quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

ARTIGO - Uma Crise na Fronteira (RMR)


UMA CRISE NA FRONTEIRA
Rui Martinho Rodrigues*


Temos uma crise na fronteira norte. Distante dos nossos centros econômicos, das áreas de maior concentração demográfica e de decisão política, não deixa de representar um grave problema. A agonia da Venezuela transborda. Gera fluxos migratórios para Colômbia, Brasil e países com os quais a pátria de Bolívar não confina, como Equador, Perú, Chile, Argentina, Espanha e EUA. O Brasil recebe menos refugiados do que os países citados, por ficar longe dos centros mais populosos da Venezuela e oferecer possibilidades restritas de acolhimento na pequenina Pacaraima e em Boa Vista.

Refugiados, ainda que em muito menor número do que na Colômbia, sobrecarregaram os serviços de saúde de Roraima, trouxeram doenças, geraram despesas. A hora, porém, não é para gastos. A imprevisibilidade da crise exige que pensemos na possibilidade de um drama de longa duração. Ditaduras totalitária são resilientes. 

A URSS viveu, durante a coletivização das terras, uma fome na qual morreram milhões de pessoas. Mas o regime sobreviveu. A China, depois do fracasso do Plano chamado Grande Salto, entre 1958 e 1960, também viveu uma fome endêmica, mas o regime sobreviveu lançando a Revolução Cultural, escolhendo culpados e radicalizando a repressão. A ditadura nazista da Alemanha só caiu quando o exército soviético tomou Berlim. Na Venezuela, a associação com o narcotráfico, o controle de alimentos e a cooptação dos militares dão ao regime comunista uma base aparentemente muito sólida. A crise poderá ser longa.

Crises são impasses e oportunidades. Ensejam, para grandes potências, movimentos no jogo geopolítico. O mundo multipolar, após a Guerra Fria, trouxe de volta a figura da potência regional. O Irã e a Turquia são exemplos de candidatos a tal posto. Ambas sofreram grave crise econômica em razão do desgaste econômico e político causado pelo ônus de tentar projetar poder, influência e prestígio nas suas regiões. Até a rica Arábia Saudita vem sofrendo déficits enormes depois que assumiu a posição de potência regional. 

Geopolítica é um jogo caro. Impõe a chamada sobrecarga imperial. Grandes potências vergaram-se sob o peso da referida sobrecarga. Os EUA eram uma potência incomparável quando se retiraram da China em 1949, abandonando-a ao comunistas, porque a sobrecarga imperial estava custando muito caro. Abandonaram o Vietnam pelo mesmo motivo, como a URSS abandonou os seus aliados do Afeganistão, em fins da década de oitenta do Século XX, abandonando, nos seus últimos dias, os aliados do leste europeu. O Brasil foi potência regional no Rio da Prata. Tinha grandes ganhos com o café. Mas teve as finanças abaladas.

A Rússia ganha com a queda na produção de petróleo na Venezuela, fato que favorece o preço do produto importante para a economia Russa. Coloca uma pedra no caminho dos EUA, desviando a atenção americana da Ucrânia, da Síria e de outros lugares. O Irã tem ganhos semelhantes aos dos russos. Nós, porém, nada temos a ganhar. Só temos a perder. Os EUA poderão aceitar um jogo prolongado com Caracas e demais atores. Nós não temos essa condição. Jogo de grande não é bom para pequeno. Somos pequenos, não obstante a nossa grandeza territorial e demográfica. A nossa economia é pequena diante dos nossos problemas.




NOTA SOCIAL - Carnaval Até Debaixo d'Água

NÁUTICO
CARNAVAL DA SAUDADE
TRADIÇÃO E ALEGRIA
“ATÉ EMBAIXO D’ÁGUA”
  
O Náutico Atlético Cearense promoveu neste ano de 2019, na noite deste dia 23 de fevereiro, a 52ª edição do Carnaval da Saudade, sob o comando do Presidente do Clube, o advogado Jardson Cruz, que também preside atualmente a Academia Cearense de Direito.


Desta vez o evento foi dedicado ao grande compositor romântico cearense Evaldo Gouveia, Membro Benemérito da ACLJ, o qual fez grandes incursões pela boa música do carnaval brasileiro, inclusive sambas enredos da Portela, escola de samba carioca – um deles vencedor em 1974, O Mundo Melhor de Pixinguinha.



Infelizmente o homenageado não pôde comparecer à festa, pois a idade avançada e uma doença vascular o impediram, mas ele se fez representar por sua mulher, a advogada Liduina Lessa, que recebeu por ele as merecidas honrarias.

Na imagem de arquivo, Evaldo e Liduina entre confrades, em reunião na Tenda Árabe, a que ele comparecia com ela muitas vezes, deleitando os confrades com as suas canções ao violão e com a história da sua saga, desde quando saiu do seu Iguatu, ainda menino, até o atingimento dos píncaros da fama, entre os anos 50 e 80 do Século XX. 

Um outro acadêmico, o pesquisador e documentarista musical Ulysses Gaspar, com o contributo das longas entrevistas que o compositor prestou à ACLJ, produziu a sua biografia autorizada – O Que Me Contou Evaldo Gouveia”. Evaldo Gouveia compôs para a ACLJ a Canção da Academia”, intitulada Cântico Cearense.

Logo após a coroação do novo Rei Momo, Gil Barata, pelo Presidente do Clube, Jardson Cruz, durante o magnífico desempenho das Bandas do Cordão do Bola Preta, e, em seguida, Caribbean Kings, contratadas diretamente do Rio de Janeiro, desabou um temporal sobre a Cidade, evento meteorológico que não teve potencial para desanimar o imenso público.

Pelo contrário, enquanto alguns foliões se entregaram a um delicioso banho de chuva, sambando freneticamente no salão descoberto, os brincantes que preferiam não molhar as fantasias se condensaram animadamente nas áreas cobertas do Clube, sem por um momento perderem a alegria – no exato clima da crônica “O Inverno e o Carnaval”, do acadêmico da ACLJ Reginaldo Vasconcelos, que por isso resolvemos republicar abaixo.



A propósito, durante o Carnaval da Saudade deste ano, e após a chuva, Reginaldo posa entre o radialista e promotor de eventos Alexandre Maia (à direita) e o também advogado Manuel Castelo Branco Camurça, um dos mais notórios e devotos torcedores do Ceará Sporting Clube, além de um grande entusiasta do carnaval carioca, a que comparece religiosamente a cada ano para torcer pela Portela.


O INVERNO E O CARNAVAL
Reginaldo Vasconcelos*


O carnaval e o inverno cearense coincidem, coexistem, misturam-se e se molham um ao outro de alegria.

O inverno é o carnaval da Natureza, que se fantasia de verde a festeja-lo, numa alegria gigantesca.

Úmidos corpos molham fantasias coloridas, brotam amores, chovem sorrisos e abraços são colhidos. Cheiro de terra, grama molhada e poças d’água nas calçadas.

Antes de tudo, o inverno e o carnaval são perfumes e cores, que portanto podem descolorir e evaporar, durante a vida e os anos sobrepostos.

Milhares de crianças vestem penas, pintam o rosto, colocam máscaras, vestem panos de seda e calçam botas: são índicos, super-homens e piratas.

Os adultos tornam-se palhaços, viram tuaregues, ou transformam-se em havaianas e odaliscas. No meio da folia, no epicentro da algazarra, no momento da fervura cai a chuva.

Rostos suados, gotas brilhando entre lantejoulas e confetes, plumas e paetês apanham chuva nos cordões, bumbo e corneta salpicam som, sopram chuviscos.

Pelo asfalto, nos estandartes os símbolos místicos do baralho. Desce o maracatu titubeando ao “chim-bum” afro dos tambores, e ao tinir dos guizos e chocalhos.

Índios e negros vestindo os trajes da Corte, trazem à tona as raízes da raça e da cultura, de onde se eleva o envolvente éter da História.

Sob os véus das fantasias veem-se os corpos mornos da folia, molhados de suor. Entre apitos, passes de dança e evoluções, uma euforia, um incêndio íntimo.

Sorrisos franqueados, empurrões e abraços se permitem, suor e cerveja para a chuva temperar. O carnaval não é loucura, é remédio, é antídoto, alivia todos da luta insana pela vida, evitando a demência da dor e da solidão.

No terceiro dia o folião já canta rouco, o bêbado cai de porre na calçada, as fantasias já se rasgaram mas ainda resta alegria.

E na quarta-feira a chuva chora e lava o asfalto, num chuá sentido de saudade. Nos salões as serpentinas fazem engodos, que simbolizam mil paixões, namoros mominos, recordações de outros carnavais.

Publicado na Tribuna do Ceará – Fevereiro de 1980

NOTA LITERÁRIA - Biografia de Neuzemar de Moraes

NEUZEMAR GOMES DE MORAES
UMA BIOGRAFIA EDIFICANTE
  
A médica Vanessa Gomes de Moraes, que entre outros títulos profissionais e literários, nacionais e estrangeiros, é Presidente do Centro Cultural do Ceará, percebendo a riqueza humana da história de seu pai, o político e advogado Neuzemar Gomes de Moraes, teve a iniciativa de escrever a sua magnífica biografia. A concorrida e agradável tarde de autógrafos ocorreu neste sábado, dia 23 de fevereiro, no Café Patriota, em Fortaleza.  

Vanessa conta a saga de quem nasceu nas matas do Estado do Acre, aonde demandara o futuro genitor, integrado ao chamado “Exército da Borracha”, e veio em menino ao encontro das raízes cearenses, para a casa fazendeira do avô materno.

Trabalhou na roça durante a juventude, alfabetizou-se completamente em torno dos vinte anos de idade – para ir estudar em Brasília e tornar-se um grande advogado, civilista e criminalista, retornando depois ao Ceará para instalar a sua Banca e ingressar na política, chegando a vice-prefeito da cidade cearense de Iracema, origem de seus pais, da qual é hoje um verdadeiro embaixador.

Em face de seu notório saber jurídico e dos padrões éticos que marcam a sua conduta política e social, Neuzemar passou a ser convidado por seguidos Governos Estaduais para cargos de confiança na Administração Pública, enquanto seus dotes intelectuais despontavam aos olhos dos grandes paredros da inteligência  alencarina, de modo que se foi ele integrando a diversas academias literárias e a outras instituições culturais do Ceará e de além-mar.

A propósito, neste mês de fevereiro Neuzemar foi eleito e assumiu a presidência da Academia Cearense de Retórica, grande “retor” que de fato é – o maior orador no Ceará atualmente, sucedendo ao célebre jornalista, dramaturgo e escritor Manuel Eduardo Pinheiro Campos, o Manuelito Eduardo, falecido em 2007 – segundo defendeu em seu discurso o presidente da ACLJ, Reginaldo Vasconcelos, durante o lançamento da obra.

Após a fala da Dra. Vanessa, e do emocionado discurso do próprio Neuzemar, diversos oradores se revezaram ao longo da solenidade, dentre eles o advogado Paulo Quezado e a Irmã Conceição Dias, do Lar Amigos de Jesus, que acolhe crianças vítimas de câncer. O livro “Neuzemar Gomes de Moraes – Um Exemplo de Vida” não foi vendido durante o lançamento, mas permutado por leite em pó, que foi doado para as criancinhas acolhidas pela obra pia da freira benemérita.


Acione o link abaixo para acessar o 
discurso de Neuzemar Gomes de Moraes.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

REUNIÃO NA TENDA ÁRABE (26.02.19)

REUNIÃO 
NA 
 TENDA ÁRABE
E MOMENTO LITERÁRIO
DA EMBAIXADA


Na noite da última terça-feira (26.02.2019) reuniram-se na Tenda Árabe os acadêmicos Altino Farias, Reginaldo Vasconcelos, Paulo Ximenes,  Humberto Ellery, Adriano Jorge, Arnaldo Santos, Rui Martinho Rodrigues, Dorian Sampaio Filho e Sávio Queiroz Costa, e como convidado o comendatário da ACLJ Alexandre Maia. Também compunha a mesa o físico cearense Wagner Coelho, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, proposto por Adriano Vasconcelos para Membro Correspondente da ACLJ na Capital carioca, e que naquela mesma noite tomaria posse na sua dignidade.

A experiência gastronômica da semana continuou no reino baiano do camarão e do dendê, o velho Vatapá, especialidade do repertório culinário da Família Vasconcelos, executada pelas culinaristas Jô Nogueira e Vólia Sales.

Após servida a ceia, a reunião entrou na sua fase administrativa, em que tomou posse na dignidade de Membro Correspondente na Cidade do Rio de Janeiro o Professor Doutor Wagner Coelho. 


Fala do Presidente Emérito Rui Martinho Rodrigues


Assinatura do Termo de Posse

Assinatura do Termo de Posse
Leitura dos termos do Diploma pelo Proponente

Leitura dos termos do Diploma pelo Proponente

Diploma 
Empossado e Proponente

 Brinde de vinho do Porto


No encerramento da sessão de posse, Wagner Coelho fez a leitura de um texto do seu Patrono Acadêmico, o saudoso artista multifacetado Chico Anysio. Trata-se de uma dissertação composta por palavras iniciadas com a letra "C", de Chico e de Ceará.


“Ceará complicado! Chuva caía contada. Cearense chorava. Caboclo, coitado: chapéu caído, couro curtido, caminhava... Cidade, campo, caatinga, corpos, caveiras, calor. Cadê comida, cadê chuva? Ceará conheceu calamidades! Cai chuva. Chove, chove, chove, conclusão: caem casas, colheitas carregadas, crianças chorando, caboclos correndo, chega! Compensa! Chuva, céu claro, chuva, céu claro. Controlando com camaradagem, com caridade, custa?

Cearense, cabra cavador: chega, conversa, controla, com calma... conquista. Começa caixeiro – comerciário; cresce, cresce, comanditário; cresce, cresce, caixa; cresce, cresce... capitalista! Carteira cheia, com cruzeirinhos cantando! Compra carro colossal – Cadillac; compra casa – castelo; compra concubina – corista; corre capitais, centros culturais, cassinos, cabaréis... Cearenses coronéis!

Cearense casa, casa com cearense. Com cearense carinhosa, caridosa, cavilosa, criadora... Companheira constante, carinho constante, cegonha constante!

Cearense, cabra corajoso! Com casquinha, construída com cinco cacos, cipó carcomido, contorna costa, cruza correntezas, caminha... cação; começa combate: carrega, cruza, consegue. Consegue comida. Calos, cortes, compensam: casas cheias, cangalhas carregadas.

Ceará colosso. Colosso? Como colosso? Ceará continente! Café, cacau, coco, cana, carnaúba, caju, cachaça. Celebridades, citaria cinquenta. Cem celebridades cearenses. Ceará cristão, católico, convicto. Ceará Crato, Crateús, Camocim, Cascavel, Ceará Capistrano, Ceará Cícero. Ceará... Chico”.



Seguiu-se à reunião a sessão de leitura de poesia e de prosa poética, o “Momento Literário da Embaixada da Cachaça”.

Essa prática artística e performática, internacionalmente designada como poetry slam,  nasceu em Chicago, na Green Mill Tavern, em meados dos anos 80, por inciativa do escritor Marc Kelly Smith, disseminando-se por todo o país e depois pela Europa, e por outras partes do mundo. A palavra inglesa slam refere a poesia produzida para ser lida em público.

Roberto Paiva, cliente da casa, sempre presente entre os partícipes, abriu a sessão de leituras. Seguiram-se os oradores Altino Farias, Romeu Duarte, Humberto Ellery, Concita Farias, Paulo Ximenes, Sergio Simonetti, Reginaldo Vasconcelos e Maria de Jesus.








terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

RESENHA - Observatório - 24.02.19

PROGRAMA OBSERVATÓRIO


A edição deste domingo, 24 de fevereiro, do Programa Observatório, do jornalista Arnaldo Santos, recebeu como entrevistadores o jornalista e advogado Reginaldo Vasconcelos e o advogado e professor Rui Martinho Rodrigues, todos integrantes da ACLJ.

Como convidado especial, participou do programa o Secretário da Administração Penitenciária do Estado do Ceará, Luiz Mauro Albuquerque, policial civil com experiência militar, nascido em Brasília, de origem cearense, o maior especialista brasileiro em políticas de execução penal, que, após organizar a conflituosa comunidade carcerária do Rio Grande do Norte, foi convidado pelo Governo do Estado para reverter o caos instalado nos presídios locais, dominados por facções criminosas.


Os métodos disruptivos e as práticas revolucionárias adotadas pelo Secretário Mauro Albuquerque, que rapidamente atingiram resultados, encerrando a onda de ataques terroristas praticados pelos "soldados" do crime organizado, "escravizados" pelas facções criminosas, comandados de dentro das cadeias, foram o tema da edição.   

Arnaldo Santos iniciou o debate levantando a questão da transferência compulsória de detentos internos em cadeias públicas municipais para presídios de Fortaleza, extinguindo aquelas unidades prisionais.



Reginaldo Vasconcelos repisou o seu "mantra" recorrente sobre o tema da defasagem da legislação penal vigente, produzida na década de 40 do Século XX, visando coibir o crime comum, a qual se tornou ineficaz para o combate à criminalidade moderna, a escalada da violência urbana e rural, a delinquência profissional, a indústria do tráfico, a bandidagem atuando com organicidade paramilitar, com eficiência empresarial, e até com influência política, por meio do controle eleitoral de favelas e outras comunidades periféricas.

Rui Martinho Rodrigues, por seu turno, também defendeu a sua tese de que "situações excepcionais requerem medidas excepcionais", de modo que, segundo pensa, não se pode solucionar a  criminalidade descontrolada sem o estabelecimento de Estado de Sítio, para que a leniência das leis seja momentaneamente superada, tornando-se viáveis políticas mais enérgicas. 

De forma erudita, Rui exemplificou com a História Antiga, citando Drácon,  um legislador ateniense que, no ano de 621 a.C. recebeu poderes extraordinários para pôr fim ao conflito social provocado pelo golpe de Estado de Cilón, e o exílio de Megacles. Nesse diapasão analógico, Martinho Rodrigues pensa que precisávamos de rigorismo extra-legal, adotando normas "draconianas" para reverter esse quadro de descontrole criminal. 




O Secretário Mauro Albuquerque concorda que a legislação está defasada, de modo que para cumprir as missões moralizadoras e saneadoras do sistema penal de que tem sido incumbido ele precisa fazer uma hermenêutica criativa da lei vigente. 

Disse, por exemplo, que tem sido criticado, pelos indefectíveis "especialistas teóricos", por ter implementado a transferência de detentos do interior para unidades prisionais da Capital, quando a norma recomenda cumpram pena na proximidade de seu ambiente social  uma regra perfeita para o cidadão comum que eventualmente delinque, que, uma vez condenado, deve ser mesmo segregado nas adjacências da família    porém, algo totalmente impróprio para o bandido profissional e contumaz.

Disse ele que, com essa medida de realocação de presos e a consequente extinção das cadeias públicas municipais, os bandidos locais passaram a temer esse "desterro" penal, o que teve efeito de dissuasão delitiva, de modo que as famílias das cidades interioranas voltaram a promover reuniões vespertinas e noturnas, colocando cadeiras nas calçadas.

Mauro Albuquerque arrematou que, em contrapartida às medidas disciplinares rigorosas que implantou nos presídios, às vezes ao arrepio do que está gizado nas leis antigas e lenientes, ele passou a garantir aos presos os cuidados que essa mesma lei também recomenda e que não vinha sendo cumprido desde sempre, como seja o atendimento médico espontâneo e o acompanhamento odontológico regular, assim também o tratamento da escabiose (sarna humana), doença muito comum nas detenções. 

Que, por outro lado, se houve restrições impostas às "visitas íntimas", muitas vezes praticadas de forma promíscua, com diversos casais no mesmo recinto, em presença de crianças, em compensação ele passou a promover o ensino profissionalizante e o trabalho interno para os presos, bem como a contratação de egressos, pelo Estado. Estes sofrem grande preconceito ao reconquistar a liberdade, o que os compele a voltar a delinquir. Então estão sendo convidados pela Secretaria da Administração Penitenciária para serviços remunerados no âmbito prisional.

Por fim, interpelado a respeito, o Secretário manifestou-se favorável à militarização das escolas, públicas e privadas, bem como à prática de atividades patrióticas, como o hasteamento da Bandeira da República e a execução diária do Hino Nacional, pois, segundo ele, para que as coisas funcionem bem, e não se produzam criminosos para o futuro, se precisa pôr em prática o dístico do Pavilhão Nacional: "Ordem e progresso". 


     
O Observatório, apresentado pelo Jornalista e Sociólogo Arnaldo Santos, titular fundador da ACLJ, vai ao ar todos os domingos, pela TV Fortaleza, canal 6 da Multiplay (canal 61.04 na na TV aberta) às 23 horas, com reprises às segundas e sexta-feiras, às 22 horas. 

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

NOTAS - Três Eventos Sociais de Sábado: Alfredo Marques - Neuzemar de Moraes - Carnaval da Saudade

1

ALFREDO MARQUES  
SOPRA VELAS ANIVERSÁRIAS
E
ENFUNA VELAS JORNALÍSTICAS


O advogado e apresentador de televisão Alfredo Marques Sobrinho, Membro Titular Fundador da ACLJ, recebeu os parentes e amigos mais íntimos no Flórida Bar, na Praia de Iracema, para uma lauta feijoada, ao meio dia deste sábado, dia 23 de fevereiro, comemorando o seu sexagésimo aniversário.  

Na oportunidade Alfredo vazou para este Blog da ACLJ (concebido e construído por ele mesmo, nos primórdios da entidade), que está em negociação com um canal de televisão local, no qual vai iniciar uma nova fase da sua vida jornalística – o quarto programa que apresentará, na quarta emissora a que emprestará a sua brilhante atuação – na verdade um presente que o aniversariante vai conceder à sociedade, numa generosa inversão.

Já tendo consolidado seu nome na audiência, tido como o mais popular apresentador de TV do Ceará, o novo horário na programação televisiva da Capital se intitulará “Programa Alfredo Marques”, o que certamente o fará resgatar a imensa audiência que ele conquistou nos canais anteriores, magnetizando o seu público com o seu discurso franco e desassombrado, sempre apontando os cacoetes dos homens públicos locais e nacionais, e dissecando com realismo os fatos mais momentosos da semana, a cada edição diária.





A ACLJ parabeniza o confrade pela efeméride natalícia e o saúda pelo auspicioso projeto do novo programa de TV que comandará, certamente com o mesmo êxito de sempre.        
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2

NEUZEMAR GOMES DE MORAES
UMA BIOGRAFIA EDIFICANTE
  
A médica Vanessa Gomes de Moraes, que entre outros títulos profissionais e literários, nacionais e estrangeiros, é Presidente do Centro Cultural do Ceará, percebendo a riqueza humana da história de seu pai, o político e advogado Neuzemar Gomes de Moraes, teve a iniciativa de escrever a sua magnífica biografia. A concorrida e agradável tarde de autógrafos ocorreu neste sábado, dia 23 de fevereiro, no Café Patriota, em Fortaleza.  

Vanessa conta a saga de quem nasceu nas matas do Estado do Acre, aonde demandara o futuro genitor, integrado ao chamado “Exército da Borracha”, e veio em menino ao encontro das raízes cearenses, para a casa fazendeira do avô materno.

Trabalhou na roça durante a juventude, alfabetizou-se completamente em torno dos vinte anos de idade – para ir estudar em Brasília e tornar-se um grande advogado, civilista e criminalista, retornando depois ao Ceará para instalar a sua Banca e ingressar na política, chegando a vice-prefeito da cidade cearense de Iracema, origem de seus pais, da qual é hoje um verdadeiro embaixador.

Em face de seu notório saber jurídico e dos padrões éticos que marcam a sua conduta política e social, Neuzemar passou a ser convidado por seguidos Governos Estaduais para cargos de confiança na Administração Pública, enquanto seus dotes intelectuais despontavam aos olhos dos grandes paredros da inteligência  alencarina, de modo que se foi ele integrando a diversas academias literárias e a outras instituições culturais do Ceará e de além-mar.

A propósito, neste mês de fevereiro Neuzemar foi eleito e assumiu a presidência da Academia Cearense de Retórica, grande “retor” que de fato é – o maior orador no Ceará atualmente, sucedendo ao célebre jornalista, dramaturgo e escritor Manuel Eduardo Pinheiro Campos, o Manuelito Eduardo, falecido em 2007 – segundo defendeu em seu discurso o presidente da ACLJ, Reginaldo Vasconcelos, durante o lançamento da obra.

Após a fala da Dra. Vanessa, e do emocionado discurso do próprio Neuzemar, diversos oradores se revezaram ao longo da solenidade, dentre eles o advogado Paulo Quezado e a Irmã Conceição Dias, do Lar Amigos de Jesus, que acolhe crianças vítimas de câncer. O livro “Neuzemar Gomes de Moraes – Um Exemplo de Vida” não foi vendido durante o lançamento, mas permutado por leite em pó, que foi doado para as criancinhas acolhidas pela obra pia da freira benemérita.

 

Acione o link abaixo para acessar o 
discurso de Neuzemar Gomes de Moraes.


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NÁUTICO
CARNAVAL DA SAUDADE
TRADIÇÃO E ALEGRIA
“ATÉ EMBAIXO D’ÁGUA”
  
O Náutico Atlético Cearense promoveu neste ano de 2019, na noite deste dia 23 de fevereiro, a 52ª edição do Carnaval da Saudade, sob o comando do Presidente do Clube, o advogado Jardson Cruz, que também preside atualmente a Academia Cearense de Direito.

Desta vez o evento foi dedicado ao grande compositor romântico cearense Evaldo Gouveia, Membro Benemérito da ACLJ, o qual fez grandes incursões pela boa música do carnaval brasileiro, inclusive sambas enredos da Portela, escola de samba carioca – um deles vencedor em 1974, O Mundo Melhor de Pixinguinha.





Infelizmente o homenageado não pôde comparecer à festa, pois a idade avançada e uma doença vascular o impediram, mas ele se fez representar por sua mulher, a advogada Liduina Lessa, que recebeu por ele as merecidas honrarias.


Na imagem de arquivo, Evaldo e Liduina entre confrades, em reunião na Tenda Árabe, a que ele comparecia com ela muitas vezes, deleitando os confrades com as suas canções ao violão e com a história da sua saga, desde quando saiu do seu Iguatu, ainda menino, até o atingimento dos píncaros da fama, entre os anos 50 e 80 do Século XX. 



Um outro acadêmico, o pesquisador e documentarista musical Ulysses Gaspar, com o contributo das longas entrevistas que o compositor prestou à ACLJ, produziu a sua biografia autorizada – O Que Me Contou Evaldo Gouveia”. Evaldo Gouveia compôs para a ACLJ a Canção da Academia”, intitulada Cântico Cearense.







Logo após a coroação do novo Rei Momo, Gil Barata, pelo Presidente do Clube, Jardson Cruz, durante o magnífico desempenho das Bandas do Cordão do Bola Preta, e, em seguida, Caribbean Kings, contratadas diretamente do Rio de Janeiro, desabou um temporal sobre a Cidade, evento meteorológico que não teve potencial para desanimar o imenso público.

Pelo contrário, enquanto alguns foliões se entregaram a um delicioso banho de chuva, sambando freneticamente no salão descoberto, os brincantes que preferiam não molhar as fantasias se condensaram animadamente nas áreas cobertas do Clube, sem por um momento perderem a alegria – no exato clima da crônica “O Inverno e o Carnaval”, do acadêmico da ACLJ Reginaldo Vasconcelos, que por isso resolvemos republicar abaixo.



A propósito, durante o Carnaval da Saudade deste ano, e após a chuva, Reginaldo posa entre o radialista e promotor de eventos Alexandre Maia (à direita) e o também advogado Manuel Castelo Branco Camurça, um dos mais notórios e devotos torcedores do Ceará Sporting Clube, além de um grande entusiasta do carnaval carioca, a que comparece religiosamente a cada ano para torcer pela Portela.