GEOMETRIA e TRIGONOMETRIA
Vianney Mesquita*
Todas as ciências têm os
seus atrativos, mas não há outra que se avantaje à Matemática, ou até, que se
lhe iguale no poder de absorver a atenção e em distrair poderosamente o
espírito de toda espécie de objetos. (JAIME
Luciano Antônio BALMES y Urpiá. Filósofo, teólogo, apologista, sociólogo e
político catalão. *+Vic. 28.08.1810 – 09.07.1848).
Em consequência de defeitos de partida nos
estudos da Ciência dos Cálculos – o primeiro dos quais assenta no fato de minha
alfabetizadora (1) também a detestar – jamais me adiantei nos seus meandros, de
sorte a haver apenas estacionado, a rigor, no degrau número um do alfabetizado,
com relação à Matemática, no concernente às suas operações com algarismos, letras
e outros sinais.
Sob o aspecto pedagógico, diz-se ser
alfabetizada a pessoa que adquiriu os códigos alfabético e numérico no começo
da contingência acadêmica, o dito letramento,
configurado na conjunção ler, escrever e contar. Com relação à lectoescrita, no
âmbito dos estádios da infância, divisados, entre outros, por Vygotsky, Piaget,
Walon, Lúria e Ana Teberosky, efetivaram-se, de logo, bons progressos, pois a
frequência a bons estabelecimentos, com excepcionais professores, permitiu
vantagem, no tempo ordinário, em boa parte dos conhecimentos cujo acesso não
dependesse de contas da Matemática e seus desdobramentos, como Aritmética,
Álgebra, Geometria e Trigonometria, por exemplo.
O aportamento a uma posição regular –
absolutamente nada de extraordinário – no universo das pessoas bem postas sob o
prisma informacional ocorreu não muito cedo, mas à medida do trato com a
prática do periodismo, as leituras repetidas, ex-vi das exercidas ações docentes na Academia, em campos
multidisciplinares, diga-se, peculiaridade da informação ordenada, porém com
carga maior de atenção para os estudos de Comunicação em Língua Portuguesa.
Tudo isto ocorreu, cumpre anunciar, sem deixar de conceder relevância à historiografia metodizada dos saberes, inclusive das manifestações matemáticas no que diz respeito aos seus mentores, pressupostos, sistemas, leis, ordenamentos e demais aspectos das expressões do conhecimento, desde que em incursões avessas ao emprego dos números, fórmulas e equações enunciadas em carroções escomunais, de dois e três “andares”, como se dizia, as quais o professor passava de 15 a 30 minutos para deduzir.
Tudo isto ocorreu, cumpre anunciar, sem deixar de conceder relevância à historiografia metodizada dos saberes, inclusive das manifestações matemáticas no que diz respeito aos seus mentores, pressupostos, sistemas, leis, ordenamentos e demais aspectos das expressões do conhecimento, desde que em incursões avessas ao emprego dos números, fórmulas e equações enunciadas em carroções escomunais, de dois e três “andares”, como se dizia, as quais o professor passava de 15 a 30 minutos para deduzir.
A Geometria, com várias subdivisões, é uma
das ciências do cálculo cujo escopo é o exame do espaço e das figuras passíveis
de ocupá-lo. Há as formas algébrica, absoluta, afim, e de Bolyai, na qual o
quinto postulado de Euclides é substituído por um que assinala haver mais de
uma paralela, da lavra de romeno János Bolyai, do mesmo modo como a versão
riemanniana (ou elíptica) procede do alemão Georg Fridrich Bernhard Riemann e a
euclidiana advém de Euclides de Alexandria, matemático grego, professor em
Alexandria (Egito), chamado o Pai da Geometria, o mais importante geômetra de
todos os tempos. Ainda há vários outros perfis deste galho disciplinar, trazendo
ou não o nome do seu principal.
Trigonometria, por sua vez, como tributária
menor das matemáticas, em comparação com a Geometria, prescreve os métodos de
resolução de triângulos e estuda as funções trigonométricas, cujo mentor é o
tedesco Bartolomeu Pitiscus, sem contar com outros afluentes calculísticos,
como, entre outros, as citadas Álgebra e Aritmética.
Muito de compraz o fato de contar amigos
matemáticos brasileiros, como são os professores doutores João Lucas Marques
Barbosa (2), Antônio Gervásio Colares, Ciro Nogueira Filho, Sebastião Carneiro
de Almeida, do Departamento de Matemática da UFC, e, dentre muitos outros, meu
irmão, Prof. Vicente de Paulo Mesquita, e os Professores Roberto Cláudio Frota
Bezerra (ex-Reitor da UFC 2x) e Gregório Maranguape da Cunha, todos da mesma
Instituição.
Como sucede em todos os lugares onde
trabalha muita gente, notadamente pessoas de elevado patamar intelectual, há o
folclore, as estórias, em geral hilárias, sempre no diapasão da atividade em
que os circunstantes operam. Exemplo é o narrado à frente.
Conta-se que o Professor Euclides, filho do
ex-docente Henrique Poincaré (também descendente de matemático, como parece
óbvio pelo seu nome), era tão vidrado na Matemática que batizou os filhos
gêmeos, homenageando essa Ciência exata, como Trigo e Geo, prefixos
identificadores das duas vertentes científicas há pouco comentadas, e com
alguns detalhes.
[Bom é lembrar que um professor novato do
Departamento de Solos da mesma instituição universitária, chamado João Tricart,
havia, bem antes, registrado e batizado um rebento seu com o nome de Bruno,
nascido no sítio de seu pai, a que este concedeu o nome de Horizonte B, onde
tinha também vindo à luz sua irmã, batizada com o nome de Formação Barreiras. Até aí, tudo certo, mas o fato é que havia um
complemento – “não cálcico” – Bruno não Cálcico (3)].
Coincidiu que os rapazes namoravam também
duas irmãs – Emília e Carlota – filhas de um docente de Literatura
Anglo-Saxônica da mesma Academia, e também reverendo anglicano, chamado
Patrício Brontë de Oliveira Paula, natural de Maranguape.
Geo namorava Emily e Trigo encantava
Charlotte, para inveja de Anne, que não tinha nenhum pretendente. O fato é que
vieram a “convolar núpcias”, no “cartório e no pastor”, com direito a festa em
casa no Meireles, em Fortaleza, a que a comunidade docente dos dois
departamentos – Matemática e Literatura Inglesa – e as autoridades
universitárias, incluso o Reitor, compareceram, após a celebração confessional,
sob recepção pelo Prof. Henrique Poincaré, que era viúvo.
Passaram 15 dias em lua de mel, em Bradford
– West Yorkshire (UK) – em cuja Universidade o Prof. Patrício Brontë, quando,
ainda solteiro, desenvolvera programa de mestrado. Ao retorno, cada casal foi
morar no seu apartamento.
Sucedeu, porém, após três meses do enlace,
ter corrido o boato de que Charlotte abandonara Trigo. Logo depois, da maneira
como medida provisória se transmuda em lei, os rumores viraram verdade, pois
Trigo voltara a viver com o pai, ao passo que Geo e Emily continuavam mais
seguros do que São Sebastião na laranjeira.
Até hoje não se tem conhecimento das
matematicamente precisas razões de se haver dado a melódia, porém o Professor
Paulão R, F. de Paiva, que privava da amizade dessa família, atilado como é, e
sem qualquer inferência cauculística, entende que o
motivo da continuidade do casamento de Geo-Emily e a separação de
Trigo-Charlotte está nas duas subciências matemáticas: GEOMETRIA e
TRIGONOMETRIA!
1) A extraordinária figura de Dona Eunice Leite de Carvalho, na mímima
Palmácia dos ’50.
(2) Imortal titular da Academia Brasileira de Ciências, com sede no Rio
de Janeiro.
(3) Em Pedologia, bruno não cálcico, de acordo com a taxinomia em curso,
procedida pela EMPRAPA – Solos, é um solo não hidromórfico, em geral com
horizonte A fraco e horizonte B avermelhado eutrófico, da ordem dos luvissolos.
*João VIANNEY Campos de MESQUITA
(Na imagem, em visita ao Hermitage, na Rússia). É Prof. Adjunto IV da UFC. Acadêmico Titular das Academias Cearense da Língua Portuguesa e Cearense de Literatura e Jornalismo. Escritor e jornalista. Árcade fundador da Arcádia Nova Palmaciana. Membro do Conselho Curador da Fundação Cearense de Pesquisa e Cultura-FCPC-UFC.
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