim da Pobreza do Neoliberal John Major) pois, então, já eram visíveis os sinais de baixo efeito redistributivo do Estado do bem-estar, em grau cada vez menor. 

Favorável a uma melhor distribuição social da riqueza, o alcance do seu trabalho junto à Cruz Vermelha e à obra de Madre Tereza de Calcutá foi reconhecido de imediato, com as doações para a criação de um Fundo de Benemerência. Com capacidade de influir no processo de mudança, mas, com a ação política pelas próprias limitações legais, impostas ao papel da realeza, mesmo após lhe ter sido dada a punição com a perda de algumas prerrogativas (como o título de Sua Alteza Real), Diana continuou a bater-se, vigorosamente, pelo seu ideário em favor dos menos favorecidos. 

A Princesa teve, a partir daí, uma visão de futuro. Sua vocação foi, certamente, derivada do que hoje começa a se reconhecer como uma visão progressista e antecipatória de problemas e soluções sociais. Ação decorrente de como ela via o seu futuro e, de como viria a influir no papel de mãe do futuro rei William, ou, ainda, como se dissesse: “Vejam que papel de rainha eu poderia desempenhar e a Inglaterra está perdendo”. Hoje, certamente, estas reflexões não estão ausentes, sobre como uma contribuição desta natureza melhoraria a visão sobre o espirito de serviço e o papel da monarquia. 

Perdida esta alternativa de possibilidade pelos súditos, inclusive pelos neoliberais, Diana deixou um legado já aceito, publicamente, como contribuição positiva pelo gabinete trabalhista de Tony Blair. Partiu do seu gabinete lembrar a rainha Elizabeth da chamada “semana perigosa”, quando ela, de fato, não desejava prestar homenagens à princesa e reconhecer o preito de saudade que, espontaneamente, lhe rendia o povo do Reino Unido.  Suas principais ações, sempre lembradas, deram nome a um projeto de homenagens a jovens entre 9 e 25 anos, envolvidos com projetos humanitários ao redor do mundo. É o Diana Awards, colocando os jovens no “centro do futuro”, como quer seu filho, o príncipe Harry. 

Sua campanha pelo fim das minas terrestres provocou debates e admiração no Reino-Unido quando, em visita a Angola, caminhou por um campo que acabara de ser desminado, como parte de uma campanha para tornar ilegal o uso de minas terrestres ao redor do mundo levada a todos pela Cruz Vermelha Internacional. Com visitas de apoio a Angola e Bósnia. 

A recém-conferência de Oslo, sobre Condições de Uso, produção e Estocagem de Minas, reconheceu o seu trabalho, homenageando-a com um minuto de silêncio. A campanha promovida por Diana, apoiada pelo Partido Trabalhista, na oposição era contrária à do Partido Conservador, mantendo a posição de que a Grã-Bretanha só deveria adotar uma posição contrária à colocação de minas nos territórios em conflito quando houvesse um consenso entre os outros governos para que elas fossem proibidas. 

A visita da Princesa chamou a atenção do mundo para os males causados pelas minas e o imenso sofrimento humano resultante. Um ano depois, a ONU aprovou uma proibição internacional ao uso das minas terrestres. Apoiando à ação de sua mãe, o príncipe Harry defende a continuidade da desminagem em Angola, refazendo todo o trajeto feito por ela. 

No plano externo, a condenação explícita à política de armamento na África Sul, leva o Presidente Mandela a considerá-la “a maior embaixadora que a Grã-Bretanha já teve”. Sensível ao alargamento do fosso entre os países ricos e pobres do mundo levantou bandeiras em favor dos desabrigados (frutos da pressão da competição salarial global); contra as causas da prostituição, chamando a atenção da Corte Inglesa para os problemas do homem comum. Com o seu modo atuante de ser, pensar, agir, deixou em aberto, para o povo inglês, a discussão política sobre as possiblidades de mudança das posições distanciadas da família real, da validade da monarquia e da continuação monárquica com o então príncipe Charles como rei. 

A sua obra assistencial vastíssima em favor dos aidéticos, cancerosos, idosos, mutilados, desabrigados, principalmente crianças carentes e abandonadas que ela visitava, escutava e prestava ajuda, indo desde o carinho demonstrado em suas visitas até a ajuda material prestada. O legado dessa figura pública, marcante e carismática, limita-se para alguns, aos romances, à beleza e elegância distintas. Para outros, o haver conferido popularidade à monarquia que, por sua vez, a criticava por não ser uma aristocrata perfeita. 

Sem dúvida, ela sempre quis ser mais do que uma simples figura decorativa, verdade expressa na estátua em sua honra, (01-07-22), quando faria 60 anos, é homenagem dos dois filhos, William, hoje príncipe de Gales e Harry, o duque de Sussex. Aberta à visitação pública, nos jardins do Palácio de Kensington de autoria do escultor Ian Rank- Broadley, está fundida no processo de cera fundida revestida de pátina verde azulado sobre preto, pela Castle Arts Foundry – a Princesa está com três crianças, representando a universalidade e o impacto de seu trabalho nas gerações que virão, tem a proposta de capturar um pouco do seu calor e humanidade. Com sensibilidade, o local escolhido nos jardins foi o redesenhado The Sunken Garden, o seu preferido.  Numa pedra, em frente à estátua da princesa, está gravado o trecho de um poema intitulado The Measure of a Man, de Albert Schweitzer: “...Estas são as unidades para medir o valor / Desta mulher como uma mulher independentemente do seu nascimento. / Não qual era a posição dela? / Mas, ela tinha um coração? / Como ela desempenhou seu papel dado por Deus?”. 

Em Paris, onde faleceu, ainda se reverencia a memória da princesa, diante da Flama da Liberdade, monumento erguido em sua homenagem, acima da Ponte d’Alma (31 de agosto de 1997).  Adotado pelos admiradores, turistas de todos os países, e pelos nacionais, como um lugar de peregrinação, ali, sempre há flores, bilhetes e velas, todos demonstrativos do afeto popular pela princesa do povo. 

Analisado o conjunto da sua obra, a partir das próprias críticas de alguns políticos ingleses sobre intrometer-se em “assuntos privativos dos políticos”, conclui-se que assiste razão à resposta da Princesa: “Não sou uma figura política, sou um ser humano e sempre serei”. A Princesa de Gales, com o seu comportamento, deu um tom humanístico à política interna e externa da Grã-Bretanha. Ela foi de fato a “Rosa da Inglaterra” (Goodbye England’s Rose – Elton John) que floresceu para o mundo.

sexta-feira, 16 de setembro de 2022

NOTA SOCIAL - Embaixada da Cachaça Recebe Ednardo e Ibiapina

 EMBAIXADA
DA CACHAÇA
EM DIA
DE GRANDE
 
RECEBE
 
EDNARDO E IPIAPINA

 

Na noite desta quinta-feira compareceram à Embaixada da Cachaça o cantor compositor cearense Ednardo, artista nacionalmente consagrado, e o jornalista Wilson Ibiapina, conterrâneo residente em Brasília, membro titular da ACLJ. 

Assim como Ednardo, Ibiapina fez parte do grupo que protagonizou o ciclo dourado das artes no Estado, que teve início no festival Massafeira Livre, do final dos anos 60 e início dos 70 até hoje.

 

Formaram mesa animada o empresário Rodrigo Levy, o Ednardo, o Wilson Ibiapina, seu irmão Wildon Ibiapina com sua mulher Nair, e o desembargador Zezé Câmara. Altino Farias e Adail Santos também posaram para a foto (de pé).

 

Na outra imagem, Ednardo dá uma canja ao violão do músico Robston Medeiros, cantor contratado da casa para fazer a decoração musical do ambiente às quintas-feiras.  

ARTIGO - Conhecimento, Paixão e Popularização - Parte V

CONHECIMENTO, PAIXÃO
E POLARIZAÇÃO
PARTE V
Rui Martinho Rodrigues*  


A incomunicabilidade dos paradigmas e a imunização cognitiva são antípodas do ecletismo, que é a justaposição de teorias distintas por força de uma escolha seletiva de contribuições teóricas (Antônio Houaiss, 1915 – 1999). 

O sincretismo, mais que o ecletismo, também é entendido como antítese do viés de confirmação próprio da inacessibilidade mútua das tradições teóricas e metodológicas adversas. Originariamente sincretismo referia-se a união dos cretenses contra um inimigo comum, uma coalisão com diferentes integrantes. Modernamente passou a designar doutrinas que misturam teses sem um critério de seleção (Filosofia do Ferrater Mora, 1912 – 1921). 

Antíteses, sem que precisemos aderir a G. W. F. Hegel (1770 – 1831), podem originar sínteses, embora nem sempre isentas de contradições e paralogismos. O ecletismo que acomoda posições inconciliáveis, portanto mais próximo do sincretismo, é uma forte tendência no pensamento pós-moderno. 

A síntese de teses imiscíveis pode ocultar o predomínio de umas delas, ainda que invoque a outra como arrimo. Assim, o que temos é a incomunicabilidade dos paradigmas oculta sob o manto do ecletismo, como forma de conquista da hegemonia ideológica por uma linha de pensamento. O controle hegemônico é uma forma de ortodoxia, o que vale dizer, de intolerância. 

Os meios teológicos facilmente caem na tentação da ortodoxia, classificando como heresia o pensamento divergente. Isso pode ser um instrumento útil ao pensamento secular voltado para a justificação da conquista do poder ou para a manutenção ou expansão da dominação, atitude que caracteriza uma certa concepção de ideologia. 

O pensamento político é permeado por tradições míticas e místicas (Raoul Girardet, 1917 – 2013) na obra Mitos e mitologias políticas. As táticas usadas pelo proselitismo e as limitações dos estudiosos do campo secular em relação ao conhecimento teológico, se somam às lacunas de alguns teólogos quanto aos saberes seculares e até no seu próprio campo, ensejando o sincretismo, não a expressão da revelação nem do rigor metódico dos bons estudos seculares. 

As chamadas religiões do livro, a exemplo do judaísmo, cristianismo e islã, têm como fundamento livros havidos como revelados, cujos conteúdos tratam das relações entre Deus e os homens (verticais), de uma cosmogonia e uma orientação codificada das relações horizontais (entre os homens). As teologias das citadas tradições religiosas diferem do pensamento filosófico e do científico por terem como premissa a revelação, embora daí por diante, adotem o mesmo rigor metódico da Filosofia e da ciência. 

A mistura heterogênea de significados atribuídos a uma mesma palavra é um dos problemas do sincretismo especialmente no uso das palavras igualdade, solidariedade e justiça. Este último vocábulo, mormente quando invocado como Direito Natural, causa muita confusão. 

Desigualdade, no discurso secular de índole libertária, tem conotação de injustiça (J. D’Assunção Barros, 1957 – vivo), na obra Igualdade e diferença. A concepção material e paritária ou igualdade na linha de chegada, nomeada como igualdade de resultados, é a base da conotação de injusto no diferente. Abriga a presunção de exigir prestações positivas como crédito contra o Estado (Carlos Simões, na obra Teoria & Crítica dos Direitos Sociais). 

Igualdade jurídica é o direito de agir, não de exigir de terceiros. Trata dos direitos negativos, que condenam a imposição de obstáculos a ação dos cidadãos. São os direitos civis e políticos ou direitos da liberdade. 

Já o direito de exigir tem produzido a indiferenciação entre direitos e desejos, inclusive direito de ser, com exigibilidade contra terceiros. Estes são os chamados direitos sociais. O direito de ser enfrenta obstáculos materiais intransponíveis. A exigência de prestações positivas dirigidas contra o Estado encontra obstáculo na reserva do possível. 

O cristianismo não guarda relação com a indiferenciação entre desejos e o direito de ser. Não trata do direito de exigir. A solidariedade cristã não é um título de crédito contra o Estado, mas uma orientação e uma obra meritória que não pode ser terceirizada transferindo o ônus para uma personalidade jurídica de direito público, recaindo sobre terceiros que pagam impostos. 

O cristianismo não tem uma política secular, pois diz: "a Cesar o que é de Cesar e a Deus o que é de Deus" (Mateus 22; 15 – 21). Apresentar as próprias cogitações como o que para os cristãos é revelação é fruto de paixão, interesse e causa polarização. Apresentar a vontade de potência, criando uma ordem social em que as pessoas sejam dependentes dos herdeiros dos reis filósofos de Platão encarregados de dirigir tudo, também é fruto de paixão, interesses e causa polarização.




terça-feira, 13 de setembro de 2022

RESENHA - Reunião Virtual da ACLJ (12.09.2022)

  REUNIÃO VIRTUAL DA ACLJ
   (12.09.2022)





PARTICIPANTES

Estiveram reunidos na conferência virtual desta segunda-feira, que teve duração de uma hora, nove acadêmicos e um convidado especial, o advogado Betoven Oliveira, que se recupera de uma fratura em uma das pernas e não se pode ainda sentar, e por isso participa reclinado.

Os demais foram o Jornalista e Advogado Reginaldo Vasconcelos, o Marchand e Publicitário Sávio Queiroz Costa, o Poeta Paulo Ximenes, o Agente Comercial Internacional Dennis Clark (Maringá-PR), o ex-Juiz de Direito, Advogado e Professor Aluísio Gurgel do Amaral Júnior, o Engenheiro e Empresário Maurílio Vasconcelos (Porto Velho-RO), o Professor, Médico e Latinista Pedro Bezerra de Araújo, o Especialista em Câmbio e Comércio Exterior Stenio Pimentel (Rio de Janeiro-RJ), e o Advogado Sionista Adriano Vasconcelos, que participou em trânsito, indo fazer uma visita hospitalar e voltando, sempre conectado na reunião.

Por irreverência do confrade Sávio Costa, que participou diretamente da Tenda Árabe e lá fez um flagrante, entrou rapidamente na reunião  a Dra. Thiena Vasconcelos, odontóloga filha de Reginaldo, em um take desautorizado, enquanto ela relaxava utilizando o celular. 

Aluízio Gurgel apresentou a obra de estreia do seu filho,  o Advogado e Jurista Alan Gurgel do Amaral, um livro jurídico sobre responsabilidade civil, que em data a definir será lançado pela ACLJ.  

TEMAS ABORDADOS

Na reunião virtual da ACLJ desta segunda-feira tratou-se longamente sobre as eleições do dia 02 de outubro próximo, assunto dominante em qualquer ambiente social neste momento.

A propósito das eleições,  Aluísio lembrou de quando liderou todos os Juízes Eleitorais em Fortaleza, trabalhando entre coronéis da Polícia e do Exército, com os quais dividia a responsabilidade sobre a segurança do certame. 

Na sequência Reginaldo discorreu sobre o necessário adiamento do Tributo a Augusto Pontes, marcado inicialmente para o próximo dia 17 de setembro, entretanto adiado para data azada posterior às eleições.

Em seguida Maurílio, empresário do ramo de engenharia, relatou o projeto de revitalização da cidade de Candeias do Jamari, em Rondônia, transformada em urbe modelo, iniciativa administrativa revolucionária em que sua empresa atua, em convênio com a Prefeitura Municipal. 

No final, Pedro Araújo recitou um poema de sua autoria, intitulado "Contemplação", que abaixo reproduzimos.

CONTEMPLAÇÃO
 
Olhar as estrelas,
Mirar os céus,
Que posso dizer,
Se me quedo a cismar?
 
Uma estrela cintilante
No céu doideja, ardente
Dança meu olhar
No coração letante.
 
Estrelas gêmeas!
Dentro de mim,
Rutilam frementes.
 
Olho humano não há,
Não, não há que não contemple
Delícias do coração.

 DEDICATÓRIA

A reunião desta segunda-feira, dia 12 de setembro de 2022, por aclamação do grupo virtualmente reunido, foi dedicada à memória de Sua Majestade Real e Imperial Elizabeth Alexandra Mary, chefe da Casa de Windsor e Rainha do Reino Unido e soberana dos demais Reinos da Commonwealth, cognominada Elizabete II, A Rainha Mãe, falecida neste dia 08 de setembro, aos 96 anos de idade, logo após felicitar o Brasil pelos 200 anos da Proclamação da Independência, em mensagem dirigida ao Presidente Jair Bolsonaro.  





   

segunda-feira, 12 de setembro de 2022

NOTA ACADÊMICA - Tributo a Augusto Pontes

TRIBUTO
A
AUGUSTO PONTES

 

De tempos em tempos surge no Ceará uma figura excêntrica que se populariza por sua excepcional inteligência, e que passa como um cometa marcando para sempre o nosso firmamento cultural.

Ainda em meados do Século XIX surgiu em Fortaleza a figura excêntrica de Manoel Cavalcante Rocha, que se popularizou como Manezinho do Bispo, por ser residente e funcionário do palácio episcopal. 

De poucos estudos, entretanto um apaixonado pelas letras, criador de frases filosóficas de cunho social ("Bacharel pobre que casa com moça pobre dá um tiro com a pistola do passado nos miolos do futuro"), que produzia e registrava poemas ingênuos, sem obedecer a norma culta – até porque não a dominava  antecipando-se ao que se faz hoje com os chamados "versos livres", ou "versos brancos", ou "versos soltos". Pena que sua obra burlesca tenha sido descartada por ele mesmo, a mando de Sua Exa. Reverendíssima o Bispo Dom Joaquim.

Já no princípio do Século XX apareceram dois outros intelectuais excêntricos no cenário literário da Cidade. Raimundo Ramos de Paula Filho, o Ramos Cotoco, assim agnominado por ter nascido sem um dos antebraços – poeta, compositor musical, artista plástico – hoje nome de rua em Fortaleza. 

No mesmo período Fortaleza conheceu Raimundo Varão, um tipo excêntrico e um vate inspiradíssimo, polidáctilo (tinha seis dedos em cada mão), e tinha como animal de estimação um enorme sapo. Foi descrito pelo imortal da Academia Cearense de Letras Otacílio de Azevedo, pai do Nirez e do Sânzio de Azevedo, que o conheceu de perto. 

Já nos anos 30 tivemos o advogado, poeta, escritor e político Quintino Cunha, natural de Itapajé, que dá nome a um dos bairros de Fortaleza. Orador exímio e de estilo irreverente, alimentou o anedotário da cidade, portanto foi o precursor do notório gênio satírico cearense.      

O mais recente desses fenômenos foi o filósofo e boêmio Francisco Augusto Pontes (1935-2009), mentor da safra de jovens compositores cearenses dos anos 70 do século passado, o chamado "Pessoal do Ceará", que demandaram ao Sudeste e brilharam no cenário artístico nacional. 

Compõem esse rosário de menestréis e rapsodos que compuseram o fundo musical daquele período glorioso para as artes cearenses – a partir do festival Massafeira Livre (Teatro José de Alencar, entre 1978 e 1980) – os compositores Ednardo, Fagner, Belchior, Rodger Rogério, Téti, Fausto Nilo, Ricardo Bezerra, Brandão, Petrúcio Maia, dentre outros. 

A alguns deles Augusto Pontes emprestou textos ou frases para as letras de suas canções – além de estímulo e inspiração, obstinado que era pela produção de arte que fosse autêntica e inovadora. 

Notívago inveterado, onipresente nas mesas boêmias de Fortaleza, ele aparecia nas rodas noturnas da Praça do Ferreira, levantando suas teses de filosofia aplicada, assim também nos bares frequentados por músicos e poetas, os points culturais daquela época. 

Foi organizado por Ricardo Bezerra um livro composto por textos dos que conviveram com Augusto Pontes, lançado em maio deste ano, intitulado "O Amigo Genial".

Logo depois foram homenageados Ednardo, Fagner, Fausto Nilo e Blechior (in memoriam) pela ACLJ, e em seguida, os acadêmicos Wilson Ibiapina e Ulysses Gaspar propuseram um tributo ao Augusto Pontes, para agraciar, inclusive, o Rodger Rogério e a Téti – casal que na época reunia em sua casa os demais compositores para saraus musicais e para ensaios. 

Ednardo, em parceria com o músico Calé Alencar, compôs uma nova canção para apresentar em avant première durante o evento, uma verdadeira ode ao seu grande amigo, que será objeto da homenagem.

A ACLJ, portanto, chegou a marcar essa festa da memória e convidar os interessados no cenários musical cearense, os que viveram aquele período dos anos 70 e são fãs dos seus protagonistas musicais  e, principalmente, os que conheceram Augusto Pontes.

Todavia, em virtude do período eleitoral, visando evitar qualquer manifestação política por parte do público, na preservação da laicidade regimental e isenção partidária da ACLJ, preferimos adiar sine die o grande evento, para a data futura (ainda neste ano) em que for oportuno realizá-la.    

        


terça-feira, 6 de setembro de 2022

ARTIGO - A Região da Ibiapaba é Nossa (AASF)

 A REGIÃO DA
IBIAPABA É NOSSA!
Antônio de Albuquerque Sousa Filho*


 

Em 31/08/2022 assistimos em reunião mensal dos “AMIGOS EM AÇÃO”, associação da qual fazemos parte, palestra do Deputado Estadual Carlos Matos sobre a reivindicação do Estado do Piauí, da incorporação de grande parcela da Região da Ibiapaba, pertencente ao Estado do Ceará.


 

Se o Piauí ganhar tal litígio, o Ceará perde 66% do Município de Poranga,   34% de Croatá, 21% de Guaraciaba do Norte, 18% de Carnaubal, 8%de Crateús, 7% de Ipaporanga e mais parcelas dos municípios de Tianguá, Viçosa do Ceará, Ubajara, Ipueiras e Varjota, incluindo sete sedes administrativas, num total de  2.821 Km² de território perdidos e 245 mil habitantes.

 

O caso está em julgamento no Supremo Tribunal de Justiça (STF), sendo relatora a Ministra Carmen Lúcia que solicitou ao Exército Brasileiro uma análise da situação (perícia) e cujo relatório indica que o Ceará deverá devolver ao Piauí o dobro da área solicitada, o que é bastante favorável ao Estado do Piauí. A bancada federal do Ceará, junto ao Congresso Nacional e o Governo Estadual do Ceará cochilaram no caso.  


Recentemente a Governadora nomeou uma comissão de Procuradores Estaduais para acompanhar o affair, além do movimento envolvendo entidades e coordenado pelo Deputado Estadual Carlos Matos, denominado UNIDOS PELA IBIAPAPA, que inicia um trabalho mais efetivo em prol de nosso Ceará, incluindo um plebiscito envolvendo a população da região sobre essa importante questão de interesse público.

 

 O Ceará não pode perder uma extensão territorial como essa da Região da Ibiapaba, pelos investimentos já realizados em infraestrutura (energia elétrica, estradas, comunicações, açudagem), adutoras para todos os municípios da região de abastecimento de águas do Açude Jaburu I, educação, saúde, segurança pública, turismo, agricultura, serviços e incentivos fiscais estaduais. A Ibiapaba faz parte da cultura, valores familiares, religiosidade de nosso povo, pertencimento do povo cearense, nossa economia e representa parte importante de nosso orgulho em superar desafios.

 

A Região da Ibiapaba é o berço de famílias importantes como: os Cunha, os Fontenelle, os Caldas, os Silveira, os Magalhães, os Pinho Pessoa, os Pacheco, os Carneiro, os Siqueira, os Passos, os Mapurunga, os Souza, os Miranda, os Barreto, os Pereira, os Aragão. os Coelho, os Melo, os Aguiar e os Vasconcelos. Região de filhos ilustres na área do Direito, Medicina, Farmácia, Engenharias, carreiras militares, pastores religiosos, escritores, professores e artistas.

 

É necessário que todos os cearenses, individualmente e coletivamente, através de igrejas, escolas, prefeituras, sindicatos, instituições culturais, emissoras de rádio e TVs, jornais, Universidades e faculdades isoladas, se envolvam nesta campanha pela Ibiapaba, pelo Ceará. Vamos colocar outdoors, faixas, imprimir boletos e avisos nas fachadas das Prefeituras, Escolas, Igrejas, entradas e saídas das cidades e demais espaços públicos.


A Região da Ibiapaba é nossa!!!


CRÔNICA - Somos Artistas (TL)

 




segunda-feira, 5 de setembro de 2022

NOTA ACADÊMICA - Agenda Literária da ACLJ

ACLJ

AGENDA LITERÁRIA


TERÇA CULTURAL

Na terça-feira, dia 30 de agosto, a ACLJ promoveu reunião presencial informal na Tenda Árabe, com a presença dos acadêmicos Vicente Alencar, Luciano Maia, Paulo Ximenes, Sávio Queiroz, Altino Farias, Pedro Bezerra de Araújo, Reginaldo Vasconcelos, Edmar Ribeiro, Adriano Vasconcelos e César Barreto – e os convidados Mônica Barroso, Defensora Pública, e o filho dela, Ramon, jovem artista plástico.

Após o jantar, o grupo participou do Momento Literário da Embaixada da Cachaça, a primeira edição após a pandemia, com participação da ACLJ.












NOITE DE AUTÓGRAFOS I

A  ACLJ compareceu em comissão ao lançamento do livro “Crimes Contra o Sistema Financeiro Nacional”, de autoria do Magnífico Reitor Cândido Albuquerque, nosso confrade, em parceria com seu colega, o Professor Doutor Sérgio Rebouças – evento que ocorreu no dia 1º de setembro, no auditório da Faculdade de Direito da UFC. 


Trata-se de uma obra muito especial, já que nela consta parte importante das vidas dos autores, como professores de Direito Penal e Processual Penal da UFC e, ainda, como advogados criminalistas, com marcante atuação nessa área específica.

Exatamente por isso o livro tem larga e profunda base teórica e uma visão aplicada da realidade judicial da matéria. 

A aceitação da obra, que tem prefácio do Prof. Dr. Lênio Streck, tem ultrapassado as expectativas.

 

NOITE DE AUTÓGRAFOS II

A ACLJ prestigiará também o lançamento da biografia do saudoso megaempresário cearense Edson Qudeiroz, devendo comparecer em comissão ao auditório da Biblioteca da Unifor, no dia 08 de setembro. 

  



TRIBUTO A AUGUSTO PONTES

Na noite do dia 17 de setembro a ACLJ vai promover um tributo ao intelectual Augusto Pontes, falecido em 2009. A solenidade será no auditório do Palácio da Luz, silogeu que sedia a Academia Cearense de Letras e a ACLJ, dentre outras congêneres.

Augusto Pontes, filósofo aplicado e frasista notório, foi um grande influenciador do grupo de artistas que se lançaram no meio musical nacional nos anos 60 e 70 do século passado, alcunhados pela mídia de “Pessoal do Ceará”.

Na solenidade, serão homenageados os artistas sônicos Rodger Rogério e Téti, que eram casados naquele período e recebiam em sua casa aqueles jovens – Ednardo, Fagner, Belchior, Fausto Nilo, Petrúcio Maia, Ricardo Bezerra, Amelinha, dentre outros – que ali iam mostrar as suas composições novas e ensaiar.

Para lançar durante o evento, os compositores Ednardo e Calé Alencar compuseram uma canção intitulada “Maracatu Augustus”, que se constitui em uma ode ao homenageado.