terça-feira, 26 de janeiro de 2016

COMENTÁRIO - Filosofia, Educação, Realidade (VM)



FILOSOFIA, EDUCAÇÃO, REALIDADE  
Livro da FACED-UFC,
Lugar de Excelência Acadêmica
Vianney Mesquita*


A Filosofia cansa-se, contínua e eternamente, em busca do absoluto, e é a poesia a única que o atinge. (CHRISTIAN FRIEDRICK HEBBEL. *Wesselburen, 18.03.1813- Viena, 13.12.1863).


O ambiente da Academia é júbilo permanente; espetáculo movido pelo saber perenemente reciclado; regozijo diuturno induzido pelas energias da inteligência cotidianamente renovada no convívio contingente dos espaços institucionais – aulas, laboratórios, reuniões formais e conversas de corredores e cantinas. Tudo é ensejo para descobertas. Todas as ocorrências servem à causa do saber e ao engrandecimento dos feitos humanos.

Só posso, entretanto, me reportar à Universidade Federal do Ceará  U.F.C., a qual conheço de sobejo, como aluno e docente. Estive da USP – Universidade de São Paulo, é verdade, porém como estudante, e na UNIFOR, feito técnico-administrativo, assessor do Reitor Prof. Dr. Antônio Colaço Martins.

É assim nossa Academia, fundada em 1954, hoje somente adentrando os 62 anos, pioneira do Ceará, eminência na produção científica no Brasil. Tenho, pois, de asserir, entusiástica e ufanosamente – pois verdade insofreável – a distância de sua qualidade em relação a diversas outras instituições universitárias do Estado, as quais cresceram geometricamente, pelos próprios méritos – seja isso expresso - mas, também, com o concurso de pesquisadores e docentes que na U.F.C. se jubilam por período de serviço, indo para ditas IES, a fim de lhes alargar as fileiras na tríplice e indissociável relação – pesquisa, extensão e ensino.

A U.F.C. foi, há algum tempo, alvo de políticas equívocas, provou o saibo amargo da falta de recursos materiais, o que não foi suficiente para descaracterizá-la como instituto competente e próspero, pois possui como anteparo seus recursos humanos incessantemente reprocessados ex-vi da infrene atividade investigativa e dos relatos de seus resultados.

Em particular, a Faculdade de Educação – FACED, que eu houve por bem escolher para dar continuidade às minhas manifestações afetivas à Instituição – se exprime como lugar de excelência, hajam vistas a extraordinária formação e o preparo intelectivo de seus mestres e investigadores, os quais prontificam os quadros de educadores profissionalmente idôneos, grande parte dos quais retorna à Faculdade para desenvolver programas de mestrado e doutorado, consoante aconteceu com a Professora Doutora Valéria Cassandra Oliveira de Lima, móvel de matéria por mim publicada no blog da Academia Cearense de Literatura e Jornalismo, no dia 17 deste mês (janeiro-2016).

Com o devido conhecimento de causa, assevero o fato de que os melhores trabalhos, os que conferem mais prazer de emendar – quando há corrigendas a fazer, naturalmente – são os textos da Faculdade de Educação, pela propriedade como os autores emitem seus conceitos, em razão do vigor empregado nos atos de busca, pela aplicação na demanda de hipóteses substitutivas das suposições falseadas e em decorrência do fato de primarem pela singularidade e ineditismo dos seus supostos.

Agora, volto a ler Filosofia, Educação, Realidade, com 28 escritos de primeira qualidade, em continente e teor, décimo tomo da Coleção Diálogos Intempestivos, tempestiva invenção do Professor Doutor José Gerardo Vasconcelos, cuja inquietude - que o faz, inclusive, ser divisado equivocadamente como brincalhão, descomprometido e estroina - conduz seus orientandos de mestrado e doutorado a executarem peças de inconcusso crédito acadêmico, partes das quais estão como recheios de (nada menos) dez volumes do conjunto librário sob nota.

Dos 28 segmentos, procedi à releitura atenta, de sorte a poder, modestamente, atestar a grandiloquência e o seu vulto intelectivo, pois tecidos em obediência aos ditames metodológicos e pousados nos mais prestigiosos e acatados autores. A maior parcela dos seus segmentos capitulares discrimina, didaticamente, a reflexão doutrinária de consagrados filósofos, no que diz respeito às vinculações estreitas do pensamento lógico e das Ciências da Educação no panorama da realidade hoje experimentada.  A respeito desse conjunto de artigos, publiquei um capítulo do meu livro Repertório Transcrito – Notas Ativas e Passivas (Sobral: Edições UVA, 2003, pp. 119-121), em texto transversalmente diverso do que escrevo neste lance.

Por pretexto de espaço, entretanto, haja vista a longa relação de quase duas dezenas de capítulos, não procedo aqui a comentários de per se, porém evidencio, nesta demonstração global de autoria, os nomes das Professoras Doutoras Maria do Socorro de Sousa Rodrigues e Kelma Socorro Lopes de Matos, que me impressionaram sobremodo, aliás, conforme sucedeu com os demais, pela propriedade da argumentação epistemológica em que foram elaborados.

O Organizador, Professor Dr. José Gerardo de Vasconcelos, exprime o fato de que a seleção de capítulos não denota [...] de forma alguma um somatório de vontades e verdades. É um campo minado pela travessia de conceitos, percursos e processos de subjetivação. Encontro de educadores, artistas, matemáticos, cientistas e filósofos unidos pela paixão da pesquisa e distintos pela postura e condução de suas linguagens. Artífices do conhecimento. O homem hoje é um animal afeito à produção conceitual inscrita na vontade devoradora da paixão, pois, como afirmaria Nietzsche, em Assim falou Zaratustra: A razão é apenas uma víscera do coração.


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