AS PUTAS DE AQUIRAZ
Wilson Ibiapina*
Em
Aquiraz, cidade cearense, região metropolitana de Fortaleza, a cafetina Tarcília
Bezerra começou a construção de um anexo do seu cabaré, a fim de aumentar suas
“atividades”, em constante crescimento.
Em
reação contrária ao “empreendimento”, a Igreja Neopentecostal da localidade
iniciou uma forte campanha para bloquear a expansão. Fez sessões de oração, em
seu templo, de manhã, à tarde e à noite.
Porém,
o trabalho da construção progrediu até uma semana antes da reabertura, quando
um raio atingiu o cabaré de Tarcília, queimando instalações elétricas e
provocando um incêndio que destruiu tudo.
Tarcília
processou a Igreja, o pastor e toda a congregação, com o fundamento de que eles “foram os responsáveis pelo fim de seu
prédio e de seu negócio, seja através de intervenção divina, direta ou indireta, seja por ações ou meios”. E o certo é que lhe causaran enormes prejuízos, que devem
ser objeto de indenização.
Na sua defesa à ação, a igreja negou veementemente toda e qualquer responsabilidade ou ligação com o fim do cabaré, inclusive pela falta de prova da intervenção divina e das orações dos pastores.
Na sua defesa à ação, a igreja negou veementemente toda e qualquer responsabilidade ou ligação com o fim do cabaré, inclusive pela falta de prova da intervenção divina e das orações dos pastores.
O
juiz, veterano, leu a reclamação da autora Tarcília e a resposta dos réus, que
são o templo e os pastores. E na audiência de abertura, comentou:
“Não sei como vou decidir neste caso, pois
pelo que li até agora se tem, de um lado, uma proprietária de puteiro, que
acredita firmemente no poder das orações, e do outro lado uma igreja inteira
que afirma que as orações não valem nada”.
Jornalista
Diretor da Sucursal do Sistema Verdes Mares de Comunicação em Brasília - DF
Titular da Cadeira de nº 39 da ACLJ
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