A POLÍTICA BRASILEIRA
VIROU PÂNTANO
Reginaldo Vasconcelos*
Pântano
é um terreno alagadiço muito fértil para os processos naturais primitivos, onde
pululam os sanguessugas, os batráquios, os carcinóides em geral, e onde se vão
muita vez nutriz e reproduzir os bichos mais rudes e beluínos do Planeta, em
meio a uma flora semiaquática contorcida e agressiva – os tubarões, as
anacondas, os crocodilianos.
Mas
os seres mais evoluídos e os animais superiores não podem sobreviver com
higidez e com conforto nessas geenas naturais, nesses charcos fétidos e lúgubres,
pois ali o solo é lamacento e movediço, cheio de umidades e de miasmas insalubres, repleto de armadilhas com cúspides cruentos, que fazem do caçador de hoje a carniça de amanhã.


Promoveram o superfaturamento de obras para a Copa Mundial de Futebol, muitas das quais que sequer foram concluídas, prejudicando a saúde financeira das maiores empresas públicas nacionais, lesando gravemente a economia do País; parasitavam a fortuna dos capitalistas do topo da pirâmide, haurindo o contributo fiscal do trabalhador de classe média para manter-se no poder, sugando as veias quase exangues dos patrícios miseráveis, tributados no seu consumo essencial.

O
mentor político da sua sucessora, o ex-presidente da República, por seu turno, é
investigado por enriquecimento ilícito, com tráfico de influência no governo
atual. Por outro lado, um presidente antigo, que já fora banido da presidência e da política, o qual voltou à vida pública como senador, é acusado de vultosa roubalheira.
Usou
ele nesses dias a tribuna do Senado para defender-se – sem nada dizer contra as
acusações e os seus acusadores – mas partindo de duas premissas curiosas.
Primeiro, alegando que a autoridade que preside as investigações contra ele é
um corrupto rematado. Segundo, insinuando que, em sendo esta autoridade pessoa indigna,
ele também teria o direito de sê-lo.
Ora,
começa que ele é suspeito para, neste momento (e somente agora que está sendo
investigado) denunciar a conduta pretensamente imprópria do seu investigador.
Termina que ele não consegue (nem tenta) explicar por que o Procurador da República
investiria contra ele injustamente, expondo-se a ter os seus próprios alegados
podres revelados.
Acontece que também são apontados como estando até o pescoço no atoleiro desse mangue
odiento, entre tocas de caranguejos carniceiros e ninhos de salamandras
venenosas, dentre outros parlamentares, o deputado presidente da Câmara e o
senador presidente do Senado, o que compromete agora por inteiro dois dos três
montesquianos Poderes da República Brasileira.
Mas,
desgraçadamente, também se vislumbra lama na toga do Poder Judiciário (que, a essa
altura dos acontecimentos, é a última esperança dos brasileiros de bem), cujo
presidente foi flagrado pela imprensa em encontro secreto no Exterior com o
Poder Executivo, na pessoa de suas figuras principais.

É. A política brasileira "virou pântano", na expressão do linguista russo Dmitry Sidorenco, membro honorário da ACLJ, quando ele se refere genericamente à degradação das boas coisas – ele que nasceu e vive na belíssima cidade de São Petersburgo, que o imperador Pedro, O Grande, fez construir sobre os brejos pantanosos do Golfo da Finlândia, estuário do Rio Nava, que ali deságua no Mar Báltico.
Caro
professor Vianney, tudo isso posto – e deixando de dizer mais, pelo princípio da síntese e da economia – concluo repetindo o velho bordão, e aplicando o
vernáculo da melhor forma que a tua sapiência nos ensina: QUE DEUS SE APIADE DE NOSSAS ALMAS!
*Reginaldo Vasconcelos
Advogado e Jornalista
Titular da Cadeira de nº
20 da ACLJ
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