domingo, 5 de julho de 2015

CRÔNICA (VM)


PINGOS DE ARTE 
E CIÊNCIA
Vianney Mesquita*


A condição fundamental de uma boa prosa é ser ela natural e rítmica como um movimento respiratório. (RÉMY DE GOURMON, poeta e dramaturgo. YArgentan, 04.04.1858; Paris, 27.09.1915).


Quase diariamente, lavo a alma e enxagúo o espírito, regado com a pureza artística e científica desta vertente informativa – o jornal eletrônico da Academia Cearense de Literatura e Jornalismo  lida e apreciada por um número imenso de pessoas de bom gosto. É uma variedade de conteúdos, expedida por apercebidos autores, quer em seu ramo de atuação profissional ou em excursões a temáticas alheias ao seu ofício, porém não interditas à visita de quem quer que seja, desde que convenientemente procedidas por pessoas depositárias dos haveres intelectuais imprescindíveis para tal.

Aqui se cuida de artigos, notícias, comentários – muitas vezes polêmicos e críticos – no concernente a ações culturais – literatura, teatro, esportes, cinema, em seus variegados sub-ramos – Ciência Política, Economia, propagação científica e exame de teores do feito comunicado. Têm maior curso  haja vista a qualificação dos cronistas, cuja maior parte é de acadêmicos  o escrito literário ligeiro, com urdiduras ordinariamente pouco demarcadas e móveis, de costume aproveitadas do dia a dia instantâneo, e tantas outras razões cobertas pela palavra, a crônica, gênero de acepção plural no âmbito polissêmico da Língua Portuguesa.

Magnificamente democrática no que diz respeito aos conceitos despendidos, e muito distante de parecer censora, sua Editoria (1) é diligente na oportunidade da edição, solícita na recepção das contribuições, zelosa no trato linguístico, cautelosa com as susceptibilidades passíveis de alcance e aplicada no concernente às possibilidades de sucederem fatos desagradáveis ocasionados pela mensagem a expandir. Esses predicados estão jungidos a contatos com os colaboradores, prévios à propagação comunicacional, e em todas as situações os raros eventos são saneados pelas recíprocas ponderações, indo o recado mensageiro repousar no medium, a fim de ser bem apreciado por uma recepção de qualidade, consoante acontece com os leitores aficionados, bem no espírito dos estudos de Jesús-Martin Barbero e outros comunicólogos brasileiros e do Exterior.

No dia primeiro do julho entrante (2015), limpei a vista com Gotas da História, do cronista José Dilson Vasconcelos de Meneses, feito ponte cultural e científica da Academia Cearense de Odontologia com este Sodalício, escrita para reunir em livro sobre a História da Ciência de Fauchard, o qual já está com dezenove segmentos à procura de perfazer vinte e cinco.
Examinei, com detida atenção, a oportuníssima referência à maioridade do Plano Real (conforme leio com sofreguidão e de um fôlego todos os produtos de seu preparo intelectual pouco comum), procedida pelo escritor eclético, de superior essência, Reginaldo Vasconcelos, numa queixa pesarosa relativa ao sentido irresponsavelmente concedido àquele Programa, concebido em 1994, sob a destra do Presidente Itamar Augusto Cautiero Franco, mui particularmente, nos derradeiros e lastimáveis doze anos, sob a sinistra do Partido dos Trabalhadores. 

Deliciei-me com A Utopia, de Rui Martinho Rodrigues, oportunidade em que aproveitei para reler outras professorais matérias de seu bem brocado e cuidado roçado literário, sem tocos nem coivaras nem lagartas nem pais-luíses, tampouco graúnas que lhe arranquem os grãos plantados, com determinação e sabedoria, donde se extraem cereais, olerícolas e legumes de sabor excepcional para deleite alimentar do espírito.

Vejo, com sofreguidão e antegosto, as frequentes matérias do experiente e preparado Wilson Ibiapina, mestre do batente e consagrado jornalista brasileiro, a encantar os leitores com a narração de fatos atuais e transatos, aos quais concede o condimento preciso, o tempero mais agudo, páprica mordente, o molho picante ou o caldo-de-caridade, na dependência do que suporta o tema, alegre ou tristonho, leve ou licencioso, encomiástico ou reprovativo.

Tenho a carteira para entrada no auditório de Paulo Maria de Aragão, precioso associado desta cooperativa de consumo intelectual, produtor de textos de suspendido valor moral, intelectivo e literário, de teor quase sempre axiomático, com profundidade arrimada na História de pessoas e feitos exemplares.  

Aqui goteia o colírio literário de Pedro Altino Farias, da graça, do burlesco, do espírito e, principalmente, do espirituoso – o velho etanólico C2H60, apreciado pela Roma e pelo mundo (urbi et orbi), leitores em profusão.

Onde está, porém, o Dr. Aloísio Gurgel? Assoberbado de processos da vara que encabeça, decerto, sobrecarregado de tarefas acadêmicas com suas turmas do Curso de Direito. O fato é que os consulentes sentem saudade dos seus comentários lúcidos, orientados para a correção e o bom caráter, em composições de inconcusso valor.

E o professor Geraldo Jesuíno da Costa, que é de? – Certamente, também, está por demais atarefado com seu atelier preparatório de originais para publicação, nos quais mergulha até lhe minguar o assopro. É preciso, entretanto, ele tirar uma garrinha de tempo para vir pontificar neste lugar, com aquilo por mim chamado, em artigo meu aqui editado, de Palavras que Ensinam, em 18 de junho de 2014.

Estão nesta folha, ainda, Cássio Borges e Assis Martins, concedendo seriedade e graça ao blog, o primeiro falando acerca de água e o outro conversando água, isto é, a água que suas personagens conversam, conquanto seus tipos e figuras, na maioria das ocasiões, deitem lições judiciosas e prelecionem regras exatas de se viver, configuradas na sua excecional personalidade humana e escritor de dotes escassos.

Aqui, já vi e comprovei, em alguns lances, a indústria intelectiva da escritora Iolanda Andrade, minha conterrânea de Palmácia-CE, imortal da Arcádia Nova Palmaciana, com o nome arcádico de Iolanda Athena, ao debulhar ideias originais, em contos, causos e versos brancos e rimados, como, por exemplo, a magnitude do seu Bordados Literários.

Régis Kennedy Gondim Cruz, cronista refinado, veio imagístico, utente dos mais diversos tropos literários, a conceder beleza e perfeição de forma aos seus escritos, alguns dos quais nesta folha expressos, faz falta à sede dos seus leitores de alteroso nível, que reclamam de sua comparência quase bissêxtil ao jornal, tendo sido a derradeira contribuição Lembrança Alegórica, em 18 de junho deste ano.

Outros escritores, cujas graças não me ocorrem agora – por isso a eles peço desculpas  já honraram o roteiro deste periódico, e são, neste lance, convidados ao retorno a modo de colaborações, a fim de ser cada vez mais enriquecido o acervo deste já bem alentado repositório de conceições literárias e científicas que aqui pingam, viram fluxos e se fazem torrentes de fluidez a desembocar na enorme cisterna da História.

1. A Editoria do Blog é feita pelos acadêmicos Vianney Mesquita, Wilson Ibiapina e Reginaldo Vasconcelos, que selecionam matérias, revisam, ilustram, copidescam, redigem notas e executam as postagens.

*João VIANNEY Campos de MESQUITA é Prof. Adjunto IV da UFC. Acadêmico Titular das Academias Cearense da Língua Portuguesa e Cearense de Literatura e Jornalismo. Escritor e jornalista. Árcade fundador da Arcádia Nova Palmaciana. Membro do Conselho Curador da Fundação Cearense de Pesquisa e Cultura-FCPC-UFC.

Um comentário:

  1. Caro Vianney,
    Um belíssimo passeio por entre as postagens de nosso blog, sempre com olhar atento e espírito receptivo às ideias expostas e narrativas as mais diversas. Leitor assíduo, colaborador atuante, sua participação engrandece mais ainda nosso blog.

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