segunda-feira, 30 de novembro de 2015

ARTIGO - O Beco Sem Saída (RMR)

O BECO SEM SAÍDA
Rui Martinho Rodrigues*


Fora das instituições não há salvação. É necessário preservá-las acima de tudo.

Os poderes do Estado democrático têm instrumentos de defesa contra os desvios de conduta das minorias corruptas e totalitárias. A democracia, infelizmente, não dispõe de defesas contra as maiorias que eventualmente venham a se assenhorear dos órgãos do Estado de Direito no mais alto nível da organização republicana. O aparelhamento das instituições por organizações criminosas e totalitárias, caso venha a tornar-se maioria no âmago do aparato jurídico e político das mais altas esferas do Estado, não terá nenhum remédio institucional.

A prisão do senador Delcídio do Amaral desencadeou uma série de conjecturas na imprensa. O líder do governo teria arquivos altamente explosivos. A conversa mantida por ele com o filho do senhor Nestor Cerveró, preso como protagonista do escândalo da Petrobrás, em que o senador hoje prisioneiro jactou-se de ter no bolso as mais altas autoridades da República, segundo se especula, seria confirmada pela documentação dos citados arquivos.

Documentos obtidos ainda ao tempo da CPI dos Correios, presidida pelo senador do PT de Mato Grosso do Sul, teria provas obtidas por meio de pesquisas em computadores apreendidos, envolvendo um grande número de figurões do poder Legislativo e de outros escaninhos, na mais alta hierarquia da vida pública. Tais documentos não teriam sido agregados ao relatório da referida CPI porque a maioria do Congresso não aceitaria.

A maioria do Parlamento não promoverá o seu próprio expurgo. As mais altas esferas do Executivo e do Judiciário também não cometerão suicídio. A população desmobilizou-se, abandonando as ruas. Não surgiram, ainda, as esperadas lideranças dotadas de credibilidade, vontade e autoridade moral para galvanizar a nação contra o domínio das instituições democráticas pela organização criminosa e seus cúmplices que se assenhorearam do Estado brasileiro. Não temos partidos nem programas ou, se os temos, não são levados a sério.

A sociedade civil está aparelhada ou igualmente corrompida; há omissão das organizações que a compõem, deixando-se quedar silentes diante do quadro calamitoso de devastação econômica, moral, política e institucional nos deixa sem esperanças; o quadro institucional concorre para dificultar a solução do problema econômico; as despesas públicas são, em sua maioria, intocáveis, por força de dispositivos do nosso ordenamento jurídico. Enfim, não há espaço para um ajuste econômico.

A mentalidade dominante continua iludida com o almoço sem conta, prometido pelo populismo. A história é imprevisível, não encoraja futurologias. Mas o conjunto dos fatos sugere que estamos na rota seguida durante décadas pela Argentina. Aquele país optou pelo desastre, mas partiu de uma condição privilegiada, tendo gorduras para queimar. Nós estamos optando pelo caminho ladeira abaixo, já estando numa situação muito mais precária do que a dos nossos vinhos do sul, quando escolheram o mesmo roteiro: populismo e corrupção.


CRÔNICA - No Cadafalso, a Mesa Posta (AM)

NO CADAFALSO,
A MESA POSTA
Assis Martins*


Quem se priva da vida encontra em si próprio o algoz, e o mata. (Alexandre Dumas, filho).
   
O TAF (Teatro de Amadores de Fortaleza) sempre estava em atividade o ano todo. Não faltava palco para exibições: Círculo Operário dos Navegantes, Patronato de Antônio Bezerra, Teatro São Vicente em Parangaba, São João do Tauape, Messejana, e, às vezes, em cidades vizinhas com a devida anuência do padre local.

Os integrantes, quase todos veteranos, mantinham grande fidelidade, agarrando os seus papéis ano após ano, principalmente na Paixão de Cristo, peça em que todos faziam questão de atuar. O bonito nessa época era o entusiasmo que dedicavam aos espetáculos.

Mesmo com sacrifício das suas atividades diárias, ninguém negava a colaboração em montar cenários e gambiarras, ajeitar a iluminação sempre em cima da hora, no maior corre-corre.

E foi numa dessas correrias que o Adauto, Judas bem cotado no conceito teatral dos subúrbios, cometeu um pequeno deslize de tragicômicas consequências. Aconteceu na encenação do Mártir do Gólgota, no Teatro São Vicente, com lotação mais do que esgotada. Foi uma arrumação geral a manhã toda, pinta daqui, puxa um fio dali e, na hora de começar o espetáculo, os bastidores do pequeno palco eram uma confusão danada.

Numa pequena mesa, encostada na lateral, jaziam os restos de um frango, porções de arroz e verduras repousando entre alguns pratos. Pois foi nessa dita mesa que ficou enroscada a ponta da corda com que o Judas Adauto iria se enforcar.

Vamos ao passo a passo: ele nessa noite estava inspirado, e, entre efeitos de luz, relâmpagos e um som ensurdecedor, quando disse a frase final – ...desce do báratro profundo, e vem buscar minha alma, ó deus do inferno! – dependurando-se na forca, a corda arrastou para o meio do palco alguns pratos e colheres.

O inusitado da cena assustou o público, mas ninguém riu em respeito à seriedade do sacro drama.

Apenas se ouviu um comentário isolado: 

  Esse cara é doido, vai se suicidar logo depois do almoço, não tem medo de uma congestão!...

(Ilustração de Audifax Rios)


domingo, 29 de novembro de 2015

APRECIAÇÃO LITERÁRIA - Batista de Lima (VM)


EIS OUTRA VEZ 
BATISTA DE LIMA!*
Vianney Mesquita**

A leitura é a viagem de quem não pode pegar um trem. (FRANCIS DE CROISSET, dramaturgo belga. YBruxelas, 28.01.1877; Nanterre, 08.11.1937).

Tem curso um ditado de procedência italiana – “Eis outra vez Crispim” (Ecce iterum Crispinus) – relativo a um criado de comédia, do tipo bufão, velhaco e sem escrúpulos, o qual, nas mais variadas situações, e repetidamente, aparece para importunar os circunstantes.

Contrario sensu, evidentemente, o título desta matéria denota, ao reverso de fazê-lo molesto qual a personagem do anexim latino, a imensa satisfação de deitar comentários sobre a figura singular do escritor José Batista de Lima (Taquari-Mangabeira-Lavras da Mangabeira-CE, 17.05.1949), na oportunidade em que trouxe ao público sua obra – ora por mim relida – A Literatura Cearense e a Cultura das Antologias, ao lume em 1999, sob a rubrica das Edições Dezessete e Trinta, da Universidade de Fortaleza – UNIFOR.

Na ocasião, na qualidade de docente daquela Academia, eu expressava o fato de que mostrar este literato à UNIFOR era igual a apresentar Jesus Cristo a Deus Pai, tão conhecido e apreciado e querido é ele, ainda hoje, ali e noutros ambientes de que faz piso.

Constantemente há, no entanto, o que dizer de uma pessoa cuja produção, tanto na seara das letras como no campo da cidadania, cresce todos os dias, mourejando nos três turnos em proveito da cultura material e em benefício do espírito.

Batista de Lima é escritor multifário, polígrafo, porquanto produz textos cobrindo variegados gêneros, com a fecundidade e a eloquência de quem guarda prontidão intelectual, permanentemente atualizada, para retratar, maiormente na crítica, os escritos lidos com sofreguidão e aplestia.

Professor de ofício, da língua e da literatura que cultiva e avigora com determinação e espírito pedagógico, José Batista de Lima é, ao derredor de Sânzio de Azevedo, Carlos D’Alge, Linhares Filho, Dimas Macedo, Giselda Medeiros, Neide Azevedo Lopes – mencionando apenas alguns dos nossos grandes escritores – um dos maiores historiógrafos literários do Ceará, consoante atestam os diversos ensaios até hoje produzidos, dos quais podem ser pinçados Vazios Repletos e Moreira Campos – a escritura da ordem e da desordem, sem contabilizar o ror de poemas, contos, romance, versos-de-pé-quebrado, trovas, cantares e outras estruturas, representativos de uma multímoda produção, malgrado, ainda, sua relativa juventude para o ofício de escrever Literatura.

Docente dos bons, rigoroso no que ensina, verdadeiro no que proclama e exemplo no modo como se comporta, possui elocução leve e riqueza cromática, quando exprime, em qualquer gênero, a literatura de ficção de sua terra, cujo vocabulário empregado hauriu do contato com a natureza que lhe sorriu, ainda quando fedelho, no São José do Taquari – Lavras da Mangabeira, Município a nos brindar com tantos homens e mulheres de letras.

É, entretanto, no terreno do ensaio, estudo e lítero-historiografia a se demonstrar ainda mais, mercê do seu ofício de mestre de Literatura, tendo como exemplos os trabalhos produzidos acerca de outrem, que é, como ele hoje, escritor sobejo,  precisando ser dissecado até a exaustão nos programas de graduação e pós-láurea dos quais é professor.

Impende-me, por conseguinte, em nome dos amigos e pares na Academia, me congratular com Batista de Lima pela produção de mais esta obra – A Literatura Cearense e a Cultura das Antologias – a qual reúne três excepcionais ensaios, dois dos quais – o segundo e o terceiro – penetram criticamente os meandros psicológicos de livros de Adolfo Caminha e Moreira Campos, dois dos maiores expoentes da literatura patrial e que enriquecem, com seu estilo, tipos e comportamentos, o acervo literário de Língua Portuguesa.

O primeiro escrito, por sua vez, é verdadeira aula magna acerca das seletas ou crestomatias circulantes no Ceará até hoje, e que, pelo seu alcance, mereceram uma carta deste portento da nossa erudição literária, que é Sânzio de Azevedo, cujo texto constitui o segundo capítulo do livro.

Parabéns, pois, ao Professor José Batista de Lima por enricar nosso recheio artístico com nova joia de sua colheita, trazendo o selo das Edições Dezessete e Trinta, mantida por dez docentes da Universidade de Fortaleza. Meu abraço, a admiração e o respeito literário.

De parabéns está, ainda, a UNIFOR, ao preservar em seus quadros pessoa tão grandiloquente de palavras, atos e escritos, como é o Prof. José Batista de Lima, patrimônio seu e do Ceará e do Brasil e dos países lusofônicos.


*A base deste texto foi preparada em 30 de março de 1999, lido quando do lançamento do citado livro, na UNIFOR, publicado em nosso livro Fermento na Massa do Texto (Apreciações).  Sobral: Edições UVA, 2001, pp. 57-8. A versão ora editada é atual, nomeadamente os quatro primeiros parágrafos.


sábado, 28 de novembro de 2015

NOTA JORNALÍSTICA - Descartes é Honoris Causa

DESCARTES GADELHA É
DOUTOR HONORIS CAUSA

A Universidade Federal do Ceará, em solenidade presidida pelo Magnífico Reitor Henry de Holanda Campos, outorgou ao artista plástico, músico, carnavalesco e folclorista Descartes Gadelha o título de Doutor Honoris Causa, na noite de ontem, 27 de novembro, no auditório da sua Reitoria.

Descartes, que é o 1º Membro Benemérito da ACLJ, em sua fala discorreu longamente sobre sua vida e sua obra, desde quando pintava os quintais de sua infância, e grafitava a carvão os muros da Rede Ferroviária Federal, de que seu pai era funcionário, no bairro de Jacarecanga onde morava.

De quando o Reitor Martins Filho, fundador daquela Universidade, ao ver seus desenhos de menino, profetizou que o mundo ainda conheceria a sua obra, e de quando a grande pintora cearense Heloísa Juaçaba o classificou como “artista plástico”. 

O termo, ainda desconhecido no Ceará, o fez ganhar da molecada o apelido de “caubói de plástico”, em relação aos artistas de cinema e à matéria sintética que era grande novidade àquele tempo.   


De quando descobriu o meretrício e passou a produzir uma grande obra pictórica com os seus aspectos degradantes. De quando se instalou no aterro sanitário da cidade para retratar a miséria dos catadores de lixo, muitos dos quais levou para participar do vernissage.

Então, em meio ao seu discurso bem pausado, em seu característico timbre cavo, descartes recebeu um discreto bilhete do cerimonial com a expressão “tempo esgotado”. Descartes o leu em voz alta e contemporizou ainda mais, provocando risos, respondendo à mensageira com uma cearensíssima expressão: “Vai já!”. E continuou sua oratória. 

No meio do apagão geral que aconteceu naquela noite todos se dirigiram ao pátio interno do belo prédio da Reitoria para assistir à saudação que lhe faria o seu Maracatu Solar, que dançou e cantou sob sua regência, à luz da lua.

A ACLJ foi representada no evento pelo seu Presidente em Exercício, Reginaldo Vasconcelos, e por seu Presidente Emérito, Rui Martinho Rodrigues.

  
NOTA

Caríssimo amigo Reginaldo Vasconcelos,

Ao ler sua matéria no blog da nossa Academia Cearense de Literatura e Jornalismo fiquei muito contente e honrado. Sua generosidade me comove. Seu interesse pela cultura é um exemplo que deveria ser seguido, indistintamente, por todos. 

Como você sabe, a cultura é a arte manifestada nos mais diferentes aspectos. A cultura é expressão vivencial amalgamada  das necessidades estéticas mais profundas do espírito de um povo. E a arte é um dos mais importantes, ou talvez único, veículo de comunicação dos nobres valores (ou não). Daí o senso democrático da arte. Todos necessitamos da estética para nos expressar, de alguma forma, dizer algo do nosso sentir.

Portanto, a arte é a linguagem universal do espírito e cultivar essa linguagem como bem patrimonial é a cultura. Uma academia como a ACLJ, na verdade, é um oráculo de saberes e de difusão dos sentimentos nobres. E você, Reginaldo, como nosso presidente, não tenho dúvidas, é um missionário cultural que esparge, colhe e catalisa com muito zelo nosso anseio estético. Isso é muito confortador.

Muito obrigado.

Aceite meu abraço.

Do seu amigo e confrade da ACLJ  

Descartes Gadelha.


    

NOTA ACADÊMICA - 2ª Assembleia 2015


2ª ASSEMBLEIA GERAL ANUAL DA ACLJ
PLENO ÊXITO


Coroada de pleno êxito a 2ª Assembleia Geral Anual da ACLJ, em que tomou posse na Cadeira de nº 9 o educador e empresário Ednilo Gomes Soárez, continuador do obra do pai Edilson Brasil Soares à frente da Educadora Sete de Setembro, juntamente com o irmão Ednilton, já seguidos pela terceira geração da família.




Dr. Ednilo, Diretor da Faculdade 7 de setembro, a FA7, é oficial da Marinha Brasileira reformado, tem vários livros publicados, sendo imortal da Academia Cearense de Letras e atual Presidente do Instituto do Ceará – Histórico, Geográfico e Antropológico.

Após empossado, o novo acadêmico acelejano outorgou a Comenda Educador Edilson Brasil Soares a três veteranos mestres cearenses de artes e saberes não curriculares, a pioneira professora de balé Regina Passos, o também professor de dança Hugo Bianchi e o “shiran” de judô Milton Moreira, todos nonagenários.


Em seguida Ednilo Soárez deu posse a três novos Membros Honorários – o poeta, escritor, compositor e artista plástico Totonho Laprovitera, o engenheiro químico, ex-oficial da Marinha, cientista político e teólogo Humberto Ellery e o já muito laureado radialista Moreira Brito, que declarou ser este último o mais importante título de sua carreira e de sua vida.



















Ao final da solenidade o casal Ednilo e Fani Soárez descerraram o retrato pictórico do paraninfo da medalha Educador Edilson Brasil Soares, obra primorosa de autoria do artista plástico cearense Messias Batalha.

Presentes à solenidade os acadêmicos Cid Carvalho, Rui Martinho Rodrigues, Altino FariasConcita Farias Geraldo Gadelha, Aluísio Gurgel, Antonino Carvalho, Dorian Sampaio, Adriano Vasconcelos, Vianney Mesquita.


Wilson Ibiapina, Roberto Moreira, Paulo César Norões, Paulo Ximenes, Nirez, Paulo Maria de Aragão, além do Presidente em Exercício, Reginaldo Vasconcelos e do radialista Vicente Alencar, como Mestre de Cerimônia.

Depois da solenidade foi servido o tradicional coquetel no terraço panorâmico do Edifício da ACI, com essa bela visão da Praça do Ferreira sob a decoração natalina.


segunda-feira, 23 de novembro de 2015

JORNAL DO VICENTE ALENCAR (ED 897)



LEMBRETE:
“Pobre de uma Cidade como a nossa Fortaleza em que as Bancas de Jornais e Revistas fecham antes das 17 horas, em face do número enorme de assaltantes e BANDIDOS! É DE LASCAR!

Atenção Senhor Governador Camilo Santana, tome uma providencia. Atenção Senhor Prefeito Roberto Cláudio Bezerra, use os seus homens do ‘rapa’ para coibir o abuso”. (JOVINO NUNES DE ALENCAR, 86, aposentado, observador da Cidade. Amigo da verdade e que não acredita no (des)Governo Brasileiro).

ACADEMIA DE JORNALISMO BRILHANDO
A Academia Cearense de Literatura e Jornalismo continua sua brilhante trajetória. Esta semana, no dia 26, estará empossando como membro titular o educador Ednilo Soárez, do Complexo Educacional 7 de Setembro, como Membro Titular. 

CONSAGRADOS NOMES HOMENAGEADOS
A Excelentíssima Senhora Regina Passos, Dama do Balé,  o ator e bailarino Hugo Bianchi e o Mestre de Artes Marciais Milton Moreira serão homenageados em alto nível, face do desempenho de cada um em seu ramo de atividades em nossa terra.

SOLENIDADE SERÁ NA ACI
A solenidade será realizada a partir das 19 horas e 30 minutos no auditório da Associação Cearense de Imprensa - Rua Floriano Peixoto, 726 e será presidida pelo advogado e Jornalista Reginaldo Vasconcelos.

ACADEMIAS E ACADÊMICOS
A direção da Academia Cearense de Literatura e Jornalismo está enviando via e-mail para todas as academias da Capital e do Interior, e para os seus próprios membros convites para que compareçam à solenidade.

INSTITUTO DO CEARÁ
Todos os membros do Instituto do Ceará  – Titulares e Honorários que são presididos por Ednilo Soárez são convidados para se fazerem presentes. 


MOTO - A MORTE SOBRE DUAS RODAS!


HOMENAGEM À RÁDIO PITAGUARY
Pela passagem dos seus 25 anos de Fundação a Rádio Pitaguary, de Maracanaú, será homenageada nesta quarta-feira às 9 da manhã pela Câmara de Maracanaú.

FRANCISCO FELIX TAMBÉM
O Radialista Francisco Felix, uma das legendas do Rádio Cearense, presidente da Associação Cearense de Cronistas  Carnavalescos, Diretor Geral da Rádio Pitaguary, de Maracanaú, também será homenageado pelo parlamento municipal.


LUTEMOS PELA PAZ MUNDIAL
ELA DEVE COMEÇAR NA RESIDÊNCIA
DE CADA SER HUMANO!


DÍLSON COELHO FOI ATRAÇÃO
O cantor cearense Dílson Coelho, uma das vozes mais bonitas do Brasil, foi a atração maior no último domingo de 11 às 14 horas do Programa Francisco Felix, da Rádio Pitaguary, de Mossoró.

TERÇA-FEIRA EM PROSA E VERSO
PELA MANHÃ
O nosso próximo encontro será dia 8 de dezembro (data consagrada a Nossa Senhora da Assunção) em novo horário. Às 9 horas da manhã. na sede da ACADEMIA CEARENSE DE LETRAS – Palácio da luz – Rua do Rosário, 1, centro.

16 ANOS DE ATIVIDADES
A Terça-Feira em Prosa e Verso estará completando 16 anos de ininterruptas atividades, todos os meses, em nossa Capital, na segunda terça-feira de casa mês. Logo em seguidas será servido um coquetel aos presentes.


LIVRO - UM BELO PRESENTE DE NATAL


MISSA DE 30º DIA
No próximo dia 8 de dezembro na localidade de Arrojado Lisboa, em Lavras da Mangabeira, a Missa de 30º Dia em sufrágio da alma do Senhor  Vicente de Sousa Lima, notável sertanejo alencarino. Todos os seus familiares e amigos são convidados.

CAMOCIM REÚNE SEUS FILHOS E AMIGOS
O Grupo Idosos Vaidosos, que congrega os filhos e Amigos de Camocim, stará reunido em grande estilo. Esta terça-feira vai marcar o congraçamento de final de ano. Todos que integram o numeroso grupo são convidados para o jantar de adesão, podendo ser contatados Wládia Parente, Joaquim Parente e Lucinha Parente


FORTALEZA
CEARÁ
BRASIL
AMÉRICA DO SUL

Nós somos sul-americanos



sexta-feira, 20 de novembro de 2015

NOTA JORNALÍSTICA - Catalepsia Moral (RV)

CATALEPSIA MORAL
Reginaldo Vasconcelos*


A ACLJ promoveu o 2º Fórum de Debates Sobre Democracia e Manifestações Populares, na noite do último dia 13 de novembro, na Unifor, evento que foi prejudicado pela transmissão do jogo de futebol amistoso entre Brasil e Argentina, transferido emergencialmente para aquela data, e pelos ataques terroristas em Paris, que também coincidiram com o horário.

Pensou-se então em marcar um novo dia para dar continuidade aos debates, mas a iniciativa perdeu inteiramente o objeto, já que as manifestações de rua marcadas para este mês, em todo o País, que eram o seu tema central, foram inteiramente esvaziadas.

Restou um grupo obstinado que acampou nos gramados do Congresso, pugnando pela volta dos militares. São aqueles que se envolveram em guerra campal com as mulheres negras que realizavam uma passeata chapa-branca, patrocinada pelo Ministério da Igualdade Racial.

Parece que o povo entrou em estado de catalepsia moral. Não há coisa específica contra o que protestar, quando absolutamente tudo está errado, sem que se possa vislumbrar uma luz no fim do túnel.

A nação está atônita, apática, atáxica, apopléctica, esperando o desenrolar da luta de gangues que se desenrola entre os Poderes da República, e trincando os dentes ante o sofrimento que se agudizará durante a crise financeira que apenas se inicia.

ARTIGO - O Terror e a Era dos Ressentidos (RMR)

O TERROR E
A ERA DOS RESSENTIDOS
Rui Martinho Rodrigues*


Vivemos a era dos ressentidos. Teorias conspiratórias e promessas messiânicas assumidamente religiosas ou pseudolaicas prometem o paraíso terrestre. O ódio cresce. Guerra para roubar petróleo ou para salvar a economia são teorias conspiratórias. Embora esteja sobrando petróleo e seja mais caro tomar do que comprar o óleo, semeiam o ódio, mas não reconhecem a responsabilidade que têm na explosão de violência.

Religiosas, em sentido estrito, são guerras que prometem paraísos com virgens na outra vida e um adiantamento de escravas sexuais antes da morte, além de propagarem o ódio e a guerra aos infiéis. Há quem queira minimizar o papel desta religiosidade. É o outro tipo de religião, concorrente do paraíso celestial com a promessa de céu na terra. O ópio dos intelectuais tem responsabilidade pelo terror.

Pregar o ódio serve para reprimir o uso da razão. É preciso semear o ódio para manipular pessoas, para dominá-las. Mentir é um meio para tanto. Odiar a desigualdade, a riqueza do outro é parte do jogo de poder. Inflar a presunção de direitos, acirrando a inveja, camuflando-a com a aparência do nobre sentimento de igualdade, estimular a ideia de que por ter nascido todos têm direito a tudo, sem nenhuma obrigação recíproca, fazer crer que a riqueza é um jogo de soma zero, dizendo que “para existirem ricos é preciso que existam pobres”, dizer que “o desenvolvimento de uns resulta do subdesenvolvimento de outros” é pregar a mentira porque alguma coisa há de ficar.

A Inglaterra se desenvolveu por ter feito a Revolução industrial. A Espanha saqueou mais do a Inglaterra e não se desenvolveu. O subdesenvolvimento é um estado originário, não é a evolução de uma relação de exploração. 

O ódio às diferenças religiosas (eclesiásticas ou pseudolaicas), entre nacionalidades, classes sociais, etnias ou simples entre fenótipos diferentes, quando não existe etnia, como na maioria dos casos no Brasil, é fator relevante para o ódio. A guerra fria foi a III GM. A atual é a IV GM, mais de propaganda que de armas.


CRÔNICA - Lotação de Histórias (PMA)

LOTAÇÃO  DE  HISTÓRIAS
Paulo Maria de Aragão*


Falássemos de tudo que sucede no interior dos coletivos, teríamos uma farta coletânea de histórias hilárias, cheias de imaginação e situações estapafúrdias, resistentes ao tempo. Nelas incluem-se o papo furado, o galanteador a fazer as vezes de Don Juan, arquétipo do sedutor, clássico de uma das peças de Molière. Num tom romântico, no restrito espaço do corredor, desfiava de cor frases de efeito: “Não posso lhe dar a verdade. A verdade está dentro de cada um.” "Hoje é o primeiro dia do resto da sua vida". O fanfarrão emociona moçoilas e “titias”, sentadas na fileira do meio, que parecem relembrar desilusões de um ex-Don Juan.

Apesar disso, não raras vezes, surgem descuidistas, desavenças por falta de troco, afora inconvenientes incontáveis. Penosa é a espera do ônibus. Com horários reduzidos, filas serpenteiam, dando lugar a discussões e empurra-empurra. Após a partida, no percurso, é que tudo se abranda com disparates generalizados sobre futebol, política e parvoíces de que as nuvens são carregadas de peixes para encher açudes, lagos e rios, e de que trovões podem derrubar casas nas áreas descampadas.

Haja ignorância contra a lei da razão. E “fiat lux” para dissipá-la, trazendo clareza e bom senso aos tramelas que falam de tudo. De quando em quando, outros se salvam por ditos espirituosos: ”unir o útero ao agradável”, cuidar da saúde se defendendo “do sol e seus raios ultraviolentos”. Estes arrancam ruidosas risadas, mais prolongadas e escrachadas do bebinho, escorado no pega-mão de apoio no vão da porta de entrada: “vou saltar na próxima, conta a do padre...” No sacolejar do ônibus e na apertura, vira e mexe a emissão de um pum provoca o fedor do ambiente e a suspeita logo recai sobre o estigmatizado gordo que estiver na área.   

Os coletivos paradigmatizam cidades de composição imagética tendo o poder de evocar sentidos, hábitos de vida e valores humanos que nelas transitam, transportando estereótipos diversificados.  Nelas fluem relações e fenômenos sociais e culturais, os direitos são iguais, interagem pessoas boas, estranhas, excêntricas, divertidas, rebeldes e cansadas que se entreolham. Seus rostos deixam igualmente entrever a expressão triste e angustiosa que se movem como sombras no vazio. São eternas fontes reflexivas e de indagações na desconfiança humana, ao deixar de ser sujeito para ser objeto, pela própria condição de passividade e submissão.

Não dá para acreditar em duendes e cegonhas, mas não se descarta a possibilidade de se estar viajando com psicopatas ou sociopatas, enquadrados no mesmo espectro de transtornos de personalidade antissocial. Afinal de contas, a universalidade destes serviços é proporcionada pelo poder público e disponível a todos, sem qualquer distinção de classe, gênero, cor, orientação sexual ou outras formas de preconceito. Usuários mais tensos com acidentes e assaltos fazem do trajeto uma via de louvação, debulhando as contas do terço, repetindo ave-marias à surdina, ansiosos pela chegada em segurança aos seus destinos.

Além destas manifestações de fé religiosa, são fantásticas as histórias que ocorrem no sufoco e nas angústias do dia a dia nos coletivos. E dão-se amiúde, a exemplo daquela de Salvador onde há um bairro chamado Pau Miúdo, de difícil acesso em virtude de uma ladeira íngreme. A obesa baiana de bata de renda, vendedora de acarajé e abará na parada do ônibus, perguntou ao cobrador: “Pau Miúdo sobe, moço?”
E, ele, ironicamente respondeu: “Depende, dona”.

A simpática senhora só queria saber se o raio do ônibus subiria a ladeira.

Noutro lance, a mulher, de meia-idade, nádegas volumosas, toma de assento ao lado de empertigado senhor que protesta: “chegue mais pra lá, pois está me imprensando na cadeira”. A bunduda, de boa concórdia, o atende. Tudo em vão, porquanto ele volta a implicar: “assim vou sair pela janela”. E a ela redarguiu: “não dá pra aliviar mais; só se aumentar as dimensões dos assentos e a largura do corredor”. Aí, enfurecido, apela: “sua bunda de tanajura não deveria andar de ônibus porque incomoda todo mundo. Vá de táxi!” E sem papas na língua, a robusta não deixou por menos: “você queria que deixasse minha bunda em casa? Pra onde for ela vai comigo. Vai se lascar bunda seca, bunda mole e sem futuro...”.

Ônibus lotados, sardinhas enlatadas, sempre estimularam assédios sexuais em volta de mulheres que viajam em pé. Espremidas e assustadas, a qualquer descuido, telhudos roçam em suas pernas, excitando-se como gatos e cachorros e sem oposição ascendem à região glútea. Mas um belo dia a casa cai, assim o diga o rotundo baixinho que bobeou e se deu mal com a estudante, de cara de poucos amigos, ao reagir possessa: “Vagabundo, sai de cima de mim!” “Vai se esfregar na pqp!” E sentou-lhe a mão nas bochechas e chutes na genitália. O motorista parou o coletivo, forçando-o a descer às pressas, espavorido, enquanto todos gritavam num só acorde: “tarado, tarado...” Daí por diante não mais foi visto o marmanjo no bairro do Benfica.

Mas a intransigência, muitas vezes, prevalece por parte de trocadores, motoristas e passageiros. Em verdade, ninguém respeita ao mandamento “é proibido fumar” sequer outras regras. Quanto ao transporte de pequenos animais, se desconhece a coibição, em particular, daqueles que podem ser conduzidos, agasalhados, numa bolsa. São situações inconfundíveis que o bom-senso dispensa aviso. No interior de um ônibus da linha Praia de Iracema, sorridente casal, sulista, tinha ao colo um irrequieto cãozinho, que se pôs a ganir manhosamente, denunciando a sua inofensiva presença como clandestino. O trocador, arrogantemente, exigia a sua retirada e a do inofensivo companheiro.


Os passageiros ainda tomavam seus lugares. Seu Luís, o motorista, mais arrogante, insurgiu-se diante a “ilegalidade”. “Meu ônibus não é carrocinha de cachorro que recolhe vira-latas para fábricas de sabão”; manda o casal se retirar, e este faz ouvidos de mercador. Improvisa-se uma comédia e a troça toma conta do veículo. Frustrado, procura um policial na Praça Waldemar Falcão, mas o logradouro estava ao léu. Se não tão patéticas, suas ordens seriam risíveis e a cada uma delas vinham apupos. O cãozinho assustado permanece latindo. Talvez, pelo carisma do jovem casal, os passageiros aderiram à causa do pet. Baldada a decisão de Seu Luís, e por não se chegar a bom termo, o Praia de Iracema deu partida e tomou outro itinerário: 1º Distrito Policial. Curiosos ali se apinhavam para saber da ocorrência e se acercaram do coletivo que parecia conduzir uma leva de presos.

Afinal de contas, entre beijos e abraços, o casal desceu aplaudido, aconchegando o cãozinho, o principal protagonista do caso. E sorridente seguiu seu rumo entre bisbilhoteiros, ávidos de saber o que se passava. Enquanto isso, os passageiros revoltados ainda reprovavam o comportamento do rabugento motorista. Mas, no país onda as leis são muitas e tão pouco obedecidas, com quem estará o direito? Com Seu Luís ou com os donos do cão?