50 ANOS DE
COLUNISMO
POLÍTICO DIÁRIO
Por Jota
Alcides*, em 26/07/2015,
Enviado
por
Wilson Ibiapina**
Wilson Ibiapina**
Certa vez, num evento social em Brasília, tive a
chance de perguntar ao jornalista e acadêmico Carlos Castelo Branco, o famoso
Castelinho do Jornal do Brasil, o que era essencial para ser um bom cronista
político.
Era tão grande a importância dele que diziam na
época: “O Congresso trabalha muito mais na coluna do Castelo do que no próprio
Congresso”. Respondeu-me, aristotelicamente, curto e pleno: “Ser um animal
político”. Enquanto animal, uma raposa felpuda, cheia de sagacidade e
sabedoria.
Foi assim que Carlos Castelo Branco tornou-se o
patrono dos colunistas políticos brasileiros, o maior de todos nos últimos 50
anos. Ao lado dele, outros mestres: Carlos Chagas, Vilas-Bôas Corrêa e Jânio de
Freitas. Há ainda os notáveis da atualidade: Clovis Rossi, Josias de Souza,
Ilmar Franco, Merval Pereira, Ricardo Noblat, Eliane Cantanhêde, Dora Kramer.
São nomes de prestígio nacional.
Eles têm em comum a filosofia jornalística do saudoso
Luiz Beltrão, o primeiro doutor em comunicação no Brasil, ex-professor da
Universidade Católica de Pernambuco e do Centro Universitário de
Brasília-Uniceub, maior universidade privada do Centro-Oeste brasileiro.
Beltrão centra sua proposta de fundamento ético na
prática noticiosa orientada à valorização humana na sociedade. Segundo ele,
quase como numa balança, o jornalismo precisa se equilibrar em dois valores
ligados intrinsecamente, assim como o direito e o dever: a liberdade e a
responsabilidade, valores inseparáveis.
Mas, há também colunistas políticos regionais que
adotam Beltrão e que seriam igualmente consagrados nacionalmente se escrevessem
em jornais de referência nacional. É o caso de Edilmar Norões, radialista,
jornalista, advogado e acadêmico, que está completando neste julho de 2015
exatos 50 anos de colunismo político diário no Nordeste brasileiro. Já tem mais
de 18 mil colunas diárias publicadas, um acervo respeitável. É um animal
político, diria Castelinho. “O que dá ao homem um mínimo de unidade interior é
a soma de suas obsessões”, dizia o cronista e dramaturgo Nelson Rodrigues.
Edilmar Norões é a soma de suas três grandes obsessões: radio, jornal e
televisão.
Devotado ao jornalismo desde a mocidade, Edilmar compreendeu
cedo, como Bismarck, que a política não é uma ciência exata, exigindo
flexibilidade e maleabilidade, e que os políticos não amam nem odeiam. Muito
pelo contrário.
Diretor, há muitos anos, da TV Verdes Mares e da
Rádio Verdes Mares de Fortaleza, além de atuação no jornalismo impresso diário,
Edilmar Norões tem sua trajetória quase toda ligada ao Sistema Verdes Mares,
maior grupo de comunicação do Ceará. Conheço-o desde 1967, dos bons tempos do
Rádio-Notícias Verdes Mares com ele, Mardônio Sampaio, Cirênio Cordeiro e
Paulino Rocha. Sua conduta de profissional e de cidadão é irrepreensível. É o
maior ícone do jornalismo político do Ceará.
Começou sua coluna política em
1965 no jornal Tribuna do Ceará, mantida desde 1981 no Diário do Nordeste,
principal jornal do Estado, sendo leitura obrigatória de autoridades e
personalidades do mundo político e empresarial do Ceará.
Caririense de origem, Edilmar Norões projetou-se como multimídia no Ceará e se tornou tão influente que está para o jornalismo cearense como estão Parsifal Barroso, Virgilio Távora, Paulo Sarasate, Lúcio Alcântara e Tasso Jereissati para a história política da Terra da Luz, no último meio século. Todos esses grandes líderes passaram ou estão passando, mas Edilmar permanece iluminando o cenário político cearense com sua ética e seu profissionalismo: É um jornalista com atitude de servidor público, que deveria ser, mas não é, a atitude de muitos políticos.
Caririense de origem, Edilmar Norões projetou-se como multimídia no Ceará e se tornou tão influente que está para o jornalismo cearense como estão Parsifal Barroso, Virgilio Távora, Paulo Sarasate, Lúcio Alcântara e Tasso Jereissati para a história política da Terra da Luz, no último meio século. Todos esses grandes líderes passaram ou estão passando, mas Edilmar permanece iluminando o cenário político cearense com sua ética e seu profissionalismo: É um jornalista com atitude de servidor público, que deveria ser, mas não é, a atitude de muitos políticos.
“Cada um de nós, sejamos jornalistas, médicos,
engenheiros ou de qualquer outra profissão, deve exercer sua atividade com
responsabilidade e com ética, e procurar nunca se desviar, pois esses desvios é
que, na certa, atrapalham e jamais permitirão que o profissional seja
reconhecido pelo seu trabalho.
“Com responsabilidade, ética e profissionalismo a
gente chega lá”, sintetiza o cronista político do Diário do Nordeste, aos 78
anos de idade, decano da crônica política no Ceará. De espírito dialogal e
conciliador, sua norma de vida profissional é inspirada em máxima do romancista
Gabriel Garcia Márquez: “A ética deve acompanhar sempre o jornalismo, como o
zumbido acompanha o besouro”. Seu legado é o do jornalismo que extrapola o
dever de informar por informar para o dever de informar para formar, buscando
estimular as forças criativas da cidadania nas conquistas do bem comum e no
fortalecimento da construção democrática.
Sempre admirado por sua sobriedade,
sua seriedade, sua serenidade, sua cordialidade e sua afabilidade, Edilmar é
adepto do credo do jornalista norte-americano Walter Williams: “Ninguém deve
escrever como jornalista o que não possa dizer como cavalheiro”.
Mas, pode um
comentarista político escrever durante 50 anos, diariamente, sem ferir alguém?
Pode. Prova-o Edilmar Norões. Até a mais dura verdade, nua e crua, ele consegue
suavizar, se necessário, com tratamento equilibrado, civilizado e adequado, mas
sem mascará-la. Parece ter sido formado em jornalismo pelo Instituto Rio
Branco. É um diplomata da notícia.
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