sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

CRÔNICA - Fim de Ano (VA)


FIM DE ANO
Vicente Alencar*


Corri com a minha dor. Deixei de lado os problemas de ontem e olhei, com esperança e tranquilidade, o dia de hoje. Senti que não havia mais rancor nem aborrecimento em mim, depois de haver sentido a incompreensão e deselegância de gestos, em muitos dias deste ano velho. É Dezembro. Calam-se vozes corriqueiras do dia-a-dia, que nada de novo têm a dizer, e o ano vai ficando mais leve.

A aproximação do Natal, o sorriso de cada um, a expectativa das crianças e a alegria dos velhos nos fazem pensar em dias felizes em 2017. Toda uma grande massa sente esses momentos e vive, a seu modo, a sua melhor experiência.


Com o ano que se conclui fecha-se mais um capítulo para cada um de nós. Aqueles que venceram, sentiram e tiveram ao seu lado os favores da vida, acautelem-se e procurem manter essa posição já garantida. Aqueles que lutaram e não encontraram o momento definitivo, mais um pouco de atenção e paciência no caminho que escolheram e em que pretendem seguir.

Profissionalmente, bem ou mal, todos nós temos um objetivo, e amorosamente a mesma coisa.  E os objetivos nos seguirão sempre, enquanto não sentirmos a sua conquista e bebermos à sua vitória. Para quem já conseguiu tudo isso, os nossos parabéns; para quem não chegou lá, um ano cheio de novas ideias e de ilusões para a conquista definitiva.


A experiência que cansa e a ânsia que mata devem ser controladas. Supere sempre a sua imagem, bata seus próprios recordes, mas, procure sentir-se feliz e um ente humano em plenitude. Nem sempre a máquina pode substituir o homem, nem cálculos podem suprir o seu coração.

Não deixe morrer em você a criança de ontem, que inunda de amor o adulto de hoje. Não se sinta realizado se tem tudo, nem infeliz porque tem pouco ou quase nada. Sinta, antes de tudo, a felicidade de estar vivo e de ter onde encontrar o melhor caminho, recomeçar ou sentir que somente agora você deve dar início à sua verdadeira imagem. Seja você mesmo.

É fim de ano. Dentro da imagem criada por você mesmo, consumida por você mesmo, moldada por você mesmo, realize-se! Não deixe que o amor não conquistado, que a crítica mal colocada, que o desejo não conseguido diminuam seu ânimo e seu espírito. Alegre-se!


Sinta que viver não é somente olhar o inatingível. Sinta que viver é sentir-se gente, é ser útil, é amar, é sentir a noite, é encontrar o desconhecido, é partir sem temer. Deixe a descontração tomar conta de você e sua vida terá encontrado o rumo certo.


ARTIGO - A Banalidade do Mal (RMR)


A BANALIDADE DO MAL
Rui Martinho Rodrigues*


Toda violência é contra o mais fraco. Bêbado, preso, criança, mulher, idoso, deficiente físico são casos particulares de fragilidade.

A violência pode ser regulamentada ou legitimada pela cultura ou pelo Estado e não regulamentada. Castigos corporais dos pais nos filhos são da tradição cultural. A violência do Estado, na guerra e no Direito Penal, também é regulamentada.

A violência não reconhecida pelo Estado e pelas tradições culturais em geral é crime. Cabe a distinção entre violência física e psicológica, mas ambas se enquadram na classificação “regulamentada ou não regulamentada”. A primeira tem sujeito ativo e passivo, motivo, lugar e ocasião definidos. A palmatória da professora era um exemplo disso. Sujeito passivo: aluno; sujeito ativo: professora ou um colega sob as ordens da mestra; motivo:  não saber a lição; lugar e ocasião: sala de aula, o que a faz previsível. A violência regulamentada pode ser executada com excesso ou arbitrariamente, deixando de ser legítima. Quando a violência regulamentada recua a informal avança, como aconteceu na escola. A violência não regulamentada é imprevisível.

A vulnerabilidade, a suscetibilidade, o choque entre valores, interesses ou vaidades, a insegurança real ou psicológica e a impunidade contribuem para a violência. No caso em exame, os dois agressores, como soe acontecer, eram a parte mais forte. 


A falta de intervenção de terceiros? Não é prudente intervir em conflito. É possível topar com uma gang ou organização criminosa. Ninguém se mete em confusão.

A onda "politicamente correta" ensina tolerância zero com a moral tradicional. Ofendido por ver os seus valores desqualificados, alguns reagem estupidamente. O orgulho gay e o de macho que se presume poderoso tornaram-se matéria inflamável de fácil combustão. Ativistas políticos e intelectuais alimentam a exaltação de ânimos. As redes sociais completam a receita trágica.

A mudança cultural rápida e profunda causa conflito. A insegurança de quem sente os seus valores e o seu mundo ser rejeitado está presente dos dois lados. Os crimes esclarecidos e punidos são uma parcela ínfima da criminalidade, reforçando a impunidade e a violência, principalmente quando dirigida contra pessoas socialmente “desimportantes”.

Não há pregação de ódio nos púlpitos, ao contrário do que se diz, mas incompreensão ou má vontade dos que confundem exortação com abominação. Estão exigindo respeito. A democracia, porém, só prescreve coexistência pacífica. Juízo moral é parte da liberdade de consciência e de expressão.

Agredir sem motivo tornou-se banal. A vida perdeu o valor, cedeu espaço ao aborto, eutanásia, suicídio assistido. A pregação contra os valores da tradição hebraica e cristã não se acha responsável por isso. Assassinatos de idosos, bêbados, mendigos, pais, filhos, cidadãos vitimados por bandidos acontecem todos os dias. A presença de homossexuais como vítimas foi o que deu destaque ao recente crime do metrô de São Paulo.



NOTA LITERÁRIA - Pádua Lopes Lança Livro


PÁDUA LOPES LANÇA LIVRO


Pádua Lopes é um jornalista cearense que percorreu todas as etapas da carreira, de revisor a repórter, de colunista a redator, até conquistar por mérito o cargo de Diretor Superintendente de jornal, no caso o maior e mais importante noticioso do Estado, o Diário do Nordeste.

Agora Pádua Lopes estreia na literatura ficcional com o romance intitulado “Safira não é flor”, cumprindo a mesma senda intelectual do colombiano Gabriel Garcia Marques, um dos mais importantes autores do século passado, Premio Nobel de Literatura em 1982, o qual dizia ser a sua condição de escritor tão-somente uma evolução natural da vocação jornalística do repórter que fora, e que seria sempre.

O livro de Pádua Lopes tem o mesmo caráter do autor, cujo grande talento profissional e literário se funda na discrição e na modéstia. A obra não tem as recomendações laudatícias de prefaciadores, e não foi lançada com os despudores sociais das noites de autógrafos, em que os escritores, cumprindo velha tradição, instam o círculo pessoal ao comparecimento e à aquisição de seu trabalho.


A Academia Cearense de Literatura e Jornalismo recebe com grande entusiasmo o advento de um novo literato cearense, que se revela dentro da classe jornalística, confiando que o texto de “Safira não é flor”, plasmado em estilo leve e fluente, seja o primeiro de muitos títulos da mesma lavra e com a mesma qualidade. Garcia Marques defendia que “um escritor só escreve um único livro, embora esse livro apareça em muitos tomos, com títulos diversos.  

quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

NOTAS JORNALÍSTICAS - Jader e Maurílio


GRANDE CEARENSE
VOLTA AO ACONCHEGO


O engenheiro civil Maurílio Vasconcelos foi professor de física em Fortaleza desde o final dos anos 60, quando ainda muito jovem fundou o célebre Curso CIPAM, preparatório para o vestibular, e depois o Colégio Integral, na década de 70.

O Colégio Integral inaugurou em Fortaleza técnicas norte-americanas de ensino, aplicando pioneiramente o método de créditos por cadeiras (ou matérias), com salas de aula inovadoras para a época, todas climatizadas e com retroprojetores que eliminavam o uso de giz, o que permitia aos professores dar aulas sempre de frente para as turmas.

Já atuando no ramo da construção civil, visitando Rondônia, 30 anos atrás, Maurílio foi avistado por um de seus conhecidos dos tempos de magistério, que se radicara naquele Estado, o qual o estimulou a instalar ali um célula de sua construtora, onde a empresa prosperou de forma exponencial, e onde ele passou a residir.

Mas ele encontra conhecidos onde haja cearenses em torno do Planeta, pois grande parte dos integrantes da geração fortalezense acima dos cinquenta anos de idade  é composta por ex-alunos seus, ou das instituições de ensino que fundou. Até na China, onde passou recentemente uma temporada com a família, chegou a ser reconhecido por conterrâneos em viagem.

Neste final de ano, Maurílio voltou a instalar residência em Fortaleza – embora ainda mantenha negócios em Rondônia – e foi recebido na noite desta quarta-feira (28.12.16) na Embaixada da Cachaça, do acadêmico Altino Farias, evoluindo depois para o lounge especial da ACLJ denominado Tenda Árabe, com seu primo Reginaldo Vasconcelos, o arquiteto e artista plástico Totonho Laprovitera e o poeta Paulo Coelho de Aragão Ximenes.


Totonho, que também é ex-aluno, cita Maurílio em seu último livro, “De Primeiro”, lançado neste mês de dezembro, em que remonta a vida da juventude dourada de sua época em Fortaleza, da qual o jovem professor de então se tornou figura icônica.

Totonho lembra que Maurílio – empresário próspero, rico, desprendido, boa-praça, chegava a emprestar aos alunos mais amigos o seu possante Dodge Charger azul turquesa de último modelo – e chegou a apoiar a construção de um protótipo de automóvel projetado pelo futuro arquiteto e artista plástico, então cursando o 2º Científico.




COMENTÁRIO:

Rapaz! Que inveja! Adoraria estar aí nessa roda. Grande Maurílio! Gostaria muito de reencontrá-lo!

Luiz Rego






ANIVERSÁRIO DE 
JÁDER DE CARVALHO


Há 115 anos nascia o cearense Jáder de Carvalho, jornalista, advogado, professor e escritor, o terceiro Príncipe dos Poetas Cearenses. É o Patrono Perpétuo da Cadeira de nº 1 da ACLJ, pai do Senador Cid Carvalho, o nosso Presidente de Honra, e avô do confrade Antonino Carvalho. Assim fez constar em sua rede social o jornalista Eliomar de Lima. 




POEMA - Bendito És, Antônio (KK)


Bendito és, Antônio!
Karla Karenina*

Sabes o que é produzir um poema?
Sabes o que é dar à luz depois de dias em trabalho de parto?
Sabes o que é caminhar sem bússola no deserto, com sede?
Sabes o que é estar semimorto e ver abutres sobrevoando ao redor de ti?
Então saibas que recebes pedaços das minhas entranhas em palavras. Pedaços de mim, sobrevivente do caminho desse amor que sinto por ti
Receba meus poemas como bênçãos. Pois que saber que alguém te dedica tamanho sentimento, é ser bendito!
Bendito és por me fazer produzir poemas nas madrugadas insones.
Bendito és por ser mais, muito mais que objeto de desejo.
Bendito és por ser querido, amado, compreendido, esperado...
Percebes o quanto és bendito, Antônio?
Sabes que é assim que te chamo em minhas orações?
Meu bendito Antônio...
Ah! Se pudesses entender, ter a dimensão do quanto és bendito!...
Sim, Antônio!
Como o santo e como o poeta. Como o filho amado de minha irmã poeta...
Antônio como o homem guerreiro ou como o menininho doente, carente...
Antônio. Meu Antônio!
Receba minhas preces, meus pedaços em palavras (poemas) e receba meu coração e corpo.

Receba, Antônio, o meu amor!


terça-feira, 27 de dezembro de 2016

CRÔNICA - Infeliz Ano Velho (RV)


INFELIZ ANO VELHO
Reginaldo Vasconcelos*


Certamente alguém nasceu, alguém se casou, alguém prosperou, alguém sorriu neste ano fatídico que se encerra nestes dias. Mas, no geral, a quadra tem sido de depuração e sofrimento. Pode-se dizer que foi um "ano funil", para o qual convergiu o desfecho dramático de processões malsãos que já estavam longamente em gestação. 

O Brasil vinha em aguda mas até então assintomática enfermidade, controlando crônica doença moral com bálsamos sociais e com falsa propaganda, e de repente entra em colapso e passa por grave cirurgia política. Entra em profunda crise administrativa e econômica. 



Sofre a amputação de membros podres, a ablação de órgãos falidos, com a implantação de pernas de pau da pior cepa, à falta de madeira de lei, do melhor cedro ou mogno, no bosque humano de Brasília. Uma dolorosa intervenção para uma longa convalescença, uma cura difícil, incerta, imprevisível.

Santos Dumont, por seu turno, que se teria angustiado com os primeiros bombardeios aéreos, tremeu no túmulo, desta vez pelos desastres aviatórios dramáticos que ocorreram neste ano.



Em patacoada cucaracha morre nas montanhas da Colômbia, em avião da Venezuela e piloto da Bolívia, um time de futebol brasileiro quase todo, e agora, quase todo um grupo vocal do exército russo, cavalgando um velho Tupolev, se precipita no oceano – para não falar nos helicópteros tantos que se acidentaram no Brasil.

O Oriente Médio vira um pântano desumano e retorna à mais tacanha Idade Média, lançando mão do mais perverso instrumental bélico moderno para trucidar populações civis, para barbarizar inocentes, fazendo prova cabal da existência do demônio, para quem ainda duvidasse do inferno sobre a Terra.

Decapitações em massa em nome de Deus, destruição de monumentos históricos pelo obscurantismo fanático, hordas de famílias escorraçadas, com mulheres e crianças feridas e famélicas, em peregrinações bíblicas na direção da caridade dos povos e do acolhimento das nações.

Na Europa, gente que foi recebida e aceita nos países se volta contra os seus benfeitores por motivação de ódio étnico, de intolerância religiosa, de fundamentalismo ideológico, matando gente a granel com desarrazoada violência.   

Por fim, nos Estados Unidos, a eleição de um histrião ao trono mais poderoso do Planeta, para repetir a história trágica do mundo de forma farsesca, reprisando episódios em que o poder maior recaiu sobre Hitleres e Neros.

Aqui no nosso microcosmo cearense dois grandes ícones da sociedade nos deixaram de repente neste ano, Yolanda Queiroz e Ivens Dias Branco, capitães de empresas que lideravam os dois grupos econômicos mais tradicionais e mais portentosos do Estado, enlutando suas famílias e a nossa confraria, já que ambos eram nossos Membros Beneméritos.


Pessoalmente, este ano me levou logo em janeiro  o velho pai, produzindo para mim e os meus uma das esquinas mais abruptas do destino.

Resta-nos então fazer a indagação desesperada que fez a cantora americana Madonna, no último dia 25, após a morte do seu colega e amigo, o artista sônico inglês George Michael: “Será que 2016 não poderia acabar logo?”.


segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

TROVA - (VA)


TROVA DE VICENTE ALENCAR

Com estrelas brilha o céu
é bela noite de Natal
a Lua coloca o véu
Não há outra noite igual.
  
Sinto teus lábios querida
tal qual um beija-flor,
és meu amor, minha vida,
neste universo de amor.



domingo, 25 de dezembro de 2016

GLOSSÁRIO - Curiosidades Latinas - 6 (VM)


GLOSSÁRIO DE PARÊMIAS, ANEXINS E CURIOSIDADES LATINAS (6)
Seleção de Vianney Mesquita*


Actio personalis moritur cum persona =A ação pessoal extingue-se com o indívíduo” (Aforismo jurídico).

Actor agit quando vult, et non cogitur, sed contrarium est in reo =O autor demanda quando quer, sem poder ser obrigado a isso; quanto ao réu, porém, dá-se o contrário (Aforismo jurídico).

Actor et reus, idem esse, non potest =Ninguém pode ser autor e réu ao mesmo tempo” (Aforismo jurídico).
.

Actor forum rei sequi debet. = “O autor deve seguir o foro do réu” (Aforismo jurídico).

Actore non probant, réus absolvitur  = “Se o autor não pode provar, absolve-se o réu” (Aforismo jurídico).

Actori non licet quod reo denegatur =Ao solicitador (autor) não é lícito o que ao réu se denega” (Aforismo jurídico).

Actore onera probandi incumbit = “Ao promovente incumbem os onera da prova” (Aforismo jurídico).


Actum est = “Acabou-se”; “ao perdido, perder-lhe o sentido”. “Lá se foi tudo quanto Marta fiou”.

Actum nihil dicitur, cum aliquid superest agendum = “Ato nada diz quando está incompleto”.

Actus agentum nunquam ultra eorum intentionem operantur = “O ato jamais produz efeito além da intenção dos agentes” (Aforismo jurídico).

Actus, a principio nullus, nullum producit effectum = “O ato, nulo de seu princípio, nenhum efeito produz” (Aforismo jurídico).

Actus corruit, omissa forma legis = “O ato é nulo, quando se omite a forma da lei” (Aforismo jurídico).

Actus debet semper interpretari, ut aliquid operetur, non uti sit inanis et inutilis O ato há-de sempre ser interpretado de sorte que produza algum efeito, e não para que reste inútil (Aforismo jurídico).

Actus in dubio, validus interpretari debet = “O ato, em caso de dúvida, há que ser interpretado como valioso” (Aforismo jurídico).

Actus judiciais potentior est extrajudicial = “O ato judicial pode mais do que o extrajudicial” (Aforismo jurídico).

Actus legitimi condicionem non recipiunt neque-diem = “Os atos legítimos não dependem de condição, nem de dia” (Direito Canônico).




sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

PRECE DE NATAL (VA)


PRECE DE NATAL
Vicente Alencar*

 Meu senhor,
toda a humanidade crê em tí,
como Gaspar, Belquior e Baltazar
também acreditaram.

Meu Senhor,
nesta data do teu aniversário,
que a paz,
a humildade,
as virtudes de cada um
construam com muito brilho,
com muito amor,
a esperança na ressurreição
em um mundo melhor!

Meu Senhor,
que seu manto de Paz,
na alegria de Nossa Senhora
e na sabedoria de São José,
possa nos levar ao messias.

Que o caminho de todos nós
Leve-nos à verdade e a vida
como ensinaste.

Meu Senhor,
na glória de Deus,
ajudai-nos a todos.



quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

NOTA OFICIAL - Retribuição de Boas Festas


ACLJ
RETRIBUI VOTOS DE BOAS FESTAS
AO GOVERNO DO ESTADO

A ACLJ retribui publicamente a mensagem de boas festas do Governo do Estado, na pessoa do seu titular e da Primeira Dama, Dr. Camilo Santana e Dona Onélia.
O cartão de natal oficial deste ano lembra a resistência e a esperança que inspira o juazeiro, árvore da caatinga que sobrevive à seca, se mantendo firme e verdejante.

Esta é uma bela analogia com o sofrido povo cearense, “antes de tudo um forte”, como timbrou Euclides da Cunha em relação aos nordestinos.

Ao Governador Camilo, nossos votos de um bom natal e de felicidades no ano novo, juntamente com a sua família, a jovem consorte e seus dois filhos graciosos.

Bem como auguramos-lhe boa sorte, sabedoria e resiliência para enfrentar os tempos difíceis que todo o País vive, atravessando estiagem administrativa, inanição política e miséria financeira sem precedentes na ficção ou na História.


A DIRETORIA     

CRÔNICA DE NATAL - A Cesta Vazia (AF)


Crônica de Natal
A Cesta Vazia
Altino Farias*


Empresário de sucesso, era figura de destaque na sociedade e no mundo dos negócios da cidade. Tinha modos finos à mesa de restaurantes igualmente finos, e maneira rude e fria de tratar as pessoas.

Ano após ano, no mês de dezembro, sempre recebia muitas cestas de Natal enviadas por parceiros de negócios, políticos, magistrados e até amigos. Então, mandava sua secretária separar o que lhe interessava: bons uísques, vinhos finos, champanhe, patês, castanhas; e dar fim no que sobrasse, sem se preocupar com o destino daqueles produtos. Frio e rude como sempre.

Mas naquele ano foi diferente. Em meio a muitas cestas repletas de artigos nobres, recebeu uma vazia. Completamente vazia. Ficou intrigado. Pela primeira vez em muito tempo procurou o cartão do remetente, que sempre desprezava. Não havia cartão, somente aquela cesta insolitamente vazia. Aborreceu-se.

Quem teria a ousadia de enviar-lhe uma cesta de Natal vazia? Noutra hipótese, quem teria o desplante de subtrair todo o seu conteúdo, deixando de resto apenas a própria cesta? Seria uma brincadeira de mau gosto? Alguém queria ridicularizá-lo? Irritou-se mais ainda ao pensar detidamente sobre o fato.

   
Os dias que antecedem ao Natal são corridos para todos, e aquele homem tinha sua atenção nos negócios a fechar para cumprir a meta anual da empresa que se misturavam a muitos compromissos sociais de sua atribulada agenda pessoal.

Embora vivendo esse turbilhão, não parava de pensar na cesta vazia. Quem a enviou? Por quê? Quem lhe subtraiu o suposto precioso conteúdo? Por que deixar uma cesta vazia chegar ao destinatário? Ainda irritado, não encontrou respostas.

   
Telefonemas, apertos de mão e sorrisos prontos. Num breve intervalo entre uma coisa e outra, veio-lhe um pensamento: a cesta estava vazia propositadamente para que ele mesmo a preenchesse e enviasse a alguém. Ora, como não havia pensado nisso antes!? Mas... Preenchê-la com o que? Enviar a quem?

Receber é fácil. Dar impessoalmente, também. Receber e dar algo fazendo com que um abraço verdadeiro e um olhar amigo completem o significado desses atos, porém, é mais difícil.

Então, aquele homem rude e frio no tratar com pessoas deletou a lista de cestas de Natal que mandara sua secretária elaborar para aquele ano e pôs-se, entusiasmado, a elaborar uma nova. Uma não, três! 

Na primeira lista estavam entidades de assistência a necessitados. Procurou saber das que passavam por maior dificuldade e conversou pessoalmente com seus gestores, identificando a melhor forma de prestar-lhes auxílio. Lista fechada, tudo foi cuidadosamente providenciado. O carinho com que tratou esse assunto não impediu seu anonimato perante o grande público, num gesto elegante e inédito para ele.

Na segunda lista, buscou na memória amigos de verdade que foram ficando pelo meio de sua caminhada rumo ao mundo gelado e tenso no qual vivia. Garotos do bairro, do futebol na rua, colegas de classe, companheiros de faculdade, parceiros do início da vida profissional, das brincadeiras de bar. Impossível, mas a preocupação foi grande para não esquecer ninguém.

Com ajuda da família preparou lindas cestas, muito sortidas e enfeitadas com laços vermelhos de cetim, comentando sobre cada um daqueles amigos perdidos no tempo à medida o trabalho avançava. O habitual cartão de congratulações padrão da empresa, que acompanhava suas cestas até então, foi substituído por outro, com mensagem pessoal escrita de próprio punho, encerrada sempre com palavras de amizade, carinho e otimismo.


 A terceira lista foi para “aqueles” que fazem da vida apenas um imenso balcão de negócios. A maioria gente influente: empresários de sucesso, profissionais liberais famosos, políticos, magistrados, funcionários públicos de altíssimo escalão. Para eles enviou... Cestas vazias, como a que ele próprio recebera. Agora o anonimato, em vez de remeter à humildade e solidariedade, instigava uma reflexão: “UMA CESTA VAZIA? MAS QUEM SE ATREVEU A ENVIAR UMA CESTA VAZIA PARA MIM?”, pensariam eles num primeiro momento. Depois, que sabe...

Com a mente leve dormiu naquela noite de Natal um sono bom e profundo. Talvez quisesse sonhar com Papai Noel novamente depois de longos anos, embora não se julgasse merecedor de tal graça. Na manhã seguinte foi acordado cedo pela esposa e filhos, todos ao seu redor, na cama do casal, como não acontecia há muito. Olhou em volta e viu aquela cama como uma grande cesta de Natal cheia de presentes valiosos e amados e, numa oração silenciosa, agradeceu ao misterioso remetente daquela cesta vazia. Parece que Bom Velhinho, enfim, o havia visitado.


Um Feliz Natal a todos!
Que suas “cestas” estejam sempre 

repletas de amor e carinho.


COMENTÁRIO:

Perfeito. Parece, como se dizia "de primeiro" que foi "de vera". Grande abraço,

Luiz Rego