ASSIM, ASSIM, ASSIM
Reginaldo Vasconcelos*
Convivendo com a juventude de Copacabana no
início dos anos 70 assisti pessoalmente ao advento da gíria “dê repente”, que
anos depois apareceria como um terrível vício das comunicações orais em todo o
Território Nacional, cacoete do qual já nos livramos.
Na sua gênese, a expressão idiomática
carioca se aplicava apenas a responder a alguma coisa de forma imprecisa,
correspondendo a aplicar um “talvez”, de maneira modernosa.
– Vai à festa amanhã? – alguém perguntava.
– Dê repente... – o outro respondia,
aventando com uma possibilidade.
Mas com o tempo o “dê repente” penetrou em
todas as frases – dê repente isso, dê repente aquilo – inclusive tomando valor
afirmativo, e não mais somente condicional e hipotético.
– Vai à festa amanhã? – alguém perguntava
então.
– Dê repente! – o outro respondia, agora em
confirmação cifrada, como quem dizia antigamente: “Só se for agora!”.
Depois do “dê repente” veio a praga do
“tipo assim”, que neste caso eu não sei de onde saiu. O “tipo assim” demorou
pouco no repertório popular, mas se mantém fragmentado – “tipo” e “assim” – com
seus usos específicos.
“Tipo”, na linguagem dos jovens, funciona
como uma fita gomada para emendar suas frases toscas. Não tem acepção
específica. “Eu vou viajar, tipo três horas” – aqui a significar um número
aproximado. Mas pode também ser usada de
força solta, como no exemplo a seguir, retirado da Internet: “Daí, a mãe dele brigou com ele, e tipo, ela gritou tão
alto que eu me assustei”.
Mas a praga do “assim” é bem pior, mais generalizada, uma muleta verbal
intolerável de que lançam mão os falantes de todas as idades e de todos os
níveis culturais.
“Assim”, simplesmente, pespegado no meio das frases, sem qualquer necessidade; o “então” tornado “então assim...”; e os porquês, por seu turno, “porque, assim,”. “Eu comprei uma roupa, e comprei maquiagem... assim” – diz uma moça entrevistada em uma externa da TV. Mais antipático ainda no belo sotaque carioca, em que a pronúncia da palavra é “ashim”.
COMENTÁRIO:
Engana-se,
dr. Reginaldo, ao dizer que o "de repente" se acabou. Ainda não! Os
mais insuportáveis de todos esses cacoetes, hoje, em todos os quadrantes de
fala, são " a partir" e o uso "obrigatório" de
"presente", "presença" e "impacto". Note isso. Já
quase deixo de revisar textos acadêmicos por não mais suportar tanta bobice. E
as pessoas pensam que estão "aggiornadas", com usar essas besteiras,
as quais vêm de São Paulo e do Rio de Janeiro. Quosque tandem?
Vianney
Mesquita
Engana-se, dr. Reginaldo, ao dizer que o "de repente" se acabou. Ainda não! Os mais insuportáveis de todos esses cacoetes, hoje, em todos os quadrantes de fala, são " a partir" e o uso "obrigatório" de "presente", "presença" e "impacto". Note isso. Já quase deixo de revisar textos acadêmicos por não mais suportar tanta bobice. E ad pessoas pensam que estão "aggiornadas", com usar essas besteiras, as quais vêm de São Paulo e do Rio de Janeiro. Quosque tandem?
ResponderExcluirEngana-se, dr. Reginaldo, ao dizer que o "de repente" se acabou. Ainda não! Os mais insuportáveis de todos esses cacoetes, hoje, em todos os quadrantes de fala, são " a partir" e o uso "obrigatório" de "presente", "presença" e "impacto". Note isso. Já quase deixo de revisar textos acadêmicos por não mais suportar tanta bobice. E ad pessoas pensam que estão "aggiornadas", com usar essas besteiras, as quais vêm de São Paulo e do Rio de Janeiro. Quosque tandem?
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