sexta-feira, 24 de julho de 2015

CARTA - Carta Aberta ao Dr. Henry de Holanda Campos (VM)


AO PROF. DR. HENRY DE HOLANDA CAMPOS
CARTA ABERTA – Por Vianney Mesquita*


Não manda bem quem anela mandar. (John Ruskin)



A sociedade cearense aguarda a qualquer momento ato da Presidente Dilma Roussef, homologatório da decisão do Conselho Universitário da U.F.C., o qual, acatando consulta aos segmentos institucionais, situou no topo da lista tríplice o nome do Prof. Henry de Holanda Campos como Reitor da Universidade Federal do Ceará.

Malgrado já me haver liberado das atividades de docência, pesquisa e extensão, ex-vi de reforma (salvo o múnus exercido como conselheiro curador da FCPC-UFC), desenvolvo diuturnamente a tarefa de revista em trabalhos científicos desta Academia – mestrado e doutorado – no curso da qual visito todos os dias suas dependências, de sorte que jamais me permiti escapar às ligações – agora mais afetivas do que nunca - com essa Instituição.

Assim, acompanho e compartilho, pari-passu, sua notável evolução, tanto em crescimento físico como em dignidade, nos aspectos relativos à sua posição no ranque brasileiro e na contextura internacional de institutos afins. Este estatuto de grande academia não ocorreria não fossem o descortino e a responsabilidade próprios dos nossos dirigentes, os quais, hoje, conquanto muitas vezes embaraçados pelas dificuldades de angária de verbas, e, entre outras coisas, pelas exageradas ingerências, em grande parte das vezes, descabidas, dos órgãos de controle, fazem a UFC se ressair vitoriosa nos seus desígnios e pontificar na qualidade de organismo-padrão no concerto das suas congêneres nacionais.

Até admira, principalmente às pessoas conhecedoras do rol imenso das dificuldades arrostadas pelos mentores maiores dessa IES, como no meu caso, haver, ainda, quem se disponha, com enormes prejuízos pessoais e familiares, num País desafortunadamente em crise (máxime a de conteúdo moral), a dirigir instituições desse gênero, fato demonstrativo da abnegação e do desapego a projetos pessoais, o que eleva a distinção e nobilita o caráter de quem o faz, servindo de lição àqueles postados na zona da mais absoluta comodidade.

Distinto de nota, por exemplo, descansa no fato de os dois – Prof. Henry e Prof. Custódio Almeida, este o Vice-Reitor – sendo postulantes singulares, sem concorrência, se haverem disposto a conversar com a comunidade acadêmica, de Fortaleza e dos demais campi, tratando com pessoas, excepcionalmente, nem sempre bem civilizadas, tampouco dotadas da devida urbanidade, expondo-se a diatribes particulares, na própria explicação e defesa de si e dos seus auxiliares de elevado nível, como são os que prestigiaram e acolitaram a campanha. Se tivessem pretendido o isolamento, esperando somente o dia da consulta, sem proceder a apresentações públicas, livrando-se do cansaço e do aborrecimento que este tipo de evento sempre causa, bem que o poderiam ter feito, sem que lhes assacassem críticas e até quase insultos – como presenciei na reunião do Campus do Benfica, no Auditório Castello Branco.

Sem me arvorar de representante de nenhum segmento, pois sou apenas um docente reformado, ex-chefe de gabinete – geralmente um “abandonado institucional”, embora assim me não considere – acho que, ao me dirigir a Vossa Magnificência, Prof. Henry, manifesto o pensamento da maior parte do público universitário, a respeito de sua determinação de continuar Reitor da Instituição, e lhe digo que o sentimento é de orgulho de o ter como seu dirigente maior.

Tal fato, evidentemente, decorre dos predicados de que é detentor (herdados de seus ascendentes, em particular de seu pai, o celebrado jornalista e intelectual Pádua Campos, e por mim acompanhados há cerca de 30 anos), dos comportamentos já manifestos como dirigente da Faculdade de Medicina e no exercício da Reitoria, da prontidão intelectual que porta como médico de nomeada e cientista de crédito internacional, das características próprias de homem reto, dirigente acessível, de delegação racional, discreto e determinado, o qual, por seguro, se acercará convenientemente do adjutório das melhores cabeças do Ceará, em boa parte pertencentes aos quadros da U.F.C.

No seu mister de magnífico reitor da Universidade Federal do Ceará – disso estou certo – jamais baixará a guarda para acessibilidades enganadoras e comportamentos desleais de quem quer que seja, sempre de atalaia para rechaçar investidas alheias à trilha do trabalho honrado, no alcance das metas projetadas e preservação da respeitabilidade que sempre conduziu, feito facultativo, operário da Ciência, dirigente e pessoa humana de alçadas qualidades morais, intelectuais e amistosas.

Acumulando a certeza de que a reflexão ora manifesta representa a pluralidade do pensamento ufeceano, mesmo na qualidade de aposentado, que a sociedade ativa, esquisitamente, parece ter como molesto e incapaz – repito – vaticino uma administração profícua, vazada no trabalho tranquilo com a equipe que vai compor, sem contendas internas nem altercações supérfluas, ao mesmo tempo em que o parabenizo – e também ao seu Vice-Reitor, que não experimentei ainda a ventura de conhecer – pela assunção do grande encargo a arrostar doravante e com o êxito proporcional ao enorme ente humano que em si habita.


*João VIANNEY Campos de MESQUITA é Prof. Adjunto IV da UFC. Acadêmico Titular das Academias Cearense da Língua Portuguesa e Cearense de Literatura e Jornalismo. Escritor e jornalista. Árcade fundador da Arcádia Nova Palmaciana. Membro do Conselho Curador da Fundação Cearense de Pesquisa e Cultura-FCPC-UFC.

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