terça-feira, 29 de agosto de 2017

SONETO - Soneto para Giselda de Medeiros (VM)


SONETO PARA
GISELDA DE MEDEIROS
Vianney Mesquita*



  
Escritor original não aquele que a ninguém imita; 
é o que ninguém consegue imitar. 
(CHATEAUBRIAND)



Nossa princesa da Literatura,
Pós-laureada em bibliografia,
Língua-prosa, crítica e poesia,
No texto é mestra-mor da urdidura.

Excelsa, apreciadíssima figura,
Excele, em seus escritos, a porfia
Por irrepreensível escritura,
Ao adorná-la de eugenesia.

Na Espanha, na Itália e Filipinas,
Sabedoria e erudição supinas
São triviais a milhares de Imeldas.

Em dimensão, porém, desta Medeiros,
No Ceará e Brasil sobranceiros,

De tal casta não há quaisquer Giseldas.




COMENTÁRIO:

Agradeço ao nobre acadêmico, Vianney Mesquita, o gesto gentil e amigo de me ofertar tamanha honraria. 


Giselda Medeiros. 


NOTA ACADÊMICA - "Honrosa Blitz"


UBIRATAN AGUIAR
E A
HONROSA BLITZ ”


Uma comissão da ACLJ, composta pelo Presidente Reginaldo Vasconcelos, o Secretário-Geral Vicente Alencar, o Tesoureiro Paulo Ximenes e Arnaldo Santos, integrante da Decúria Diretiva, compareceu a uma audiência com o Ministro Ubiratan Aguiar, Presidente da Academia Cearense de Letras (ACL), marcada para a manhã desta terça-feira (29.08.17), em seu gabinete no Palácio da Luz.

O pretexto apresentado pela comissão ao marcar a audiência era discutir detalhes da Assembleia Geral da ACLJ, que ocorrerá na próxima quinta-feira (31.08.17), no auditório da ACL, a qual o Ministro Ubiratan presidirá  o que lhe constrangia, por não estar ele ainda investido como membro da nossa entidade. Virtualmente presentes o Presidente Emérito da ACLJ, Rui Martinho Rodrigues e o Presidente Emérito da ACL, José Augusto Bezera, impedidos por justas razões de comparecer fisicamente.

Na verdade o grupo pretendia dar posse ao Ministro Ubiratan na dignidade de Membro Benemérito da ACLJ, para a qual o seu nome fora proposto pelo acadêmico Arnaldo Santos desde a instalação da Academia de Jornalismo, há seis anos, e para a qual fora aclamado, mas cuja correspondente investidura oficial nunca ocorrera, em face das muitas tribulações de sua agenda àquela época, no Tribunal de Contas da União.



Sempre bem humorado, Ubiratan ficou surpreso e exultante com aquela “honrosa blizt” que lhe dava posse nuncupativa* na ACLJ, confessando ele, entretanto, sua justa preocupação em assumir mais obrigações institucionais, dentre tantas que já contraiu com as muitas entidades culturais de que faz parte, e que ele não quer negligenciar. 


Mas lhe foi esclarecido pelo jornalista Arnaldo Santos, proponente do seu nome, que o título de Membro Benemérito da ACLJ é um preito de reconhecimento de sua profícua atividade pela cultura cearense, láurea que lhe conferirá todos os atributos dos membros titulares da instituição, mas nenhum dos deveres sociais que a estes se cometem.





A Secretária da ACL, Cláudia Queiroz, cúmplice da blitzfoi incumbida de vestir no Presidente Ubiratan, novo Benemérito, a sua pelerine ritual. Fazendo os registros fotográficos Jocélia Nogueira, uma das colaboradoras da ACLJ.






















*Solenidades nuncupativas – do latim, proclamado em voz altasão aquelas realizadas entre seis pessoas no mínimo, por justa causa ou razão emergencial. São comuns os casamentos assim celebrados em alto mar por comandantes de navios, com o número mínimo de testemunhas, e que têm a mesma validade jurídica daqueles realizados por sacerdotes, tabeliães e juízes de paz, em ambientes públicos, ante plateias numerosas.



COMENTÁRIO:

Em “blitzen” desta natureza, caro Ministro, bem que queria eu sempre ser pegado. Merecimento não lhe falta. E a ACLJ é justa e agradecida. Louvo a iniciativa.

Vianney Mesquita


RESENHA - Programa Dimensão Total (27.08.17)


PROGRAMA
DIMENSÃO TOTAL
27.08.17



Dimensão Total é um programa radiofônico semanal de debates, do Jornalista Ronald Machado, pela Rádio Assunção Cearense, na sintonia AM 620 ou pela Web, aos domingos, entre 10 e 12 horas, tendo como assistente de estúdio o radialista e produtor executivo Alexandre Maia.



Compareceram ao programa o médico psiquiatra, antropólogo e professor Antônio Mourão, o Senador Cid Carvalho, o jornalista e advogado Reginaldo Vasconcelos,  o advogado e economista José Maria Philomeno, o jurista Djalma Pinto, a advogada e psicanalista Rossana Brasil Copf, o Reitor Cláudio Regis Quixadá e o jornalista Ronald Machado.


No Programa Dimensão Total deste último domingo trataram-se de dois temas principais: a violência contra professores, configurada no caso do aluno que espancou a mestra, na diretoria do colégio, na semana passada, em Santa Catarina, e as privatizações anunciadas e levadas a cabo pelo Governo Federal, nos esforços de recuperação das finanças públicas.

No primeiro caso, houve consenso geral quanto ao fracasso da moderna pedagogia, baseada no “politicamente correto”, segundo a qual não se devem impor limites a crianças e adolescentes, sob pena de traumatiza-los.

Imaturos, “empoderados”, absolutos, ignorantes quanto à contrapartida entre direitos e deveres, estimulados pela cultura de violência que impera nos esportes, os jovens brasileiros vêm investindo moral e fisicamente contra os pais e os professores.

Além disso, também concorre para essa distorção o desvirtuamento da família, como celula mater da sociedade, que deixou de cumprir o múnus de impor educação doméstica.

Outro fator importante para esse estado de coisas, segundo os debatedores, é a abolição das disciplinas curriculares que transmitiam princípios de cidadania, como “Educação Moral e Cívica” e “Organização Social e Política Brasileira – OSBP”.

No tocante às privatizações, não houve consenso entre os debatedores. Todos estavam concordes que a má gestão pública levou as instituições estatais à bancarrota, por incúria e por corrupção, com seus cargos de direção ocupados por conveniência política, sem qualquer critério técnico e meritocrático.

Contudo, alguns defendiam a transferência desses ativos à iniciativa privada, como solução ideal, enquanto outros entendiam ser possível mantê-los no patrimônio do Estado, impondo novas e rigorosas diretrizes de governança interna.     

Entediam José Maria Philomeno, Djalma Pinto e Reginaldo Vasconcelos que a proposta de venda da Casa da Moeda, dos aeroportos, da Eletrobrás, tomadas como paradigmas, não significa prejuízo à soberania nacional.

Segundo essa corrente, em todos os casos essas instituições, mesmo exploradas por capital privado, ainda que de origem estrangeira, tornar-se-iam lucrativas para o povo brasileiro, gerando tributos e empregos, e serão sempre controladas pelo Governo Federal, através do Banco Central, das Forças Armadas, de agências reguladoras, conforme o caso.

Por outro lado, Antônio Mourão, Cid Carvalho e Cláudio Regis Quixadá, de inflexão mais socialista, insistiram que essas empresas públicas estavam ligadas aos cânones da segurança nacional, mormente em caso de guerra entre o Brasil e outras nações, e que a privatização, como solução para a má gestão pública e contra a corrupção, corresponderia a “matar a vaca para acabar com os carrapatos”.

Reginaldo Vasconcelos lembrou-lhes o brocardo latino “abusos non tollite usum”, que traduz exatamente a sua tese. Porém, os que se mantinham nessa linha de pensamento não tiveram como apresentar um método seguro para evitar que continue o uso e o abuso político das empresas estatais.

Foi desiludido com essa possibilidade, e hasteando essa razão, que o então Governador Tasso Jereissati privatizou o Banco do Estado do Ceará, em 1997 – dizem que absolutamente enfurecido com operações ruinosas realizadas pelo Banco, na época, em favor do empresário Sérgio Machado, até então seu amigo pessoal. 

Medida radical e lamentável, por todos os títulos, pois o BEC era o órgão pagador do Estado, que dava oportunidade de emprego, mediante concurso, aos filhos da pobreza cearense. Sim. Grande parte dos funcionários do BEC, mesmo entre os mais graduados, tinha origem humilde e sertaneja.

Em homenagem às mulheres, tendo em vista a constatação de que estas precisam ter mais atenção e respeito da classe masculina, tomado como exemplo o caso da professora agredida por aluno, um dos temas do programa, Ronald Machado instou Reginaldo Vasconcelos a terminar o programa dizendo a Ave Maria em latim. 

domingo, 27 de agosto de 2017

SONETO DECASSILÁBICO PORTUGUÊS - Acróstico (VM)


 ACRÓSTICO PARA
UM DIPLOMATA DO VERSO
Vianney Mesquita*



A diplomacia é a arte de ganhar com elegância e perder com dignidade. [Diego de Saavedra FAJARDO – Algezares (Múrcia), 06.05.1584; Madrid, 24.08.1648].


O metro não se molda ao panegírico,
M as assente expressar-se a cortesia.
A o modo do romano verso ilírico,
R eina o circuito da sinestesia.

C oabitam o grave e o satírico,
I rmanados na gesta da alegria,
O real se ajunta ao tom onírico,
C ada qual a espedir a fantasia.

A ssim, ao debruar este Poeta,
T al como a virtuose do esteta,
U ngido, sempre, d’egéria fecunda,

N ão aludo, senão, a um exegeta
D’ alma a dimensão de uma dieta
A ssente, estável, em Márcio Catunda. 


NOTA ACADÊMICA - Cerimônia de Posse na ACLJ


CERIMÔNIA
DE POSSE
NA ACLJ


Na noite do próximo dia 31 de agosto, às 19:30h, no Palácio da Luz, sede da Academia Cearense de Letras, na Praça dos Leões, tomarão posse na dignidade de Membros Beneméritos da Academia Cearense de Literatura e Jornalismo a empresária Paula Queiroz Frota e o Chanceler Edson Queiroz Neto, ela sucedendo a sua ilustre genitora, Dona Yolanda Queiroz, e ele o seu ínclito pai, o Chanceler Airton Queiroz.  

A ACLJ é uma instituição que cultura a deuterose de suas liturgias, razão pela qual consolida tradições, sempre que uma determinada prática eventualmente utilizada se configura virtuosa e condizente com os seus princípios elevados.

Assim, quando uma vez ao ser declarada a vacância de uma cadeira acadêmica cujo fundador falecera, episodicamente o nome do filho do titular falecido foi aclamado em plenário para a sua sucessão, por reunir os mesmos predicados do pai, iniciou-se a tendência de dotar de caráter hereditário os títulos acadêmicos  cotejados os requisitos pessoais do sucessor eventual com a sua disposição e o seu interesse em assumir o mesmo múnus. 

O título de Membro Benemérito, a mais elevada láurea concedida pela ACLJ, está reservada aos grandes mentores das artes, da cultura e da imprensa cearenses, notadamente aqueles que fundaram, ou representam os fundadores de órgãos locais de imprensa, os que levaram além fronteiras a arte e a cultura alencarinas, e os que instituíram ou que mantêm fundações e outras instituições culturais no Ceará – ou lhes dão apoio e patrocínio.






CRÔNICA - O Lutador Japonês (TL)


O LUTADOR JAPONÊS
Totonho Laprovitera*


A notícia chegou do Pará. Por aquelas bandas havia um aguerrido lutador que não perdia pra seu ninguém. Daí surgiu a ideia do ilustre jornalista alencarino Sílvio Carlos promover uma luta interestadual, tendo como desafiante o valente Tamiarana, que não abria nem pro trem!

Através de telefonemas interurbanos para o paraense, que se chamava Yokanan e se dizia japonês, Silvio acertou o desafio. Contratado, Yokanan iria de Belém à Teresina de ônibus e, de lá, seguiria até Fortaleza pelo voo de uma Avro, aeronave turboélice da Varig. 

Sendo assim, Yokanan desembarcou no antigo Aeroporto Pinto Martins, onde um grande público e imprensa o esperavam. Saudado como o “Demolidor Samurai”, no dia seguinte a origem étnica de Yokanan foi questionada no programa radiofônico “Antenas e Rotativas”, apresentado pelo brioso radialista Cid Carvalho, que comentou: “Caros ouvintes, de japonês o lutador só tem o radinho de pilha e a sandália!”. 

Chegada a hora da luta livre, a Fênix Caixeiral estava lotada até a tampa! Quando subiram ao ringue, os lutadores se cumprimentaram e ao soar o gongo se engalfinharam com mais de mil, e gosto de gás! Aí, quando se afastaram um pouco, Tamiarana tacou um inesperado tabefe no pé-do-ouvido de Yokanan, chega ele foi à lona. 

Estatelado, caiu revirando os olhos puxados. Perdeu som e imagem! Após contar até dez, o juiz constatou o nocaute, deu a luta por encerrada e proclamou Tamiarana vencedor do combate, logo no primeiro assalto. A vaia comeu de esmola! 

No outro dia, em primeira página, o jornal “O Estado” noticiou o evento e comentou: “A luta se consistiu em dois assaltos, um no ringue e outro no bolso do torcedor!”.





COMENTÁRIO:

Totonho Laprovitera, a par de um dos maiores artistas plásticos cearenses contemporâneos, no campo da pintura expressionista, tem boas incursões nas artes sônicas, estimuladas pelo seu amigo Fagner, e se tem revelado o melhor cronista de todo o elenco de colaboradores deste Blog.

A chamada “crônica mundana” caracteriza a imprensa brasileira, desde Machado de Assis, bem como marca a nossa “literatura ligeira”, em que se produz uma bibliografia que colige textos curtos já publicados em jornais.

A boa crônica tem a peculiaridade de trazer relatos curtos, leves, coloquiais, memorialísticos, bem humorados, despretensiosos, às vezes líricos, na forma de proza poética, trazendo como “moral da história” apenas casos jocosos da comédia humanas e das facécias sociais, ou exemplos simples de filosofia aplicada.

É sempre embasada em fatos reais vividos pelo autor, narrados na primeira pessoa, ou por ele pessoalmente garimpados. Por isso, “fazer crônica é a arte de encontrar mel sob o vespeiro do cotidiano”, conforme eu mesmo defini em um de meus livros.

Sobre o tema da ótima crônica de Totonho, prevalece mesmo no Estado do Pará um tipo indígena, que pode ser falsamente ostentado como de origem oriental, mas de fato as artes marciais no Brasil começaram naquela região, e através de imigrantes japoneses.

O jiu-jitsu foi ensinado à família Grace, nos anos 30, por um nipônico alcunhado de Conde Koma, em Belém do Pará. Os Grace vieram depois para Fortaleza, onde residiram por alguns anos, antes de demandarem ao Sudeste do País, onde fizeram o seu nome, e criaram o “Brasilian Jiu-jitsu”, mundialmente respeitado.

Mas japonês não aguenta pancada. O seu trunfo é a grande agilidade, e a técnica de usar a força e o peso do oponente contra o próprio oponente, evitando ser nocauteado.

Um dos nossos campeões atuais de MMA, de ascendência japonesa, Lyoto Machida, é conhecido por terminar as lutas, ganhando ou perdendo, sem marcas, hematomas ou sangramentos no rosto, porque ele evita ser socado. Mas, segundo o Totonho, o tal Yokanan não teve essa chance com o nosso Tamiarana, de saudosa memória.     

Reginaldo Vasconcelos
          

sábado, 26 de agosto de 2017

ARTIGO - É Nóiz! (RV)


É NÓIZ!
Reginaldo Vasconcelos*


A ACLJ está lançando a primeira edição do seu Manual de Redação Profissional, obra em que são apontados os usos linguísticos recomendáveis, como também os vícios gramaticais a serem evitados nos textos literários, artísticos e jornalísticos, dentre os mais recorrentes na mídia brasileira atualmente.

O prólogo da obra coletiva (que incorpora um glossário de regionalismos cearenses), discorre sobre a necessidade de se proteger a norma culta do idioma, na medida do possível, embora a língua viva seja dinâmica, sempre em evolução, constantemente recebendo contribuições estrangeiras e acréscimos arbitrários por parte do povo, na semântica e na sintaxe, e não há regra ética que coíba isso, nem norma jurídica que o proíba.  

Todavia, é importante que os profissionais procurem preservar, nos textos publicados, o melhor uso da gramática, a melhor concordância, a maneira mais escorreita de escrever e de falar, sob pena de que o português falado no Brasil, que é a nossa língua oficial, um dos fatores de integração nacional, perca seus predicados de estética e de clareza, sofrendo aguda degradação idiomática.

Corremos esse risco no País em face do péssimo ensino curricular, notadamente nas disciplinas ligadas à área de humanidades, em especial na matéria português, o que nos expõe a grave degenerescência gramatical.

Essa é uma mazela brasileira que se soma a outros defeitos da nossa educação, que se reflete na cultura popular, essa mesma que, como se tem visto na política, inclui as nefastas concessões ao “jeitinho”, inclusive em face das normas jurídicas e da ética.

Dizia Rui Barbosa, já no seu tempo, aludindo aos brasileiros, que “... o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto”. Pois nessa mesma direção temos rido da cultura e tido vergonha de conhecer o idioma pátrio.

A tal ponto de, recentemente, ter-se feito deboche nacional, com enorme ridicularia na grande imprensa, quando um político discursou e aplicou uma corretíssima mesóclise, para melhor se expressar – “sê-lo-ia” – interpondo o pronome oblíquo entre o radical e a desinência do verbo. Fê-lo porque sabe fazê-lo, e o que é ridículo, de fato, é não sabê-lo, porque não estudou e porque não leu o suficiente.

Há poucos dias, em fundado protesto contra um Ministro da Suprema Corte, magistrados e procuradores brasileiros, ocupantes de elevadas funções na República, para cuja investidura passaram nos mais rigorosos concursos, acompanhados por ícones da cultura popular, exibiram uma faixa com a seguinte inscrição: “TAMO JUNTO!”.

Por seu turno, uma magnífica novela de época na TV, atualmente no ar, é realizada com grande apuro cênico, com elevadíssima qualidade dramatúrgica, na qual os atores que incorporam portugueses tentam, inclusive, e com grande êxito, aplicar o sotaque lusitano – outros personagens, de ascendência austríaca e alemã, o acento germânico, com muita eficiência.

Entretanto, os diretores não conseguem, embora tentem, que os personagens articulem corretamente o idioma português mais adequado ao período da trama – o Brasil colonial – quando alguns diálogos começam aplicando a segunda pessoa – tu, vós – e terminam na terceira – você, sua, seu – e vão por aí, confundindo a concordância e a conjugação. E essas peças da nossa teledramaturgia são sucesso em todo o mundo lusófono propagando o erro e propalando a nossa mediocridade cultural. 



SONETILHO - Mudança Brusca (VM-MC)


MUDANÇA BRUSCA
(Versos de arte menor  heptassilábicos e heterorrítmicos)

Vianney Mesquita *(quartetos) 
Márcio Catunda **(tercetos)


O amor é uma gota caída do céu
 no cálice da vida 
para temperar a amargura. 
(Provérbio Alemão)



Qual orate enfraquecido,
Era aflito, aparvalhado,
De arruínas bem havido,
Muito estável neste fado.

Por haver-te pressentido,
Converti  cambiei de lado;
De afeição, mudei o amido
Deste laurel partilhado.

Perco as horas num jardim.
Do verão os refletores
Brilham, outra vez, em mim.

Tornaste belas as cores
Da rosa e do alecrim;
Deste-me um céu de esplendores.