sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

ARTIGO - Utopia (HE)

UTOPIA
Humberto Ellery*

Quando Thomas Morus criou sua ilha imaginária, organizada de modo a proporcionar alta qualidade de vida a um povo equilibrado e feliz, deu-lhe o nome de Utopia.

Morus buscou no grego os elementos “ou”, que significa “não”; “topos”, que significa “lugar”; e o sufixo típico da toponímia grega “ia”, para criar o vocábulo que se traduz por “não lugar”, ou ainda “lugar que não existe”. Utopia, portanto, é um lugar ideal, com instituições políticas perfeitas, que por extensão significa quimera, fantasia, sonho.

Provavelmente inspirada n´A República de Platão, a obra, por seu turno, inspirou autores outros como Campanella (Cidade do Sol), Francis Bacon (Nova Atlantis), Russeau (O Contrato Social), e até o precursor do pensamento socialista Saint-Simon, em seu projeto de reorganização total da sociedade.

Talvez até por sua característica de irrealizável, suscitou também as assim chamadas antiutopias, como “O Admirável Mundo Novo”, de Aldous Huxley, e o instigante “1984”, de George Orwell, (onde a TV foi pinçar a ideia do “big brother”, essa baboseira a que têm o desplante de chamar “reality show”).

Todas essas lucubrações me ocorrem por conta de meu indefectível otimismo, pois não aceito o pessimismo de Morus ao sugerir que um bom lugar não existe, tampouco comungo da visão negativista de Orwell ao prenunciar o caos como consequência do avanço tecnológico.

Mas a principal razão que me faz agora pensar em utopia decorre da expressão “destruição criadora”, conceito popularizado pelo economista austríaco Joseph Schumpeter, que em seu “Capitalismo, Socialismo e Democracia” (1942), mostra que a modernização e a inovação dos processos produtivos, que têm lugar numa economia de mercado, promovem a destruição de empresas velhas (ultrapassadas) e antigos modelos de negócios. (Antes dele o anarquista Mikhail Bakunin também argumentou que a força destrutiva do “velho” é a força criativa do “novo”).

Portanto, em vez de lamentar a destruição promovida por treze anos de (des)governo petista, é mais recomendável aproveitar o ensejo e construir um novo país sobre os escombros que restam. No grego existe uma palavra, “eu”, que significa “bom”, como sabemos “topia” significa “lugar”, vamos então fazer do Brasil um “Bom Lugar”. Vamos juntos construir uma Eutopia.

Eutopia existe!


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